A Rainha Ester escrita por Chatifora


Capítulo 1
Capítulo único. A perseverança do amor




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/508427/chapter/1

“Fechei os olhos e lembrei de cada segundo: eu ouvia a sinfonia de gritos que vinham da vizinhança. Me encolhi, estava escondida debaixo das escadas, afinal, aquele lugar um dia iria servir pra algo. De longe, enxerguei a janela. Os gritos de socorro condiziam com os vultos de homens passando com tochas acesas. Senti o cheiro mais uma vez. Era um cheiro forte, um cheiro de medo.”

Balancei a cabeça rispidamente tirando da mente as lembranças. Abri os olhos e observei ao meu redor. Vi o palácio, meu mais novo lar, e por mais magnífico que seja ser rainha, eu me sinto pior do que me senti naquele dia. As lágrimas começaram a brotar sem nenhuma explicação, já não continha os soluços altos. Que situação horrível! Os judeus, o meu povo, está sob sentença de morte. E só eu, Hadassa... a rainha Ester, posso intervir nesta situação.

Aperte para ouvir a música.

Caminhei entre os arbustos, toquei flores rosas, inspirei bem fundo e soltei uma canção que veio do fundo do meu coração.

“Deus eu preciso de Ti, quantas e quantas vezes precisei e respondestes. Oh Senhor, mesmo tendo escolhido esta vida, eu olhei para trás e vi cada estação passar, destes-me esperanças e agora eu creio que estás comigo. Mais uma vez meu povo está sob o jugo da morte! Deus eu confio em Ti, ajuda me!”

Voltei e me sentei no chão. Ao avistar uma grande árvore, me recordei de cada sacrifício que me trouxe até aqui, o quanto já lutei, quantas vezes não falhei e Deus mesmo assim continuou me guiando. Deitei-me vagarosamente dentre as árvores e relaxei, ouvindo os barulhos ao redor. Fechei os olhos e trouxe a mente tudo que se passou.

Trouxeram-me a força para cá. Era uma manhã de sol claro, passarinhos no céu e um cheiro maravilhoso de frutas, quando os guardas começaram a bater em todas as casas e perguntar se havia ali jovens solteiras e virgens. Ao saberem que sim, as levavam para o palácio, e bem, eu fui uma delas. Não me seguraram com força ou me amarram, no entanto, não vim por minha vontade.

Tudo isso me fez crescer, aprendi que lidar que as mais singelas diferenças fazem com que o nosso amadurecimento seja maior e mais consistente. Passei por medos e competições. O medo de ser rejeitada pelo rei, de não ser o suficiente e até mesmo fazer algo errado e ter um decreto de morte. Competi durante semanas e até mesmo meses com jovens lindas e melhores que eu, deixei que a vontade de Deus fosse feita, e mesmo quando eu não sabia o que fazer, encontrava a resposta no Senhor. E após tudo isso, depois de ser colocada em uma fila e escolhida como se quem escolhe bananas, fui eleita rainha. Não porque foi achada graça em mim dentre as outras, e sim porque foi feita a vontade de Deus.

E agora, somente eu posso mudar a história dos judeus. Sem entender quem sou ou o que fui, é uma responsabilidade acima de tudo, não sei por onde começar ou para onde ir.

Levantei do gramado, caminhei até o meu quarto, sentei me na cama, coloquei a cabeça entre as mãos e a balancei, afastei as madeixas que sobre caíam em meus olhos. Olhei para cima na esperança de que a resposta estivesse estampada no teto, afinal, eu sabia que a resposta viria dos céus, só não sabia como pedir nem como agir. Tombei na cama, recostando a cabeça no travesseiro. Minhas lágrimas não paravam de cair, meu desespero estava transbordando, tudo o que eu preciso agora é uma solução. Levantei da cama e andei de um lado para o outro, parei em frente da minha cama procurando uma resposta, então, me ajoelhei ao lado do meu recinto e sussurrei uma oração, nela continha mais lágrimas que palavras.

“Aba, Aba pai, responde me. Ajuda me, eu preciso de Ti! Senhor, como é difícil, sabes de todas as coisas. Então por quê? Por que comigo? Eu fui encontrada Senhor, o rei me escolheu. Deus, eu preciso de uma solução. O meu povo, os judeus, o teu povo Senhor, está debaixo da sentença de morte. Preciso de ajuda, preciso do Senhor.”

Recordei que dali a três dias o rei teria uma reunião junto com todos os nomes importantes, e ali iria ser a minha chance de pedir misericórdia, de pedir um jantar, um jantar onde eu iria demonstrar o amor que sinto, e a necessidade que eu tenho de ajudar meu povo.

