Você Me Bagunça escrita por AnaShipper


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Lilian, estou in love com a recomendação, surtei demais! Muito obrigada!!!
Nesse capítulo, o Davi estará ouvindo a música tema da fic. Eu pensei: Se o Carrão é fã dessa banda, porque o Davi não pode ser também, não é? hahaha E pra quem gosta de música em poesia, todas as deles são perfeitas, eu adoro!



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Quando Megan desceu as escadas e viu Davi assistindo TV, respirou fundo. Falaria com ele o mínimo possível. O que tinha acontecido no início da noite em seu quarto mexeu muito com a cabeça dela.

–Eu pensei que tivesse desistido. São quase 9 horas. -Davi disse apenas isso, mas nem tentou impedí-la como ela imaginou.

Yes, desisti. Mas voltei atrás. Você vai ficar bem aí sozinho? -Ela perguntou e ele apenas assentiu.

Parecendo que nada mais havia para ser dito, saiu de uma vez. Caminhou a passos confusos até o carro. Quando sentou em frente ao volante, se recostou no banco, sem forças para se mexer. Não estava com a mínima vontade de sair, o que era raro, ainda mais em uma noite em que os pais só voltariam pela manhã, mas tinha que se afastar dele, precisava. Olhou para a casa, viu a luz da sala acesa.

Ela poderia estar agora lá dentro, na companhia de Davi. Conversar com ele no avião foi tão bom, não se lembrava da última vez em que se sentiu tão à vontade com alguém.

Agora ela considerava a hipótese de não ir para lugar algum, principalmente quando lembrou do pedido dele: "Megan, só... por favor, não bebe!"Havia tanta preocupação nas palavras dele, na hora ela não viu seu rosto, mas podia imaginar exatamente a cara que ele fez ao pedir isso. Estava decidida, não iria mais. Saiu do carro apressada, abriu a porta da sala, mas Davi já não estava, só o silêncio reinava ali.

Voltou para o quarto pensando em cair na cama e só levantar pela manhã. E foi o que fez, se deitou do jeito que estava, mas não tinha o mínimo sono. Cansada de olhar para o teto, saiu do quarto na intenção de ir para o jardim. Porém, suas pernas a obrigaram a ir pelo corredor onde estava o quarto de Davi. Não tinha intenção de falar com ele, nem nada do tipo, apenas foi.

A porta estava meio aberta. Ela viu que ele dormia com a cabeça apoiada num dos braços, enquanto a outra segurava o celular. Numa outra atitude impetuosa, entrou no quarto. O fone já tinha caído de seu ouvido, ela chegou tão perto que pôde ouvir a música que tocava, mas ela não conseguiu identificar qual era.

Ela não sabia, mas desde que se deitou, Davi colocou uma única música para tocar repetidas vezes, até adormecer. Bem alto, para não escutar os próprios pensamentos que vinham com a letra sugestiva.

Você me bagunça, e tumultua tudo em mim
Essa moça ousa, é musa, abusa de todo meu sim
Você me bagunça e tumultua tudo em mim
Ainda joga baixo, eu acho, nem sei,
Só sei que foi assim

Assimila, dissimula, afronta, apronta, Diz: ''carrega-me, nos abraços''
Lapida minha pedra bruta, insulta, assalta-me os textos, os traços
Me desapropria o rumo, o prumo, juro me padeço com você
Me desassossega, rega à alma, roga a calma em minha travessia

Megan sentou ali ao lado da cama, o observando, sem se importar em pensar em qual desculpa daria, caso ele acordasse. Como era bonito! Como era difícil não ultrapassar a linha que os dividia.

Parece que o coração carece e diz: Para, silencia!

Se embrulha e se embaralha

Davi devia tantas coisas boas a lhe ensinar, devia ser tão bom conhecer mais dele.

Aprender você sem te prender comigo

Difícil precisar quanto preciso

Estava indo longe demais, não ia brincar com fogo. O amor era um terreno que ela nunca tinha pisado, e não era agora que iria cometer essa loucura. Por isso mesmo se levantou dali e saiu sem ser percebida. Só o que lhe restava era ir mesmo ao jardim. Se tinha uma coisa naquela casa que a fascinava, eram aqueles jardins. Acabou ficando mais tempo ali do que pretendia, quando ela se perdia em pensamentos, o tempo voava. Foi numa dessas que ela resolveu escrever sua primeira história, ainda uma menina, Megan já era bastante observadora, tudo ao redor dela ia parar no papel.

Já não sabia dizer quanto tempo estava ali. De repente, o ocorrido em seu quarto voltou com força ao pensamento, mas ela não queria pensar, não queria lembrar daquela estranha sensação, a primeira coisa que lhe veio a mente a fazer, foi feito imediatamente. Pulou na água como há muito tempo não fazia, foi sem pensar duas vezes.

