Eu estava caminhando durante uma noite sem lua. Chegando perto de uma pracinha mal iluminada. Eu estava cansada não me lembro bem o por que. Aquela pracinha seria um ótimo lugar para descansar.

Fui chegando mais perto dela, quando deu para vez um casal apaixonado se beijando. Eles estavam sentados em um banco, debaixo da luz fraca de um poste. Pareciam felizes, e também... me parecem familiares.

Cheguei mais perto, tomando cuidado para que não me vessem. Assim deu para ver quem eram: Isabel e Juan. Fiquei feliz por minha tia, ela estava feliz, dava pra notar.

Juan apertou ela mais para perto de si, a beijando como mais intensidade. Os olhos de Isabel pularam e ela começou a tentar empurra-lo para longe, mas isso o vez aperta-la mais ainda. Parecia que Isa estava sofrendo.

Não estou gostando disso. O que está acontecendo?!

Nesse estante, eu vi sangue escorrer da boca de minha tia.

Acordei pulando, assuntada. Olhei para os lados, quatro paredes, um chão, um teto, moveis e janela. Eu estava em meu quarto.

- Foi um pesadelo, é? - disse aliviada, ainda meio assuntada, colocando a mão na testa.

Olhei para a janela ainda estava de noite.

- Copo d'água – disse indo para a cozinha.



A casa ainda estava bagunçada por causa da feita de horas atras.

Peguei um copo d'água e subi para meu quarto.

Abri a porta e levei um susto dando de cara com aqueles medonhos olhos vermelhos olhando para mim da janela.

- Argh! O que foi agora? - perguntei com raiva pelo susto.

Ele nada respondeu. Tipico dele. Só continuou a me encarar com aqueles olhos medonhos. Virei a cara, não queria mais encarar Nick. Ele dá medo.

Sentei na borda da minha cama, virada para o lado oposto que ele estava e bebi minha agua calmamente.

- Se continuar empoleirado aí na janela, alguem na rua pode te ver.

Um segundo depois, ele estava sentado no meio da minha cama – de pernas cruzadas e braços apoiados nos joelhos - olhando para mim, ainda com uma cara assuntadora.

- Por que veio aqui? - perguntei levantando e me sentando na cadeira de frente pra ele.

Não me respondeu. O silencio dele me irrita.

- É pra me vigiar ou o que?

E Nada. Fiquei encarando ele por um tempo, esperando que ele dissesse alguma coisa.

Ele é muito esquisito.

- Por que Helena faltou a aula hoje?

Silencio.

- Eu sei que você não é nenhum débil mental e sei também que você sabe falar. Então será poderia fazer o favor de me responder? - tentei ser educada o máximo possível.

As sobrancelhas dele deram um pulo e depois ele virou a cara.

Demorou um pouco para ele responder.

- Com Julian. - disse com rispidez.

Senti um arrepio na coluna ao ouvir o nome.

- Como assim? - também fui ríspida.

Depois de um tempo ele falou de novo.

- Caçar. - disse com adivinha o que?! Rispidez. Aff!

- Mas Julian – tentei ser grossa de novo, mas meu coração apertou falando o nome - não tinha acabado de voltar? - disse triste.

- Ele foi para longe dessa vez – não foi tão grosso dessa vez. Nick também não falou o nome. Agradeci a ele mentalmente.

- Pra onde?

Ele abaixou a cabeça. E suspirou.

- Helena não me disse – sua voz, pela primeira vez, parecia humana... triste.

Isso me surpreendeu. Nunca pensei que o veria assim tão...humano.

- Os dois são muito... - ele procurou o termo certo – ligados. Desde que eu e ela fazemos parte dessa família. Se um se sente mal o outro também se sente. - ele franziu o cenho – Isso me incomoda – disse já de volta a seu jeito de sempre voltando a olhar para mim.

- Eu não perguntei nada sobre isso – tenho que admitir que fui muito grossa.

As sobrancelhas dele pularam e ele virou a cara novamente. Isso, dessa vez, foi muito engraçado para mim. Comecei a rir.

Nick rosnou e eu parei de rir na hora.

- Você é muito esquisito – disse eu, virando a cara.

Depois disso não nos falamos por um bom tempo.



- Por que você veio aqui? - tentei recomeçar a conversa.

Ele nada respondeu.

- Nem sei por que eu tento falar com você – disse com raiva.

Depois de uns cinco minutos ele disse:

- Helena pediu pra ficar de olho em você.

- Por que?

-“Pois a sorte não está do seu lado” – deu pra notar que ele repetiu a frase de Helena.

Dei um risinho duro. Era a mais pura verdade.

- Só Helena pediu isso? - perguntei já ficando triste, abaixando a cabeça.

Ele me observo por um tempo, suspirou e disse:

- Ele não falou nada... – o meu coração doeu, mordi meu lábio inferior. Nick rosnou. - Quando estou calado você reclama, entretanto, quando tento dizer algo a você, não me deixa terminar de falar – disse raivoso.

Ele esperou eu dizer alguma coisa, eu acho. Alguma resposta mal-educada ou dizer alguma coisa que seria irritante para ele. Mas eu não queria falar nada. Estava tentando conter minha dor no peito. Não queria mostrar toda minha tristeza. Ficar triste por dentro é melhor que por fora. Pelo menos não levo ninguém à infelicidade comigo.

Julian está longe, com Helena, matando gente a vontade. Vendo no par-ou-impar quem mata quem. Tirando de pessoas que nem conheço gente amada. Mas quem disse que eu ligo?! Eu não ligo. Queria é estar com ele. Só isso. Mas... ele sumiu... está longe. Não me quer.

Fiquei esperando Nick dizer algo. Nas não disse. Ficou calado. Então deixei pra lá.



Quando já absorvi um pouco da minha dor, comecei o assunto.

- Não vai falar o que queria?

- Já desisti – disse secamente.