Divergente's Refúgio - Interativa escrita por MaryDuda2000


Capítulo 44
O "Xis" da questão


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus fofos!
Bem, esse capítulo era para ter sido postado antes, mas é que eu entrei em semana de provas, mas isso foi bom, pois pude complementar mais um pouquinho. Espero que gostem!



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Narrador

Miguel se aproximava lentamente de Lena. O rapaz já sabia do que acontecera, tanto como Helena como com Lucian, o pequeno bebezinho que decidira criar com a namorada, porém nem mesmo sabia como reagir. De fato, tinha uma família toda completa. Nunca perdera um parente sequer que lhe pudesse arrancar os prantos e quem sabe, pudesse ser chamado de cínico, frio, sem coração, mas nenhuma lágrima escorria de seus olhos, mesmo que a tristeza fosse imensamente profunda.

– Lena?! – chamou ele, em uníssono, tal qual nem pôde ser escutado pela jovem que agora só, num canto, continuava a soluçar, por mais que as lágrimas tivessem cessado.

Aproximou-se um pouco mais, o suficiente para tocá-la caso esticasse o braço, agachou e a encarou, com o corpo encolhido, cabelos bagunçados, rosto escondido pelos braços nas pernas dobradas.

– Lena?! – chamou agora pouco mais alto, com a voz falhando um pouco – Meu amor?!

– O que foi? – respondeu de forma até surpreendente. Levantou a cabeça, com a voz em tom firme, ainda que forçado. Os olhos estavam vermelhos assim como o nariz.

– Você está bem? – antes mesmo que a jovem pudesse falar algo, o próprio tratou de responder – Óbvio que não! – olhou-a novamente com o rosto assustado – Desculpa, Lena! Eu só queria fazer algo que prestasse. Eu... – perdeu-se de qualquer coisa que pudesse dizer.

– Você não teve culpa! – ela tentou acudi-lo mesmo despedaçada internamente – Ele estava comigo! – fungou – Eu vi que Helena já estava sangrando muito e ia morrer, mas ainda sim tentei ajudar. Eu larguei Lucian no chão achando que ele ia ficar quietinho, mas esqueci que ele era um bebê ainda. Meu erro foi horrível! Imperdoável! A culpa é minha e não sua!

– Lena, não foi assim e nós sabemos disso. Você tentou ajudar como qualquer pessoa boa teria feito. Ele tinha só alguns dias de vida. Quem ia imaginar que isso pudesse acontecer? – Miguel postou-se ao seu lado.

– Miguel, eu... – a voz de Lena sumiu assim que perdeu o foco. Simplesmente o abraçou, sem chorar ou fungar, somente um abraço forte e constante sem dizer nada mais.

POV Alice

– Sarah, por favor, não se afaste muito, ok?! – pedi e voltei a olhar Violet – Isso vale para você também, mocinha!

– Pode deixar! – sorriram.

Por mais que eu respeitasse o silêncio de Scott, ainda sim não me continha mais de vontade de saber o que tanto ele estudava aqui e ali naquele maldito pen drive. Tudo bem que ele já não estava mais direto mexendo naquele notebook, porém de vez enquanto ele ligava e olhava qualquer coisa para depois voltar a agir como se nada tivesse acontecido.

Não sabia se devia ou se realmente queria perguntar o que tinha ali. E se eu perguntasse e ele resolvesse me dizer? Pior que isso, seria o fato de eu não querer escutar, pois, sem dúvidas, se há tanto segredo, há algo de muito errado ali.

– Scott... – nem mesmo precisei continuar quando o próprio disse meu nome:

– Alice... – rimos – Eu queria falar com você mesmo. É que... – fomos surpresados por uma presença nem tão amistosa.

– Olha, só! – aproximou-se Peter, apoiando nos ombros de Scott já que era cerca de quase dez centímetros mais alto que ele – O nerd e a patricinha.

– Cala a boca! – mandei sem nem mesmo pensar. Acho que não costumava agir assim, pelo menos não antes.

– Alice, esquece! – afagou Scott, ignorando o sarcasmo e a própria presença insuportável de Peter. Ele pode ser um cara legal, como quando me ajudou uma vez no Complexo da Audácia, mas quando está em público muda, então mudarei também.

– É, Alice! Esquece! Pelo que vi, ainda terão mais algumas lutinha ai com um pessoal de outros refugiados. – falou Peter.

– Sim... O pessoal de Katherine – por um tempo, com o falecimento de Helena e Lucian, até mesmo com o de Josh que ainda estava bastante recente, tinha me esquecido desse “detalhe”.

– É amanhã! – lembrou Scott – Pelo menos eu acho né?! Que tinham combinado essa batalha.

