Cigarettes escrita por Laris


Capítulo 6
V - Craig


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura e leiam as notas finais, nós precisamos conversar u.u



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Quando um cara relativamente bonito como Christopher te faz um elogio, você simplesmente sorri, agradece e joga o máximo de charme que puder até ele te beijar. Pelo menos era isso que a minha mãe costumava dizer toda vez que nós tínhamos aquela conversa constrangedora sobre rapazes.

Infelizmente eu não era muito receptiva quando esse era o assunto.

– Você está respirando? – Christopher perguntou, esboçando um meio sorriso muito irritante. O cabelo escuro e liso estava caindo sobre o seu rosto pálido enquanto ele me encarava com aquelas duas orbes quase negras.

– Claro que sim, idiota. – respondi, quebrando o nosso contato visual. Com certeza encarar o meu esmalte azul descascado naquele momento era bem menos embaraçante.

A garçonete mal educada apareceu outra vez, equilibrando agora todos os nossos pedidos extremamente calóricos em cima de uma bandeja grande, e somente depois de lançar um último olhar mortal à Christopher, ela se afastou da nossa mesa, balançando os quadris de forma bastante vulgar.

– Bom? – ele perguntou assim que eu dei a primeira mordida no meu sanduíche gigante.

– Ótimo.

Quinze minutos foram o suficiente para eu terminar de devorar o restante do hambúrguer, junto com as batatas e o milk-shake delicioso. Não houve conversa entre nós dois, ainda assim, eu conseguia sentir o seu olhar analítico sobre mim o tempo todo.

– Nós devemos chamá-la? – questionei, olhando de soslaio para a minha colega de quarto. Mesmo estando longe, eu conseguia enxergar a coloração avermelhada que se espalhava pelo seu rosto enquanto ela prestava atenção no que o cara de olhos azuis tagarelava. Isso era estranhamente fofo.

– Óbvio que não. – Christopher bradou, revirando os olhos e puxando algumas notas de dentro da carteira de couro que ele tinha puxado de dentro do bolso.

Dei de ombros antes de enfiar a mão em um dos bolsos do meu moletom, procurando pelo dinheiro.

– Anda logo. – Chris resmungou logo que eu depositei a minha parte do pagamento sobre a nossa mesa.

O ar gélido do lado de fora fez com que eu me encolhesse dentro das roupas de frio, pequenos flocos brancos atingiam o meu rosto enquanto eu seguia os passos rápidos daquela criatura demoníaca que vivia debaixo do mesmo teto que eu.

Eu não fazia idéia de onde estávamos indo, mas qualquer coisa era melhor do que voltar para o alojamento e dar de cara com Luke e sua parceira escandalosa de transa.

– Que lugar é esse? – perguntei. O pequeno prédio de três andares a nossa frente era todo feito de tijolos cinza e coberto por pichações de inúmeros desenhos abstratos e palavras de baixo calão que também decoravam o portão de ferro caindo aos pedaços.

Christopher ignorou a minha pergunta e tirou um molho de chaves de dentro do bolso do seu jeans escuro, enfiando uma das chaves na fechadura em seguida.

– Christopher. – eu cruzei os braços, começando a perder a paciência.

– É o apartamento do meu primo, Craig. – estreitei os olhos, desconfiada, e ele bufou. – A gente sempre vem aqui quando Luke decide transformar a nossa casa em motel. – ele explicou.

– A gente? – repeti.

– Diane e eu. – ele resmungou, empurrando o portão extremamente enferrujado. – Vamos. – Christopher murmurou antes de fechar uma das mãos em volta do meu pulso esquerdo e me arrastar para dentro do prédio velho.

Christopher foi me arrastando pelo corredor extremamente mal iluminado do primeiro andar até pararmos em frente a uma das ultimas portas do lugar. Com o punho livre, ele deu três socos leves na madeira gasta.

– Já vai! – uma voz masculina e grossa gritou de dentro de dentro do apartamento segundos depois.

– Espero que você esteja vestido dessa vez, Craig. – Christopher gritou de volta, impaciente.

Um cara alto, pálido e de cabelos castanhos desarrumados apareceu na nossa frente quando a porta finalmente foi aberta. Craig usava apenas uma bermuda preta folgada que deixava à mostra a barra da sua cueca branca e pela expressão preguiçosa, ele tinha acabado de acordar.

– Você podia ter ligado. – Craig balbuciou com voz arrastada de sono enquanto nos dava passagem.

– Desde quando você é tão homossexual? – Christopher revirou os olhos, soltando o meu braço de seu aperto. – Heather, este é o meu primo imbecil. – murmurou, apontando o indicador para o outro cara que parado ali.

– Eu sou o primo imbecil? Tem certeza disso? – Craig riu, parecendo incrédulo com aquele comentário antes de se aproximar um pouco mais do meu colega de quarto e acertar um murro no seu ombro direito.

– Obviamente. – Chris respondeu, afastando o primo que virou-se na minha direção. Não havia muita semelhança entre os dois, exceto os olhos escuros profundos e a pele bastante clara.

– Olá, Heather.

– Oi. – eu respondi, timidamente.

Christopher passou por mim, indo direto se deitar no sofá azul do primo. A sala dele tinha mais ou menos o tamanho da nossa, tinha também uma poltrona marrom, um tapete felpudo e uma televisão gigantesca. Uma bancada branca separava aquele cômodo da cozinha pequena de Craig, e um corredor estreito deveria levar aos quartos.

– Luke apareceu com alguma vadia nova? – Craig perguntou, ocupando o espaço minúsculo que Christopher tinha deixado enquanto eu afundava na poltrona macia.

– Não sei se é nova, mas, com certeza, é alguma vadia que ele sequer deve saber o nome. – Chris deu de ombros, como se tivesse visto aquilo acontecer várias vezes.

– Esse cara não muda. – Craig comentou, divertido.

– Talvez ele saiba o nome dela. – eu disse, arrancando uma gargalhada dos dois.

– Claro. – Christopher ironizou, balançando a mão no ar. – E talvez eu pare de fumar. – completou em seguida, debochado.

– Essa foi boa. – disse Craig. – Querem cerveja?

– Não, obrigada. – neguei.

– Você não bebe álcool? – foi Christopher quem me perguntou, arqueando a sobrancelha e esboçando um sorrisinho estúpido.

– Bebo. – bufei, começando a perder a paciência. Infelizmente Christopher tinha esse efeito sobre mim, ele conseguia tirar a minha calma com um simples comentário. – Eu não gosto de cerveja, idiota.

– Frescura. – ele disse, cruzando os braços sobre o peito magro.

– Christopher, alguém já te disse que você é insuportável? – Craig perguntou ao primo.

– Já. – ele riu. – E eu aceito aquela cerveja, por favor.


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Notas finais do capítulo

Antes de tudo, obrigada aos leitores lindos que comentaram no capítulo anterior, já vou responder todos vocês. Agora, vamos ter uma conversa séria. Eu tenho 70 leitores e 23 pessoas favoritaram essa história, porém, o máximo que eu recebo são 9 ou 10 comentários, o que significa que existem 60 fantasmas por aí. Eu amo receber e responder os reviews de vocês, é isso que me motiva a continuar escrevendo os capítulos de Cigarettes, mas é muito desanimador ver tanta gente e lendo e não comentando. Aliás, foi por isso mesmo que esse capítulo demorou tanto pra sair. Enfim, desculpem por reclamar tanto aqui, mas isso realmente está me chateando.

Até o próximo capítulo.
Beijos ❤