Jonas, Davi e até Megan tiraram grande proveito na visita por São Francisco, os dois jovens puderam aprender bastante, Jonas estava feliz com a cumplicidade que estava vendo entre eles. Cada vez que iam para a Marra, Davi ficava impressionado com uma novidade, aquela empresa era realmente enorme. Não era de admirar que Jonas fosse tão idolatrado, apesar de algumas atitudes do empresário serem desaprovadas por ele, tinha que admitir, ele foi um vencedor. Jonas um dia foi um jovem humilde como ele e, agora estava entre os grandes do Vale do Silício. Era surreal demais estar agora fazendo parte daquilo tudo.

–Eu tô impressionado! Eu nunca pensei que eu fosse gostar tanto desse treinamento, sério mesmo. -Jonas e Davi conversavam na sala da mansão.

–Você ainda não viu nada, Davi. Eu tenho certeza que você vai se apaixonar por essa vida, essa adrenalina do dia a dia.

–Com todo respeito, Jonas, mas tem certas coisas na sua vida que eu não gostaria de copiar.

–Por exemplo... - Jonas cruzou os braços, atento a resposta que ouviria.

– Desculpa, mas acho que você dá importância demais a certas coisas. Tudo bem, é sua empresa, o trabalho de uma vida, mas de repente tem outras coisas ao seu redor precisando da sua atenção.

Davi claramente estava falando de Megan. Jonas sorriu.

–Por que será que eu sabia que você daria essa resposta? Ah já sei! Esse é o discurso típico dos idealistas.

Davi semicerrou os olhos.

–Não entendi. Tem algo errado em ser idealista?

–Davi, tudo que é demais atrapalha. Na minha vida, enquanto eu andei na linha, só levei surra dela.

–Então você tá dizendo que só conseguiu alguma coisa quando saiu da linha?

–Não foi isso que eu disse, só que teve um momento na minha vida em que o mundo começou a me cobrar uma atitude mais firme, eu fui a luta com as armas que eu tinha. Nos próximos anos, você vai entender o que eu estou dizendo.

Davi não gostou da resposta, estava claro que ele e Jonas sempre discordariam em alguma coisa. Agora ele pensava na conversa que teve com Rita por telefone de manhã, quando ela lhe disse que ele deveria ter ido falar com Herval antes de viajar. Agora era tarde, mas ele procuraria o amigo quando voltasse. Enquanto Davi e Jonas se encaravam, os dois voltaram os olhares para a escada vendo Megan e Pamela descerem conversando, animadas. Cada um concentrou o olhar em sua garota.

–Dad, será que eu posso roubar o Davi esta tarde?

Megan perguntou o que já havia combinado previamente com Pamela, arrancando um sorriso de Davi. Claro que Jonas não ia se opor, tudo estava acontecendo como ele queria.

–Ele é todo seu, vocês merecem mesmo ter um dia livre. Principalmente você, Megan, você tem me surpreendido muito nos últimos dias.

A garota vibrou, não lembrava do quanto era bom receber um elogio dele.

–Thanks dad, let's go Davi!

–Mas eu vou assim? Nem sei se essa roupa tá boa...

– Perfeita, don't worry. Só vou te levar em alguns lugares e você vai ver que San Francisco é a cidade mais maravilhosa do mundo! -Declarou, animadamente.

–Correção: o Rio é a cidade maravilhosa!

–San Francisco! -Megan insistiu.

–Rio!

E assim os dois atravessaram a porta deixando Jonas e Pamela aos risos.

*** *** ***

Davi não ia admitir, mas estava amando aquele lugar. Ele se encantou com o fato de poder percorrer aquelas ruas com enormes ladeiras e casas no melhor estilo vitoriano de bicicleta e não em um carro fechado como exigiam outras cidades americanas. Os dois se divertiam, como nunca.

Eles passaram por famosos lugares, onde se podia ver os artistas de rua divertindo quem passava, as pessoas comprando freneticamente nos famosos centros de compras da cidade. Mas nada se comparava a satisfação que Davi sentia de estar ali com Megan. Ela parecia uma menina, falando orgulhosa de tudo aquilo, da sua casa, do lugar onde nasceu e cresceu.

Ela o levou ao aquário, onde revelou sua paixão por aqueles seres grandes e pequenos, dos mais variados do outro lado do vidro, tomaram sorvete em um point badalado e repleto de turistas e, claro, não podia faltar a travessia pela Golden Gate, a famosa e enorme ponte vermelha, cartão de visita de São Francisco. Em cada canto, os dois tiravam várias fotos, o que seria praticamente impossível se estivessem de carro. Davi sentia que aquele passeio ficaria marcado pra sempre em sua mente, o passeio por uma linda cidade na companhia da garota que adorava. Do outro lado da ponte, passearem pela charmosa cidadezinha de Sausalito, cheia de lojinhas simpáticas, de lá é recomendado voltar para a cidade de barco, e esse foi um capítulo à parte do passeio.

Mesmo cansada, Megan o levou para conhecer a Coit Tower, uma enorme torre de onde a cidade pode ser vista do alto. Não só por vontade de ver aquele espetáculo ao lado dele, mas também porque sabia que dificilmente um dia como aquele voltaria a acontecer. E que espetáculo aqueles dois viram durante o pôr do sol!

–Uau, valeu a pena subir tanta escada pra chegar aqui! Que incrível!

–It's true! Meus pés estão gritando, mas isso não é nada comparado a essa vista.

–Mas você já deve estar acostumada a ver isso aqui, né?

–E por acaso você se cansa de ver o Rio assim, desse ângulo?

Ele riu.

–Não, cê tem razão.

– Moreover, faz séculos que eu não venho pra cá. Eu adorei esse dia, Davi.

