O Mundo de Narem escrita por Beatriz Rozeno


Capítulo 12
A história da guerra


Notas iniciais do capítulo

Olá Nareanos!! Bem, o capítulo 12 estava prometido para quinta-feira. Mas, eu consegui um tempo em meio aos estudos para escrever!

Tenham uma boa leitura *-----*



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Era fim de tarde no castelo da Rainha. As duas irmãs brincavam nos jardins floridos, repletos de rosas que mudavam de cor e que se remexiam pedindo por um beijo. As belas irmãs gêmeas tinham tantas desavenças, mas adoravam a primavera de Narem. Adoravam observar as rosas mudando de cor a todo momento. Mas, quando chegava o inverno, parecia que aquela harmonia entre as duas nunca havia existido. O ódio aumentaria ainda mais, quando na adolescência, aquela de cabelos brancos e tão linda quanto as rosas mudando de cor, passaria de todos os limites.

– Não acredito que fez isso, Naomi! Como você pode? Como teve coragem?

– Pode chorar Lydia! Já está feito, não está? Acabou pra você...

– Ele e eu iríamos nos casar! Você destruiu nossa felicidade para sempre!

– Se ele te ama tanto assim... Sei que você será capaz de fazer com que ele se apaixone novamente!

– Não seja tola, Naomi! Você sabe muito bem que a poção que você deu a ele é irreversível! Você sabe que ele jamais irá saber quem eu sou!

– O problema é seu!

– Por que fez isso, Naomi? O que você vai ganhar com isso?

– Será mais fácil ficar com o trono caso você não esteja casada. Como somos gêmeas, não é possível decidir por idade, apenas por casamento! Era a minha chance...

– Você só pensa nesse maldito trono!

– Vai me dizer que você também não pensa? Nossa mãe está indo para o mesmo lugar que papai! Está morrendo, e apenas uma de nós poderá assumir Narem daqui em diante! – berrou.

A leitura do testamento da Rainha Ruby foi tumultuada e bagunçada. Um duende de cabelos brancos regia a leitura do pergaminho:

“Queridos duendes, infelizmente eu parti do mundo. Receio em ter que lembrar-me que nunca mais escutarei seus belos conselhos sobre os meus sapatos. Uma pena que não teremos mais tempo para discutir sobre qual bota combina mais com meu vestido de cerimônia, acredito eu que nós nunca encontraremos a certa. A vocês, queridos amigos, deixo um pedaço de terra em Narem. Cuidem de seus filhos, cuidem de suas esposas, sejam felizes em suas pequenas casinhas. Sei que o ‘Vale dos Duendes’ será um belo lugar para se visitar. Sentirei eternas saudades.”

Um murmurinho veio da parte dos duendes. Choravam com as palavras que a querida Rainha os deixou. Choravam também por nunca terem encontrado uma bota para aquele vestido...

E, com um breve aceno, o duende de cabelos brancos que regia a leitura, fez surgir um pouco perto deles o que viria a ser o Vale dos Duendes. Antes de tudo, a entrada principal: “Vale dos Duendes. Encontre aqui uma bela bota que combine com as suas vestes”. A rainha sabia que aquilo era o que mais os definia. Logo atrás, nascia do chão uma grama tão verde quanto qualquer árvore, tão bem cuidada quanto qualquer criança. Depois, as casinhas coloridas surgiram. Eram pequeninas, com janelinhas de vidro encobertas por flores de todas as cores. A rainha sabia que eles cuidariam bem delas. E junto das casas, vários passarinhos cantarolavam em gaiolas. Seriam os seus bichinhos de estimação.

