You're The One escrita por Giovana Serpa


Capítulo 14
The one with the big brother


Notas iniciais do capítulo

Um bocado de gente me pediu capítulo com POV do Jace, mas esse daqui tinha que ser da Clary. Eu também amo escrever as narrações do Jace e tudo o mais, mas eu já até tinha escrito, e é um capítulo meio que importante. Vou fazer o possível para que o próximo seja do nosso loiro natural preferido.

Boa leitura!



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Clary

Quando cheguei em casa às três e meia da tarde, o apartamento estava mais vazio que o Alasca inteiro. Literalmente falando. Você sabe, tem aqueles pesquisadores no Alasca e minha casa estava vazia. Creio que você me entendeu.

Mas, voltando ao assunto, o lugar estava mesmo terrivelmente escuro, frio e sem ninguém além de mim, o que era estranho, porque minha mãe chegava às duas do trabalho na segunda-feira. Eu sabia que Sebastian não estava ali porque ele estava naquele treino extra de esgrima para a competição com outra escola em algumas poucas semanas. Sortudo. Mal entrara no colégio e já estava na equipe principal.

Presumindo que minha mãe tivera algum imprevisto no trabalho, eu deixei isso para lá. Joguei minha mochila num canto perto do sofá e me joguei sobre ele, o celular na mão. Eu urgentemente precisava ter um momento adolescente-americana-sem-cérebro, e só havia uma pessoa a quem recorrer: Maia.

Certo, nenhuma de nós duas, por sermos do campo, tinha esse lado garotinha. Mas o que mais eu poderia fazer? Ligar para Simon? Jordan? Não era como se eles entendessem disso mais do que eu.

Ela atendeu depois de quatro toques:

— Clarissa! — falou, sua voz sonolenta, mesmo às três e meia da tarde. Seu sotaque da Nova Inglaterra ficava mais claro agora que eu estava acostumada com o palavreado de Manhattan. — Como vai a sua glamourosa vida na cidade grande?

— Primeiro me responda, por que a sua voz sugere que você acordou agora? — Falei.

Ela riu.

— É feriado no estado de Vermont — ela falou. — Se esqueceu disso, ruiva?

Sortuda. E sim, eu havia esquecido. Mas, por algum motivo, admitir isso não parecia a coisa a certa a fazer. Apenas dei de ombros, mesmo sabendo que ela não veria esse gesto, e disse:

— É só que você nunca dorme até tarde — comentei, e me apressei em desviar do assunto: — Bem, eu só... precisava falar com você... sobre uma coisa muito entediante...

Ouvi um suspiros, e soube que ela não estava com ânimo para ouvir nenhum problema de outra pessoa. Mas, mesmo assim, ela perguntou, num sotaque nova-iorquino falso:

Qualé?

Revirei os olhos, mas não pude segurar uma risada.

— Maia, durante esse tempo todo em que eu estive aqui, ninguém numa disse "Qualé" — falei.

— Os seriados mentiram para mim! — ela reclamou. — Eu preciso ligar para a Warner Channel e reclamar sobre isso.

Ri novamente antes de dizer:

— Não, mas é sério — senti meu rosto corar antes mesmo de começar a dizer o que eu queria. — Tem esse cara no colégio...

— Ah, as verdadeiras histórias de amor sempre começam com "Tem esse cara no colégio" — ela suspirou exageradamente. — Ou os seriados me enganaram nisso também... Mas, bem, continue.

— Certo. E tente não interromper com comentários sarcásticos agora, senhorita Roberts — ela estava prestes a dizer Eu não estava sendo sarcástica, mas eu interrompi a tempo, ligeiramente irritada mas feliz por estar falando com ela. — Voltando ao tal cara. No colégio. O nome dele é Jace. Jace Herondale. E ele é mais bonito que qualquer um que você possa meramente imaginar.

Houve um segundo apenas de silêncio.

— Meu Deus, você está falando com uma garota que tem um namorado, Clary — mas sua voz sugeria que ela estava sorrindo. — Para mim, Jordan é o cara mais bonito de todos os tempos. E mais sexy também, acredite, eu sei bem disso.

