O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 78
Luz e Trevas


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!

Bom, antes de abrir a minha boa e saudosa nota inicial, eu quero compartilhar uma informação com vocês remetente à minha demora para postar e responder comentários. Caso queiram saber o porquê, basta seguirem a leitura desta Nota Inicial normalmente; caso não queiram saber o motivo da minha demora, comecem a ler a partir deste símbolo * * *.

Pessoal, na manhã do dia 04/04 o meu telefone fixo e a minha internet (servidos pela prestadora Oi) ficaram inoperantes. Eu telefonei para eles uma, duas... trinta e duas vezes; tenho anotados mais de trinta protocolos de atendimento. Eles me informaram que o reparo aconteceria no dia 10/04, mas, infelizmente, não aconteceu. Depois, me disseram que aconteceria no dia 27/04, e depois no dia 30/04, depois em 01/05, 02/05, 07/05... Ontem eu liguei outra vez e me informaram que consertariam amanhã, 13/05, pela manhã. Infelizmente, eu não tenho, praticamente, esperança nenhuma. Neste exato momento, eu estou na faculdade do meu pai usando a internet para postar. Motivo: na minha, houve um problema com o meu cadastro à rede da e eu ainda estou a espera da minha nova carteirinha para confirmar meu novo cadastro. Quanto a Oi, eu movi uma ação judicial contra eles, sendo que a audiência está marcada apenas para o dia 15/06 às 11h. Eu trocaria a minha operadora, mas onde eu moro, só tem Claro e Oi, ou seja, cocô e fezes, convenhamos.
E, sim, eu liguei para a Anatel; e, não, não adianta nada ligar para eles; a Anatel só envia solicitações às prestadoras telefônicas, nada mais. Até hoje, estou praticamente incomunicável. Detalhe: mês passado houve coleta de Imposto de Renda, e minha família teve de usar computador de terceiros para declarar IR. Em outras palavras, além de procrastinar com o serviço, a porcaria da Oi ainda me causou constrangimento ilegal. Ilegal porque mediante a todas as faturas pagas, o corte de serviço é inadmissível, ainda mais sem qualquer aviso, nem mesmo pós-corte. A única vez que a prestadora entrou em contato comigo foi por intermédio de uma mensagem eletrônica para avaliar atendimento do pessoal da ouvidoria. Enfim, eu não sei com qual cara venho até aqui para falar com vocês, sério, não sei mesmo. Pelo tempo que temos esta relação prazerosa autor x leitores, vocês sabem que eu, quando estou prestes a fazer uma pausa em postagens, aviso previamente (como foi no fim de 2014/início de 2015), E também vocês sabem que eu não sou de deixar comentários e mensagens privadas em aberto; eu canso de falar que adoro conversar com vocês. Não tive nenhuma intenção de deixá-los esperando, galera, juro que não tive mesmo!

"Mas Victor, por que você não mandou um capítulo-aviso para explicar por que não tava postando nem respondendo review?"

Porque isso é ilegal, gente. Além disso, postando um capítulo-aviso ao invés de um capítulo normal, eu estaria brincando com a ansiedade de vocês; apenas isso. Eu sei porque já li histórias que, durante um tempo, ficaram em hiatus e, quando voltaram, o(a) autor(a) postou um capítulo-aviso dizendo que pararia a história, que faria isso, aquilo e aquilo outro, enfim. Eu, particularmente, sou completamente contra este tipo de prática.

"Ah, mas Victor, nós pensamos que você tinha parado a história, que tinha acontecido alguma coisa, que tinha perdido a criatividade, que você tinha morrido, abduzido por aliens...!"

Eu sei, eu imagino que sim. Mas, como já vos disse em muitas reviews antes, EU NÃO VOU ABANDONAR ESTA HISTÓRIA, não vou! Definitivamente não! Vou concluí-la a todo custo, prometi isso a vocês e pretendo cumprir. Pode passar o tempo que for, esta fic, se defender exclusivamente de mim, NUNCA terá o anúncio [HIATUS] atrelado ao título, bem como nunca será deixada de lado definitivamente. Este é o meu jeito escritor de ser.

No mais, galera, eu peço mil perdões por não ter avisado nada. Como já disse, eu sou contra a prática de capítulos-aviso. Vamos combinar o seguinte? Caso eu tenha que fazer uma pausa qualquer, eu irei avisá-lo previamente (daí a importância de ler as Notas Iniciais, não somente minhas, mas de todas as fics que vocês forem ler nesta vida de Nyah!). Se esta história não for atualizada durante um período considerável de tempo outra vez e eu não avisá-los com antecedência sobre possíveis pausas, saibam que alguma coisa séria (e digo séria com ênfase na palavra) aconteceu comigo. Estamos combinados?

Outra coisa, por horam eu, infelizmente, ainda não poderei responder vocês porque, diferente de antes, não será sempre que poderei usar da internet. Então, eu peço desculpas a todo mundo que me mandou review e eu não respondi. Como eu disse, não foi intencional, galera, longe de mim esse tipo de prática!

Obrigado por tudo e me desculpem mais uma vez.

* * *

Hoje, galera, faz exatamente UM ano desde que comecei a minha vida de escritor no Nyah! Fanfiction. Sério, hoje é o aniversário de um aninho de O Herói do Mundo Ninja. Happy Birthday to her, people! Cara, um ano como escritor... Eu, sinceramente, queria comemorar muito mais, mas dadas às circunstâncias relatadas antes de * * * eu não me sinto tão bem quanto eu gostaria (sim, eu estou com muito ódio da Oi, mas muito mesmo). Pra vocês terem noção, eu tenho dezessete One-shots escritas no meu Notebook, sendo uma delas em virtude do meu aniversário como escritor.

Enfim, eu trouxe a Beni de volta e deixei vocês esperando. Peço desculpas mais uma vez pela demora, moçada, e bora pro capítulo.

