Aquilo Que Nos Completa escrita por Blue Butterfly


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Algumas traduções
Tenshiko = pequeno anjo
Orenjinohana = flor de laranjeira
Touya = flor de pessegueiro
Yukito = MEU coelho da neve (kkkkkkk)
Boa leitura ^^



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-Koishiteru To-ya.

-Koishiteru Yuki – Touya ofegou, suor cobrindo seu corpo enquanto pequenos espasmos percorriam seus músculos.

Ao seu lado, igualmente suado e com uma expressão de êxtase tremenda, Yukito suspirou, fazendo todo o possível para puxar o lençol e cobrir seus corpos, adorando quando um braço moreno e forte o trouxe para mais perto. Descansou a cabeça no peito do outro, fechando os olhos e permitindo que o sono o levasse, lá ele encontraria Touya novamente.

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-Yukito – uma voz fria chamou.

O menino abriu os olhos, reconhecendo o lugar em que estava quase de imediato, era um típico jardim inglês, palco escolhido por Yue sempre que ele queria se comunicar com o garoto.

-Yue – e sorriu, andando alegremente até o anjo frio e pálido.

-Eu preciso que faça algo por mim.

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-Então Yue quer que não façamos amor?

Yukito corou, sempre corava quando Touya usava aquele termo, não apenas pela carga emocional que a palavra “amor” possuía, mas porque Touya sempre falava isso com uma certeza tão grande que fazia o coração dele bater mais forte.

-Ele pediu – Yukito respondeu.

-Por quanto tempo?

-Eu não sei.

Touya suspirou, por alguns anos, mais precisamente desde que moravam juntos, Yue nunca fez muita questão de se intrometer na relação dos dois, de vez em quando ele aparecia, principalmente nas noites de lua cheia ou quando chovia, não era rude, tampouco amável, o moreno sabia que era amado pelas duas formas de seu companheiro, mesmo que a forma de amar de Yue fosse fria e se resumisse em deixar Yukito fazer o homem feliz. Percebendo que seu coelho branco parecia perturbado com seu silêncio, ele suspirou uma segunda vez, estendendo os braços e puxando o outro para um abraço apertado.

-Tudo bem. Vamos esperar – e beijou a testa do ser que ele tanto amava.

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-Yue, vamos começar?

Kerberos bocejou, aquele não era o melhor momento para ele, uma lua gigantesca ocupava o céu, aumentando o poder de seu irmão ao mesmo tempo em que o deixava sonolento, além disso, ele passara os últimos quatro meses sem comer se quer um docinho, conservando ao máximo sua energia e magia. Junto aos dois, Sakura segurava o báculo e as cartas mágicas, semelhante aos seus guardiões, há quatro meses ela não usava seus poderes, permitindo que Shoran cuidasse de qualquer luta sobrenatural.

O anjo se aproximou do futon branco que colocaram no jardim, fechou os olhos em pura concentração, mãos estendidas, fazendo surgir um pingente de gelo brilhante que depositou com todo cuidado no futon.

-Sua vez, Kero – a mulher comandou.

A enorme fera se aproximou do irmão, criou uma esfera perfeita de chamas que deslizou sobre o pingente de gelo. Magicamente nenhum deles foi afetado pela presença do outro. Sakura suspirou fundo, convocando todas as cartas de uma só vez. Inúmeras figuras surgiram, cada uma entregando algo na esfera de chamas. Quando a última carta fez sua contribuição, Sakura e Yue se aproximaram ainda mais. A mulher estendeu o braço para Kerberos, com uma garra afiada ele fez um pequeno corte no pulso dela, sangue jorrando em seguida. O anjo se ajoelhou, separando uma mecha de cabelo prateado e o estendendo ao irmão que com a mesma garra cortou a mecha. Sangue e cabelo foram jogados na esfera enquanto Sakura começou a recitar:

-Que a beleza da lua te forme, que a felicidade do sol o envolva, que a magia de cada carta crie sua verdadeira forma e que do sangue e do fânero venha o castelo que te protegerá.

Poder transbordou daquele estranho grupo, fontes de magia escorrendo sobre a esfera e mudando sua estrutura, convertendo a bola brilhante em um pequeno ser absolutamente belo, uma espécie de anjo e fera, com traços delicados, orelhas pontudas, uma penugem branca cobrindo seu corpo e uma pequena cauda. Ele abriu os olhos, revelando um par de olhos esverdeados e tranquilos.

Yue correu até o pequenino, emocionado, com cuidado ele o tomou nos braços, tocando seu rostinho adorável. Kerberos e Sakura sorriram, levaria mais quatro meses para que eles recuperassem a magia gasta naquela noite, porém, vendo os dois juntos, tudo valia a pena.

-Hey pequenino – Yue murmurou, os olhos marejados – Bem vindo ao mundo – e beijou a testa do ser – Que o castelo guarde meu pequeno anjo.

