Sete Pecados

Hinata pode aprender uma coisa muito importante durante todo aquele tempo com Itachi: ele adorava pecar; principalmente quando se tratava dela.

Gula;

Não, ele não tinha gula por comida. Não era do tipo que atacava a geladeira durante a madrugada, ou que repetia o almoço. Porém, desde que eles começaram a sair juntos, Itachi mal conseguia se soltar dela por um minuto.

- Certo, o que você acha de vermos um filme? – Hinata tentou, em meio à respiração ofegante. A alça da sua regata caia pelo braço, o sutiã já estava aberto.

Ela estava no sofá com ele.

Evocê sabeo que um casal faz num sofá.

- O que você acha de ficar quietinha e botar essa boca para trabalhar?

Hinata corou dos pés á cabeça, chocada com o jeito direto dele.

- E-Eu não sei como você pode dizer algo assim! – Levou as mãos até o rosto,cobrindo-o.

Itachi sorria de canto, se divertindo com ela. Então a beijou, puxando o palitinho verde que ela estava usando para prender o cabelo, deixando que o cabelo caísse como nuvens negras. De repente ele interrompeu o beijo, o que fez com que ela arfasse de protesto.

- Hina?

- Hm? – Colou a testa na dele, os olhos fechados.

- Já te disse que você é minha comida preferida?

Avareza;

- ...Então ele me deu esse anel com quatro tipos diferentes de joias, nosso nome cravejado no fundo e que combina com o colar. – Ino terminava de contar sobre o aniversário de um ano de namoro com Gaara, animada. As mãos e os braços eram tão cheios de joias que era difícil identificar de qual anel ela falava.

Ainda assim, os olhos de Hinata brilhavam encantados, porque ela realmente gostava de joias, apesar de não usá-las.

Ok, certo, aquilo passaria batido se Sakura não tivesse aparecido com duas pulseiras douradas, com seis pedras brilhantes e verdes, combinando com os olhos dela. Também tinha dito que o namorado que havia dado.

Ai Hinata ficou pensando porque Itachi não havia lhe dado nenhum presente assim. Certo, ele não era nenhum ricaço ou algo do tipo, era só mais um cara normal fazendo direito, mas ele também não era tão pobre assim, né?

Já estavam há uns bons meses juntos, e nem mesmo um anel havia surgido.

Na verdade a coisa piorou quando eles saíram para a praia e Itachi não comprou nenhum único chinelo barato, decorado só com uma estrelinha na ponta. E isso por que Hinata ficara encarando o chinelo como se fosse um cara pelado. Não, Hinata não era interesseira, mas aquilo já era demais!

Por isso não se arrependeu quando, no meio de uma discussão, o chamou de avarento.

Até alguém tocar na porta do seu apartamento no dia seguinte e ela ver ele pelo olho mágico.

- Por acaso veio aqui cobrar pela minha parte nas constas dos restaurantes? – Ela soltou venenosa. Itachi arqueou uma sobrancelha pra ela.

- Primeiro: eu deveria. – Falou num tom que não estava irritado. Ele estava bem se divertindo, isso sim. – Segundo: aquela sua amiga rosadinha tá te deixando petulante demais.

- Olha como você fala da Sa-

Hinata fora interrompida.

- Terceiro: você tem que aprender a me escutar. – Dessa vez a voz dele era séria, não divertida. – Você ao menos sabe o motivo de eu estar gastando menos?

- Se eu só imaginasse... – Ela cruzou os braços irritada, pois tinha certeza que nem a melhor desculpa dele a convenceria.

De repente Itachi tirou um livro grosso, de capa roxa e capa dura de dentro de uma sacola que levava. Hinata descruzou os braços, olhando aquilo. Conhecia de algum lugar. Ele estendeu o livro para ela, e lentamente a Hyuuga pegou.

-Isso é... – Ela abriu, percebendo que era o que pensava.Um álbum de fotos, realmente grosso. Arregalou os olhos para ele ao ver as fotos ali dentro, ela quando mais nova. - ...Mas como você?!

- É, aquele álbum que queimou durante o incêndio na sua antiga casa. – Passou a mão pelos cabelos. – Hanabi me mostrou, ele estava acabado. Ela me disse que eram fotos suas com sua família e que você amava muito isso. – Hinata levou uma mão até a boca, com a outra segurava o objeto. Então Itachi suspirou. – Me desculpe. Restaurar um álbum desse tamanho é muito caro, eu...

Ai quem foi interrompido foi ele, pois Hinata deixou o álbum sobre o sofá e pulou em cima do namorado, que quase fez os dois caírem pela surpresa.