PS: ai, ouviram?, ai de quem quiser bancar o engraçadinho e querer me zoar sobre as eliminações do Bayern na Copa da Alemanha para o Bostarussia e na Champions para o Barcelona! Ai de quem fizer esta piada! Vou botar o nome da macumba, chamar de filho da Oi, torcedor do Borussia e outros xingamentos horripilantes!

É muito bom estar com vocês de novo, mesmo que desta vez não tendo a mesma frequência de antes. E, não, eu não sou autor-fantasma HAHAHAHAHA!

Nos vemos nas Notas Finais, gente! Boa leitura pra todo mundo. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/504689/chapter/78

Era noite. Hinata e Naruto ocupavam o mesmo quarto de uma pequena estalagem no País dos Pântanos. Mesmo sendo ninjas em missão, aparentavam ser um casal de namorados em férias — para Hinata isso era uma vantagem, pois, de certa forma, eles não estavam chamando tanta atenção.

Sentada sobre a cama, com o travesseiro apoiado nas costas, Hinata Hyuuga revisava concentrada um memorando que trouxera a respeito do País dos Demônios. Naruto, de pijamas, forrava um lençol no chão, lugar onde dormiria.

— “O País dos Demônios tornou-se um Estado Laico poucos anos atrás...” — lia Hinata; Naruto mal prestava atenção. — “Antes era um lugar extremamente religioso, quem o governava eram os sacerdotes de Mouryuu, um demônio maligno.”

— Demônio? — Naruto coçou a cabeça. — Estamos indo ajudar gente que adora demônios?

— Não exatamente. Os sacerdotes de Mouryuu, apesar do nome, existem para conter o poder do demônio. Lutam contra ele, não o idolatram, Naruto-kun — explicou Hinata.

— Ah, eu acho que entendi... Mais ou menos.

Hinata balançou a cabeça e continuou a leitura.

— É estranho. Apesar da separação entre a religião e a política do país, não há qualquer informação do último sacerdote ou do atual sucessor ao trono. Presumo que sejam a mesma pessoa, mas...

— Tem razão, é bastante estranho — precipitou-se Naruto à fala de Hinata. — Por que não podemos saber para quem estamos trabalhando? Isso me incomoda. A você não, Hinata?

Hinata concordou com um aceno de cabeça.

— Acho errado alguém pedir proteção a uma vila ninja, mas, até mesmo dela, manter-se no anonimato. — Hinata guardou o memorando sobre a cabeceira da cama. — O que essas pessoas têm na cabeça?

— Tsc. Vai saber... — O loiro deitou-se. — Boa-noite, Hinata.

— Você não costuma dormir cedo, Naruto-kun — estranhou Hinata, inclinando um pouco a cabeça.

— Nem vou mesmo. Só deitei porque tava chato ficar em pé — esclareceu Naruto.

Os dois observaram-se sob o mais constrangedor dos silêncios. Naruto ora olhava para o teto, ora para a namorada. Hinata, porém, abaixou a cabeça, segurando tremulamente os lençóis.

— Estamos dividindo um quarto... N-nós dois... — ela gaguejou.

— É...

— Está frio, não acha? V-você quer — Hinata respirou fundo —, sabe... Como essa é uma cama de casal, eu pensei em, bem, nós dois...

Naruto estava pronto para dizer “sim”, mas algo dentro dele o impediu. Veio à memória dele uma lembrança que ele daria a vida para esquecer. Aquela tarde de sol poente, o cais da lagoa no Distrito Hyuuga, o calor dos lábios de Hinata, o corpo dela...

E as súplicas dela para que tudo aquilo terminasse.

— Naruto-kun? — Ele pareceu haver retornado à realidade com a voz dela. Hinata, preocupada, levantou-se da cama e foi até o namorado, acalentando-lhe o rosto. Naruto parecia perdido, distante há poucos segundos. — Está tudo bem?

Respirou devagar, refletindo. Sabia que, apesar de improvável, era possível que o mesmo incidente de três meses antes poderia se repetir naquela noite, e mais uma vez seria Hinata a vítima. Não suportou a ideia de vê-la novamente naquele estado tão maculado, tão humilhante.

— Eu estou bem, Hinata... — Suspirou. — Mas vou dormir no chão mesmo... Eu...

— Tem medo de me machucar, não é? — ela adivinhou. Naruto se perguntava como ela conseguia tão habilmente desvendar simplesmente tudo o que ele pensava.

Ele balançou a cabeça, constrangido.

Hinata se levantou da cama, se aproximou do rapaz e envolveu a cabeça dele contra o próprio peito, abraçando-o em silêncio. Naruto não se moveu, ficou feliz em sentir a presença de Hinata ali, tão próxima dele, quase sendo parte dele. Ela acariciava-lhe o lado do rosto com os pequenos dedos.

— Já disse que não precisa se martirizar pelo ocorrido, não disse Naruto-kun? — A voz de Hinata era uma doce melodia aos ouvidos do Uzumaki; acalmava-o. — Não foi você. Não pode se culpar por algo que você não fez.

— É difícil, Hinata. Eu não consigo. Às vezes eu penso naquilo, no que houve entre a gente e me odeio por isso. Por tudo.

Naruto sentiu o toque de Hinata sobre seu queixo e deixou-se levar. Ela levantou a cabeça dele, fazendo com que ele a visse. Hinata sorria; um sorriso quase maternal, gentil, sincero.

— Ódio não combina com você, Naruto-kun. Tenha certeza disso. — Depois de falar, ela o beijou.

Por um segundo, todo e qualquer pensamento sumiu da mente de Naruto Uzumaki. Ele se sentiu vazio, livre, separado das preocupações que o cercavam. Depois, recobrando um pouco de consciência, imaginou-se de volta à adolescência, quando beijara Hinata pela primeira vez, no balanço ao luar; a sensação era a mesma de dois anos atrás. Involuntariamente, abraçou-a. O sabor dos lábios dela embriagava-o, o aroma dos cabelos, o calor do corpo... As mãos de Naruto passeavam pelas costas de Hinata, puxando-a para mais perto.

Beijou-a como nunca. E ficou satisfeito por estar completamente consciente dos próprios atos.

