My Sky Angel escrita por Snowflake


Capítulo 32
Capítulo 30 - Hans


Notas iniciais do capítulo

Como estão? Trouxe-vos um grande capítulo para ver se me perdoam já que vou ter que entrar novamente em hiatus..... Mas agora, boa leitura!



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Quando sugeri aquela proposta sabia que ela ia prontamente aceitar pois ambos tínhamos a mesma sede por conhecimento. Eu queria saber o seu passado e ela queria saber o meu. Mesmo sem a proposta confiava o suficiente nela para lhe contar. Sentia que podia confiar nela.

Olhei para Elsa e a sua pele reluzia à luz da lua. Não, não era a luz da lua. Ela também pareceu confusa e quando olhamos para o lado os nossos hiddicks, um gato e uma coruja, brilhavam enroscados um no outro.

– Parece o que aconteceu com os hiddicks da Merida e do Hiccup – observei e ela assentiu.

Passado um tempo eles pararam de brilhar e Elsa pegou em Marshmallow afagando as suas penas. Fiz o mesmo com Calíope e logo ela começou a ronronar. Nenhum de nós dizia nada, não sabíamos como começar.

Os únicos barulhos que quebravam o silêncio que se instalara eram o cantar dos grilos, o ronronar de Calíope e o piar suave de Marshmallow. Pelo canto do olho vi-a a abrir a boca para falar mas logo a seguir tinha-a fechado.

– Hans… - Elsa chamou-me mas não continuou a sua frase.

– Sim? – perguntei.

Ela nada falou. Somente fitou os seus pés como se fosse a coisa mais interessante. E embora tenha tentado disfarçar reparei quando ela bocejou. Dali a pouco o sol nascia e era normal estarmos cansados.

– Elsa – ela olhou para mim- continuamos esta conversa amanhã pode ser?

Sorri carinhoso e ela devolveu-me o sorriso.

– O que é que achas que se está a passar? – Elsa perguntou aconchegando-se a mim devido ao vento frio que tinha começado a soprar.

– Não sei – suspirei – só acho que está na hora de dormirmos pelo menos umas horas.

Quando acabei aquela frase reparei que estava esgotado. Era muito para assimilar num dia.

– Boa noite – ela sussurrou e quando ia começar a afastar-se, chamei-a.

– Ei Elsa? – ela virou-se para mim – Não te estás a esquecer de nada?

Ela sorriu e eu sorri de volta. Deu-me um beijo na cara e sussurrou novamente o “Boa noite” mais eu puxei-a e dei-lhe um beijo nos lábios.

– Agora sim, boa noite – respondi quando acabamos. A distância entre nós era pouca e eu senti a sua respiração. Ela sorriu e foi embora para o seu dormitório.

Abri a porta do quarto devagar para não acordar Kristoff. Calíope tinha vindo comigo já que o seu dormitório já estava fechado a essa altura.

– Onde estiveste? – perguntou-me uma voz sonolenta.

– Por aí – respondi sem dar muito interesse.

Kristoff não perguntou mais nada. Somente virou-se para o lado e eu comecei a ouvir a sua respiração pesada.

Suspirei. Estava esgotado e mal me atirei para a cama adormeci com Calíope enrolada nos meus pés.

Acordei com o piar de um pássaro. O sol batia-me nos olhos e eu resmunguei em sinal de desagrado. Quando me virei ele sorriu.

– Vamos lá, bela adormecida. Os outros já estão à nossa espera para o pequeno-almoço.

Retornei a resmungar. Como a provar o meu ponto de vista puxei os lençóis para cima da cabeça fazendo Calíope miar em desagrado.

– O que faz aqui a Calíope? – ele questionou claramente surpreendido.

– Não a consegui deixar com os outros hiddicks. O edifício já estava fechado. – sussurrei ainda debaixo dos lençóis.

Ele nada disse. Percebi que estava pensativo. Provavelmente a pensar onde eu tinha andado. Sabia que ele não ia perguntar e eu também não me ia dar ao trabalho de responder.

Levantei-me, os pés descalços, que eu não me lembrava de os ter descalçado, tocavam no chão frio. Quando eu já estava pronto, nós descemos para nos juntarmos no refeitório.

No refeitório dei logo falta da Merida e da Elsa. Quando perguntei sobre o seu paradeiro Anna respondeu que quando as chamou elas disseram que estavam um pouco atrasadas.

– Vamos Elsa – ouvimos a voz inconfundível de Merida.