Ele se aproximou dela, algo que teve vontade de fazer durante a tarde toda, aquele parecia ser o momento perfeito. Ela estremeceu quando ele tocou seu rosto, carinhosamente.

–Por que você tem fugido de mim? Naquela última noite que eu te beijei, eu sei que você gostou, você me correspondeu de um jeito tão sincero. Não tô entendendo essa indiferença... –Desabafou.

Era verdade. Megan não queria que Davi achasse que ela era fácil, estava tão preocupada com isso que nem percebeu que o momento do dia que ele mais ansiava, eram as horas em que trabalhavam juntos, e ela vinha lhe negando isso.

– O que você quer de mim, Davi?

–Agora? Não deu pra entender? Eu quero um beijo, Megan! –Disse tomando-a pela cintura e olhando nos olhos. –Você não quer?

–Yeah! Você sabe que sim! –Davi sorriu, já se aproximando mais ainda. – Mas eu não quero que você me beije só porque nós estamos aqui, nesse lugar wonderful, ou porque não tem mais ninguém que...

–De onde você tirou isso? –Ele interrompeu. -Você não se dá conta do que tá fazendo comigo?

–What?

–Se você não sabe, então é porque ainda não é a hora certa de dizer. -Enquanto falava ele continuava depositando toques cheios de carinho pelo rosto e cabelos dela. -Mas o que eu posso falar é que eu não queria estar em nenhum outro lugar do mundo, e eu tô adorando tá aqui com você. -Ele sorria enquanto falava, passando a ela a certeza de que estava sendo sincero.

Megan era iniciante em matéria de amar e relacionamentos. Antes achava que seu coração nunca despertaria para esses sentimentos, talvez pelo meio em que vivia, mas agora se achava uma boba por algum dia ter pensado assim. Todos os homens com quem ela já esteve passaram por sua vida sem deixar rastro. Ela não lembrava de nenhum cheiro em especial, nenhum beijo, nenhum sorriso que a cativasse. Davi foi a grande exceção. Ele entrou em sua vida e de sua família como Golias, mas foi quando conheceu o homem por trás do personagem que seu coração não pôde fazer nada a não ser se render.

Não resistindo mais, ela mesma o puxou para o beijo dessa vez. E ficou muito claro de uma vez por todas que um necessitava do outro constantemente perto, assim como o respirar é vital. Os últimos raios de sol, avermelhados, banhavam a cidade de São Francisco naquele fim de tarde. E lá do alto de uma torre enorme que ficava acima de um morro, a sensação de flutuar quando se beijavam foi mais real do que nunca. Davi queria prolongar ao máximo aquele momento, segurando o rosto dela entre as mãos, ele arrancou risadas de Megan quando roçou a barba na pele enquanto lhe beijava o pescoço.

–Stop, Davi! Já chega! –Disse ela, entre risos.

–Hm... Vai ser difícil... me fazer parar. –Ele disse sem afastar os lábios um segundo.

Ela riu e conseguiu se soltar dele. Diante dos olhos de Davi, tirou os sapatos.

–O que cê tá fazendo?

A garota riu mais ainda.

–Correndo de você! -Ela saiu em direção aquelas enormes escadas na intenção de descer

–Megan, sua doida! Não corre, são muitos degraus!

Ele gritou como se falasse com uma criança, e era o que os dois pareciam quando ele se pôs a seguí-la, correndo.

*** *** ***

Já era noite quando chegaram em casa. Rindo muito, Megan subiu as escadas sendo seguida por ele.

–You're kidding? É claro que você não ganhou de mim, acontece que pedalar de salto é muito difícil!

–Não sei quem ganhou, ou não, só sei que o cara que alugou as bicicletas deve ter se arrependido, nós acabamos com elas.

Eles deram risada enquanto pararam em frente a porta do quarto dela.

–Obrigada pelo passeio, Megan. Eu me diverti demais e... admito que São Francisco é linda. Até entendo sua relutância em sair daqui.

–Eu também me diverti. Nunca foi tão bom passear por essa cidade, como foi hoje.

Era estranho como em momentos como esse, os dois ainda se sentiam sem jeito. Davi coçou nervoso a parte de trás do pescoço.

–É cedo ainda, cê pretende descer depois?

–Acho que não. Eu estou precisando mesmo é de um banho!

–É... eu também. Boa noite então... Megan.

Ele já ia saindo, sem jeito de se despedir como deveria.

–Hey, Davi! -Da porta, ela chamou fazendo-o se virar. -Você não esqueceu nada?

É claro que ele deu um enorme sorriso e voltou, puxando-a de uma vez por todas para um beijo quente, deixando toda a falta de jeito de lado. O beijo foi tão intenso que não parecia ter hora de parar, as mãos dele subiram da cintura até a nuca, se perdendo entre os cabelos. Quando a porta do quarto dela se abriu com os movimentos, nenhum dos dois pensava na consequências, Davi fechou a porta com o pé, sem se soltar dela um instante. O autocontrole desaparecia quando estavam juntos. Só pararam quando ouviram a voz de Pamela do outro lado.

–Megan, já chegou?

–Yes, mom, acabamos de chegar... -Disse quase sem fôlego.

–Se divertiram?

–Sim, foi... maravilhoso! -Ela disse olhando para Davi, em quem permanecia abraçada.

–Oh good! Então desça depois, sweetie, se estiver com fome. Bye!

–Ok, mom!

Megan enterrou o rosto no pescoço de Davi e riu, ambos sabiam que o momento certo já havia passado.

–Eu acho melhor você ir pro seu quarto, Davi.

–É.. tudo bem.- Ele abriu a porta. -Boa noite!

–Boa noite! -Ele ainda lhe deu um beijo rápido e saiu, relutante, sumindo no corredor.