JULIE

Minutos depois da conversa com Brad, liguei para minha mãe e Pepper. Elas estavam totalmente surtadas em casa, mas consegui acalmá-las pelo menos.

Eu estava no corredor, pois não sabia mais o que fazer a respeito de Brad. Uma parte de mim estava totalmente feliz por ele estar vivo, queria abraçá-lo e não soltar mais. A outra parte estava magoada e até com raiva por ele ter sumido e me fazer pensar que ele poderia estar morto o que fazia com que eu quisesse matá-lo eu mesma.

Barulho no corredor fez meus pensamentos voarem para longe. Virei e vi Loki preso e sendo conduzido por muitos agentes. Ele me viu e me encarou. Seu olhar gélido me deu arrepios.

— Pai, por que demorou tanto? - perguntei quando o vi se aproximar já sem sua armadura.

— A Barbie elétrica me atrasou - ele comentou. Eu franzi o cenho sem entender do que ele estava falando - Te explico depois.

— Fury está nos esperando na sala de reuniões. Eu tenho que contar uma coisa importante - eu disse.

— Então conta.

— É importante para todo mundo - expliquei, enquanto caminhávamos de volta a sala.

— Então, já viu que o seu ex-aspirante a namorado agora é um agente da SHIELD? - papai me perguntou na maior tranquilidade.

— Você sabia e não me contou? - parei de caminhar no mesmo instante.

— Eu só soube que era ele há poucas horas antes de te resgatar - papai respondeu - Não tive exatamente tempo pra te contar.

Suspirei exasperada. Não conseguia ficar brava com o meu pai. Começamos a andar novamente.

— Eu sei pai. É só que ainda estou brava por ele não ter me procurado. Éramos melhores amigos e ele achou melhor eu achar que ele estava morto na pior das hipóteses - confidenciei - E agora ele parece totalmente diferente.

— Isso é bom Julie. As pessoas mudam. Eu por exemplo mudei muito desde os meus 20 anos e creio que para melhor - papai disse e eu o encarei sorrindo.

— Está defendendo ele? - perguntei sem conseguir conter a vontade de rir. Papai nunca defendeu nenhum garoto que ousou se aproximar de mim. Na verdade, ele os intimidava.

— De algum modo acho que sim - papai respondeu - eu o conheci também Julie e aquele garoto confiaria a vida dele a você sem pestanejar.

— O que deu em você Sr. Stark?

— Eu não sei, mas de qualquer maneira, o momento conselheiro amoroso já passou - disse ele e senti meu rosto enrubescer sem motivo algum. Eu acho.

— Stark em dose dupla. Estão atrasados - Fury resmungou - Mas acho que isso é genético.

— O que podemos fazer Nick? É parte do charme dos Stark - papai respondeu sarcástico.

Eu e papai nos sentamos e esperamos Fury começar.

— Para quem não conhece esta é Juliet Stark. Ela estava sob cativeiro de Loki - informou Fury - Srta. Stark, esses são o Dr. Bruce Banner e Thor.

Levantei e fui cumprimentar o Dr. Banner. Já havia ouvido falar dele tanto como Hulk quanto como o brilhante cientista que era.

— É um prazer conhecê-la pessoalmente - ele disse - Eu ajudei seu pai nas buscas pela senhorita.

— Obrigado e pode me chamar de Julie - respondi.

Encarei o outro chamado Thor. Alto, loiro e forte. Parecia um deus.

— Quero pedir perdão em nome de meu irmão jovem donzela - ele disse e percebi que ele era mesmo um deus. Pelo menos agora eu entendia o comentário do papai.

— Não precisa, seu irmão é que ficou obcecado por mim. Me chamava de deusa e tudo - eu disse lembrando dos beijos forçados.

— Ele estava certo. Sua beleza é da mais bela deusa - Thor me disse e eu senti meu rosto corar de novo. Olhei para Brad de relance e vi que ele fuzilava Thor com o olhar.