Ira;

Obviamente, aquela era só mais uma festa de família. Aquele lugar onde temos tios chatos, pai que quer que você seja perfeita e sua irmã reclamando sobre a vida romântica. A família Hyuuga era bem grande, então não impressionava Hinata o fato daquela casa estar lotada de gente – até porque bem havia uns intrusos, colegas de vizinhos de colegas de escritórios dos amigos dos parentes.

Continuaria sendo uma festa como qualquer outra: música, umas bebidas aqui e acolá, dança e um pouco de pegação com Itachi. Claro que era tudo moderado, porque ela não queria ficar bêbada e muito menos que os tios e tias pensassem coisas erradas do relacionamento dela (Não que o que eles fossem pensar fosse mentira...). Até que, Neji, já meio alto por conta do álcool e lá pelas 3 da manhã, a chamou para dançar.

E a cara que Itachi fez, ah, aquilo com certeza não era bom. Mas Neji era só seu primo e ela não viu problema. Deu um selinho no namorado, segurou a mão do primo e saiu feliz pra onde estavam todos dançando – até por que já havia perdido boa parte da timidez por causa da bebida.

Até que Neji, rindo demais e parecendo esquecer da namorada que estava em viajem, chegou muito perto dela. Perto demais.

- Primo, acho que vou pegar algo pra beber... – Ela tentou, a música muito alta, ecoando na casa.

- A gente mal dançou. – Ele a virou para si, ficando de frente para a mesma. Hinata usava um vestido branco não muito decotado, porém curto. E, como ele estava praticamente a inclinando, o vestido já estava quase para cobrir só o “essencial”.

- Neji, me solta, já chega. – Murmurou, não querendo arranjar nenhuma confusão. Mas Neji não a escutou, ou pelo menos fingiu que não. Se inclinou para o corpo dela, o cabelo longo já fazendo cócegas no pescoço da mesma, os lábios rosados e finos do primo quase a beijando...

Se Itachi – que adorava (um bom barraco) uma boa briga –, simplesmente não tivesse chegado por trás, virado o moreno e dado um bom soco de direita nele, que fez o mesmo rugir de dor e soltar Hinata. Quase que ela caíra também, se Itachi não a tivesse segurado.

Ela olhou fundo nos olhos negros, chocada com a rapidez. Itachi parecia irado; furioso.

Até que os gemidos de dor de Neji, que estava com a mão na boca para amenizar a dor, chamou a atenção dos dois. Não só a deles, mas de todos da festa que haviam visto tudo. Hinata quis se enfiar num buraco quando Hanabi apareceu, dando risinhos enquanto ajudava o primo. Todos começavam a comentar baixinho, como se ela não tivesse escutando. Quis cavar um espaço ali no chão mesmo, se enfiar e não sair nunca mais.

Porém, o que ela fez foi agarrar a mão de Itachi – que se coçava para não acertar outra no Hyuuga, já que os Uchihas não eram conhecidos pela paciência – e sair dali o mais rápido possível.

Só quando eles estavam lá fora, do lado do carro dele, foi que ela falou algo.

- Amor, obrigada! – O abraçou pelo pescoço, respirando fundo contra o peito dele. Ele beijou o topo da cabeça dela, já imaginando como descontaria aquela raiva... – E, ah, antes que eu me esqueça...

Ai Hinata se soltou e deu uma de esquerda de surpresa nele, fazendo-o virar o rosto e voltar logo depois.

- O que você...?

- I-Isso é pra você aprender a não ter esses surtos do nada! Isso não é um filme de comédia romântica. – Ela gaguejou de nervoso, pois nunca se quer apontara um dedo pra ele, quanto mais batê-lo! Tinha que agradecer à bebida.

Itachi estava pronto para falar umas boas para ela, por causa daquele soco que ainda estava doendo sua bochecha, quando simplesmente juntou as sobrancelhas, olhando os olhos irados dela.

Mas ele estava duas vezes com mais raiva do que ela!

- Hinata, eu acho bom você entrar nesse carro agora, ou eu juro que vou transar com você em cima do capô!

Naquele dia ela ficou muito tentada em não cumprir a ordem, uma pena que seus parentes estivessem tão perto...

Inveja;

Hinata nunca entendia porque todas as terças-feiras, quando tinha aula com o professor Kakashi na faculdade, Itachi ficava de cara feia. Afinal, o que raios tinha a terça-feira que deixava seu Uchiha preferido nervoso e mandando mensagens á cada 10 minutos?

Hinata realmente não tinha ideia.

Até o dia que Temari e Ino apareceram no apartamento que agora ela dividia com o noivo. Era justamente uma terça-feira. Itachi só as cumprimentou, ficando na cozinha, onde resolvia algumas coisas sobre seu emprego no notebook. Ino e Temari foram direto para a sala, e elas passaram o tempo conversando com a Hyuuga, futura Uchiha.

