Ultimo momento. escrita por Val-sensei


Capítulo 1
Capitulo único




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Ele entrou pelo corredor que dava acesso a entrada da hospedaria e viu a janela do quarto em que ela ficava.

O quarto estava escuro, entrou no corredor já dentro da pensão e antes de subir as escadas viu Chitose abrindo a porta do seu quarto, afinal ela era a chefe do lugar.

- Okaerinasai Kiyokazu.

- Tadaima - ele respondeu sério com um de seus braços enfaixados.

- Onde está a Hanato Kobato?

- Ela foi embora - Chitose disse meio triste.

Ele ficou sem reação, tentando assimilar as palavras que ela dizia.

- Você não sabia?

- Não...

- Deve ter sido difícil para Kobato-san se despedir de você - Chitose pegou o avental e enrolou nas mãos.

- Para onde? - finalmente se tocou do ocorrido.

- Ela não disse, só disse que ligaria assim que se estabelecesse.

Kiyokazu largou a sua mochila na mesma hora e começou a correr por todos os lados para ver se encontrava a Kobato, mas nada da garota.

Até que ele a viu em um pequeno parque sobre um escorregador e disse:

- ONDE ESTÁ INDO? - ele gritou com a respiração entrecortada e com as mãos no joelho parando em frente a ela.

- Fujimoto-san!? - ela olhou para trás e o viu.

- Aonde você planeja ir - ele perguntou a encarando com os punhos cerrados.

- Eu não sei... - ela respondeu também o olhando.

- Você está brincando comigo? - ele ficou muito irritado com ela.

- No final eu fiz você ficar irritado de novo - ela deu um leve sorriso, estava muito feliz de ele estar ali.

- Claro que sim... - ele inclinou-se um pouco para frente. - Desaparecer assim sem dizer uma palavra! O que você estava pensando?

- Desculpe...

- Você se aborreceu com o que eu disse? - ele queria saber por que ela queria ir embora daquele jeito.

- Não... Não foi isso! - ela ficou meio triste.

- Então por quê? - ele perguntou, pois queria saber.

Kobato se surpreendeu com a pergunta, virou um pouco o rosto.

Ela não podia contar, não sabia como contar, não sabia se ele ia acreditar, juntou as mãos e virou um pouco mais o rosto, então uma voz grossa e imponente soou.

- Por causa do contrato dela - Fujimoto procurou de onde vinha à voz, mas não sabia. - Aqui em cima da bagagem - ele viu o bichinho de pelúcia em forma de cachorro falando com ele. - Oi.

- Esse é o Ioryogi-san - ela apresentou o bonequinho que sempre fingia ser um boneco de pelúcia.

- Isso é um bichinho de pelúcia?

- Eu só estava fingindo ser um - respondeu o cachorrinho a ele. - Estávamos falando do contrato - o bicho cruzou os bracinhos e virou-se para garota. - Mostre a ele Kobato.

- Certo - ela começou a tirar o seu inseparável chapéu.

- Ei! O que está acontecendo...? - Kobato acabou de tirar o chapéu e Fujimoto conseguiu ver o que havia em cima da sua cabeça. - Você é... O que é isso? - Kiyokazu estava confuso e não entendia se ela era um anjo ou algo parecido.

Não sabia o que aquela aureola queria dizer.

- Ela está morta! - Ioryogi comentou enquanto ele processava tudo. - Neste momento a alma de Kobato não pertence a nenhum mundo. Ela é subviva, uma existência ambígua, mas por causa de um contrato com alguém lá em cima, foi dada a ela a chance de renascer e reviver a sua vida.

- Espera! O que você está dizendo? - ele ficou aflito não entendia.

Fujimoto ouviu um riso ingênuo e ficou procurando enquanto o pequeno cachorro continuava.

- Mas... Kobato escolheu passar o restante dos dias com você em vez de realizar o contrato. E consequentemente ele se quebrou - enquanto a pelúcia falava atrás da Kobato apareceu um coelho com asas e uma flor em uma de suas mãos.

Uma luz saiu da flor e foi em direção a aureola da Kobato, onde dela surgiu um tubo em volta dela.

- Por isso eu não tenho escolha a não ser desaparecer - ele subiu o escorregador correndo e tocou o tubo em cores transparente que a rodeada.

- Você está brincando, não é? - ele estava desesperado, confuso e não queria acreditar em tudo aquilo que ouvira do Ioryogi.

