Logo após de realizarem o check-in e despacharem as poucas bagagens, os cinco semideuses dirigiram-se para o detector do Aeroporto John F. Kennedy de Nova York, que dava acesso ao Terminal 4.

–Como que nossas armas vão passar pelo detector de metais? –Pediu Lucie impaciente.

Eles eram os quintos da fila, Mark já demonstrava extrema impaciência e James denunciara seu medo de aviões logo que pôs os pés no aeroporto. A muvuca era constante pessoas passavam correndo outras pareciam perdidas ou confusas, como qualquer aeroporto.

–Alguém conta para essa mortal o que acontece? –Mark falou irritando Lucie.

–Ela não tem culpa de não viver no meio de nós a cada minuto da vida dela, mas você pelo contrario mora lá, mas nem sabe os nomes dos deuses... –Annabeth falou fazendo os gêmeos de Apolo rirem e incentivarem os insultos dela. –Mas respondendo sua pergunta, é tudo a nevoa.

–Obrigada Annabeth, por não me responder de maneira mal educada ou como um idiota. –Lucie disse fazendo com que Mark mostrasse a língua para ela.

–Próximo! –Berrou a guarda barriguda de cabelos vermelhos. Mark se dirigiu até lá e colocou sua mochila no cesto. –Vai ter que tirar o cinto, o relógio, o sapato e qualquer outro utensílio de metal.

Ele começou a fazer caretas imitando a mulher que mascava chicle como uma vaca.

–Esconde a maconha!!! –Gritou James.

–Que maconha, esse ai já ta no Crack mesmo! –Julian falou.

–Esse ai só fuma cogumelo e flor de lótus. –Annabeth se juntou a bagunça.

–Pode passar aqui mocinho. –A ruivinha falou empurrando Mark para dois homens. Um passava um detector móvel e o outro o apalpava.

–Para de me apertar caralho! Esse lugar não esta permitido para outras pessoas além das mulheres gostosas. –Ele falou, depois logo sendo solto.

Depois de todos passarem Mark olhou ferozmente para cada um.

–Muito obrigado pela massagem gratuita caros amigos. –Ele falou com os dentes trincados.

–Aposto que você até ficou excitado. –James falou piscando para Mark que ainda mantinha sua carranca.

Lucie já estava perdida nos pensamentos nos primeiros minutos em que os garotos começaram a discutir, ela queria absorver cada detalhe do aeroporto, eram tantos tipos de pessoas, ela sentia uma energia boa. Uma família coreana passara de um lado segurando seus eletrônicos enquanto alguns africanos passavam se empurrando e sorrindo do outro, tudo era capaz de fazê-la se sentir bem. Lucie já havia viajado com seus pais para o exterior e essa sensação de estar embarcando novamente em um avião era como um presente para ela.

Eles adentraram no Duty free, Lucie sabia que para chegar aos portões B teria que passar pela lojinha, mas não sabia que seria tão trabalhoso, é claro que ela se esquecera de que estava com dois filhos de Apolo, eles ficaram mais de cinco minutos admirando um perfume qualquer.

–Ta se vocês querem ficar aqui fazendo comprinhas fiquem eu vou para uma livraria, nos encontramos em duas horas no Mc’ Donalds. Lucie você vem comigo não é? –Annabeth pediu.

–Claro.

–E se nós nos perdermos? –Pediu Mark.

–Se vira! –Annabeth saiu caminhando em direção as outras lojas.

–Até depois meninos, e se vocês se perderem tem mapas por todos os cantos. –Lucie falou gentilmente indo em direção à Annabeth.

Elas passaram por um SPA e por uma loja que vendia apenas roupas e joias de grife até que elas chegaram à livraria Houston que ficava na esquina da divisa do corredor principal e dos Portões B.

–Então que livro você pretende comprar? –Anna pediu para Lucie que já estava na parte dos livros adolescentes.

–Acho que vou pegar os dois que faltam para completar minha coleção. –Lucie pegou o livro verde e o outro vermelho alaranjado que completavam a trilogia que ela havia começado semana passada, ela os abriu para cheirar. -E você?