Separaram-se. Hinata, como de costume, tinha o rosto levemente avermelhado. Naruto arfava, recobrando o ar que lhe faltava nos pulmões. Ele sorriu.

— Isso foi... Bom, muito bom.

— Você fala como se a gente tivesse feito outra coisa, Naruto-kun — Hinata, vendo a expressão no rosto do namorado, corou mais um pouco. — Nós apenas nos beijamos.

— Isso. Nos beijamos. — Naruto pôs-se em pé num salto; sorria igual a um idiota. — Eu amo te beijar! Já te disse isso, não?

— Desde que começamos a namorar? Umas cem vezes — Hinata respondeu um pouco confusa.

— Eu vou dar uma volta. — Abriu a porta, cantarolando. Deixou para trás um quarto ocupado por uma Hyuuga atônita.

Hinata relaxou os ombros e, sem entender, murmurou para si:

— Eu fiz alguma coisa? O que deu nele?

* * *

A noite de céu estrelado estava bem silenciosa, com uma brisa refrescante e gostosa. Naruto cruzou o corredor da estalagem olhando para os insetos nas lâmpadas. Passou por uma garota baixinha de vestido preto, cumprimentou-a, e continuou a caminhar.

— Boa-noite — ele, educadamente, disse.

— Boa-noite — sussurrou a fria voz de Beni Makagawa para Naruto.

Foi então que a sensação de medo o afastou dos pensamentos calorosos. Abruptamente, Naruto se virou, apontou o dedo para a garota e gritou para ela:

— Ei, você aí!

Beni parou de caminhar. Demorou a se virar, mas, quando o fez, não olhou nos olhos de Naruto Uzumaki; manteve a cabeça abaixada.

— Eu conheço você! Quer dizer — Naruto, confuso, coçou a cabeça —, eu acho que já te vi em algum lugar. Você me lembra uma pessoa.

— Lembro, é? — Beni murmurou. — Interessante... Naruto Uzumaki.

— Você sabe quem eu sou? — perguntou Naruto.

Beni concordou, quase imperceptivelmente, com a cabeça.

— Eu seria uma alienada se não soubesse dizer quem você é. O ninja mais forte do planeta aqui, diante dos meus olhos... Claro que sei quem você é, Naruto Uzumaki.

Naruto sentiu-se meio idiota por ter perguntado aquilo.

— É... Então, eu posso perguntar... Quem é você?

Beni inspirou profundamente. Expirou devagar.

— O meu nome é Beni.

— Beni? — Naruto coçou a cabeça imediatamente. — Beni... Eu já ouvi falar desse nome antes... Só não consigo me lembrar.

Introspectivamente, Beni agradeceu por Naruto não tê-la reconhecido de imediato como uma Oukami. Ela não queria iniciar um combate ali, aliás, não queria combater naquele dia.

— Mas e aí... — Naruto deu alguns passos em direção à jovem, que, tímida, recuou um pouco. — Qual é o seu sobrenome?

Beni pensou um pouco antes de responder.

— Eu não tenho sobrenome. É Beni, apenas Beni — mentiu.

— Ah... — Naruto pareceu um pouco desconcertado. — Desculpe-me. Mas sabe, Beni é um nome muito bonito. — Ele sorriu para ela. — Significa “vermelho”, não é?

Beni assentiu.

— Minha irmã me deu esse nome — ela sussurrou, lembrando-se de Sasha. — Ela era uma pessoa incrível.

— Era?

— Sim, “era”. Ela morreu faz dez anos. Ela e toda a minha família — Beni explicou. — Assassinato... Não, melhor, foi extermínio. Motivado puramente pelo desprezo das pessoas — falou amargurada.

— Oh, eu sinto muito por você, Beni... Mas por quê?

Ela ignorou o medo de ser reconhecida e mostrou uma das mãos enfaixadas.

— Eu sou doente, diga-se de passagem. Vem de família.

Naruto estreitou os olhos e perguntou:

— Kekkei Genkai, você quis dizer?

Beni prendeu a respiração.

“Ele me descobriu?” pensou. “Como pude ser tão desleixada?”

Mas Naruto ainda não tinha reconhecido Beni, apenas presumiu que o caso dela não se tratava de uma doença, mas sim de uma linhagem sanguínea poderosa.

— Eu conheci um garoto cuja família dele foi perseguida por ter uma Kekkei Genkai temida também. Haku era o nome dele.

Beni pareceu interessada.

— O que aconteceu com ele? Com esse tal de Haku?

— Ele acabou se tornando um andarilho, depois se juntou a um Nukenin chamado Zabuza Momochi, tornando-se seu subordinado...

À medida que Beni ouvia Naruto contar a história de Haku, ela se identificava com o passado daquele rapaz que ela sequer conhecera.

— No fim, ambos eram boas pessoas. Mesmo sendo meus inimigos, eu adorei tê-los conhecido. Adorei mesmo.

— Adorou conhecer inimigos? — Beni estranhou.

— Sim. Porque eu vi que havia bondade neles. Eles não eram maus, apenas estavam no lado errado.

Sem entender o porquê, Beni sentiu um calafrio no corpo.

— Você acredita realmente nisso? Na bondade das pessoas? Porque eu não. O ser humano é cruel, é mau, é perverso. Mata pelo simples prazer de matar, destrói pelo simples prazer de destruir. O homem parece querer se provar diante da natureza e diante de todos, ignorando, quando não menosprezando, aqueles ao seu redor.

Naruto deu um sorriso fraterno para a morena.

— Algumas pessoas são definitivamente más, não nego isso. Porém há bondade nesse mundo também. Às vezes, nós só precisamos lapidar algumas pessoas para encontrar a bondade nelas.

Beni ficou em silêncio.

— Eu também perdi meus pais, Beni. Eu era um bebê quando eles morreram. Para ser mais exato, eles morreram no mesmo dia em que nasci. Eu cresci sozinho, eu não entendia por que as pessoas olhavam pra mim com nojo, como se eu fosse uma aberração, alguém que não devesse...