- Eu estava feliz por estar ao seu lado, Fujimoto-san. Não posso fazer isso... Não é - ela tocou o tubo colorido e transparente. - No final eu queria ir embora com um sorriso no meu rosto... - as mãos dos dois se juntaram separadas apenas por aquele tubo.

O coelhinho girou com a flor r Kobato sentiu o movimento e se encolheu um pouco, mas não era dor...

- Pare, por favor! - ele olhou para o coelhinho que voava em volta da Kobato.

- Você é muito importante para mim... Até agora... De agora em diante e até o fim dos tempos - lágrimas escorreram pelos olhos de Kobato enquanto as mãos dos dois se uniam apenas impedidos por aquela redoma colorida e transparente.

- Não vá! - o peito de Kiyokazu começou a brilhar e o domo começou a se quebrar como se fosse um vidro.

Os pedaços caíram no chão e a luz sobre a cabeça da Kobato parou.

No peito do Fujimoto-san tinha uma luz em forma de dois círculos, um pouco distante do outro.

Kiyokazu sorriu vendo que o tubo tinha quebrado deu um sorriso e Kobato correspondeu e um confeito flutuava no meio dos dois, e lentamente o mesmo entrou na pequena garrafa que Kobato carregava.

Os confeitos começaram a se acumular dentro da garrafinha e a enchê-la completamente.

Kobato a pegou em suas mãos depois da garrafinha flutuar no ar e disse:

- Confeito do Fujimoto-san.... É tão quente... - Kobato abraçou a garrafinha enquanto tudo em volta dela brilhava.

O coelhinho mensageiro de Kami-sama balançou a flor novamente e pétalas de cerejeira voaram em volta da Kobato.

Agora ela poderia reviver, pois havia cumprido o seu contrato, ela poderia ir onde ela queria e as pétalas de cerejeiras continuavam a rodeando.

- O que está acontecendo? - perguntou o rapaz a olhando.

- Eu devo ir para o lugar onde eu deveria estar - ela estava meiga. - Adeus! - ele a abraçou fortemente e a beijou nos lábios de forma terna.

Ele não queria que ela se fosse, ele queria continuar com ela, ele aprendeu a gostar daquela cabecinha de vento, desastrada, alegre, sempre positiva, se esforçava ao máximo.

Ele não queria deixá-la ir, de maneira nenhuma, tinha que ter um jeito dele fazê-la ficar, mesmo que quebrasse a vontade de Kami-sama. Mas quando ele abriu os olhos ela não estava mais diante de si, havia partido junto com aquelas pétalas de cerejeira, havia sumido de seus braços para sempre, então ele caiu adormecido sobre o escorregador infantil e não viu mais nada.

*****

Os dias passavam rapidamente e um mês depois da Kobato ter partido e exatamente naquela manhã Fujimoto Kiyokazu acordou, ouviu um barulho no quarto ao lado, se levantou e foi ver o que era.

Quando ele saiu do quarto viu Chiho e Chise saindo do quarto ao lado com um futtun, achou estranho ter um futtun ali. Chegou a pedir a Chitose para deixar o quarto desocupado mais um tempo.

Sentiu-se estranho ao dizer aquelas palavras, sentia que tinha alguma coisa faltando, mas ainda não sabia o que era.

Depois de trabalhar muito, foi para faculdade e conversou um pouco com o seu amigo Takashi Doumoto onde o mesmo diz:

"Bom, você perdeu uma coisa muito importante."

Kiyokazu se surpreendeu com aquelas palavras, encarou com os olhos um pouco arregalados.

"O que eu perdi?" Se perguntou em pensamento tentando achar algum vestígio em sua memória, mas nada.

Doumoto comentou sobre a creche, mas não era isso que o incomodava, era algo bem maior, mas ele não sabia o que era.

Depois da faculdade ele trabalhou um pouco e encontrou Sayaka na porta da antiga creche com as crianças e na conversa saiu às palavras: "vamos todos juntos" fez ele se sentir mais estranho ainda.

Ele buscou nas suas memórias, mas não se lembrou de ninguém nem de nada.

Fujimoto Kiyokazu foi continuar o seu trabalho e quando finalmente voltou para casa começou a chover e ele correu para pegar as roupas no arame.