–Um sobre arquitetura. –Ela falou indo em direção pegar um livro repleto de imagens.

As duas pagaram os livros e saíram da loja.

–E agora?! Ainda temos quatro horas de puro tédio... –Lucie falou.

–Acho que podemos andar em volta, depois ficamos em algum banco perto do Mc’Donalds esperando eles terminarem suas comprinhas.

As meninas adentraram o corredor cheio de pessoas.

–Então... Você e o Julian... Eu vi o jeito que você estava olhando para ele... –Annabeth tinha um sorriso malicioso no rosto e Lucie já estava vermelha.

–Não tem nada entre nós...

–Então você e o Mark, eu senti a conexão... Ou James, eu vi que vocês conversaram no taxi.

–Annabeth!!!

–O que foi? Só vendo as hipóteses! –Ela falou como se não fosse nada de mais, mas para Lucie esse era o pior assunto já que ela sempre fora fechada para todas as pessoas. –Além disso, você e o Julian vão um do ladinho do outro nos assentos.

Lucie olhou mortalmente para ela que simplesmente deu de ombro.

–Eu vou na poltrona da frente e coloquei os dois que tem medo de avião o mais longe o possível de nós, perfeito não?

–Eu nunca conversei com ele e você já esta querendo me casar com o pobre guri. Eu mereço isso Atena! –Lucie ergueu os braços e gritou fazendo algumas pessoas olharem para ela.

–Ta parecendo uma doida...

–Olha quem falando. –Lucie falou emburrando Annabeth sem muita força.

–A cala a boca! –Annabeth falou rindo.

<><><><>

Eles estavam parados no portão B20 faltavam trinta minutos para o voo. Annabeth terminava seu livro, Lucie já estava na metade do seu, Mark escutava musica, James dormia e Julian andava impacientemente de um lado a outro.

Ele parou na frente do painel de partidas e procurou o voo. Logo viu porque não havia nenhum avião parado no portão deles. Julian correu e acordou James, arrancou os fones de ouvido de Mark e fechou os livros das meninas.

–Mas que diabos... –Mark protestou já se levantando.

–Nosso portão de embarque mudou para o B37! – Julian disse já correndo, acompanhado dos outros que tentavam se ajeitar apressadamente. Entre desculpas e com licenças eles corriam passando por pessoas que carregavam suas bolsas e mochilas, as lojas passavam por eles, os alto-falantes anunciavam o numero do voo e o piso cinza e branco passava por eles como um borrão.

Depois de correrem por mais de 15 portões finalmente chegaram, felizmente havia ainda algumas pessoas embarcando.

Eles entraram James e Mark já iam para o final da primeira parte da classe econômica, perto dos banheiros. James se esticava para colocar sua mochila dentro do bagageiro e Mark o ajudava. Ambos suavam como se tivessem corrido uma maratona.

Todos tinham ficado na metade da esquerda, Mark e James pegaram a ultima fileira da janela, e Annabeth ficou com a sétima, mas nas fileiras do meio assim como Lucie e Julian que estavam uma fileira atrás.

–Você quer que eu guarde sua mochila Lucie?- Julian pediu e ela concordou com a cabeça lhe entregando a mochila preta.

Lucie esperou Julian sentar nos bancos azuis para depois se sentar. Depois que todos se acomodaram a aeromoça passou verificado se todos estavam com os cintos afivelados. Logo os vídeos de seguranças começaram a passar nas telas. O avião já começava a manobrar pela pista e o barulho do motor se tornava audível, assim como as preces para Zeus de Mark e James.

–Zeus que estais no Olimpo, proteja-me de todos os males, guia este avião em que estou com segurança para seu destino, que me permita usar seu território, prometo usá-lo com sabedoria e responsabilidade pelo tempo que permanecerei aqui, Zeus amado, prometo não lhe ofender novamente e dedico essa prece especialmente para você. –Disse Mark segurando a mão de James, ambos de olhos fechados com a cabeça em direção ao céu.

–E é claro que também somos jovens demais para morrer, por favor, nos proteja! –Gritou James.

Annabeth já estava com seus fones e Lucie e Julian riam e fingiam que não os conheciam.

