Pela primeira vez consegui me arrumar direito sem ficar em dúvida entre roupas, ou sem achar nenhuma. Já era 16:45 e eu estava esperando o Percy. Arrumei meu cabelo em um rabo de cavalo alto, com um lacinho de pedrinhas pratas prendendo a franja. Coloquei um vestido azul claro sem mangas e bem soltinho. Calcei uma sapatilha prata, fiz uma maquiagem bem leve e pronto. Eu me sentia bonita, pela primeira vez em muito tempo.

Ás 17:00 em ponto, Percy apareceu em minha casa. Minha mãe desceu comigo para recebê-lo e confesso que fiquei morrendo de vergonha do gesto.

– Tome conta dela, viu mocinho? E não façam nada de errado antes do tempo. Divirtam-se, mas com responsabilidade – minha mãe disse para Percy. Ai, queria enterrar minha cara na grama de vergonha.

– Pode deixar, Atena. Eu cuido da Annabeth, e não vamos fazer nada de errado – Percy respondeu com um meio sorriso. A cara dele não indicava que não íamos fazer coisas erradas.

Minha mãe voltou para dentro de casa e eu fui ao encontro de Percy.

– Nossa, a cada vez que eu te vejo você fica mais linda – ele disse com uma voz profundamente sexy. Wow.

– Para de mentiras, Jackson – respondi, mais vermelha que um tomate, de tanta vergonha e timidez.

– Não é mentira, é a mais pura verdade. E não me chame só de Jackson, dá a impressão que faço parte dos Jackson Five e que sou irmão do Michael Jackson – ele disse, com um sorriso brincalhão nos lábios.

– Você só fala merda – respondi, entrando no carro e me sentando ao seu lado.

– Wow, você fala palavrão? Pensei que era santinha – ele disse, com uma certa malícia na voz.

– Todo mundo fala palavrão Jackson, me deixa.

Ele sorriu e ligou o rádio. Tocava “Baby I’m Yours”, do Arctic Monkeys.

Baby i’m yours, and I’ll be yours until the stars falls from the sky. Yours until the rivers all run dry, in other words, until I die.

O Rockefeller Center se erguia imenso, uma verdadeira selva de pedra em meio á cidade. Eu só tinha vindo até NY uma vez antes de morar aqui, quando eu tinha dez anos, e nunca tinha visto o Rockefeller.

– É sua primeira vez aqui? – Percy perguntou, vendo minha expressão ao olhar os edifícios.

– Sim.

– Então eu vou fazê-la inesquecível.

Estremeci de felicidade com sua afirmação, as borboletas voando livremente em meu estômago. Percy me pegou pela mão e me levou para dentro de um dos prédios.

Entramos na Magnolia Bakery, uma enorme loja de doces, cupcakes, tortas e afins. Tudo lá parecia delicioso, e me lembrava o clipe California Gurls da Katy Perry, ou seja, tudo extremamente comível (se é que essa palavra existe).

Percy e eu nos sentamos em uma mesinha de madeira no canto, e fizemos nossos pedidos. Enquanto os pedidos não chegavam, pude reparar melhor em Percy. Ele estava com uma jaqueta de couro que lhe caia perfeitamente bem, um jeans e uma camisa azul marinho. Era simples, porém ele ficava tão lindo com a roupa que me tirava o ar. Seus olhos verdes me encaravam profundamente, causando arrepios em minha pele.

Nossos pedidos chegaram. Eu pedi uma fatia de torta de chocolate com morango e chantilly, e um milk shake de frutas. Percy pediu quatro cupcakes diferentes e um milk shake de chocolate.

– Nossa, que maravilha isso aqui – eu disse, com a boca cheia de torta.

– É ótimo, aqui tem os melhores doces do mundo. E você fica engraçada comendo – ele disse, rindo.

– Engraçada por quê?

– Não sei, fica fofa.

Ok, “fofa” não era lá um dos melhores elogios do mundo, mas vindo de Percy acabava sendo. Era tão legal ficar assim com ele, eu me sentia tão bem ao seu lado.

Terminamos de comer tudo rapidamente. As coisas daqui eram tão deliciosas que você simplesmente não conseguia ficar com a comida na sua frente sem devorá-la.

– Vem, vou te levar em um lugar especial – Percy disse, me pegando pela mão e me arrastando para fora da Magnolia Bakery.

Andamos mais um pouco pelo complexo de edifícios, e chegamos a uma pista de patinação simplesmente gigantesca, com várias pessoas lá dentro. Na enorme placa azul da frente, lia-se “Ice Skating Rink”.

– Percy eu não sei patinar – eu disse, em pânico. Eu realmente não sabia patinar, em San Francisco não nevava quase nunca. E eu era desastrada, provavelmente ia cair por toda a pista.

– Eu te ensino, ué.

– Mas eu não vou conseguir, eu vou cair!

– Eu te seguro.

– Não, vamos cair nós dois. É sério Percy, eu sou desastrada, isso não vai dar certo.

– Você não confia em mim?

– Não é isso, eu não confio na pista, nos patins e na minha falta de equilíbrio. Eu vou cair e vai ser desastroso, vai ser ríd...- não tive tempo de completar a frase. Percy me deu um selinho rápido e surpreendente, me fazendo tremer.

– E então, confia em mim?

Bufei e disse:

– Tudo bem.

Por dentro eu estava completamente atônita com o beijo que Percy havia me dado.