Segurei o impulso de estremecer. Imaginar meus dois melhores amigos namorando ainda era esquisito, mesmo depois de quatro meses em que eles estavam juntos. Mesmo assim, eu ficava imaginando o que havia acontecido antes de eles realmente assumirem que estavam namorando seriamente.

— Primeiro, eca — falei, fazendo uma careta. — Segundo, eca de novo. Terceiro, aposto que você mudaria de ideia se o visse. Mas essa não é a questão.

— E qual é a questão, então? — Ela finalmente parecia ter entendido que eu estava, de fato, falando sério.

Pensei por um momento, porque eu não sabia exatamente qual era a questão. Primeiramente, o que eu pretendia contar para Maia?

— Hmmm... Acho que a questão é que eu ando pensando demais nesse fato — murmurei. — E que ele gosta de poesia. E que ele é a única pessoa em que os olhos dourados não parecem estranhos, mas sim perfeitos. E nessa vez, hoje de manhã, em que nos beijaríamos se não fosse a interrupção da servente espanhola.

Maia fez quinze segundos de silêncio antes de começar a rir. Revirei os olhos, mas ela parou quando sentiu o meu silêncio irritado. Bem, eu havia aturado-a quando estava caindo de amores por Jordan. Não que eu estivesse caindo de amores por Jace — pelo menos eu acho que não —, mas ainda assim parecia justo que ela me escutasse.

— Certo, certo, desculpe — ela falou, soltando uma última risada final. — É só que esse momento é inédito, sabe? Tirando aquela vez em que você teve uma queda pelo Leonardo Da Vinci na segunda série, Clarissa Adele Fray nunca teve uma paixonite.

— Eu não estou com uma paixonite — protestei.

— Certo, então você completamente ama o cara — ela se corrigiu.

Senti meu rosto corar de novo e grunhi.

— Maia!

— Oh, apenas admita para si mesma — ela bufou. — Sério, Clary. Foi assim mesmo na segunda série com o Leonardo Da Vinci quando você leu sobre ele na primeira vez. Oh meu Deus ele é tão demais oh meu Deus oh meu Deus eu quero me casar com ele — ela falou suficientemente rápido para que eu não imaginasse as vírgulas, além de fazer uma imitação muito ruim da minha voz na segunda série. — É quase assim que você está soando agora.

É, Maia Roberts, minha melhor amiga desde que nascêramos, era brusca, direta e honesta desse jeito. Às vezes, o que ela dizia era quase ofensivo, mas sempre era verdade.

Eu suspirei. Estava suspirando muito desde que havia chegado.

— Okay, eu admito, estou perdida e incondicionalmente apaixonada por Jace Herondale, o cara que senta ao meu lado na classe de Inglês e gosta de Dante. Isso é bom o suficiente?

Antes que ela pudesse responder, uma voz do outro lado da linha que eu sabia ser da mãe de Maia a interrompeu, gritando:

— Maia Roberts, se você não levantar esse traseiro da cama agora e vier me ajudar na loja, eu juro que faço isso por você, mas não será muito agradável!

Segurei uma risada enquanto Maia grunhia. Poderia ser feriado em Vermont, mas nunca era na loja dos pais de Maia.

— Bem, eu tenho que ir agora — ela lamentou. — Mas tenho alguns segundos para um último conselho. Me escute com atenção. A primeira coisa que você tem que fazer é — ela falou como se estivesse prestes a me contar se Deus realmente existia ou não — se certificar de que ele estará doidinho por você. E, conhecendo a senhorita, eu posso garantir: não seja você mesma. Não me leve a mal. Você pode ser até uma pessoa legal, e é, mas eu duvido que os caras gostem de garotas que andem com o cabelo desgrenhado, manchas de tinta pelos braços e roupas que mais parecessem masculinas. É isso. Adeus.

Ela desligou antes que eu pudesse ter qualquer reação. Não liguei muito para o conselho que ela dera. Eu não queria ser como as garotas naqueles filmes, até porque elas se dão muito mal na maioria das vezes. Me lembrei da época em que Maia havia começado a usar maquiagem, poucos meses antes de seu relacionamento com Jordan ter seu suposto início, mas isso se desviou rápido, e meus pensamentos voaram para algo totalmente diferente.

Mesmo depois de tudo, era a primeira vez que eu admitia, em alto em bom som, que estava apaixonada por Jace. De algum modo, isso fazia tudo parecer maravilhosa e assustadoramente mais real.