- É hoje que você tem aula com o Kakashi, não é, Hina?

- Sim! – Falou animada, tomando um gole do café. – O que você acha, ele vai vir com aquela camisa preta grudada no corpo, ou a regata cinza que mostra aqueles braços lindos? – Olhou maliciosa para as amigas, que riram com ela.

Itachi arqueou uma das sobrancelhas. Quando ele pedia para ela falar qualquer coisa sexy na cama, era meia hora até ouvir um “mais rápido, por favor”! E ali ela parecia tão natural quanto a luz do dia.

- Jesus! –Ino exclamou, se abanando. – Imagina o que aqueles dedos não podem fazer...

E mais risadas. Então elas começavam a discutir se os olhos doprofessor Kakashi(suspiros aqui) eram cinzas ou negros. Então elas começavam a falar do perfume do professorKakashi, de como sua voz era grossa e do sorriso lindo que oprofessor Kakashiescondia debaixo daquela máscara...

E, claro, Itachi só podia revirar os olhos na cozinha, imaginando quando Ino e Temari iriam embora.

Até ele ouvir as seguintes frases:

“Será que o professor Kakashi é melhor na cama que o Itachi?”

“Quem sabe. Mas eu tenho certeza que ele é mais gentil...”

“Com todo respeito, Hina, o Itachi é muito cheiroso. Mas o professor Kakashi tem aquele perfume mais... Não sei, amadeirado.”

“E o senso de moda dele é muito melhor, com certeza.”

“Sabe, meninas, não é reclamando dele, mas as vezes eu tento falar sobre meu curso e ele mal escuta, mas quando falo com o professor Kakashi...”

“O jeito como o professor Kakashi levanta as sobrancelhas é o mais perfeito também, não é?”

Entre outras comparações que ele fora obrigado a ouvir. Péssimo dia.

Na quarta-feira, ele resolvera chamá-la para sair mais tarde, já que estaria livre de qualquer coisa do serviço.

- Me desculpa mesmo, amor, mas não vai dar. Oprofessor Kakashime chamou para fazer reposição de aula, lembra que faltei numa terça-feira? Não faz muito tempo. – Hinata o lembrou, enquanto secava a louça que o moreno havia lavado.

Ele levantou as sobrancelhas, como se ela não estivesse falando sério.

- Ah, não. Você não vai. – Decidiu, o tom irritado.

Hinata se virou para ele, sem entender a irritação repentina.

- Quê?

- O que você ouviu, você não vai.

- E desde quando você decide o que eu faço, Itachi? – Olhou-o chocada, pois ele nunca havia sido assim, a não ser quando muito irritado por um bom motivo. Ela nunca havia recusado sair com ele, não quis acreditar que ele era egoísta o suficiente para estar nervoso só porque ela recusara uma única vez.

- Desde quando você só sabe falar desse filho da puta doprofessor Kakashi. – Itachi pareceu imitar a voz de Ino, que mais parecia a voz de um travesti com sérios problemas na garganta.

Uma cena completamente ridícula.

Hinata continuou com o mesmo olhar chocada, até que aos poucos foi mudando e ela começou a gargalhar. Até mesmo teve que segurar a barriga, que começava a doer. Riu mesmo, bem alto e na cara dele.

- Eu não acredito! – Ela continuava a rir, e Itachi ia ficando cada vez mais nervoso.

- Que foi? Vai falar que é ciúmes agora?

- Não, não é! – Ela parou de rir, mas tinha um sorriso gentil no rosto. Chegou perto dele, segurando o rosto mal humorado nas mãos pequenas. – Você está com inveja.

Ai ele riu de mau humor.

- Com inveja dele? – Olhou para a noiva que, de perto, ficava mais bonita do que já era, ainda mais com aquele sorriso. – Você só pode estar brincando.

Então Hinata chegou mais perto ainda, e ele já não estava tão nervoso assim.

- Não é por causa do que a Ino disse, é? – Ela sussurrou, com um sorriso sugestivo, pois achava que era isso mesmo. Itachi não conseguia acreditar que aquela era a mesma Hinata que ele havia conhecido. – Que ele é melhor de cama do que você...

- Como se eu fosse me importar com isso. – Respondeu ríspido, sem deixar de olhá-la. Então Hinata lhe roubou um selinho e o soltou logo depois.

- Não se preocupe, tenho certeza que você é muito melhor! Agora vou ir tomar um banho. – E saiu da cozinha, deixando um Itachi pensativo.

Até que ele percebeu o que ela havia dito.

- Hinata, volta aqui porra! Como raios você sabe disso?!

