—Nunca pensei que isso fosse acontecer de novo!!!-- reclamou Hagrid.
Eram cinco horas da manhã, e ainda estávamos discutindo sobre o mesmo assunto de sempre: como meu pai morreu.
Filha de uma bruxa com um trouxa, meu sonho sempre foi me tornar melhor nas artes mágicas do que minha mãe. Mas, depois do que aconteceu, já não sei bem se é isso o que quero.

Meus pais escolheram meu nome, Mary Ann, em homenagem a minha vó por parte trouxa, que para falar a verdade, é a única parte trouxa da família que me restou.

— Quando vocês vão entender que eu não quero falar sobre isso??—gritei com toda a voz que tinha. Lágrimas brotavam dos meus olhos, mesmo que piscasse para contê-las. Todos ficaram quietos e olharam para mim – Já não basta toda a pressão que vocês estão colocando em mim?? EU NÃO POSSO PERTENCER A ORDEM DA FÊNIX!!

Estávamos em mais uma reunião da Ordem. Mas não posso ser uma integrante dela. O motivo é muito simples, eu não sou totalmente bruxa, não sei fazer muitos feitiços, não porque não entenda a teoria, mas porque não consigo executá-los... Porém, sei fazer uma coisa que nenhum outro bruxo ou outro trouxa consegue. Sei voar sem o auxilio de uma vassoura ou de um avião. Sozinha. Mas por quê? Nem mesmo eu sei.

— Deixe de ser ridícula!! — retrucou Amanda, minha mãe— Você é uma bruxa!! E você vai para Hogwarts, não só por que é uma genuína bruxa, mas também porque precisamos de você lá!

Mesmo as mentiras mais cabeludas que eles me contam me reconfortam. Como posso ser uma bruxa se quase desmaio se faço um Vingardium Leviosa?

— Não vou para hogwards porque sou uma bruxa, mas sim porque vocês pediram e porque sei que vou ser útil, fora que essa missão é muito importante para nós— retruquei. Já não sentia mais vontade de chorar. Eu tenho um único objetivo em mente, e vou cumpri-lo.

O lugar em que vivemos já não é mais seguro, mesmo depois da morte de Voldemort. A paz havia durado por apenas alguns meses.

Quinze anos atrás, um comensal da morte conseguiu escapar de Azkaban. Ainda é um mistério como isso aconteceu, mas ele não perdeu tempo, e logo foi cometer mais crimes. Foi ele quem matou meu pai, foi ele quem acabou com a paz, foi ele que fez com que eu estivesse nesta situação agora.

—As pessoas não vão achar estranho eu entrar em Hogwarts com quase dezesseis anos?? —perguntei.

—Isso é o que menos nos preocupa agora— declarou Hagrid. Ele parecia estar perdido em seus pensamentos, como se nunca fosse chegar a uma conclusão—O Expresso Hogwarts sai amanhã, acho melhor começarmos a comprar o material.

—Mas eu nem recebi a carta ainda!!

—Ah, é? — disse minha mãe enquanto tirava algo do bolso interno de seu casaco — E agora?

Ela me entregou a carta que sempre sonhei em receber, agora realmente poderia ir para Hogwarts!!