Assim que ele pegou as roupas do varal um confeito caiu sobre a mesa e ele olhou fixamente para aquela bola brilhante e pequena. A mesma começou a brilhar diante de seus olhos e lembranças dela vieram em sua mente. As lembranças daquela menina desastrada, esforçada, alegre e que ele gostava tanto, depois que o clarão passou, Fujimoto olhou a foto, mas ela não estava lá. Ele não entendia o que estava acontecendo, saiu de seu quarto ao lado que supostamente fora dela, mas não havia nada nem ninguém.

Ele saiu da pensão correndo com os pingos de chuvas caindo sobre ele, procurou por toda a cidade se alguém havia visto, falado, ou se lembrado dela, mas nada.

Ele andou e andou sem um rumo, ainda com os pingos de chuva sobre ele e não entendia por que ninguém se lembrava dela.

Ele continuou caminhando e viu aquela casa onde ele sempre deixava os jornais, lá e viu Kohaku entrando com um sombrinha. Abordou a garota e entrou para conversar com ela e para sua surpresa Kohaku se lembrou perfeitamente da Kobato, enquanto ninguém mais se lembrava.

Kohaku então esclareceu tudo sobre a menina a ele, o porquê dela ter morrido em uma guerra entre os mundos e como ela recebeu a chance de realizar o seu desejo de voltar aonde ela queria estar, ou seja, Kobato queria renascer ao lado da pessoa que ela amava.

Kiyokazu ouviu atentamente cada palavra de Kohaku e tentava entender por que só ela se lembrava de Kobato. Após ouvir toda a história, Fujimoto-san sai da casa da ex-anja e volta a sua, pois agora ele teria que esperar renascer, ou aparecer em algum lugar. Ele guardava essa esperança em seu coração, junto com aquele confeito, pois sabia que ele era precioso e iria fazer algo muito importante na sua vida.

*****

Quatro anos depois...

Kiyokazu Fujimoto se formou em direito e agora trabalhava em uma advocacia, estava olhando uns livros na prateleira, quando o outro advogado pediu para que ele desse uma olhada na papelada, pois era um testamento.

Esse testamento era de um cliente que tinha morrido a poucos dias e por causa da morde de seu filho decidiu deixar tudo para sua filha adotiva, então ele se dispôs a olhar a área onde ficava a residência.

Na manhã seguinte Fujimoto foi até a área a ser repassada a garota e assim que chegou parou em frente à casa e viu algumas árvores de cerejeira. Um jardim de flores coloridas e uma escada que passava em meio a elas dividindo lado a lado.

O mesmo entrou a residência e olhou cada canto da mesma, para depois entrar em uma sala onde havia um piano.

Há muito tempo ele não via, ou tocava, deu um leve sorriso e tirou o tecido de cima, apertou algumas teclas do mesmo fazendo um pequeno barulho, que lhe trouxe algumas recordações, deu outro leve sorriso. Sentou-se ao banco, colocou o confeito sobre o mesmo e começou a tocar as notas, formando a melodia musical que lembrava tanto aquela garota destrambelhada. Suas recordações viajavam no tempo que passaram juntos na creche, foi lá que ele aprendeu a gostar e ela teve que partir.

Agora ele apenas aguardava o dia que a veria retornar do outro mundo para poder viver ao lado dela enquanto pudesse.

Enquanto dedilhava as teclas formando a melodia, sentia o seu coração se aquecer e acreditar que em breve iria reencontrar com ela, não sabia por que, mas o seu coração sentia isso de uma forma. Ele não conseguia controlar, apenas tocava era como se fosse um chamado daquela que o mudou e curou o seu coração carregado de amarguras e sofrimentos.

Parou de tocar suspirou fundo, ouviu o piar dos pássaros e uma pétala de cerejeira entrou pela janela com a ajuda da leve brisa. Mas logo em seguida ouviu uma voz meio distante cantar. Reconheceu aquela voz cativante e meiga, olhou pela janela e viu que ela vinha subindo as escadas que cortava o belo jardim.

Ele saiu da casa e foi conversar com ela, ela se apresentou como se não o conhecesse, mas ele sabia quem era ela, sabia que a tinha encontrado e era isso que o seu coração queria lhe dizer.

Ele também se lembrou do que Kohako disse a ele há alguns anos atrás quando ele saiu à procura de alguém que se lembrasse dela.

Kiyokazu saiu das suas recordações com a voz suave dela entrando em seus ouvidos.