— Existir — Beni completou; sabia do que ele estava falando, pois havia passado pela mesma experiência.

— Isso — Naruto concordou. — Alguém que não devesse existir. Mas eu consegui ver o lado bom da vida. Eu encontrei amigos, amigos de verdade.

— Eu tive uma amiga chamada Usui. Ela morreu um pouco depois que a conheci, foi violentada e assassinada para me proteger. Eu a via como uma irmã mais velha, via nela a minha irmã mais velha, Sasha, como se ela não tivesse morrido. Mas, mesmo assim...

Beni parou de falar. Sentiu um calor percorrer-lhe o corpo. Naruto havia lhe tocado a cabeça, acalmando-a.

— Eu não posso comparar o meu passado ao seu, Beni. Diferente de mim, você não teve ninguém para estar com você, e, quando conseguiu isso, perdeu em pouco tempo. Tudo o que posso dizer é que entendo um pouco a sua dor.

— Entende?

Naruto assentiu.

— De certa forma, somos iguais. Você e eu. O que significa que há bondade em você.

— Já me disseram isso... Que eu sou uma pessoa boa...

— Então é verdade, não acha? — Naruto sorriu ara ela.

Beni mordeu o próprio lábio. Havia perdido Sasha, a amada irmã mais velha; Nana, a mãe; Hiro, o pai; e Usui Uchiha, a amiga que conhecera enquanto vagante. Em contrapartida, conhecera pessoas inesquecíveis, como Ino Yamanaka, que preferiu a própria morte a ver Beni sofrer (exatamente como Sasha e Usui) e, agora, Naruto Uzumaki.

— Na Vila da Chuva, onde nasci, eu era caçada... — Beni já havia desconsiderado a preocupação da própria identidade; estava se abrindo a Naruto, como se ele fosse um amigo de longa data, não um ninja a ser temido que há exatos dois anos ela havia chamado de inimigo. — Fugi de lá. Não tenho para onde ir...

— Tem, sim — garantiu Naruto. — A minha vila, a Vila da Folha. Você poderia ser feliz lá.

— Ser feliz? Eu? Não, eu acho que...

— Todos podem ser felizes, Beni! E se depender de mim, farei o possível para que você seja capaz disso! Pode apostar!

Beni corou.

— Como pode prometer algo assim a alguém que você mal conhece?

— Você é uma boa pessoa, e a partir de hoje é minha amiga também, Beni!

Os dedos de Beni tremeram. A jovem ficou atônita. Para ela, tudo aquilo que estava ouvindo naquele momento ia muito além do conceito de bondade que escutara a respeito da reputação de Naruto Uzumaki; era quase irreal. Ele era um ninja famoso, um herói de uma vila grande; ela era uma fugitiva, uma criminosa, uma assassina. Mas apesar de tudo, ele prometeu um lar a ela, prometeu fazê-la feliz, e mais que isso, disse que era amigo dela, ao ponto de compará-la a ele mesmo.

— Amiga...

— Sim. Vou fazer o possível para que você seja feliz na minha vila! Darei meu melhor para que você tenha amigos também, gente que se importe com você! Mas, caso você não queira ficar na Folha, caso queira ficar na Chuva, onde é o seu lar, bom, eu prometi a uma velha amiga que faria uma aliança entre a Folha e a Chuva e, em memória dela, cumprirei essa promessa.

Beni assentiu vagarosamente. Naruto, sorrindo para ela, retirou a mão de sobre a cabeça da morena.

— Você me faz lembrar de uma pessoa, também da Vila da Folha, que eu enfrentei há um tempo — Beni disse. — Mesmo sendo minha inimiga, ela me tratou como uma amiga. Até preferiu morrer por mim... Eu, uma criminosa...

— Não é o nosso passado que importa, Beni; é o que vamos fazer de agora em diante que conta. — Pela primeira vez durante aquele diálogo, Beni ousou erguer a cabeça para ver o rosto de Naruto. Os olhos negros foram de encontro aos azulados, contemplando-os, admirando-os. Naruto sorriu mais uma vez, pôs a mão direita sobre o ombro dela e se despediu.

— Adorei te conhecer, Beni. Espero te ver de novo, de preferência na minha vila. Quero muito te apresentar ao pessoal. Bem, eu falo demais, né? Boa-noite! — Deu as costas para ela.

— Espere! — Beni o chamou. Estava relutante a respeito da pergunta que estaria prestes a fazer. — Você disse que eu te lembrava de uma pessoa, que pareceu ter me visto antes... Então, você se lembra de algo?

Naruto parou de caminhar. Ainda de costas para Beni, sorriu consigo. Depois, virou-se para encarar a expressão espantosamente ansiosa dela.

— Não faço a mínima ideia de quem você me lembra. Mas, como eu te disse, não é o passado que importa; é o que se fará de agora em diante. Resumindo, não me interessa quem você já foi um dia, mas sim quem você é agora e quem será você depois. — Naruto deu mais um sorriso gentil, virou-se e, de costas, acenou em despedida. — Gostei de te conhecer Beni... Makagawa.

A garota arregalou os olhos, mas Naruto havia virado o corredor à esquerda, desaparecendo de seu campo de visão. Boquiaberta, Beni tremia.

— Ele sabe... Ele sempre soube quem eu era... E mesmo assim...

* * *

Trancou-se no pequeno quarto que alugara na estalagem. O objetivo de estar ali era justamente testemunhar com os próprios olhos a veracidade da boa fama de Naruto Uzumaki. Só que, para Beni, aquele encontrou tinha ido muito além do esperado. Amiga de Naruto Uzumaki? Companheira de vila? Ela jamais teria imaginado tudo aquilo.

Olhou para mesinha de cabeceira. Aproximou-se e, sentindo o coração doer, a respiração faltar, os joelhos fraquejarem, ela desabou. Prostrou-se ante a mesa e, sem saber por que, sentiu os olhos arderem, marejados.