– Até que enfim – exclamou Hiccup e Merida lançou-lhe um olhar cortante.

– A culpa não é minha. – replicou Merida – A culpa é da dorminhoca aqui ao meu lado.

– Dorminhoca? – Jack repetiu surpreendido. Olhou fixamente para Elsa e esta negou com a cabeça. Notei que Hiccup também estava preocupado mas quando ela negou relaxou.

– A Elsie aqui não é dorminhoca. – ele levantou-se abraçando-a com um braço.

– Hoje foi – Merida mencionou.

– Que se passa Elsie? Saídas há meia-noite? – no rosto do moreno um sorriso brincalhão era visível.

Elsa corou e olhou-o furiosa. Olhou para mim mas logo tratou de desviar o olhar decidindo sentar-se ao pé de Anna.

– Já vos contei porque é que o Soluço ganhou esse nome? – Os seus lábios formaram um sorriso maligno.

– Tu nem te atrevas – bramiu Hiccup que já se apresentava corado.

– Não, não contaste – Merida sorriu ignorando um Hiccup suplicante.

Jack gargalhou e olhou para Hiccup que estava com a cara enterrada nas mãos.

– Elsa, coitado do rapaz! – ele disse na defesa dele – Só porque os pais dele não sabiam que nome dar e quando ele nasceu em vez de chorar soluçou não quer dizer que temos que o envergonhar em publico.

– Tu soluçaste quando nasceste? – Rapunzel perguntou divertida fazendo o moreno acenar em concordância.

– Obrigada por tirares o prazer de envergonhar o rapaz – Elsa disse sarcasticamente e o irmão lançou-lhe um olhar cúmplice.

– Então Hiccup – falei tentando ajudar o rapaz – não sabes nenhuma história embaraçadora daqueles dois?

– Suponho que não.

Deixamos as histórias embaraçosas de lado e comemos o pequeno-almoço enquanto falávamos alegremente uns com os outros.

Hoje não teríamos aulas já que era o nosso dia de descanso. Depois de muitas discussões sobre o que íamos fazer decidimos ficar por nadar no lago.

A água estava ótima. Talvez um pouco fria mas era ótima para distrair de todos os nossos problemas. Havia hiddicks que também se aventuravam na água, outros nem tanto. Olhava para Merida e como os seus cabelos ficavam menos volumosos sempre que estavam molhados, quando sinto aquela sensação de estar a ser observado.

Elsa olhava para mim mais precisamente para as minhas costas. Sabia que estava a olhar para as minhas cicatrizes mas não para as das asas. Estava a olhar para aquelas que eu tanto queria esquecer.

“Temos que conversar” ela mexeu os lábios e eu assenti. Inspirei profundamente preparando-me para o que vinha a seguir. Era altura de desenterrar os demónios do passado.

Elsa deu uma desculpa de ter de ir ao dormitório fazer algo e eu dei uma desculpa também do género caminhando cada um para o seu dormitório.

Quando desapareci da vista dos outros mudei totalmente de direção. Sabia onde ela estava.

Ela estava sentada numa rocha de costas para mim. A sua coruja estava virada para mim com um olhar inquisidor.

– Então – pigarreei começando o nosso diálogo – Tu estás pronta?

– É só isso? – ela perguntou – uma troca por outra?

Era o que parecia mas era muito mais que isso.

– Eu acho que é mais uma plena confiança no outro.

Ela assentiu e olhou-me nos olhos. Uma plena confiança. Será que era mesmo isso que eu sentia?

– Um juramento então – ela pegou numa das suas facas de arremesso presas ao seu cinto.

– A minha palavra não é o suficiente?

– As palavras são traiçoeiras.- ela retorquiu.

Um juramento de sangue então. Estava a sorrir e ela também. Não levávamos muito a sério mas achávamos aquilo divertido. Ela fez um pequeno corte na mão dela e outro na minha. Apertamos as mãos mas não dissemos nada. Talvez porque não sabíamos o que jurar, talvez porque não sabíamos o que dizer.

– Queres saber das cicatrizes não é? – eu perguntei quando largamos as mãos e ela assentiu – Vou ser muito resumido e rápido, está bem?

Era mais fácil dizer tudo de uma vez, doía menos. Inspirei profundamente pronto para começar.

– Muito bem quando eu nasci a minha progenitora era bêbada e frágil de espírito – olhei para Elsa que me susteve o olhar – o meu progenitor era um brutamontes que batia na mulher, fumava e bebia.