***

O jantar estava mais do que estranho naquela noite. Minha mãe tentava esconder um sorriso, mas eu a conhecia bem demais para cometer o erro de não repará-lo, e Sebastian parecia mais pensativo do que o normal. Às vezes sua expressão se contorcia em algo parecido com raiva. Me perguntei se eu também parecia estranha, porque só o fato de eu pensar na conversa com Maia naquela tarde e o quase beijo na cantina durante a manhã já me deixava corada.

— Mãe, como foi o trabalho? — Perguntei, porque o silêncio estava me deixando incomodada.

Ela piscou para mim, como se não houvesse reparado antes que eu estava bem ali ao seu lado.

— Oh, foi... — ela franziu a testa e pigarreou, encarando seu prato de lasanha instantânea que eu havia feito no microondas. Depois disso, eu me considerava uma chef especializada em massas. — Bem.

Franzi as sobrancelhas. Minha mãe era uma péssima mentirosa, mas não insisti no assunto, porque não queria uma sessão cansativa de interrogatório. Terminei meu jantar e me levantei, sendo seguida por Sebastian, já que era a vez de minha mãe lavar a louça do jantar.

Enquanto eu seguia para o meu quarto, ele disse:

— Clary? Espere aí.

Me virei, surpresa. Levantei as sobrancelhas numa pergunta silenciosa.

— Quero falar com você — ele disse.

O-oh.

— Sobre? — perguntei, cruzando os braços e odiando o tom de irmão mais velho que ele estava usando.

— Jace Herondale.

Pisquei, e meus braços caíram ao lado do meu corpo. Ah, sério? Aquilo realmente não poderia ser o que eu estava pensando. Uma conversa entre irmãozão e irmãzinha sobre garotos? Eu não tinha saco para aturar isso. Mas minha curiosidade era mais forte do que isso, e eu meio que queria ter um motivo para discutir com Sebastian, porque fazia alguns dias que não nos falávamos de verdade.

— Como assim? — falei.

— Eu não sou cego — ele disse. — Eu vejo ele olhando para você no colégio — okay, isso é novidade. — E você também fica o encarando, não muito sutilmente. Ah, e eu também sei que ele te deu carona na sexta, uns caras me contaram, já que Jace não tem uma fama muito invejável na escola. Só queria dizer que você não deveria confiar tanto nele.

Havia uma série de coisas que eu queria fazer. Queria avançar sobre Sebastian e lhe dar alguns tabefes por ser tão intrometido. Queria lhe perguntar com qual tipo de direito ele poderia dizer em quem eu deveria ou não confiar. Queria perguntar se eu parecia tão idiota quanto ele fizera parecer quando estava olhando para Jace. Mas, além de tudo, queria sorrir porque aquilo fazia parecer que ele se importava comigo, e isso também era uma novidade no mínimo agradável.

Mas o que eu fiz mesmo foi perguntar, cruzando os braços novamente:

— O que te faz pensar que eu não deveria confiar nele?

Sebastian inclinou os lábios levemente para cima, e não era um sorriso tão amigável.

— Ele é do clube de esgrima — ele contou. — Estava no treino hoje, e tinha essa garota asiática na arquibancada torcendo para ele fervorosamente. E ele sorriu para ela.

Sem dar mais explicações, ele começou a avançar para seu próprio quarto, me deixando meio atordoada a meio caminho do meu.

— Estou dizendo — ele murmurou. — Se você não quiser sair machucada, não confie em Jace Herondale.


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Notas finais do capítulo

Rá, eu amo o Sebastian dando uma de irmão mais velho quando na verdade ele não entende bulhufas (amo essa palavra :3) nenhuma do que está acontecendo.
Pessoal, eu estava pensando aqui. Eu realmente não queria deixar o Sebastian sozinho na fic. Sei que ele é o vilão em TMI, mas eu amo esse cara demais da conta (modo caipira on). Então, quem vocês acham que eu deveria introduzir na história para ficar com ele? Talvez a Rainha Seelie? Claro, ela não seria nenhuma rainha aqui, talvez só Seelie. Mas eu vou deixar a critério de vocês. Me respondam nos reviews ;) Beijões!