O Mundo de Narem escrita por Beatriz Rozeno


Capítulo 7
A primeira Batalha


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, capítulo entregue no domingo!
Tenham uma boa leitura!



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– É perigoso Miguel... Elas são malditas, vocês não podem se arriscar assim! – pediu Lydia.

– É o melhor que podemos fazer pra ajudar! Não tentem nos parar, nós vamos trazer aquele dente-de-leão de volta – insistiu.

– Ele tem razão, Lydia. Deixe a gente ajudar vocês, vamos ter cuidado.

Ainda assim, Lydia e a maioria dos outros seres eram contra a proposta. Depois de muito insistirem, Sofia e Miguel conseguiram o apoio deles.

– Está bem. Mas, vocês têm de usar alguma arma, alguma coisa para se protegerem! Esperem um pouco – disse Lydia enquanto corria e mergulhava no lago.

Voltou para a superfície depois de longos minutos, que mais pareciam anos, trazendo com ela uma sacolinha de pano, que dava a impressão de estar brilhando.

– Isto é um pó feito de pêlo de unicórnio. Elas simplesmente odeiam o cheiro, levem com vocês. Se for necessário, o que eu espero que não seja, vocês apenas joguem o pó nelas. Irão recuar imediatamente.

Ela deu um saquinho pra cada. Sereias, duendes e centauros lhe deram palavras de encorajamento, enquanto os dois subiam em direção ao Vale das Fadas. No meio do caminho, agora longe do lago, o medo tomava conta deles.

– Será que elas vão nos matar? – indagou Miguel.

– Você deu a idéia, agora não é hora de fugir. Vamos até o fim, se morrermos... Bem, aí é o nosso fim, certo? Devemos pensar neles, em todos os seres dos quais viramos amigos – disse ela parando para encará-lo. – Eles moram aqui à séculos, não merecem perder o que construíram com tanto esforço.

– Você tem toda razão, eu pareço um idiota com medo! Vamos fazer por eles.

– Vamos fazer por eles...

Miguel abraçou Sofia voluntariamente e disse ao seu ouvido:

– Isso é pro caso de morrermos hoje.

Sofia respondeu abraçando o amigo mais forte. Quando se largaram, seguiram para o Vale das Fadas. Conforme iam andando, o espaço ficava mais frio, mais sombrio. Estavam agora a poucos metros do que possivelmente seria o fim de suas vidas. Ao chegarem bem à frente do local, puderam ver algo escrito acima do grande buraco de entrada, com uma bela caligrafia, mas que parecia que à muito tempo não era consertado:

“Vale das Fadas”

“O mundo não é dos justos e nem dos injustos. É apenas nosso”.

– Pelo visto elas são bem egoístas. Não acha? – perguntou Sofia.

– É o que parece.

Entraram com cuidado pela grande abertura. Estava tudo muito quieto e escuro. Até que um lampejo laranja passou zunindo ao lado deles. Logo atrás, um lampejo verde. Á frente, um lampejo vermelho. E assim, várias luzinhas coloridas surgiram de todos os cantos. Agora os amigos podiam ver o local, tudo estava muito bem iluminado, pois estavam cercados.

Haviam pequenas casinhas, com poucos centímetros, em várias direções. Havia também muitas árvores, muito mato. Apesar da magnitude das cores das fadas, o lugar continuava a ser pavoroso. Elas os encaravam, nenhuma dirigia os olhos para outro lugar, senão para eles.

Apesar de sua beleza, apesar das belas cores e das belas asinhas brilhantes, aqueles olhos não os enganavam. Olhares raivosos, temerosos. Um lampejo ainda mais forte e brilhante que os outros, surgiu em meio à roda de fadas. Uma fada um pouco maior que as outras, totalmente vestida de branco, apareceu bem à frente deles. Tinha o mesmo olhar que as outras.

– O que querem aqui? Não conhecem a nossa fama de devoradoras? Quem foi o louco que os enviou aqui?

– Nós decidimos vir – Sofia tomou coragem. – Viemos conversar, apenas isso.

– Não gostamos de conversas...

– Será rápida. Vocês não irão perder seu tempo – prosseguiu Miguel.

– Digam... – pediu com uma voz doce e fina, mas cruel e sanguinária.

– Sabemos que estão com o dente-de-leão. Queremos ele de volta – disse Sofia.

As fadas soltaram uma gargalhada gutural. Os dois haviam feito uma piada? Eles não entendiam o porquê daquilo.

– Sua humana tola e insolente! – gritou a maior das fadas, calando todas as outras. – Como ousam vir em nosso território e exigir algo? Nós roubamos aquele dente-de-leão e ficaremos com ele até que nossos poderes retornem!

– Vamos conversar, fazer um acordo – insistiu Miguel.

– E qual seria ele? – perguntou a fada, ainda mais perto deles.

– Vamos viver em paz. Todos os seres juntos, podemos conviver uns com os outros. Sei que podemos. As diferenças e os conflitos do passado não importam mais... Eu sei que, bem no fundo, é isso que querem. Sei que são capazes de amar novamente, sei que essa fama de vocês é injusta! Vocês não são assim, eu sei que não... – disse Miguel.

Por um breve momento, eles acreditaram que as fadas aceitariam a proposta. O olhar da maior das fadas, provavelmente a rainha delas, havia mudado. Uma mistura de emoção e verdade permaneciam em seu olhar após ouvir as palavras do garoto. Mas não era fácil comover um coração tão sombrio...

– Comovente... Muito comovente garoto. Mas o dente-de-leão é nosso! Logo Narem será totalmente nosso também! ATAQUEM-NOS!

Sofia e Miguel correram em disparada para a saída. Centenas de luzes vieram piscando na direção deles. Tiraram os saquinhos de pano do bolso e começaram a atirar o pó para trás, fazendo com que muitas delas recuassem. Apenas algumas, outras centenas estavam no encalço deles. Conseguiram ouvir um: “Feche a entrada!”, e correram ainda mais. Viram a entrada rodeado de pedras um pouco à frente, ela estava se fechando devagar. Ainda daria tempo, era só acelerar um pouquinho mais...

Sofia jogou-se para fora, Miguel seguiu logo atrás dela. Mas, antes de seu corpo atravessar totalmente o escudo de proteção, as fadas seguraram a sua perna. O garoto agarrou-se em algumas pedras cravadas no chão, enquanto as fadas o puxavam ainda mais para dentro.

– Sofia! Me ajuda! Me puxa, Sofia! Me puxa – implorava ele.

A garota segurou o braço de Miguel com todas as suas forças, mas as fadinhas eram insistentes. Miguel soltou um grito.

– Elas estão mordendo a minha perna, me puxa!

Isso motivou ainda mais Sofia, que com ódio delas, puxou o amigo com todas as forças que possuía. Ele literalmente foi cuspido para fora, sua perna estava com diversas mordidas e expelindo muito sangue.

Enquanto isso, as fadas esmagavam-se no campo de força, deixando à mostra os seus grandes e afiados dentes banhados com sangue.


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Notas finais do capítulo

Me digam nos comentários o que vcs acharam!
Próximo capítulo: Quarta-feira
Até lá!