Sou passageira,

Assim como o vento,

Que, às vezes, decide suavizar o momento.

E o fato é este:

Não posso ficar aqui para sempre,

Nem com você ou com outro alguém.

Levo comigo apenas pequenas lembranças,

Que, assim como a onda,

Traz e leva as delicadas conchas.

Entenda,

Não devo te fazer minha companhia,

Porque conheço e aprecio a solidão.

Em certas horas precisas me escondo,

Pois, assim como o Sol e a Lua,

Prefiro fingir não ser constante.

Só não viva por mim,

Pois jamais viverei por ti.

Tento sempre quebrar as correntes que me ferem,

Pois, assim como as borboletas,

Sou torturada por um casulo.

Somente lembre-se:

Não me prenda nem me controle,

Porque isso não hei de aceitar.

Torno-me invisível,

Mas, assim como os fantasmas dos contos,

Uma hora decido aparecer.

Entretanto,

Não precisa me temer,

Não sou uma aberração, apenas não nasci para ser igual.

Também sou má,

E, assim como os humanos,

Tenho o dom de matar.

E não negue nem minta,

Porque, assim como eu,

você também é.