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Percy e eu já estávamos de patins, e era minha primeira entrada na pista. Assim que coloquei os pés no gelo senti meu equilíbrio ir embora, e me segurei em Percy para não cair. Ele abraçou minha cintura e disse:

– Olha, você coloca as mãos nos meus ombros, e eu vou te segurar e te conduzir ok? Não se preocupe, eu patino razoavelmente bem. Mas você precisa equilibrar todo o seu peso no pé todo, para aumentar a área de contato.

Fiz o que ele mandou e começamos a deslizar pela pista. Seu toque era firme, e me transmitia segurança, e eu consegui ir perdendo o medo aos poucos. Toda vez que eu me desequilibrava, Percy me segurava e ríamos da minha quase queda.

Uma música lenta começou a tocar, e Percy aproximou nossos corpos, para deslizarmos suavemente pela pista. Nos abraçamos e ficamos assim, movendo-nos levemente pelo gelo. O toque de Percy era quente, e seu cheiro me fazia perder os sentidos. Reconheci a música como sendo “Adore You” da Miley Cyrus.

When you say you love me, know I love you more. When you say you need me, know I need you more. Boy, I adore you.

Senti os lábios mornos de Percy em meu pescoço, e em seguida em minha orelha. Fechei os olhos para absorver melhor a sensação, e era maravilhoso. Seu toque me causava arrepios, e me fazia ter vontade de nunca mais soltá-lo. Ele moveu os lábios para a minha bochecha, depositando um beijo ali. Depois seus lábios foram para os meus, e nos beijamos. Uma onda de calor e energia percorreu todo o meu corpo, me fazendo estremecer. A língua dele acariciava cada canto da minha boca e eu fazia a mesma coisa, criando uma dança melódica dentro dos seus lábios. Suas mãos ainda estavam na minha cintura, eu segurava seu ombro e deslizávamos suavemente sobre o gelo. A música havia mudado, e agora tocava “Love Story’ da Taylor Swift. I’ll be waiting, all that’s left to do is run, you’ll be the prince, and i’ll be the princess, it’s a love story, baby just say ‘yes’.As borboletas em meu estômago se agitavam ferozmente, e cada célula do meu corpo estava arrepiada. Infelizmente nos soltamos alguns segundos depois, pois perdemos o fôlego.

Percy largou meus lábios delicadamente e me olhou. Seus olhos verdes brilhavam mais do que nunca, como pedras preciosas. Deuses, ele era lindo.

– Quero te mostrar um último lugar – ele disse. Eu sorri e saímos da pista.

O lugar era o Top Of The Rock, o topo de um dos prédios do Rockefeller. De lá dava para ver praticamente toda a cidade. A brisa noturna e fria acariciava minha pele, e Percy estava ao meu lado, me transmitindo calor.

Ficamos um bom tempo parados, um ao lado do outro admirando a paisagem, os dedos dele entrelaçados nos meus. Depois de alguns minutos, ele começou a dizer:

– Annabeth, desde o dia que eu te vi, você mexeu comigo de alguma forma. Não vou dizer que o primeiro dia que eu te vi foi na escola, pois eu não reparei muito em você. Estou dizendo da minha festa. Eu te vi invadindo o quarto onde eu estava com Bianca, e sua expressão confusa me deixou intrigado. Depois te vi desmaiada, saindo com o Luke, e você me intrigou mais ainda. Então resolvi te chamar para o acampamento, pois eu queria estar próximo de você de alguma forma, eu queria conhecer você. E então aconteceu tudo aquilo com o Luke, e eu quis te proteger, eu não sei porque, a partir daquele dia eu comecei a querer te proteger de tudo e de todos. E então você começou a se aproximar mais de mim e eu comecei a me sentir feliz ao seu lado, e aí percebi que eu gostava de você. Aquele dia no Central Park, eu tive absoluta certeza de que queria que você fosse minha, só minha. Olha você já deve ter ouvido falar que eu tive muitas namoradas, e fiquei com muitas garotas, mas juro que nenhuma delas mexeu comigo como você está fazendo. A maioria delas já caiu na minha cama na primeira noite, mas você foi diferente. Você está sendo diferente em tudo Annabeth, então quero te fazer um pedido diferente. Aqui, de frente para toda a cidade, sentindo a brisa nova-iorquina no rosto, você aceita ser minha namorada? – Percy segurava uma caixinha preta nas mãos, e quando ele terminou a declaração, ele a abriu. Dentro tinha duas alianças prateadas, finas, cobertas de micro pedrinhas de diamantes. Eram lindas e delicadas.

Eu estava sem palavras. Era muito para eu processar de uma vez só. Um garoto estava me pedindo em namoro? No Rockefeller Center, na frente de toda a cidade? E esse garoto era Percy Jackson, o cara mais agitado de toda Manhattan? E ele me queria...para ser namorada dele? Era surreal demais para ser verdade.

– Você está falando sério? – foi tudo que consegui responder.

– Nunca falei tão a sério em toda a minha vida.

Ai. Meus. Deuses. Eu não sabia o que dizer, o que pensar, só sentir. Era tudo muito surreal. De repente, a onda de choque se foi, e a verdade veio á tona: ele queria ser meu namorado, ele queria que eu fosse somente dele, e eu queria ser só dele. Era tudo muito simples. Estávamos apaixonados um pelo outro, e nem percebemos.

– Eu aceito.

Percy deu um sorriso largo, capaz de iluminar toda a cidade. Em seguida colocou uma aliança em meu dedo anelar, e outra em si mesmo. Guardou a caixinha em seu bolso, e me beijou novamente, nosso primeiro beijo como namorados, o primeiro de muitos.

Nesse momento, me senti infinita, me senti a garota mais feliz do mundo.