A Busca escrita por Lola


Capítulo 12
Fatal


Notas iniciais do capítulo

Recebi minha primeira recomendação da fanfic, estou super feliz, muito obrigada, Garota em Chamas!



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Estou tão nervosa que minhas mãos suam. Todos nos observam, inclusive minha avó, que parece estar a beira de uma síncope. Parada na clareira do bosque, no mesmo lugar onde Kane me tocou pela primeira vez. Estamos aqui porque precisamos de um lugar onde ninguém ouça os gritos. Eu sei, parece assustador.

Liz está ao meu lado, preparada para qualquer coisa que aconteça. Emma não está presente. Ficou em casa, sozinha.

–Você vai conseguir, Ana, vai ficar tudo bem. -ela sussurra em meu ouvido.

–Não estou preocupada comigo, Liz. -murmuro.

Kane está em pé no meio da clareira, usando uma camisa branca, calça jeans e botas. Ele me encara com tanta confiança, tanta esperança, que me sinto a pessoa mais sortuda do mundo. Eu sei que não o mereço. Suas mãos estão enfiadas nos seus bolsos, e posso jurar que Alex o encara com irritação. Estamos dispostos em uma roda, cada um mais preocupado que o outro.

–Não pode fazer isto, Kane, é muito perigoso. -tinha dito Mariah, antes de sairmos de casa. E ela estava certa. Mas aquilo significava esperança.

Eu posso sentir a tensão no ar enquanto ando até Kane, sozinha. Estamos todos preparados para o pior.

–Eu confio em você. - Kane diz, sorrindo.

Esfrego minhas mãos.

Tenho certeza que esse sorriso vai sair de seu rosto em menos de uns minutos.

Olho ao redor. Joseph e Joe estão em pé, lado a lado, com os braços cruzados, tão concentrados em mim que fico mais nervosa. Dana está agachada no chão, encarando Kane. Alex parece impaciente, apoiado em uma árvore. Mariah me observa, com a testa franzida. Minha avó está em pé, trêmula.

Volto meu olhar para Kane.

Meu estômago parece afundar.

–Coragem, Ana. -Kane diz.

Balanço a cabeça.

–Não, você que precisa ter.

E o toco.

Penso no que ele havia me dito. Respirar, tentar impedir que sua energia vital passe para mim. Tentar não o matar.

Mas assim que toco suas bochechas, seus joelhos dobram e ele cai ajoelhado no chão. Lágrimas saem dos meus olhos quando vejo seu rosto contorcido em dor. Eu não consigo controlar, sinto sua linha da vida se partindo, e o solto.

Tropeço para trás, e Liz em correndo ao encontro de Kane.

Eu o machuquei, penso, chorando.

–Ana, se lembre de respirar, de tentar controlar. -Joe diz.

–Não vou fazer isto de novo. -soluço.

Kane levanta sua cabeça.

–Sim, você vai. Se não me tocar por conta própria, eu vou te tocar. -ele diz, a voz tentando parecer firme.

Ele se levanta, apoiado em Liz e cambaleia em minha direção.

–De novo. -Kane diz, erguendo o queixo.

E eu o toco de novo, e desta vez, ele grita, sua voz viajando pela clareira, invadindo meus ouvidos.

E o faço de novo, e de novo, e de novo, até ele cair desmaiado no chão.

Até que algo parece se partir dentro de mim, se estilhaçar e afundar no chão, me deixando para sempre.

************************************************

–Oi.

Levanto o rosto, observando Kane sorrindo fracamente para mim, deitado na minha cama. Estou sentada na cadeira dura e desconfortável a mais de duas horas, esperando que ele acorde. Não consigo mais chorar, acho que as lágrimas se secaram já a algum tempo.

–Eu sinto muito. -murmuro, vendo seus olhos levemente esverdeados. Ele é lindo, mesmo a beira da morte.

–Ana, foi escolha minha. E ainda é. Você não vai se livrar de mim tão facilmente. -ele sorri.

Não acredito nisso.

Ele ainda não desistiu.

–Eu fui feita para matar, Kane, não viver. -sussurro.

–Não, Ana, isso é escolha sua. Não aceite como o mundo te molda. -ele diz, baixinho.

Balanço a cabeça. É repugnante o quanto me sinto forte, viva. Resultado de toda energia vital de Kane que eu consumi.

Tenho vontade de vomitar.

E então, tenho a sensação.

A sensação de que posso fazer qualquer coisa.

–Kane, eu tenho uma ideia. Já volto, tudo bem? -sussurro, me levantando da cadeira.

Desço as escadas correndo, e digo a Alex:

–Me dê o livro. Rápido. A energia de Kane me deixou mais forte. Eu sei que agora o encantamento vai dar certo, me sinto... viva.

Sinto minha pele vibrando. Meu sangue quase que se tornando mais quente.

Alex me entrega o livro, sorrindo.

Ut cum vivit. Renascuntur. - leio as palavras das páginas do livro de Átropos, vagamente. Ouço minha voz flutuar pela sala.

Sinto minha boca queimar. Minha visão embaça, como se eu estivesse drogada. Meus joelhos cedem a pressão, e caio no chão, escutando um grito ao longe.

Quando acordo, vejo uma garota sentada na minha frente, as pernas cruzadas. Ela é bonita, têm os cabelos castanhos claros e os olhos verdes.

Phoebe, sei que é ela.

–Ai meu Deus, que dor de cabeça terrível. -sussurro.

Estamos em um campo, com flores ao nosso redor. Me apoio em meus cotovelos para me erguer, e olho para a ex namorada no cara por quem estou apaixonada.

–Você é a Ana. - Phoebe diz.

–Sim, e você é a garota que eu tenho que trazer dos mortos. Deu certo? -indago, massageando minhas têmporas.

Phoebe nega com a cabeça. Seus olhos brilham quando ela responde.

–Não é tão simples.

–Não? -retruco.

Sei porque Alex e Kane se apaixonaram por ela. Phoebe parece um anjo, tão inocente quanto, provavelmente. Parece a garota perfeita. Não quero me sentir ameaçada por ela, mas não posso evitar de pensar que se ela voltar a vida, Kane pode se apaixonar por ela novamente facilmente. Phoebe parece a menina que faz biscoitos caseiros, a garota que doa roupas para caridade e faz trabalho beneficente. E eu, bom, pareço encrenca.

–Não. -Phoebe continua. -Sabe, têm uma regra.

–Regra? -pergunto. Sou uma lástima com regras, tenho a terrível tendência de desrespeita-las.

–Sim.

–E qual é?

Phoebe esboça um sorriso, e olha para o céu azul acima de nós.

–Uma alma por outra. Alguém têm que morrer para que eu volte, Ana. Está disposta a fazer isto?


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Notas finais do capítulo

Queria saber o que acharam!?



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