Uma luz fraca cobriu o ser, trazendo para a superfície um pequeno bebê, cabelos brancos, olhos de âmbar e traços que inegavelmente lembravam certo moreno de olhos negros.

-Ele é perfeito – Yue suspirou.

Ninguém contestou.

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Touya bocejou, os olhos ardiam e o corpo cansado implorava por um descanso longo. Ele atenderia suas necessidades assim que Yue ou Yukito – ele apostaria seu salário em Yue – voltasse, acordar no meio da noite sem o corpo pequeno e delicado de sua pessoa mais importante não era legal, ainda mais depois de um sonho devastador que o obrigara a tomar um bom banho frio.

O som da porta se abrindo o surpreendeu, normalmente Yue entraria pela janela, mas lá estava o anjo entrando o mais silenciosamente possível, um pequeno objeto em seus braços. Teatralmente, o homem ligou a luz da sala, surpreendendo o anjo. E sua reação surpreendeu Touya. As asas do anjo brotaram magicamente e se fecharam sobre ele, deixando a mostra apenas parte do seu rosto e protegendo o que quer que fosse que carregava.

-Yue – chamou com desconfiança.

Vendo que o perigo não existia, ele relaxou e descansou as asas.

-Onde você foi? – Touya perguntou cruzando os braços na altura do peito.

-Fui buscar o sonho do meu castelo – respondeu com simplicidade – Conceder aquilo que ele sempre quis.

Touya franziu a testa, era óbvio quem era o castelo de Yue, Yukito contara que, após longas conversas, Yue parara de se referir a ele como “forma falsa” para “meu castelo”.

-O que Yukito sempre quis que fez você sumir no meio da noite? Eu comprei uma caixa de latas de pêssego ontem.

-Yukito não pensa só em comida – Yue resmungou.

-Eu sei. Ele pensa em seus clientes e como defendê-los da melhor forma, ele pensa em Sakura e se ela é feliz com o gaki, ele pensa em seu jardim e nas flores que quer plantar, ele pensa em Kerberos e em como é bom ter um irmão, ele pensa em mim, mas isso ele já tem. Tanto ele quanto você.

A muito custo Yue permaneceu sério, era difícil quando Touya falava aquelas coisas doces.

-Tem mais uma coisa que ele pensa.

-Eu sei – Touya suspirou – Ele pensa numa família, alguém para estar lá por ele e que ele pudesse cuidar. Esse sempre foi o desejo dele. Mas eu o realizei, não foi? – Touya perguntou confuso – Somos uma família, um pouco diferente, mas…

-Não – Yue interrompeu – Vocês são um casal, mas não uma família. Pelo menos não até agora.

-Yue, o que você tem ai? – e se aproximou – Está interferindo com sua magia, eu a ouço de uma forma diferente. Está mais alegre e quente.

Com cuidado, Yue retirou a manta que cobria o pequeno ser. O moreno ofegou, era a coisa mais linda que ele já tinha visto, todo pálido, as orelhas diferentes, pequeninas asas douradas surgindo de suas costas.O ser abriu os olhos, encarando Touya com uma curiosidade e intensidade bem familiares. Muitas vezes ele vira a mesma expressão em seu companheiro. O ser deu um leve sorriso, revelando dentes pequeninos e brancos, a cauda balançando fez o homem sorrir, era o ser mais incrível que ele vira.

-Volte para seu castelo, meu pequeno anjo – Yue pediu.

O bebê apareceu, seu olhar era o mesmo do ser que encantara Touya. O homem ofegou pela segunda vez, era impossível não ver suas feições e as feições de Yukito mescladas naquela criança.

-Nosso filho – ele percebeu.

-Sim. O castelo que guarda o pequeno anjo é fruto seu e do meu castelo. Já o ser é fruto da magia combinada de Sakura, Kerberos, das cartas e minha.

-O que isso significa? – Touya pediu, encantado com o bebê.

-Significa que, assim como Yukito, a criança crescerá como um humano normal, vai envelhecer e quando chegar a hora irá partir. Porém o ser, assim como eu e Kerberos, parará de crescer quando completar vinte anos e ficará nessa forma para sempre. Vocês cuidarão dele enquanto a vida humana permitir, depois eu e meu irmão faremos isso.

-E a quem ele servirá? Sakura?

-A ninguém. Ele vai escolher a quem servir quando achar que é a hora. Para isso eu lhe concedi o mais importante que tinha: minha capacidade de julgar e escolher.

-Então ele é… Nosso – a ideia era espantosa demais para ser assimilada rapidamente.

-Sim – e o anjo se permitiu sorrir – Agora fique com ele, Yukito está impaciente para ver seu filho.

-Yuki sabe o que está acontecendo? – aquilo era novo.

