Forever (jakeness) escrita por NiaBlack


Capítulo 36
Os Gêmeos




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Não sei o que houve exatamente.

Meus olhos estavam fechados, meu corpo não se movia, mas eu conseguia escutar tudo ao meu redor, conseguia sentir onde cada um deles estava, contudo, parecia morta. Por mais que tentasse mover os braços e as pernas, ao menos abrir a boca, nada funcionava. Apenas ainda conseguia respirar, o que era um alívio, na verdade.

Nem sabia que horas eram, ou onde estava, afinal eu tive esse projeto de coma enquanto Jacob corria comigo para o mini consultório de Carlisle, que serviria de sala de cirurgia naquele momento. Sentia uma mesa fria abaixo de mim, e um falatório irritante dentro da minha cabeça. Mal me lembro do que aconteceu. Todavia, sempre que tentava abrir os olhos, via quatro cabeças pairando sobre mim, meio embaçadas por culpa da minha própria visão.

A primeira era Carlisle, concentrado. Depois Edward e Bella com uma expressão idêntica, a famosa ruga que formam na testa quando estão pensando demais ou preocupados com algo, e Jacob, que segurava minha mão firme o tempo todo. Ele também não sorria, na verdade ninguém parecia muito confiante pelo fato de que meus bebês eram mais duas criaturas estranhas. Claro que só pensei tudo isso depois de já ter acordado, afinal eu mal conseguia respirar naquela mesa. A verdade é que me senti culpada o tempo inteiro. Culpada por ter deixado Jacob, culpada por ter beijado Seth e ter dado falsas esperanças à ele. Culpada por estar colocando no mundo mais dois que vão viver com ainda mais dúvidas e medos que eu. Sei que eles vão se sentir excluídos, esquisitos e até monstruosos, porque é assim que eu me sinto ainda, mesmo tendo conhecido Nahuel, que por sinal só não supera os Volturi em crueldade. Meu maior medo é que se sintam aberrações a ponto de começarem a viver como tal.

Senti um arrepio horrível quando pensei naquilo. Estava deitada numa cama macia e quentinha, com um grosso cobertor por cima, olhos fechados e uma coisa incômoda entrando pela dobra frontal do meu cotovelo esquerdo. Aquilo me irritou a ponto de me fazer abrir os olhos. Intravenosa e uma... Bolsa de sangue? Mas que diabos...? Ok, definitivamente eu me senti uma doente morrendo num hospital por precisar receber sangue daquele jeito. Ouvi passos martelando o chão, vindo até meu quarto. Mas preferi continuar paradinha ali fitando o teto até a hora que alguém tirasse aquela... Como aquela agulha entrou no meu braço?????????

-Ness!

Jacob desviou minha linha de pensamentos, mal me deu tempo pra pensar que provavelmente Carlisle devia ter furado com os dentes e colocado a agulha depois. Pra tirar, com certeza, seria uma merda. Respirei fundo, sentindo aquele cheiro delicioso que vinha dele. Cheiro de lar. Tinha me esquecido de como ficar em casa era aconchegante e gostoso, de como era bom dormir em um colchão de molas no meu quarto infantil e cheio de bichinhos de pelúcia.

-Hey Jake... –sorri pra ele, que simplesmente me amassou num daqueles abraços desesperados. –Ai Jake...

-Desculpe. –riu levemente da repetição do próprio nome. –Você está bem? Consegue sentar?

-Está pessando que está falando com quem? É claro que eu consigo sentar!

É, como sempre eu estava errada, assim que curvei o corpo pra frente senti uma pontada nas costas e deitei outra vez. Gemi baixinho de dor, e ele me apoiou cuidadosamente, colocando travesseiros gorduchos em minhas costas.

-Talvez não... –murmurei.

-E como sua mãe você simplesmente não pensa antes de agir. Não pode levantar desse jeito depois de ficar tanto tempo deitada na cama.

-Tanto tempo? –só então senti que minhas pernas formigavam como nunca.

-Uma semana e três dias pra ser mais exato.

-O QUÊ? –tive o impulso de sentar outra vez, mas forcei meu corpo a não cometer o mesmo erro pela segunda vez.

-Calma. Carlisle disse que você perdeu sangue demais, e que era melhor dormir para que seu corpo se recuperasse sozinho dos danos e blá, blá, blá. Coisa de médico, eu não entendo bem.

-Sei... E cadê todo mundo?

Jacob dobrava e esticava minhas pernas e braços, fazendo exercícios para que meu corpo pudesse fluir outra vez. Agora entendo porque vampiros parecem mármore, porque eu me sentia uma estátua parada daquele jeito.

-Foram caçar, estivemos todos muito ocupados essa semana e tudo mais. Então os Cullens estavam famintos já. Saíram todos esta manhã, só quem ficou foi Emmett pra me ajudar enquanto Seth e Leah não chegam.

Acordei pela segunda vez.

Os bebês! Eu queria vê-los... Não, eu precisava vê-los!

-Jake, cadê os nossos... –mordi o lábio, era muito estranho dizer “nossos filhos” já que eu era tão nova e idiota ainda.