Na mesa de Beni dezenas de fotografias, encartes de jornais, pergaminhos e memorandos estavam espalhados. À parede, um mapa-múndi rabiscado e traçado — Beni usava-o para estudar.

Um lar, amigos, alguém que se importasse com ela, que visse além daquela casca escura e sombria que ela construíra no decorrer da vida. Tudo o que Beni desejava estivera ali, há poucos minutos, tão próximo dela e, ao mesmo tempo, tão distante, intocável. Visível, mas ainda assim intocável, fora do plano em que ela estava.

Levantou-se aos poucos, ainda trêmula. Com as mãos enfaixadas, pegou algumas fotos que colecionara — todas em papel-jornal, pois somente assim pudera obter retratos daquelas pessoas.

O Monumento dos Hokage, ao fundo, embelezava o primeiro encarte de um jornal de dois anos atrás — que falava a respeito do Exame Jounin prestado na Vila da Folha —, no qual os principais times estavam retratados. Beni viu Kiba Inuzuka e seu fiel cão Akamaru à esquerda da foto. Era seguido por Shino Aburame, o garoto que tinha a personalidade similar à dela; Tenten, a mestra de armas; Rock Lee, a Besta Verde da Folha; Chouji Akimichi comendo um pacote de batatas onduladas; Shikamaru Nara, o ninja cuja Inteligência o precedia. Viu também Ino Yamanaka.

Beni parou os olhos diante do rosto da loira. Ela sorria na foto enquanto estava abraçada a um rapaz pálido e de cabelos morenos cujo nome Beni também conhecia, afinal, lutara contra ele também: Sai. Voltou-se mais uma vez para Ino e lembrou-se que, pouco tempo depois que aquela fotografia havia sido batida, ela tinha enfrentado Ino em combate, tinha transfigurado o belo rosto da Yamanaka em um cadavérico semblante.

— Eu nem pude me desculpar na hora... Ino-san; éramos inimigas... Eu não sabia o que fazer... Fugi... Vi você morrer... Cancelei o meu jutsu, mas não acho que foi suficiente... Um dia, quando tudo terminar, eu vou querer vê-la de novo. Você, o Naruto, todos...

Continuando a admirar a imagem, viu uma jovem de cabelos rosados e curtos, Sakura Haruno, a melhor discípula da Godaime Hokage; dois rapazes feridos, mas satisfeitos, os finalistas do Exame Jounin, Sasuke Uchiha, com o típico semblante sério; ao lado dele, Naruto Uzumaki, ainda mais baixo, com os cabelos mais longos e arrepiados, não o jovem adulto de 1,80m, cabelos aparatos e feição mais madura que ela há pouco estava contemplando.

— Você era bem diferente na época, Naruto Uzumaki. Mas, mesmo chegando à idade adulta, sua jovialidade ainda se mantém. É como se ela fosse algo... Imortal e atemporal.

Passou os olhos mais uma vez e viu ao lado de Naruto uma linda jovem de olhos perolados e cabelos azul-escuros, Hinata Hyuuga; e, por fim, junto a ela, outra garota, mais baixa, porém com os olhos iguais aos de Hinata. Tinha um sorriso travesso nos lábios, Hanabi.

Beni olhou para todos os rostos impressos, um por um. Uma parte dela queria estar naquela foto também; outra, mais consciente e racional, sabia que antes algo precisava ser feito.

Tomou nas mãos outro jornal, um pouco mais recente que aquele. A manchete dizia:

MANSÃO DO PREFEITO EM CHAMAS

Aquela mesma edição trazia a foto das ruínas do casarão do finado prefeito Gintake Hanagusari, morto pelos Oukami. Também falava a respeito do inexplicável e repentino incêndio que ocorrera na propriedade. Dizia também que nenhum corpo, nem mesmo carbonizado, havia sido encontrado.

Sem deixar corpos, assim agem os Yuurei.

Beni dobrou cuidadosamente aquele jornal, deixando-o sobre a cama. O coração dela palpitava. Raramente ela sentira medo depois de ter dominados os próprios poderes. Acreditava que havia perdido as próprias emoções, mas Ino e os outros mostraram que ela estivera errada; ela sentia, ela odiava, ela amava... Assim como qualquer pessoa normal. Agora, para proteger um possível futuro, para proteger aqueles que eram importantes para ela, Beni sabia que algo deveria ser realizado.

Os Yuurei, os antigos clientes dos Oukami, deveriam ser detidos.

Olhou para os próprios braços e desenfaixou-os vagarosa, mas decididamente. Ali estava a causa de todo o sofrimento dela, ali estava o que fizera parte dos momentos mais felizes e tristes, enfim, os companheiros de vida de Beni Makagawa. Os braços negros, a Kekkei Genkai evoluída, a garantia da imortalidade dela, o Shinigami no Jutsu. Sem eles, Beni era uma pessoa comum. Mortal.

— Vocês dois... — ela disse, olhando para os braços. — Eu sempre detestei vocês. Talvez isso me fizesse parecida com aqueles que odiavam o clã Makagawa, não é? Porém vocês são partes de mim, vocês são a causa de tudo o que passei, seja bom ou mau. Vocês curam todas as minhas feridas, e também me impedem de morrer. Enquanto estivermos juntos, nenhuma investida inimiga irá me destruir... Por outro lado, quantas vezes eu usei vocês para matar? Não consigo responder. Mas peço que me deem seus poderes mais uma vez. Preciso impedir os Yuurei... — Beni tremeu. — Mesmo que eu morra tentando. Eu preciso encontrá-los e preciso pará-los.

As mãos vagarosas juntavam-se em selos; a técnica de Fuuinjutsu que aprendera com a mãe. A primeira atadura se juntou ao braço esquerdo, envolvendo-o e escondendo o negror da pele de Beni. Antes que o braço direito também fosse selado, Beni tomou outro encarte que tinha na cabeceira.

— Eu também juro que vou te encontrar... E, prometo, irei te matar.

Em questão de segundos o rosto impresso de Shozu Ibuke, o titeriteiro, reduziu-se a pó nas mãos de Beni.

.