- O piano... Você toca muito bem - ela estava com as mãos juntas em frente ao seu colo de pé em frente a ele.

- Sinto muito por tocar sem pedir antes - ele a olhava penetrantemente.

- Não sei por que, mas de algum modo eu, eu já conhecia essa musica. Isso é estranho, não é?

- Será mesmo - ele apenas falava. - Uma pessoa importante para mim a cantou no passado e eu sempre estive procurando por ela.

- Nossa! Espero que você seja capaz de encontrá-la.

Ele deu um sorriso ainda a olhando e pensou. "Já a encontrei".

- Sim. Então eu posso verificar o interior da sua casa.

- Com certeza - ela sorriu aquele sorriso que ele tanto gostava de ver nela.

Eles entraram e ele olhou o que faltava, então ele disse:

- Eu vou voltar ao escritório para começar os procedimentos de sucessão.

- Muito obrigada! - ela deu um sorriso a ele que o cativou.

- Também gostaria de devolver isso a você - ele colocou o confeito na mão dela.

- Hã? - ela viu a pequena bala redonda em sua mão. - Um confeito?

- E por ultimo... Poderia cantar aquela canção para mim mais uma vez? - ele queria tanto abraçá-la, beijá-la, mas com ela sem as memórias ele não poderia fazer isso então tentaria fazer ela se recordar com aquela musica.

- Claro, com prazer.

Fujimoto sentou-se novamente e começou a dedilhar as teclas, formando as notas musicais, dando asas à pequena musica enquanto ela entrou com sua voz de anjo que encantava a todos quando a ouvia.

Enquanto as notas dançavam pelo ar, junto com as petas de cerejeira que entravam pela janela como se fossem flocos de neve cor de rosas e a doce voz da garota saia como sinfonia para os ouvidos de Kiyokazu. Suas lembranças iam voltando lentamente como se fosse uma caixinha de musica a ser aberta para que a bailarina pudesse aparecer rodopiando com a melodia que lhe convinha.

Uma pequena lagrima caiu sobre o confeito dela quando ela viu o rosto do rapaz que tocava a melodia no piano.

As pétalas de cerejeira entraram com mais força pela janela e uma luz branca saiu do confeito, era como se todas as lembranças dela viessem a tona naquele exato momento, trazidas pelas flores de cerejeiras.

Depois de passar a luz branca e o chão coberto com as pétalas formando um pequeno tapete.

Fujimoto levantou apressado do banco perto do piano e disse:

- Você está bem? - ela estava de costa a ele olhando pela a janela, as mãos unidas em forma de concha.

- Agora eu entendi. O lugar onde eu devo ir... - Kiyokazu apenas a fitava a ouvindo ainda de costas a ele. - O lugar onde a pessoa com quem eu mais queria estar... - Fujimoto se surpreendeu enquanto ainda ouvia a voz doce dela. - Se eu fosse capaz de encontrar aquela pessoa mais uma vez, dessa vez eu queria ter certeza de cumprimentá-la com um sorriso... Mas isso é mesmo impossível para mim, não é? - sua voz saia embargada pela emoção.

- Kobato? - ele não acreditava que ela havia lembrando e dizia aquelas palavras com tanta emoção em estar perto dele novamente.

- Sim Fujimoto-kun, eu voltei - ela sorriu com lágrimas nos olhos.

- Você me fez esperar por tantos anos... Você está terrivelmente atrasada sabia?

- Fujimoto! - as lagrimas rolam pelo rosto dela como cascata.

Ela corre até ele se lançando com os braços em volta do seu pescoço e o rapaz a beija de uma forma meiga e saudosa.

Fujimoto sentiu as lágrimas salgadas dela entrando por seus lábios que tocavam o dela.

Sabia que um dia a encontraria novamente e alguma coisa lhe dizia que seria aquele dia, e então foi exatamente o que aconteceu, ele estava com quem ela amava novamente e agora ele iria aproveitar cada segundo de sua vida junto a ela.

Ushagi derramava o posinho sobre a cidade trazendo as lembranças de todos que conviveram com aquela menina alegre, determinada e destrabelhada, mas o mais importante era para o advogado, agora ele estaria perto dela para o resto de sua vida.

O beijo ainda continuava em meio a um abraço saudoso e nada mais iria separá-los nesse momento...

Fim.


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