Sam conta a Dean tudo o que aconteceu.

– Então - Dean pondera, nervoso - ele não reagiu à palavra Cristo. Então não é um demônio...

– Não - concorda Sam, ansioso. - Mas... o que pode ser? Descobriu alguma coisa?

Dean passara a manhã inteira pesquisando todo o tipo de criaturas e qualquer coisa que pudesse ajudá-los quanto aos Olhos Azuis.

– 'Alguma coisa' é pouco para descrever - afirma Dean, vagamente. - Eu andei pesquisando Dan, Chris e Celeste.

Ele se vira novamente para o lap top. Sam puxa um banco e se senta ao lado do irmão.

– Há mais ou menos trinta anos, houve uma série de desaparecimentos na cidade - ele conta, digitando. - Veja se reconhece.

Ele puxa um punhado de folhas do outro lado da mesa e estende a Sam, enquanto volta a digitar.

– A primeira foi uma garota, Amber Cristens. Saiu para ir numa balada. Não chegou na balada nem voltou para casa.

– Celeste! - Sam solta uma mistura de sussurro e exclamação ao ver a foto na reportagem que Dean lhe estendera, no meio dos papéis todos.

– Depois foi o mais novo, Jake Hall. A diferença foi de mais ou menos três dias. Saiu para ir comprar pão para a mãe numa padaria, na esquina de casa. Nunca mais foi visto. no dia seguinte, mais um garoto, Derek Williams.

– Chris e... - Sam não consegue terminar. Dan. O garoto que lhe estendera a mão no primeiro dia de aula. Aquele que fora simpático e o levara na festa, já na primeira semana.

Ele observa a foto com pesar e a garganta seca. O garoto na foto antiga era surpreendentemente parecido com seu amigo, mas ao mesmo tempo, completamente oposto. E não só pela foto granulada; o rapaz na foto também sorria, mas seu sorriso tinha algo que o de Dan não tinha. Naturalidade. Espontaneidade.

E agora tudo indicava que ele tivera a vida roubada. O garoto que conhecia não era Dan; bastava ler aquelas poucas frases sobre o garoto para saber. Alguém estava usando seu corpo ou imitando-o, mas uma coisa era certa: não havia mais Derek. E não havia há decadas.

Sam sentiu uma compaixão inusitada pelo garoto que nem chegara a conhecer. Ninguém merecia aquele destino.

– Mas isso não é tudo. - Dean diz.

Sam se vira para ele, com uma expressão interrogativa. Havia mais alguém, além daqueles três?

– Eu entrei em contato com um velho amigo de Bobby e do pai, um tal de Ash. Ele rodou um programa, tentando descobrir se havia outros desaparecidos dos anos oitenta rondando a escola, e descobriu mais um. - ele puxa um outro punhado de folhas. - Um homem, Leonard Garrowey. Ele desapareceu mais ou menos nessa época, mas como já era adulto e independente, não se sabe ao certo quando. Pode ter sido até antes de Amber. Mas recentemente, ele foi visto próximo ao Colégio. Parece que ele mudou de identidade e voltou a lecionar na escola, sob o nome de...

A voz de Sam mal passa de um sussurro.

– Luke...!