* * *

Quando Naruto retornou ao quarto, Hinata já estava dormindo. Ele nunca a tinha visto dormir, pelo menos não de camisola, coberta por lençóis brancos. Por alguns instantes a ideia de vê-la deitada sobre a relva verde, dormindo como todo ninja quando viajando em missão, pareceu ridícula.

Sentou-se ao lado da cama e, mais perto, viu-a dormindo; estava tranquila.

Naruto refletiu por vários minutos e, um pouco inseguro, ergueu levemente os lençóis, deitou-se ao lado de Hinata, abraçou-a e, finalmente, cobriu-se também.

De fato, era muito melhor que dormir no chão frio.

— Boa-noite, Hinata. — Ele beijou-a na testa.

Assim que fechou os olhos, Naruto ouviu um tímido sussurro à sua frente.

— Você demorou — Hinata falou de olhos fechados.

No mesmo instante Naruto arregalou os olhos, surpreso. Olhou para Hinata e perguntou:

— Você ainda tá acordada?

Não houve resposta. A respiração arrastada, a tranquilidade ímpar no rosto, os lábios imóveis denunciavam-na; Hinata estava dormindo. Naruto riu da cena e, achegando-se mais ao calor do corpo de Hinata, recostou a cabeça sobre o travesseiro.

Adormeceu ao lado dela.

— Eu sei que pode me ouvir, Naruto Uzumaki.

Naruto abriu os olhos. Estava flutuando em meio ao vazio. Nada se via ao redor a não ser trevas, densas trevas. Não havia chão, não havia céu, não havia nada; apenas a escuridão.

— Eu estou aqui, Naruto Uzumaki. Perto de você, junto com você. Eu sou você agora.

Aquela voz, fria, áspera como metal, antiga e tonitruante vinha de todas as direções. Naruto olhou ao redor, procurando a origem do som, mas não foi capaz de localizá-lo.

— Com medo? Sim, eu sei que está — continuou a voz. — Seus amigos de Caudas não podem te salvar de mim agora, Naruto Uzumaki. Somos você e eu apenas.

— Quem é você? — berrou Naruto para o vazio. — Apareça!

Houve uma gargalhada grave. As trevas pareceram se diluir em um ponto à frente de Naruto. Com muita dificuldade ele pôde ver um ser gigantesco, maior que qualquer coisa que ele já tinha visto antes do Juubi, a Besta de Dez Caudas. Tinha a forma serpentina, mas, ao mesmo tempo, de algum modo, Naruto sabia que não se tratava de uma cobra; era outra coisa. A pele do monstro era roxa e viscosa; tinha uma máscara branca por rosto; lábios grossos e vermelhos, de mulher; e outra boca, larga animalesca, sobrepondo-se à primeira; os olhos eram minúsculas talhas na máscara que trazia no rosto; uma língua bifurcada e vermelha balançava para fora das duas bocarras; quatro tranças escarlates coroavam o ser monstruoso.

— Eu sou você, Naruto Uzumaki — sibilou o monstro. — Eu estou dentro de você, me alimentando, crescendo. Eu vivo do seu medo, do seu ódio, da sua escuridão e... Um dia tomarei seu corpo, a sua mente e a sua alma para mim.

Naruto vacilou. Sentia frio e calor ao mesmo tempo, não conseguia explicar; sentia-se vivo e morto também.

— Eu vi o seu coração, Naruto Uzumaki. Eu vi o que você mais teme. Você tem medo da morte. Sim, mas não da própria morte... Não, você tem medo de que aqueles que são importantes para você se vão... Para nunca mais voltar.

Uma sensação terrível percorreu a espinha do Uzumaki; parecia paralisado. A criatura soltou um grito agudo, riu, e falou:

— A mulher que dorme ao seu lado, a bela jovem que aquece o seu leito, Hinata Hyuuga, ela morrerá... Nesta mesma missão. Ela morrerá e não haverá nada que possa fazer para impedir. Você ouvirá os gritos dela e nada mais...

— Não... A Hinata não...

A criatura sorriu com as duas bocas.

— Depois, seus amigos, sua vila, seu mundo, seus sonhos... Eu vou devorar todos eles, um... Por... Um... — O demônio roxo se arrastou, serpenteando ao redor de Naruto. — E quando não restar mais nada, você será meu. Só meu.

— Maldito! — urrou Naruto. — Enfrente-me! Aqui! Agora! Eu na sei quem você é, mas eu juro que não vou deixar que você faça nada, nada àqueles que eu amo!

Houve uma gargalhada grave, masculina, e, ao mesmo tempo, uma risada aguda, feminina; as duas vindas do demônio roxo.

— Olhe só para você. — As duas vozes se misturaram. — Tão pequeno, tão fraco. O que é você, Naruto Uzumaki, diante de mim? Diante do que sou? Antes de você nascer, eu já existia. Depois que você morrer, eu ainda existirei. Eu existo graças ao ódio, à escuridão no coração do homem. Eu faço parte do homem... Faço parte de você...

— Você... — Naruto fechou os olhos, concentrando dentro de si todo o calor natural que lhe restava. Os olhos de Naruto tornaram-se amarelos, a pele ao redor deles tornou-se alaranjada; Modo Sennin dos Sapos. — Eu me lembro de você... Do seu chakra...

A criatura riu.

— A espada do Iruzu Ibe, Kokujin. A espada de Meiton (Elemento Escuridão), a arma que eu não pude tocar, a técnica que eu não consegui desfazer... Era você! Era parte de você naquela espada!

— Correto — respondeu o demônio.

— E o Juha Terumi... O Yami no Fuuin dele, dos Yuurei... O chakra é o mesmo!

— Também está correto, Naruto Uzumaki. Eu sou parte dos Yuurei, sou eu quem promove o Yami no Fuuin dos “Fantasmas”. E agora, sou parte de você também.

— Mas você também veio da Árvore Shinjuu! Todo o chakra veio da Árvore Shinjuu! Por que não posso desfazer o seu Meiton, o Meiton dos Yuurei? — questionou Naruto.