Lucie abriu o pacote que continha um cobertor, um pequeno travesseiro e um fone de ouvido. Para sorte deles o voo estava vazio, devia haver no máximo duzentas pessoas. Lucie e Julian estavam sozinhos em sua fileira, assim como Annabeth, que tinha os quatros bancos só para si.

–Se não vamos ter vizinhos não vejo porque não usar o banco deles. –Ele falou pulando para o banco do lado e obrigando Lucie a fazer o mesmo. Ambos esticaram os pés para os bancos restantes.

Em segundos o avião pegava velocidade e eles já estavam no ar. As TVs implantadas nos bancos já disponibilizavam filmes, jogos, musicas e outras coisas. Lucie se cobriu e escolheu um filme qualquer para assistir, era uma comédia romântica, mas em questão de segundos ela já estava cochilando.

<><><><>

Julian acorda de seu cochilo, ele dormira um pouco depois que Lucie. Ela estava deitada no ombro do garoto e dormia profundamente, o que provocou um sorriso nele. Já deviam ser umas oito da noite e as aeromoças passavam servindo o jantar.

–Lucie. –Ele sussurrou. –Estão servindo o jantar.

Ela abriu preguiçosamente os olhos, e se assustou a perceber que estava se escorando em Julian e logo tratou de se ajeitar.

–Me desculpe. –Ela disse já ficando corada.

–Não, sem problemas. –Ele disse abrindo um sorriso caloroso.

–O que vai ser a janta?

–Massa ou peixe, pelo que pude ver. –Julian se levantou no banco e olhou para trás. –Eu sabia que eu conhecia esse ronco. –Ele falou fazendo Lucie e Annabeth, que também acordara se levantarem para olhar, no fim das filas estavam Mark e James roncando auto o suficiente para fazer eles, que estavam nas primeiras filas, escutarem. Os dois estavam encostadinhos e tinham as bocas abertas.

–Alguém precisa tirar foto disso! –Annabeth falou se levantando e indo até as poltronas deles e tirando a humilhante foto. Ela aproveitou e deu um tapa em cada testa os fazendo pular de susto. –Hora da janta dorminhocos. –Ela falou e voltou para seu assento.

<><><><>

Julian e Lucie já conversavam abertamente, já haviam se passado 8 horas e só faltava 1 hora e 53 minutos para chegarem.

–Porque você não passa mais tempo no acampamento?- Julian pediu.

–Eu não sou muito das atividades radicais, passo a maior parte do tempo no meio da floresta lendo e rezando para não ser encontrada, só vou para lá porque meus pais me obrigam. Não tenho motivos. –Ela falou abraçando suas pernas e dando um sorriso torto.

–Vai dizer que não gosta de ver aqueles campistas sem camiseta mostrando seu corpo escultural e definido, brigando uns contra os outros. –Ele sorriu maliciosamente.

–Não me confunda com uma filha de Afrodite. E você? Vai me dizer que só vai para o acampamento na esperança de ver uma suruba adolescente?

–Lucie! Eu não sou tão pervertido assim! –Ele falou ficando ruborizado.

–Olha você está vermelho! –Ela falou rindo do pobre Julian.

–Eu não sou o pervertido da família, o único que gostaria de ver putarias é o James. –Ele falou já voltando a sua cor normal.

–Ele tem cara de quem da tudo pra todos, mas pode ser de família, vai saber...

–O James só da o buraco mesmo. Vive na esquina se prostituindo.

–Nunca vou entender esse negocio de irmãos, ficarem se provocando, mas depois voltam ao normal. –Ela falou para Julian. –Acho que vou dormir um pouco.

–Tudo bem. Quer se recostar em mim?

–Se não te incomodar. –Ela falou timidamente.

–Não. –Ele sorriu e ergueu o apoio de braços. –Vem cá, deite no meu colo, eu sei como essas poltronas dão dor nas costas.

Lucie virou-se e colocou o travesseiro no coberto em que estava enrolando Julian. O corpo dele era quente e tinha um aroma agradável e doce. Ela caiu no sono com Julian acariciando seus cabelos.