-Sim. Foi preciso muita magia para fazer o pequenino, com isso a barreira que nos separava está temporariamente quebrada. Tome, segure seu filho.

-Touya estendeu os braços mecanicamente, metade dele estava congelado pelo choque, a outra metade queria berrar ao mundo sua felicidade. O pequenino se aconchegou em seus braços, fechando instintivamente os adoráveis olhos de âmbar quando Yue começou sua transformação. Yukito cambaleou quando surgiu, diferente de sua outra forma, ele revelava mais nitidamente o cansaço que o processo deixara. Touya segurou o filho com uma mão e a outra usou para sustentar seu coelhinho, trazendo-o para junto de seu corpo.

-To-ya – Yukito sussurrou, exausto.

-Eu estou aqui. Nós estamos aqui – acrescentou aproximando o bebê de seu outro pai.

Um novo sorriso tomou o rosto de Yukito ao ver a criança, ele resplandecia em seu rosto, fazendo desaparecer qualquer marca de expressão que o tempo poderia ter feito.

-Tenshiko – Yukito chamou tocando com cuidado o nariz delicado.

-Como?

-Tenshiko – repetiu, sorrindo para seu grande e único amor – Pequeno anjo. Pensei que era um bom nome. O que você acha?

-É lindo. Assim como o pai dele – e beijou de leve a cabeça de Yukito – Tenshiko Tsukishiro Kinomoto?

-Parece bom. Na verdade, é perfeito.

E naquela noite, dois amantes foram para cama carregando em seus braços a coisa mais preciosa que tinham e que fizera deles finalmente o que mais queriam: uma família.

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Tenshiko colocou a camiseta, feliz com o resultado, finalmente ele era capaz de se vestir sem a ajuda de seus pais. Ele saiu de seu quarto, seus passos leves e suaves sumiam no tapete felpudo do corredor que o levaria ao quarto de seus pais. Parou por alguns segundos, desde pequeno aprendera que nunca deveria entrar sem bater e ganhar permissão.

-Pode entrar, Tenshiko – uma voz forte ressoou do quarto.

Era uma das coisas que Tenshiko sempre gostara, seu Oto-san Ki sempre sabia quando ele estava por perto e onde Oto-san Tsu se encontrava. Oto-san Tsu contou que bem antes de Tenshiko nascer, Oto-san Ki perdeu o poder de achar as pessoas, mas depois ele o recuperara. Um dia, o garoto perguntaria como aquilo aconteceu. Adentrou o quarto, seus pais ainda estavam na cama, Oto-san Ki lia um livro enquanto Oto-san Tsu, deitado em seu colo, esperava pelo filho com ansiedade.

-Bom dia – ele cantarolou correndo para os braços de seu pai.

O pequeno se aconchegou entre os lençóis e o corpo pálido de Yukito, fazendo uma pequena careta quando Touya bagunçou seu cabelo.

-Porque acordou tão cedo? – Yukito perguntou enchendo de beijos o menino.

-Eu tive um sonho muito bonito – contou entusiasmado.

Touya largou o livro e prestou atenção no pequeno, o garoto tinha sonhos especiais, muitos eram profecias, vislumbres do que ainda viria.

-E com o que você sonhou? – Yukito perguntou com um sorriso.

-Eu estava brincando com alguém no parque, era tão divertido. Mas daí eu mudei sem querer, mas a pessoa não se importou e disse que era super legal eu poder mudar e que eu ficava bem com as asas – contou orgulhoso.

-Você é lindo nas duas formas – Yukito respondeu com convicção – Você lembra como era esse alguém?

-Não – e seu sorriso diminuiu – Eu não conseguia ver quem era, só ouvia sua voz. Mas era uma voz bem bonita… Ah, eu me lembro do nome! Eu chamava de Orenjinohana.

Touya e Yukito trocaram um longo olhar cheio de significados, um pequeno sorriso brincando em seus lábios.

-O que isso quer dizer? – ele perguntou para os dois pais.

-Quer dizer que um dia você vai encontrar alguém que vai te proteger com sua própria vida – Touya revelou com segurança.

-Alguém que você vai amar e seguir para sempre, quem você vai escolher para servir – Yukito opinou sentindo seu companheiro o abraçar com mais força.

-Sério? – e os olhos de Tenshiko ficaram enormes – E como vocês sabem disso?

-Porque é o que acontece quando o anjo encontra sua flor.

Tenshiko sorriu, mal podia esperar para encontrar Orenjinohana. Touya beijou os cabelos de Yukito. Ali era onde ele sempre quis estar, onde ele decidiu estar, sua família com Yukito, seu pequeno paraíso. E enquanto via seu filho brincando com os lençóis, reafirmou aquilo que anos atrás dissera durante um pôr do sol.

-Koishiteru, Yuki.

-Koishiteru, To-ya.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentem ^^



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