As trevas se intensificaram. Naruto perdeu a criatura de vista.

— Tão pequeno... Tão fraco... Tão ingênuo...

A gargalhada dupla do demônio morria às sombras. Fez-se silêncio absoluto.

E Naruto acordou assustado.

* * *

Hinata olhava preocupada para o namorado, que, trêmulo, despertara abruptamente no meio da madrugada. Ele respirava com dificuldade, estava suado.

— Naruto-kun, o que houve? Teve um pesadelo? — Hinata pôs a mão sobre o ombro do rapaz.

Naruto, ainda ofegante, virou-se para Hinata, contemplou-a e, sem avisar, abraçou-a. Ela ficou confusa com tudo aquilo, mas retribuiu o gesto.

— Está tudo bem — ela dizia suavemente, acariciando-o. — Eu estou aqui com você.

— Hinata... Eu...

— Foi só um pesadelo. Já passou. Volte a dormir, está bem? Eu estou do seu lado.

“A mulher que dorme ao seu lado, a bela jovem que aquece o seu leito, Hinata Hyuuga, ela morrerá... Nesta mesma missão...” lembrou-se Naruto das palavras da criatura com a qual sonhara.

— Não... — O loiro se separou do abraço. — Hinata, por favor, me escuta! Você precisa voltar! Você precisa ir pra vila! Não faça essa missão comigo! Tem alguma coisa errada! Eu... Eu...

— Naruto-kun. — Hinata calou-o, pondo o dedo sobre os lábios dele. — Foi só um pesadelo. Não foi real. Eu estou aqui, lembra? Eu e você apenas.

“Seus amigos de Caudas não podem te salvar de mim agora, Naruto Uzumaki. Somos você e eu apenas.” Outra vez, a voz do monstro veio à memória.

— Hinata, eu não quero perder você. Não quero...

— Você não vai — garantiu Hinata. — Eu vou estar com você. Sempre. E eu já te disse, eu me sinto protegida quando estou com você, lembra? Não há melhor lugar para eu estar do que ao seu lado.

Naruto desviou o olhar do de Hinata, sentindo vergonha de encará-la. Ela puxou-o pelo pescoço, trazendo a cabeça dele para os próprios seios. Depois, com os braços, envolveu-lhe pelas costas.

— Foi só um sonho ruim, está bem? Volte a dormir.

Hinata manteve-se abraçada a ele, fazendo carinho em Naruto até ter vê-lo adormecer. Depois, ajeitou-o cuidadosamente sobre a cama e dormiu ao lado dele.

Arrumaram-se cedo. A pouca bagagem que haviam trazido já estava de volta aos pergaminhos. Hinata terminava de calçar as botas; Naruto punha o cachecol vermelho no pescoço.

— Quanto tempo até o País dos Demônios? — ele perguntou.

— Não muito. — Hinata calçou a segunda bota e pôs-se de pé. — Esta cidade é vizinha do País dos Demônios. Tomamos um barco no cais a noroeste e em poucas horas chegaremos ao nosso destino. Não tem erro.

— Às vezes eu me esqueço do quanto você é inteligente, Hinata. — Naruto deu um sorriso bobo. — Não é à toa que quando você virou Jounin, apenas o Shikamaru e a Sakura-chan tiveram notas mais altas que você. Eu não teria escolhido uma rota melhor e mais rápida.

— Que bom que eu vim junto, não é? — Hinata brincou. Naruto fez uma careta.

Deixaram às pressas a estalagem. Enquanto corriam, desaparecendo no horizonte verdejante, uma jovem observava-os do alto da construção. Tinha o vestido negro, pele pálida e ataduras nos braços.

— Adeus, Naruto Uzumaki — disse Beni. — Espero vê-lo novamente.

Com um selo na mão direita, ela desapareceu.

A costa do País dos Demônios.

O lugar era bem diferente do que o nome sugeria. Era bonito, com vastos campos e colinas esverdeadas. Da praia era possível ver, nas montanhas exuberantes, cascatas de águas límpidas descendo.

Naruto e Hinata deixaram a embarcação, descendo até o cais. Um homem alto, magro, de kimono branco elegante, turbante branco-dourado na cabeça recepcionou os dois. Estava acompanhado por dois enormes guardas armados com espadas nas cinturas.

— Saudações, ninjas da Folha. Eu sou Burami Satsuki, conselheiro-chefe do País dos Demônios e de Vossa Alteza — disse o homem do meio.

— E aí? — saudou Naruto sem qualquer reverência. — Eu sou Naruto Uzumaki.

— Eu suponho que seja — Burami fitou-o meio surpreso. Depois, voltou-se para Hinata e, arqueando a sobrancelha, perguntou: — E você, minha bela jovem, quem é?

Hinata inclinou o corpo, reverenciando o conselheiro, apresentando-se:

— Saudações, Burami-sama. Eu sou Hinata Hyuuga, Herdeira do clã Hyuuga, futura Décima Sexta líder do clã e companheira de Naruto Uzumaki nesta missão. Sinto-me agraciada em conhecê-lo, nobre conselheiro-chefe.

Naruto ficou pasmo com a forma que Hinata se apresentara. Mas lembrou-se prontamente que Hinata vinha de um clã tradicionalíssimo como os Hyuuga. Aquele tipo de comportamento nas devidas situações fazia parte da educação elitizada que ela tinha recebido.

— Oh, o prazer é todo meu, Hinata Hyuuga — Burami também se inclinou à garota, respeitosamente. — Já ouvi muito a respeito do seu clã. Você vem de uma nobre família.

— Fico lisonjeada com o elogio, Burami-sama.

— Então — Naruto se manifestou, desejando não se sentir excluído daquela nobre conversa. — Foi você quem nos contratou, né tio?

Burami estreitou os olhos.

— O que o Naruto-kun quis perguntar, Burami-sama, é se foi o senhor quem exigiu os serviços de nossa vila — Hinata melhorou o discurso de Naruto.