Orgulho;

- Eu só vou te dizer uma vez, Itachi, porque nunca achei que teria que te falar isso. – Hinata falava com dificuldade, em meio ao choro. – Eu nunca vou voltar com você, a menos que você perceba o quanto errou. – E saiu porta a fora do apartamento deles, completamente irritada e triste.

Ela fora verdadeira; realmente não voltara. Nem mesmo quando quatro meses haviam se passado e Itachi parecia dissipar-se a cada dia que passava naquele apartamento. Como nãoconseguia se concentrar em nada, perdera alguns casos e o dinheiro já começava a faltar aos poucos.

Mas a culpa não era dele, era?

Era Hinata que exigia demais, ele sabia disso.

Era tão difícil entender que ele não era interessado em detalhes como em que igreja eles se casariam, quem seria as madrinhas ou padrinhos? Por ele, se casavam no cartório e seguiriam a vida normalmente, já que já moravam junto.

Mas não, Hinata tinha que complicar tudo.

Tudo bem, talvez ele não fora o mais certo do mundo, afinal ela não pedira para ele pelo menos ouvi-la só uma vez. Fora todos os dias, e provavelmente isso a cansou.

Mas não era motivo para ela deixá-lo, era? Não o amava mais?

Levantou-se do sofá que estava e andou até um espelho próximo. Seu rosto, cansado naturalmente, estava mais inchado que o normal. Ele parecia ter ficado mais fraco também, o cabelo estava oleoso. Era uma sombra muito defeituosa do que já fora um dia.

E ele sabia exatamente o que era seu remédio, que o faria voltar ao normal e de quem estava morrendo de saudades.

Então, pisando no seu orgulho mesquinho de Uchiha, ele tomou um banho e foi até a casa da bruxa Haruno – jeito que apelidara carinhosamente, já que a bruxa... Digo Sakura, estava abrigando a Hyuuga, que não quis nem saber de voltar para o apartamento.

Bateu duas vezes, e quando viu que Hinata que atendera, deu um sorriso muito grande, que ela não veria tão cedo. A azulada estava com a maior cara de espanto.

- Se você não me perdoar, eu não sei o que eu vou fazer. Eu te amo. – Soltou rápido, destruindo os últimos vestígios de soberba que sobrara em si.

- Eu só queria que tivesse sido mais rápido. – Ela murmurou, já com os olhos cheios de lágrimas.

Naquele dia Sakura fora duas vezes mais bruxa: ela havia expulsado os dois assim que os vira quase fazendo sexo de reconciliação no sofá da casa dela. Haruno maldita...

Preguiça;

Finalmente era o casamento deles! Essa era a única coisa que ocupou o dia todo dos dois, principalmente o da Hyuuga, que não sabia se chorava ou sorria quando o viu no altar. Só sabia que ficara muito aliviada depois de beijá-lo quando o padre falou, e constatar que agora ele era oficialmente seu.

A festa fora incrível e até mesmo Neji e Tenten estavam lá, mesmo separados depois do ocorrido da festa de alguns anos atrás.

Quando eles finalmente saíram de limusine, só os dois na parte de trás, foi que se permitiram respirar muito fundo. O vestido branco dela tomava conta de todo o espaço, mas nenhum dos dois se importava ou dizia algo; eles já haviam falado demais, estavam aproveitando a companhia um do outro, bem como o silêncio que dizia tudo o que eles precisavam dizer.

Então eles chegaram no hotel, subiram e se viram completamente a sós, até mesmo sem o motorista. Ele sorriu para ela, puxando-a pela cintura, sentindo o perfume natural, mas que o SPA havia ajudado a elevar.

- Sabe o que deveríamos fazer agora? – Ele murmurou, vendo-a rir e morder o lábio. Eles se beijaram uma só vez e depois se separaram, ambos mexendo a cabeça juntos.

- Dormir. – Concluiu ela e ele concordou. Ambos pularam na cama, ainda vestidos, só tiraram os sapatos. – Nem acredito que vesti essas lingeries desconfortáveis para nada! – Reclamou entre risos, vendo-o sorrir também, porque eles não eram nada convencionais. Quem raios dormia na noite do casamento?

Itachi apenas a puxou para que ela se acomodasse no peito dele.

- Até parece que você não está cansada. - E beijou o topo da cabeça dela, como fazia sempre.

Hinata foi fechando os olhos.

- Te amo.

- Também me amo.

- Itachi, seu idiota!

Luxúria;

Esse não é um pecado que merece ser comentado, porquê eles cometiam juntos sempre! A verdade é que Hinata se arrependeu um pouquinho dele depois de saber que estava grávida de trigêmeos e já imaginava como eles iriam sair...

Fim