Sua mira era uma coisa que nunca fora questionada por ninguém. Já estava mais do que provado que Lauren era uma das melhores atiradoras da agência.
Mas naquele momento, ela falhou. Ela deixou que o medo de ver seu irmão sendo morto em sua frente tomasse conta dela, e então em uma fração de segundo ela mudou a mira para o peito do rapaz, onde a probabilidade de ela acertar no irmão era menor.
Mas o reflexo do homem falou mais alto. Ele soltou Stephen e então atirou, segundos antes de cair no chão.
E ali, diante de seus olhos, ela viu Bram ir ao chão, o sangue escorrendo de seu peito.
Stephen correu até ela, e ela tirou o lacre de sua boca e desamarrou suas mãos, pedindo reforços e uma ambulância.
Lauren se ajoelhou ao lado de Bram e tirou seu colete, vendo o que havia ocorrido. O estrago não fora grande. Pela pequena distância, a bala atravessou o colete e chegou a raspar no peito de Bram, causando uma ferida aberta e exposta. Ela não poderia perder a compostura ali.
Foi tudo culpa minha. Ela pensou.
– Está tudo bem, a ambulância já está a caminho. – ela sussurrou para o homem. Ele assentiu, se contorcendo de dor.
Os outros policiais que estavam na troca de tiros com o primeiro carro, a essa altura já estavam em uma perseguição.
– Me desculpe. – Stephen sussurrou atrás de Lauren. Ela respirou fundo.
– Nós conversaremos mais tarde, Steph.

Dentro da ambulância, Lauren encarava Bram.
– Foi tudo culpa minha. – ela disse.
– Não foi Lauren, não foi. Eu estou bem. – Bram olhava para ela da maca em que estava deitado. – Você estava pensando em Steph.
– Eu não confiei em minha mira. Isso poderia ter matado você. Eu sei que eu tinha a capacidade de acertar a cabeça dele sem causar dano nenhum ao Steph. Eu arrisquei tudo. – Bram tentou se sentar, mas a dor em seu peito ainda era alucinante.
– Isso não importa agora. Eu estou bem, Stephen está bem. Nós vamos resolver isso.
– Nós teremos que interrogar Steph. – ela disse, mudando de assunto.
– Eu posso fazer isso. – Bram respondeu.
– Mas eu quero fazer isso. Eu preciso entender como as coisas chegaram a esse ponto sem ao menos eu perceber. – ela balançou a cabeça. As coisas estavam indo de mal a pior. Bram suspirou. – Isso está se tornando muito mais sério do que eu pensava...eles enviaram alguém para se infiltrar em minha casa, sabe? Mexer com a minha própria família! Isso não vai ficar desse jeito, eu vou acabar com eles Bram, eu vou. – o rapaz encarou a mulher com pesar. As coisas só piorariam dali pra frente.

No quarto de hospital onde se encontrava Bram, deitado em sua cama, também estavam Lauren, Audrey e Kate, de pé, encarando o enfermo.
– Isso está tomando proporções muito sérias. – Kate observou.
– Eu preciso de um mandato para Joseph Spielberg. – Lauren disse.
– Para quê? Que provas você tem para conseguir um mandato? – Audrey olhou para a amiga – Joseph Spielberg está tão envolvido nesse caso perante a lei quanto meu gato. Nosso advogado é um dos melhores do país, mas ainda não faz milagres.
– Fora que para conseguir qualquer tipo de intercepção relacionada à polícia contra o Spielberg, precisaremos primeiro entrar em contato com a headquarter de New Jersey, que é onde ele vive atualmente. Pura burocracia. – Bram disse.
– Para resolvermos o que está acontecendo, teremos que seguir o modus operandi, começar por baixo até chegar ao topo.
– Eu não tenho tempo para seguir o modus operandi. Nunca se sabe qual será o próximo passo desse canalha. – assim que Lauren terminou a frase, o celular de Bram apitou. Ele pediu para que ela atendesse.
– Lauren Backinsale. – ela disse. A pessoa do outro lado da linha hesitou.
– Senhora Backinsale, aqui é o agente Marcus Hallet, do esquadrão do capitão Davis. Recebemos algumas informações sobre o paradeiro de Joseph Spielberg.

(Marcus Hallet)

Lauren prendeu a respiração por alguns segundos.
– Estou ouvindo. – ela respondeu.
– Nossos investigadores conseguiram descobrir que o Spielberg desembarcou em Washington há duas semanas e meia atrás. Não existem passaportes ou identificações em aeroportos, pois ele usou seu helicóptero particular. Aterrissou em um heliporto da sede de sua própria empresa aqui em Washington.
– Como vocês sabem que essa informação é válida? Nós temos nossas desconfianças, mas nada foi confirmado ainda sobre Spielberg ser um suspeito para começarmos investigações oficiais.
– Podemos adicionar essa informação como extraoficial. Um de nossos investigadores contatou um funcionário que estava presente quando Spielberg chegou. Uma conversa casual entre amigos.
Lauren sorriu fraco. Realmente tinha os melhores profissionais em sua equipe.
– Duas semanas é muito tempo. – Lauren suspirou – Mais alguém estava com ele?
– Havia mais duas pessoas com ele. A fonte nos revelou que uma dessas pessoas era seu pai, Van Spielberg, a outra, ela diz não saber quem é. Ela também não nos deu descrições físicas, pois estava com medo de se encrencar. – o agente fez uma pausa – Isso é tudo que nós conseguimos.
– Já é de grande ajuda. Continuem investigando, tentem descobrir onde ele está hospedado ou se há qualquer casa em seu nem aqui em Washington. Usem todos os meios que precisarem para obter informações, mesmo que metade do relatório seja informação extraoficial, nós vamos conseguir resolver esse problema. Obrigada agente Hallet, qualquer informação, por favor, fale diretamente comigo. – ela desligou o celular e encarou os amigos. – Joseph e Van Spielberg está em Washington. Nós precisamos ir atrás dele.