— Ok, pode parar por aí - papai disse, vindo até nós e se postando ao meu lado - Eu não preciso de outro deus babando em cima da minha filha.

— Já terminou com a cena de ciúmes Stark? - Fury perguntou, mas antes de meu pai responder, Fury voltou seu olhar para mim - Você pode nos contar o que descobriu Srta. Stark?

Assenti e vi todos voltarem seus olhares para mim.

— Quando eu estava lá - comecei - tentei ganhar a confiança de Loki e ele me mostrou o que pretende fazer com a Terra. Ele pretende trazer um exército alienígena e quando vencer ele quer que eu governe ao seu lado.

— Um exército? Do espaço? - o Capitão perguntou e eu assenti.

— Temos que nos preparar - disse Fury - Uma guerra está a caminho. A primeira coisa a fazer é descobrir onde está o Tesseract. Srta. Stark - ele me chamou - a senhorita será treinada em combate.

— Por quê? - perguntei.

— Por que você não pode ficar a mercê daquele maníaco outra vez - foi papai que me respondeu.

Assenti e não pude deixar de lembrar da proposta que Fury havia me feito anos atrás.

— Isso mesmo Sr. Stark - Fury fuzilou papai com seu único olho, acho que ele não gosta de ser interrompido - Mas se sua filha quiser ser agente da SHIELD o convite ainda está de pé. Ela enganou Loki e ainda conseguiu nos trazer informações vitais. Ela tem talento.

— Ela não vai - papai disse.

Eu estava confusa. Sempre estudei para um dia comandar as Indústrias, mas será que aquilo era o certo para mim?

— Eu vou pensar no assunto - declarei e papai me olhou, incrédulo.

— Ótimo. Você treinará combate com a agente Romanoff - Fury disse - e terá perícia em armas com o agente Cooper.

Olhei automaticamente para Brad e vi que ele me encarava. Tentei me concentrar em outra coisa.

A reunião acabou poucos minutos depois e Brad me parou no corredor.

— Posso falar com você?

— Agora eu estou ocupada conversando com meu pai - respondi, pedindo ajuda ao meu pai com o olhar.

— Na verdade, ela está tentando fugir de você - papai respondeu e eu quase morri de vergonha - Eu deixo você conversar com ela ao menos que não se aproxime fisicamente dela.

— Pode deixar Sr. Stark - Brad respondeu.

Papai foi embora e Brad e eu ficamos sozinhos no corredor.

— O que você quer? - perguntei

— Será que podemos conversar em outro lugar?

— Ok.

Caminhamos e chegamos até a sala de treinamento vazia.

— Por quê? - perguntei, não aguentava mais aquela dúvida.

— Por que o que?

— Por que não me procurou? Por que me fez pensar que não ligava mais pra mim? - senti meus olhos arderem, mas resisti. Odeio chorar.

— Eu que te pergunto. Eu tentei contatar você e sua mãe quando meu pai morreu, quando eu estava no orfanato e depois na rua. Ninguém respondeu - Brad disse - Então pensei que você não se importasse mais comigo.

— Eu estava em coma - disse e percebi a surpresa no seu olhar - Você não sabia?

— Não - seus olhos azuis estavam marejados - Como aconteceu?

— Vanko. Ele ia matar meu pai, mas eu o protegi com a minha armadura e entrei em coma por duas semanas.

— Isso é típico seu - ele sorriu - Se sacrificar pela família.

— Você também. Você sempre tomou conta da sua família e de mim também - eu disse - Mesmo que não conseguisse me impedir de me meter em encrencas.

— Sei que é difícil, mas você me perdoa? - ele perguntou. Como se eu fosse dizer não para o meu melhor amigo.

Olhei para Brad. Ele esperava uma resposta, apreensivo. Sorri e o abracei forte.

Enterrei meu rosto na curva de seu pescoço e senti seu perfume.

— Me desculpe também - eu disse - por tudo.

— Está tudo bem maluquinha - ele respondeu rindo como quando criança.

— Acho bom você não sumir mais idiota - eu disse.