– Megan! Ô Megan, espera aí! - Eu paralisei no corredor e girei nos meus calcanhares, Davi me encarava cansado como se tivesse corrido atrás de mim. Sorri com o pensamento e arqueei a sobrancelha interrogativamente pra ele. – Como você consegue correr com essas coisas nos pés?

– Eu nasci em cima deles praticamente, o que você queria?

– Eu preciso falar com você, quer dizer, é uma coisa boba mas é que eu não tenho o seu numero e eu preciso pra manter contato sabe.

– Hm, You know Davi, o telefone da minha sala ainda funciona. - Eu dou a ele meu melhor sorriso e jogo o cabelo por cima do ombro. Posso lidar com isso de ser difícil, na verdade é até boa a sensação.

– Mas e se eu tiver um problema e você não estiver aqui? - Ele coçou a nuca e eu segurei o riso, Well... I really like that.

– Então você pede a dad e ele me liga.

– Megan qual é? Vamos lá, só me dê o maldito numero. - Davi enfiou as mãos nos bolsos e me encarou sério, eu sorri de lado e prendi uma mecha do meu cabelo entre os meus dedos, os olhos dele foram atraídos pelo movimento no mesmo momento e eu senti o triunfo correndo pelas minhas veias. Não tão rápido, Megan. Please.

– Okay, salve o seu numero no meu celular e eu vou lhe mandar uma mensagem então você terá o meu, it's easy. - Eu entreguei a ele meu celular e ele agarrou o aparelho fazendo cara feia.

– Eu não sei qual é a grande coisa sobre me dar o seu número, é só um numero. - Resmungou enquanto salvava o numero e me entregava o celular. Okay Megan, vamos lá.

– Luke pode não gostar de me ter recebendo mensagens suas, so, eu tentarei evitar ao máximo. Ele é muito ciumento. - Davi agarrou as pastas apertadas contra o peito e eu quase dei pulinhos de alegria com o que parecia ser ciúme.

– Eu posso ver isso, só não pensei que você fosse do tipo que se rende ao cara em tudo que ele quer.

– Não sou de me render, Golias mas você sabe, em alguns momentos é melhor se manter por baixo quietinha e em outros é bem melhor estar por cima, you know what mean.

– Eu preferia não saber, Megan e eu queria dizer que eu realmente gosto quando você me chama assim, de Golias. - Ele coçou a mandíbula com barba por fazer e eu fiquei tentada a repetir o gesto com as minhas próprias mãos.

– Preciso ir, I see ya later.

– Mas eu queria saber se você pode me ajudar a achar algum lugar pra almoçar, eu e a Manu queríamos conversar com você sobre as suas idéias pra melhorar nossas imagens e tudo mais. - Fechei os olhos com força e tentei ignorar a pontada mínima de raiva que começava a fervilhar dentro de mim, eu não era assim e eu não gostava de emoções bobas.

– I can't, vocês precisam se virar sozinhos. - Dei um sorriso forçado e saí apressada outra vez pelo corredor.

No fim do expediente eu me estiquei na cadeira macia que depois de um dia de trabalho já não parecia mais tão macia assim. Droga eu só queria umas duas semanas na Grécia e um grego daqueles para esquecer metade da confusão que a vida era na metade do tempo. Meu celular tocou irritantemente e eu o agarrei no outro lado da mesa, bati na tela e atendi a chamada de quem quer que fosse. Estendi os pés sobre a mesa e ajustei o vestido.

– Hi.

– Megan? Hm, Megan sou eu, Davi. É que eu tive um probleminha em um restaurante há, deixa eu ver... três ruas da empresa, será que tem como você vir me ajudar? O seu Jack não atende e a Manuela tá ocupada do outro lado da cidade então eu pensei que...

– Eu estou indo, baby boy tente não se meter em mais encrenca. - Agarrei minha bolsa e calcei os saltos dos quais eu tinha me desfeito a pouco, corri até o elevador e fui até a garagem, acelerei para fora rumo ao único restaurante existente três ruas depois da empresa e que na verdade era um péssimo restaurante se você quiser minha opinião. Era bem a cara do Davi se meter em buracos como aqueles, liguei para ele e a voz aliviada respondeu no terceiro toque. - Cheguei, venha aqui fora.

– É que eles não querem me deixar sair, meu cartão internacional está bloqueado e eu pensei que era como os outros no Brasil e eu sempre desbloqueei comprando então eu...

– Eu vou entrar aí e resolver tudo só pare de falar, baby boy.

– To perto do caixa. Desculpa te pedir isso, Megan.

– Tudo bem, de verdade, não é problema. - Respondi enquanto entrava no restaurante e me empurrava no meio da multidão de assalariados que saiam das empresas no turno da noite, encontrei Davi encostado no balcão ao lado do caixa e corri os sete passos restantes que nos separavam.

– Graças a Deus, eu nunca passei tanta vergonha na vida! - Ele esbravejou consigo mesmo e enfiou as mãos nos bolsos enquanto encarava o chão.

– It's okay baby. - Me virei para a senhora no caixa e pedi pela conta dele, desembolsei meu cartão e paguei os 40 dólares. - Só lembre de sair com dinheiro da próxima vez ou então, I don't know, desbloqueei o cartão na agencia.

– Eu vou tentar um desses dois passos. - Ele riu enquanto coçava a nuca e andava atrás de mim, esperei ele andar ao meu lado e agarrei seu braço com a desculpa ridícula de que precisava de apoio com os saltos imensos. Bullshit, eu nunca precisei de apoio com saltos desde que me entendi por gente. Davi encarou minha mão ao redor do seu braço mas não a retirou, andou comigo até o carro e só então me liberou.

– So, você tem uma carona ou algo assim? - Perguntei apertando o casaco ao meu redor.

– Não mas como você mesma disse, eu preciso aprender a me virar e eu acho que o apartamento não fica tão longe. - Davi sorriu torto e eu me encostei no carro tentando não me sentir abalada por ele. Droga de sentimentos.

– Eu posso levar você, de verdade. Tem certeza que não quer a carona? - Ofereci girando a chave do carro no meu dedo enquanto ele me encarava sorrindo ainda.

– Você deveria ter "Problema" tatuado na testa porque é só isso que eu consigo imaginar quanto vejo você por aí.

– But, confesse, você gosta e se não gosta, sabe que vai passar a gostar em algum momento entre o agora e o depois. - Joguei meus cabelos e dei as costas para ele que ainda sorria mas agora passava as mãos pelos cabelos já bagunçados.

– Eu não tenho que gostar de nada Megan, aquele teu namorado é que precisa gostar e falando nele, eu vou aceitar a carona mas é só isso. - Ele correu para o lado do passageiro e eu preguei o sorriso nos meus lábios. Quando nós dois estávamos dentro do carro e bem confortáveis enquanto eu nos colocava na rodovia eu virei e encarei o rosto tranquilo dele.

– Não ofereci nada além da carona Golias, a culpa não é minha se você está sonhando acordado e pedindo por mais um vislumbre doce de Megan Lily Parker-Marra. - Davi me encarou com os olhos arregalados e então sorriu de novo. Eu podia me acostumar com esses sorrisos.

– Você me pegou agora.

– É, eu peguei mesmo.