-Com o Emmett. É difícil tomar conta dos dois sozinhos. Então vou te levar pra cozinha, você vai tomar um pacote desta... Coisa nojenta que estava sendo injetada em você, e depois poderá ver os gêmeos.

Os gêmeos...

Os gêmeos...

Os gêmeos...

Aquelas palavras ecoavam na minha cabeça, como se tivessem sendo carimbadas em cima das outras. Jake me pegou no colo e levou com habilidade até a cozinha, onde abriu uma bolsa de sangue e colocou num copo qualquer me dando para beber com cara de nojo. Sabia que ele odiava isso, mas não podia fazer nada. Fato que era sangue humano roubado do estoque do hospital, mas eu me senti infinitamente melhor só com dois goles. Completamente revigorada. Carlisle, como sempre, pensou em tudo.

Parece horrivelmente egoísta dizer que ainda não sabia como me sentia em realção à isso. Mas querendo ou não, eu nunca fui tão perfeita quanto minha mãe, nunca me imaginei exatamente com nem um bebê, quanto mais gêmeos pra criar. Até porque, na minha concepção, ter filhos era algo completamente impossível, já que eu sempre amei o Jacob, e somos duas raças totalmente distintas... E pior, inimigas. Meu coração estava batendo tão forte que Jacob sorria. Idiota.

-Agora sim você pode ver os nossos... Ahn... Bebês.

Não gostei daquela hesitação. Ele não ia falar bebês, ia? Insegurança foi pouco. Que tipo de criança de uma semana dava trabalho para uma família com oito vampiros e mais um lobisomem? Ele me pegou no colo e me levou até a sala, sorrindo como uma criança que acabara de ganhar um brinquedo novo. Filhos levados. Há. Isso era mesmo a cara do Jacob...

Parei de respirar, e tive que piscar uma cinco ou seis vezes para acrediar no que via. Emmett corria pela sala, desviando dos móveis com menos facilidade que eu ou Alice desviaríamos (claro, porque graças a Deus eu sou ágil e não bruta). Atrás deles havia dois... Mini lobos brancos de olhos vermelhos usando fraldas? Aquilo era demais pra mim, senti meu queixo cair e o corpo inteiro tremer, além da tontura temporária. Eu pari lobos? Mas que porra de brincadeira sem graça era aquela? Jake me apertou contra ele, provavelmente sentindo a tensão dos meus músculos e o pavor que eu exibi com o rosto.

-Meninos, voltem ao normal, não queremos matar sua mãe do coração...

         Disse ele, me dando uma imediata sensação de alívio. Emmett pegou os dois no colo e colocou em cima do sofá cuidadosamente. Sorrindo para mim daquele jeito de sempre, impossível de não sorrir de volta. Com os olhos tão pretos que cheguei a ficar com pena da fome que alguém daquele tamanho todo devia estar sentindo.

         -Vou indo, baixinha. Preciso mesmo comer um pouco. –e afagou meus cabelos emaranhados antes de disparar pela porta da frente.

         Fitei os mini lobos outra vez, que abanavam o rabo. Aquilo era HORRÍVELMENTE estranho. Então ouvi um barulho estranho, como de ossos e carne se roendo, mudando. O mesmo som de quando os quileutes se transformavam. E os dois lobinhos viraram as crianças mais lindas do mundo. Ambos com a pele bem clara, olhos vermelhos como os de vampiros nômades, e cabelos negros, idênticos aos do pai. Um menininho com o rosto mais angelical que eu já havia visto, esticou a mãozinha para pegar uma chupeta em cima da mesa, e a enfiou na boca, enquanto a menininha sorria... Sorria de um jeito nada infantil, mas eu gostei daquilo. Ela parecia comigo quando pequena.

         Jacob me colocou no chão. Dei passos cambaleantes até ele, ficando de joelhos ao lado do sofá. Eram realmente idênticos e lindos! Com um nariz arrebitado, e lábios gordinhos, e juro que, mesmo tão pequenos, a beleza dos dois superava qualquer Cullen ou vampiro que pisou na Terra. Só percebi que estava chorando quando vi as gotas mancharem o estofado.

-Você... Deu nome a eles? -perguntei a Jacob, enquanto sentia aquelas quatro mãos quentinhas no meu rosto.

-O Jensen bateu palminhas quando eu falei o nome, e a Jackie... Bom você sempre gostou, e ela agarrou aquele cachorro de pelúcia, acho que ela escolheu o nome por meio de gestos... Eles ainda não falam, mas dá pra ver que não têm só uma semana em aparência física. Com quatro dias eles se transformaram em lobos, e achamos que isso acelerou o crescimento deles ainda mais. Porque nós nos desenvolvemos bem mais rápido depois da “explosão”. Sem falar que você também né.

-Sei...