— Ah, sim. Eu, pessoalmente, viajei até a Vila da Folha. Sob as ordens de Vossa Alteza, exigi que Naruto Uzumaki viesse em serviço, mas — Burami balançou a cabeça negativamente, olhando para Naruto — fico feliz em tê-la conosco, Hinata Hyuuga. De fato a Godaime Hokage é muito sábia, sabe escolher os ninjas ideais.

Naruto estreitou os olhos para Burami. Hinata deu um sorrisinho simpático.

— O senhor poderia nos dizer qual a situação do país? — pediu Hinata. — Precisamos de mais informações.

Burami assentiu.

— Nossa princesa, daqui a oito dias, assumirá o trono e tornar-se-á a Rainha do País dos Demônios. Contudo, há grupos rebeldes que tentam contra a vida dela. Acredito que até mesmo pessoas dentro do palácio estão envolvidas. Por isso, até que a princesa assuma, quero que a protejam e, também, encontrem os responsáveis pelos complôs contra Vossa Alteza.

— Princesa? — Naruto coçou a cabeça. — Quando me disseram que era um “monarca”, eu pensei que fosse um homem.

— Nós daremos o nosso melhor para garantir a segurança da Hime-sama, Burami-sama — Hinata garantiu. — O senhor tem a minha palavra.

— É. Se alguém tentar matar essa princesa, nós vamos pegar o criminoso. Pode apostar nisso! — disse Naruto.

Burami inclinou a cabeça, grato.

— Muito obrigado desde já, ninjas da Folha. Agora vamos. Ambos devem ser recepcionados devidamente. Não por mim, mas pela própria princesa.

O palácio era belíssimo, com telhados avermelhados encurvados. Era muito maior que Naruto imaginava e, talvez, mais belo que a própria moradia do Daimyou do País do Fogo. Por dentro, o piso cor de marfim reluzia toda a área. Armaduras de samurai decoravam as paredes, desde a entrada do nobre salão até a escadaria que levava ao trono.

Uma jovem de dezoito anos estava de pé, em frente ao trono vazio. Tinha um longo vestido branco com detalhes dourados e púrpuros. A cabeleira loira estava elegantemente decorada em uma trança, salvo os fios que lhe davam uma bonita franja que, para Naruto era idêntica à de Hinata. Aliás, as únicas diferenças entre Hinata e a princesa do País dos Demônios eram o Byakugan da Hyuuga e as divergentes colorações de cabelos entre as duas; Hinata era morena, a princesa loira. No mais, os rostos das duas eram praticamente idênticos.

Naruto achou a jovem demasiadamente bela quando a viu. Então, uma lembrança veio-lhe à memória. Ele relembrou como já ouvira falar do País dos Demônios: já tinha visitado-o em missão. E mais, ele conhecia a jovem que, agora, era a princesa local. Ficou muito feliz em revê-la, afinal, há tempos não tinha notícias dela.

— Olá, Naruto! Há quanto tempo, não é mesmo? — perguntou a jovem, sorrindo. — Você cresceu, está bem mais alto do que eu agora.

Naruto abriu a boca, sorrindo radiante.

— Shion!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olha, eu tenho quase certeza de que, pelo tempo em que fiquei afastado, quase ninguém se lembra do que aconteceu antes. Mas isso é só um detalhe.

Beni de volta, Beni conversando com Naruto, momento NaruHina, Naruto tendo um sonho estranho com um demônio roxo, Beni planejando atacar os Yuurei sozinha, e, só de zoa (mentira, trouxe-a porque sou mau; vocês vão entender), Shion apareceu na história (Leandro Uchiha, meu irmão, você acertou hahaha!)

Gostaram? O que mais acharam interessante? O que odiaram (provavelmente o sonho do Naruto e/ou Shion aparecendo; só um palpite, digo, uma TEORIA minha hehehe)? Claro, quem assistiu ao filme A morte de Naruto sabe que a Shion é, diga-se de passagem, uma "rival" da Hinata; quase todos os NaruHina shippers que eu conheço a odeiam. Enfim, acho que esta personagem, particularmente, protagonizará momentos interessantes enquanto Naruto e Hinata estiverem no País dos Demônios. Além da Shion, olho na Beni Makagawa, galerinha querida do meu kokoro!. Tipo, a Beni vai fazer umas paradas interessantes nesta parte da história.

E não podemos nos esquecer dos nossos vilões. Como eu já lhes disse, vocês vão me odiar muito ainda, principalmente agora nesta parte da história quando a.....

SEM SPOILER!

Mas eu vou matar uns personagens aí, valeu? Falou?

Próximo capítulo: Shion e Hinata

Nem sei quando eu vou postar o próximo. Se Deus quiser, a Oi vai aparecer na minha casa amanhã e aí, para compensá-los pelo meu contratempo, posto outra vez (e também posso presenteá-los com outra coisa (eita, isso soou meio estranho, hahaha. Digo, o pessoal que adora a minha escrita e as minhas demais histórias, talvez, curta o que tenho em mente). Óbvio, isso se aquela maldita operadora cooperar ¬¬

Falando nisso, sabem qual o cúmulo da merda?

Resposta: Um técnico da Oi vir na sua casa e pedir para usar o banheiro.

Tá, eu inventei essa piadinha hoje. É que na minha casa, agora, chamamos as fezes de Oi. Podem imaginar a seguinte cena:

Filho: Mãe, eu vou ao banheiro!
Mãe: Pra fazer Número 1 ou Número 2?
Filho: Número 2!
Mãe: Ah, fazer Oi.

Tipo isso.


É, acho que eu só tinha isso pra falar por enquanto. É o que acontece quando você fica um tempão sem atualizar nada.

Obrigado pela paciência, pessoal!

PS: Letícia, se estiver lendo esta Nota Final, saiba que eu não quis desaparecer. Vou responder a todos os seus comentários, todos, todinhos mesmo, bem como de todo mundo. Então, não precisa se preocupar, está bem? Desculpa por tudo e aguarda só mais um pouquinho!

Pessoal *suspira*, Até o próximo capítulo o/