E feito o Vale dos Duendes, o duende de cabelos brancos continuou:

“Queridos amigos centauros, tristemente anuncio que parti. Sei que não teremos mais as nossas consultas, onde vocês me faziam perceber o quanto era ruim ser uma pessoa deprimida. Eu os agradeço por tudo meus caros... Mas sinto em lhes informar que jamais usei o casaco de pele de toupeira, decorado com dentes de esquilo, que me deram. Era magnífico demais para mim. A vocês, deixo um outro pedaço de terra, onde sei que vocês cuidarão bem. A ‘Vila dos Centauros’ será o lugar ideal para desvendar os seus mais obscuros segredos...”.

Ao terminar de ler, o duende fez novamente um aceno com as mãos. E fez surgir, em um outro pedaço de Narem, a Vila dos Centauros. Na placa que ficava na entrada, podia-se ler: “Vila dos Centauros. Descubra os seus mais profundos e sinceros segredos”. Logo, surgiram as casas. Não eram extravagantes e nem multicoloridas. A rainha sabia o gosto real dos seus mais sinceros amigos. Eram grandes o suficiente para acomodá-los. O chão também era todo cheio de grama bem verdinha, para que os cascos dos centauros não fossem machucados. Ao lado de cada casa, um belo conjunto de armas de caça. A rainha sabia que os bravos centauros adoravam uma boa caçada, onde podiam capturar toupeiras e esquilos para fazer mais casacos.

Feito isso, o pequenino duende prosseguiu:

“Nareanos... Sei que o que estou escrevendo agora, é uma despedida. Eu jamais os verei. E isso me dói de uma forma horrenda. Sentirei eternas saudades de cada pedacinho do lugar que ajudei a construir. Cuidem bem das minhas rosas, que por sinal, adoram bagunçar com as cores. E, por fim, quero deixar aqui o nome de quem irá assumir o trono. Naomi, minha filha, você é uma fada incrível, guerreira e muito bela. Acredito eu, que as suas asas são as mais belas entre as centenas que existem em Narem. Mas o seu lugar não é no trono... O Vale das Fadas agora é todo seu, cuide daquele belo lugar, seja a líder de suas companheiras. Lydia, minha bela sereia... Você será uma boa rainha. Os seus cabelos azuis irão combinar perfeitamente com as cortinas do meu escritório. Povo de Narem, jamais esqueçam o grande apreço que tenho e sempre terei por vocês. Sejam para sempre pacíficos. Por mim, por Narem... Adeus, meus caros. Adeus”.

Queria eu, querido leitor, dizer a você que foram cumpridas as palavras da bela rainha. Infelizmente, não foi isso que aconteceu. Naomi não aceitou o fato de não ter sido escolhida rainha. Mas escondeu seu ódio para o momento certo. Como a rainha não havia citado o Vale das Fadas em seu testamento, todos se perguntaram se era mesmo certo dar as fadas um lugar apenas seu. Brigaram então pelo pedaço que restara, e a guerra se instaurou. As rosas não foram cuidadas, o castelo foi destruído, tudo aquilo que pertenceu à rainha em sua mansão, caiu leve como uma pluma, os duendes pararam de fabricar belas botas para guerrear, os centauros deixaram de lado a caçada por toupeiras e esquilos para lutar. E a paz que a rainha tanto se esforçou para garantir, desta vez não foi mantida...

Lydia acariciava o pêlo macio de um unicórnio, quando escutou os pesados passos de Lecos atrás dela. Aliás, aquele bater de cascos com a grama, era irreconhecível.

– Está tão pensativa, querida rainha...

– Estava me lembrando dos tempos antigos. Quando eu e Naomi éramos apenas irmãs e não inimigas. Fico pensando também, como será a chegada dela e companhia. E como será minha morte.

– Não diga isso. Talvez a previsão daquele sereia tenha sido falsa... – insistiu Lecos.

– Todos sabemos que uma sereia sempre vê o futuro da forma mais correta possível! Eu não tenho medo de morrer, só tenho medo de como vai ser.


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Notas finais do capítulo

Não deixem de comentar o que acharam!
O próximo capítulo será postado na sexta!
Até lá!