Nem prestei muita atenção em Jacob, mas concordei com as palavras dele. Se bem que isso de crescimento não me espantava, eu mesma tinha poucos anos de vida em comparação ao meu corpo e mentalidade. Olhei aquelas duas criaturinhas pequenininhas de olhos brilhantes. Ai caramba! Nunca achei que conseguiria amar tanto alguém tanto quanto eu amo o meu lobinho, e descobri que estava errada. Como sempre. Eles eram meio desengonçados ainda, não muito andavam como humanos, mas ficavam de pé e pareciam bem firmes. Os gêmeos me abraçaram ao mesmo tempo (o que também era super fofo! Essa coisa de fazer tudo ao mesmo tempo funcionava bem com eles).

Acho que perdi quase uma hora sentada no sofá com eles no colo. Bom, com eles deitados sobre mim na verdade. Mal dava espaço para os dois. Ninguém mandou terem uma mãe pequena como eu. Mas eles pareciam gostar ter que disputar o espaço. Ficavam trincando os dentinhos minúsculos e afiados um para o outro. E pelo que percebi a Jackie era mesmo a mais teimosa, e o Jen era tão fofinho e calminho que acabava sedendo espaço para ela e encostando-se ao sofá até que eu o ajeitasse outra vez. Jacob ficou sentado, com a minha cabeça em seu colo, cheio de almofadas, enquanto via fingia ver qualquer coisa na TV, pois eu sabia que seus olhos estavam sobre nós três. A mais recente família Black.

Todo o meu medo e hesitação passaram quando encarei aqueles olhinhos. Eu tinha tudo o que qualquer pessoa poderia ter. Uma família perfeita, tanto pelos pais, quanto pelos filhos agora. Me arrependi, a ponto de doer um pouco, por ter pensado tantas bobagens sobre eles. Monstros? Nunca, nunca mesmo! Eram tão inocentes, tão lindos, que até o coração mais duro amoleceria ao ver aquelas crianças. Eu estava tão feliz que nem conseguia parar de sorrir. Aquilo era gostoso de um jeito engraçado. Mal sei explicar como. Mas entendi o porquê minha mãe nunca desistiu de mim. É um sentimento tão forte e tão poderoso, esse amor de mãe, e é impossível lutar contra.

Minha vida já era perfeita, apesar de todos os altos e baixos que tive com os Cullens ou com o próprio Jacob. Mesmo com todas as burrices que eu fiz, eles sempre estavam dispostos a me perdoar pelos meus erros, e agora eu havia ganhado o maior presente de toda a minha vida, o motivo para querer viver cada segundo como se fosse o último: os gêmeos.

 

Meu corpo inteiro estremeceu quando a porta abriu.

Claro que eu ouvi as pegadas macias dos dois lobos enormes que estavam do lado de fora, mas não esperava que abrissem daquele jeito tão estúpido, ainda mais sabendo que agora havia bebês na casa.

Seth foi o primeiro a entrar, sempre muito carinhoso com aquele sorriso enorme no rosto, e os cabelos bagunçados nos ombros, usando só uma bermuda marrom. Em seguida veio Leah, com um short e uma camiseta azul, emburrada, arrogante e descabelada, como sempre. Tive que respirar fundo umas três ou quatro vezes para não gritar que ela saísse dali. Eu não ia criar uma guerra, entretanto não precisávamos ser amigas. Até porque seria uma grande falsidade de ambas as partes.

Uma coisa estranha aconteceu naquela hora. A Kie ficou rígida no meu colo, e fez força com os braçinhos pra se levantar. Me obrigando a sentar no sofá para que pudesse virar. Jen estava mais calmo, como sempre, girando sua chupeta para um lado e para o outro na boca. Eles se viraram para os irmãos. E acabei dando uma risada da cara de babaca que o Seth fez ao olhar os gêmeos. Não me espantei, afinal eles eram lindos.

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Notas finais do capítulo

Já sei.
Levei mil dias pra postar sendo que tinha dito que ia postar logo um cap novo. Mas vcs vão ter que me perdoar, este ano está realmente confuso com isso de pré-vestibular e talz.
Eu estudo o dia todo (leia-se de 7 da manhã às 5 da tarde), chego em casa cansada, ainda tenho que estudar mais e depois minha mente simplesmente não funciona pra escrever nada!

Acreditem ou não escrevi este cap inteiro hoje, mesmo cansada pela estréia de Eclipse ontem (sessão das 22h pra, sendo que fui dormir lá pelas 10 da manhã e acordar as 6h da manhã seguinte é tenso). Então perdoem erros, é a pressa. Eu tb sei que prometi mundos pra esse cap, e ele nem chegou perto de ficar grande.

Escrever pra mim é correr contra o pouco tempo que tenho pra fazer isso. Então agora os caps estão menores e mais diretos, se bem que esse eu comecei bem e terminei mal. Incrível como eu não estou conseguindo manter a linha de pensamento... Também tem um outro motivo, eu tenho que voltar a me adaptar a isso. Não ando escrevendo absolutamente nada, e a escrita fica desgastada quando vc para por muito tempo. Estou buscando melhoras.

Espero que gostem, porque o próximo vai ser bem louco Rs.
E esperem por uma boa luta em breve! Hey, alguém quer me fazer uma capa nova??

Beijos!



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