Quando se viu nos braços de Davi novamente, entendeu que perto dele, nunca estaria a salvo de tais pensamentos perturbadores, ele estava em tudo, sua presença era forte demais. Megan e Davi depositavam naquele momento todo o desejo que estava reprimido. Mas desejo era uma palavra tão pequena para representar o que estava acontecendo ali, era mais que isso, ia além de atração, talvez fosse, até aquele momento. Depois daquele beijo, sabiam, algo iria mudar.

Onde estava o medo de Megan de se apaixonar? Onde estavam as diferenças de personalidade? No tempo em que um beijo dura, nada divide, o mundo é simples e nada mais importa. Só o que indicou o fim foi a distância mínima de poucos centímetros que se fez entre eles, pois os dois continuaram colados um ao outro, olhos fechados, respiração cansada.

–Davi, eu... Já escrevi sobre tudo nessa vida. –Ele abriu os olhos para tentar entender porque ela falava aquilo justo naquele momento, encontrou os dela nos seus. –It’s so easy, but... eu nunca vou conseguir colocar esse beijo em palavras.

Ele deu um sorriso tão bonito que a deixou encantada.

–E você consegue dizer por que ele aconteceu? Se souber, me explica, porque eu tô confuso.

Ela negou.

–Não, mas não vai acontecer de novo, right?

–Não? Tudo bem, não vai não... –Ele concordou, mas seus olhos não passavam a mínima confiança, pois naquele momento percorriam o rosto dela tão intensamente, e seu alvo preferido era a boca –Tudo bem, talvez de vez em quando!

Dizendo isso, se apossou novamente de seus lábios, a pegando de surpresa. Ele a tirou de onde estava sentada para trazê-la o mais perto possível. O que aconteceu a seguir, foi uma sequência de olhares desconsertados no caminho até seus respectivos quartos, nenhuma palavra foi dita, nem precisava.

Encharcados como estavam, ambos precisavam de um banho quente. Enquanto a água do chuveiro descia, varria tudo, menos os sorrisos nos rostos, o formigamento nos lábios, a inquietação. A madrugada seria longa, o sono não dava sinal de chegar.

*** *** ***

A reunião de Jonas e Davi com os acionistas estava marcada para a tarde. Ele estava nervoso no carro.

–Davi, eles não são de outro planeta, fique calmo. Será uma reunião de boas vindas, algumas considerações...

–Mas eu fiquei sabendo que o favorito deles era o Ernesto, com certeza vão ficar me olhando torto.

–Não vão, não! –Megan enfim falou desde que deram bom dia de manhã. Ela segurou a mão dele. – Dad te escolheu entre todos eles, os acionistas vão ver que você é o melhor pra Marra.

Ela mal se deu conta do que tinha feito e falado, só caiu a ficha quando Davi sorriu docemente. Jonas deu um sorrisinho assim que viu a filha soltar a mão do rapaz, sem jeito. Ao chegarem, caminharam por toda a empresa, para que Davi pudesse conhecer tudo.

–Sua casa será a Marra Brasil, mas acho de extrema importância começar por aqui, onde tudo começou. Onde eu conquistei cada pedaço do que eu tenho construído hoje. - Megan e Murphy os seguiam, mas claro que na reunião a presença da garota não era necessária, o que a fazia suspirar aliviada, apesar de estar nervosa por Davi.

A conversa foi mais séria do que Jonas lhe disse. Aqueles homens estavam preocupados com a empresa, nem todos tinham engolido totalmente a idéia de conseguir um sucessor através de um concurso, que no início foi absurda. Eles fizeram de tudo para conscientizar Davi do peso de sua responsabilidade. Porém no geral, a reunião foi bastante produtiva, ele estava mais do que disposto a fazer o melhor trabalho possível, tão logo chegasse no Brasil.

No dia seguinte teriam uma coletiva, mas por aquele dia podiam voltar pra casa. As luzes da cidade começavam a se acender, embelezando o caminho que percorriam. Quando chegaram, Jonas subiu para o quarto. Megan ia fazer o mesmo, mas Davi a puxou antes que ela subisse a escada.

– Megan, sobre ontem, eu... não queria que ficasse um clima estranho entre a gente.

Relax Davi, você não foi o primeiro homem que eu beijei na vida. –Ela provocou.

–E provavelmente não serei o último, não é isso que você vai dizer?

Yes, of course. Afinal de contas, nós dois não temos nada. –Ela disse isso sorrindo, subiu as escadas, finalmente.

Ele sabia que aquilo era pura provocação, típica da relação deles. Mas não conseguiu sorrir, aquilo o incomodou profundamente. Só de pensar em outros homens beijando a boca que foi sua por duas vezes durante aquela fria madrugada, ele ardia em ciúmes. Quanto tempo mais demoraria a entender que estava apaixonado?


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Notas finais do capítulo

Né Davi? Quanto tempo?
Gente, quero agradecer pela força que sempre me dão nos comentários, sem falar que vocês estão captando direitinho tudo que eu quero passar na fic, valeu!
Bjs!