Inspirei profundamente sentindo-me fraquejar. Elsa afagou a minha mão tentando-me passar forças. Eu tinha contado para Anna e Merida não fazia muito tempo. Ficaram chocadas mas foram compreensivas. Agora eu estava a repetir a história com Elsa.

– Quando a minha progenitora estava fraca ele decidia bater em mim e bem, quando ele não tinha um cinzeiro por perto…

Não continuei pois soube que não era necessário. Elsa apertou-me a mão e depois abraçou-me.

– Canalha – ela sussurrou e eu soltei uma risada. Quando olhei para ela lágrimas molhavam as suas bochechas.

Inspirei fundo tentando controlar-me. Ela também e vi-a secar as faces molhadas.

– Bem – ela suspirou – é a minha vez.

– Não precisas de fazer isto se não quiseres – falei não querendo que ela fosse obrigada a algo.

– Eu jurei – sorriu – e eu quero.

Agora foi a minha vez de segurar a mão dela e assim ela pronunciou-se.

– Jack não foi a minha primeira família. Fui acolhida por um casal simpático. Tratavam-me bem e muitos diziam que eu era parecida com a mãe. Quando tinha três anos, aproximadamente, a mulher deu à luz Mattew mas não sobreviveu – ela inspirou em busca de ar – foi aí que os pesadelos começaram.

“O homem começou a beber de desgosto. Para mim ele continuava a ser o homem que eu tinha conhecido mas para Mattew… Era eu que tratava do meu irmão, sabes? – ela perguntou sem mesmo precisar de uma resposta – Ele batia-lhe e eu tentava sempre defendê-lo mas muitas vezes não conseguia.

“Ele ia parar tantas vezes ao hospital que eu perdi a conta – ela olhava fixamente para um ponto no horizonte absorta no passado – então eu começava a tornar-me arrogante e impassível. Imagina uma garotinha de cinco anos sem aquela inocência e brilho de felicidade nos olhos. – Olhei para ela e avistei as lágrimas que escorriam livremente pelas faces que ela parecia nem sequer notar.

“Uma altura, Mattew estava escondido no meu quarto porque ele chegara mais bêbado que o normal. Ele gritava “Mattew, Mattew, onde estás tu meu pequeno sacaninha?” “Meu pequeno assassino” era o que ele também costumava chamar. O meu pequeno irmão tremia e quando ele chegou ao meu quarto puxou-o pela camisola e pelos cabelos. Eu juro, tentei impedi-lo mas ele fechou-me no quarto.

Ela agora soluçava e eu abraçava-a tentando-a confortar com palavras carinhosas. Sentia-a tremer nos meus braços e o seu choro penetrava nos meus ouvidos como facas afiadas diretas para o meu coração. Ela fungou e continuou o seu relato.

– Ele não sobreviveu nessa noite e eu fugi de casa. Fui parar a casa do Jack onde o pai, amigo da mãe de Mattew, soubera do acontecido. Passei anos na terapia e consegui voltar ao normal. Ainda hoje ouço o choro dele, Hans… - ela apertou-me ainda mais nos seus braços – agora sempre que alguém ameaça a minha família ou alguém que eu gosto eu mudo para o “modo automático”.

Finalmente compreendia. Estávamos ambos destroçados por dentro. Ambos desfeitos mas tínhamos que ser fortes.

– Já passou agora – sussurrei no seu ouvido – Estamos todos seguros. Vamos vais ver, nada nos vai acontecer.

Falei levantando-me e indo com ela ter com os outros mas talvez eu estivesse a falar demasiado cedo.


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Notas finais do capítulo

Então, como eu estive a falar nas notas iniciais MSA (My Sky Angel) vai entrar novamente em hiatus.... Eu sei, vocês provavelmente estão furiosos devido a tantos hiatus mas eu não posso fazer nada...
Terei sempre tempo para responder aos vossos comentários já que são estes que me ajudam a continuar!
MSA faz 1 ano em 25/5!! Parece que foi ontem que eu estava a pensar se devia publicar ou não.... Talvez eu tente postar um capítulo nesse dia para festejar o aniversário!
Então, fora esse dia, eu talvez voltarei a postar no meio de Junho e aí talvez termine a história!
Enfim, espero que tenham gostado.
Vejo-vos no próximo capítulo ou nos comentários.
~-...-~
Terras Dufins - Rei Lufhins - Asas Azuis
Terras Weerfins - Rei Adnis - Asas Amarelas
~-...-~
❄Abraços,
Snowflake❄



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