Levantei, lavei o rosto e olhei meu reflexo, parece abatido e pálido. Atravessei meu quarto, abri a porta cautelosamente e olhei nos corredores. Não havia ninguém, então puxei o capuz e saí pelos portões da ala norte do palácio. Caminhei até a casa dos meus tios, parei em frente e admirei cada fresta que havia ali. Um turbilhão de lembranças invadia meu ser. Subi as escadas e segurei o choro que estava formando um nó na garganta. Empurrei a porta e coloquei a cabeça, olhando de um lado para o outro, e vagarosamente entrei, com passos leves cheguei à sala, onde estavam meus tios, orando e clamando a Deus pela vida do reino. Entrei em desespero, onde não segurava mais as lágrimas, onde o nó já havia sido desfeito, se tornando em uma sensação de alivio com mal estar.

– Oh tio, ajuda me...

– O que queres Hadassa? Oh rainha o que queres de mim?

– Oh meu tio, não me chame assim, eu sou a sua menina! Ah titio, o povo, o povo está sob julgo de morte! Querem matar todos os judeus. E agora titio?

– Calma filhinha, venha cá, vamos orar!

Abraçando meu tio, me senti confortável, me senti segura. Nós nos ajoelhamos e oramos juntos. Por fim, entramos em acordo e em união com o nosso povo, decidimos fazer um jejum.

Deus mostrou a solução, e depois de muito clamar chegou o dia, hoje é a reunião do meu esposo, o rei. Me vesti conforme a ocasião, orei e pedi direção ao Senhor, olhei me no espelho, virei e respirei fundo. Fui até a janela, olhei para os céus e vi que estava um dia chuvoso, olhei para o grande pátio e vi o rei e seus pupilos entrando no grande salão.

Caminhei até os portões do grande salão, estava chovendo e eu já estava completamente molhada, entrei clamando a Deus. Empurrei os portões com força e se fez silêncio em todo o ambiente. Todos olharam para mim por alguns instantes, logo ouvi uma voz ríspida que soava do fundo do grande salão.

Aperte para ouvir a música

– Vai deixar está mulher entrar em tua presença sem ser chamada? Vais deixar que ela te desrespeite como fez a Vasti?

Assuero parecia estar confuso, tenso e não saber o que fazer ou o que falar. Então tomei a frente, e dei cinco passos, chegando perto do trono, falei ríspida, mas ao mesmo tempo com carinho.

– Senhor, daria a honra de ir a um jantar comigo? Amanhã à noite.

– Como pode deixar ela te desrespeitar desta maneira? Mate-a! — Soou novamente a voz que vinha do fundo do grande salão.

– Não.

Todos se surpreenderam com a veemência do não do rei, até mesmo eu, não sabia se este falava comigo ou com seus pupilos.

– Não, não vou matá-la, é minha esposa e minha rainha! — Falou levantando-se e vindo até mim. Ergueu meu rosto que estava olhando seus pés, e fixou seu olhar nos meus, sorriu e abraçou-me, então continuou.

– E sim, eu aceito seu convite. Agora, deixe que esta reunião termine, te encontrarei mais tarde em nosso aposento.

A felicidade que estava contida em meu coração enchia meus olhos de lagrimas e transbordava em sorrisos, correspondi seu abraço e afirmei que sim com a cabeça, apenas o soltei e virei. Caminhei com pressa até a porta do grande salão, fui até meu quarto, voltei a minha cama e me ajoelhei, entoei a oração de agradecimento mais calorosa que já senti no universo e pedi orientação para o dia de amanhã.

Acordei inspirada, é um grande dia. Um dia em que é decisivo para meu povo, passei o dia entoando louvores a Deus, quando estava tudo pronto, esperei o rei e seu pupilo Mordecai. Quando chegaram, meu coração parecia estar pulando pela boca, então ele interrompeu o silêncio da mesa:

Aperte para ouvir a música

– Qual é a tua petição rainha Ester? E se te dará. Que desejas? Cumprir-se-á ainda que seja metade do reino

– Se perante ti, oh rei, achei favor, e se bem parecer ao rei, dê-se-me por minha petição a minha vida, e, pelo meu desejo a vida do meu povo.

E assim o fez, concordando com a cabeça o rei mostrou seu amor e compreensão por mim, sua esposa. Por fim, posso dizer que nos abraçamos e entoamos votos de amor, demonstrando os mais singelos gestos de carinhos um ao outro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá amadas, comecei criando para uma peça teatral da igreja, porém, senti vontade de compartilhar com vocês, e aqui está! Espero que gostem, e que fique claro, é uma das primeiras de muitas que viram! Beijos, Deus os abençoe!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Rainha Ester" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.