– Vocês são ridículos! – afastou-se Peter – Como podem acreditar que o inimigo vai esperar até o dia e hora marcada para atacar? Estão muito acomodados! Típicos da Erudição! – olhou para Scott.

– E essa linha de pensamento sincero e decidido, mas que não move um músculo quando se trata de ajudar os outros... – encarei-o – Típico da Franqueza!

Se o caso era utilizar a antiga facção para ferir os outros, tinha que ao mesmo tentar retribuir aquilo, já que Scott é passivo, às vezes até demais.

– Pelo menos, eu não... – Peter parou de falar com um grito de Quatro, que o chamava. Deu uns dois passos para trás e disse alguma coisa semelhante a “Aguardem!” sem emitir a voz.

– Do que será que ele está falando? – indaguei.

– Não sei – respondeu Scott desconcertadamente. De fato, ele sabe de algo!

– O que você ia me falar?

– Tinha um pouco a ver com isso que ele disse. – parou por alguns segundos – Mas esquece!

Narrador

– Bryan, não é?! – perguntou Lucy tentou conversar, enquanto entrava calmamente pouco mais na casa, circulando com o olhar aqui e ali para ver se achava alguma coisa que indicasse que Estela e Íkaro ainda estavam vivos e ali – Já percebi que você sabe muito sobre tudo isso da Erudição e essa história da cidade. Você não é da Amizade, né?!

– De fato! Eu era da Erudição, assim como Peter, mas me transferi para a Amizade assim como Jeanine pediu – sorri maliciosamente.

– E por que você está falando tudo isso para a gente? – questionou Caleb.

– Você é bobo ou se faz de? É bem simples! Acho que merecem saber a verdade antes de morrer.

– Onde está Estela e Íkaro? – perguntou Caleb, agindo firmemente, como se as palavras de Bryan em momento algum o ferisse.

– Pois é! Vocês não vão sair com eles daqui. Perderam a viagem. Aquela desgraçada fugiu pela manhã. Mas pelo menos já vou poder ganhar um bônus com a Erudição matando dois divergentes numa só vez.

– Eu não sou divergente! – afirmou Caleb.

– Mas é um traidor, então de qualquer forma, não vai fazer a menor diferença.

Nesse momento, Lucy derruba um pequeno abajur que repousava sobre uma mesinha e Bryan a encara assustado, com o braço duro, mas não firme, tremendo, um tanto.

O homem disparou, passando de raspão pelo braço da moça. Lucy abaixou-se e atirou um pequeno e pesado pedaço de chumbo que encontrara no chão servente não se sabe pra quê anteriormente e o atirou em Bryan. O metal vibrou os tímpanos dos três presentes quando atingiu a superfície de cerâmica do chão, sem atingir ao alvo. Caleb se retraiu sem ação, dando um espaço quase de particularidade aos dois.

– Você é um covarde! – vociferou Lucy sem saber nem mesmo para exatamente quem estava dizendo isso.

Bryan tentou novamente atirar, contudo, apesar de ainda ter balas dentro do estojo da pistola, alguma falha de mecanismo parecia traí-lo.

Lucy levantou-se tão rapidamente que nem mesmo notou a mesa de vidro que estava quebrada, arranhando exatamente no local onde tinha sido machucado pelo tiro. Ignorando a dor, correu em direção a Bryan, que retraiu, andando pouco para trás.

Apesar de magro e alto, Bryan tinha força de quem realmente parecia ser treinado. Seus olhos encararam os de Lucy por uma fração de segundos e ela pôde perceber não raiva, mas também uma espécie de dever cumprido enquanto torcia o pulso da jovem que inevitavelmente fez uma careta, assim arrancando um sorriso malicioso do homem.

Ele fazia sua força contra o corpo da jovem, empurrando-a contra a parede, deixando-a sem saída, com as pernas inertes e o rosto enrubescendo, Lucy se debatia, até arriscar chutando com dificuldades um dos pés de sustentação de uma estante, por assim dizer, que tinha algumas vidraças, as quais caíram pouco a pouco, quase em sequência de três ou quatro, ao mesmo instante no chão ou sobre eles. Enquanto a madeira se inclinava e Bryan parecia apertar ainda mais forte os pulsos de Lucy que já os sentia dormentes, a mesma escondeu o rosto ao máximo com s braços dos cacos de vidro e alguns outros objetos que batiam contra o rapaz e a atingiam de falha.

Num momento não tão oportuno, mas necessário, a morena começou a puxar os braços, atingindo repetidas vezes os cotovelos na parede atrás de si, causando-lhes choques revertidos em força, a qual o jogou contra os cacos no chão e correu para os fundos do casebre.

Arranhado, Bryan praguejou, levantou-se rapidamente a fim de pegar Lucy, esbarrando em algumas coisas aqui e ali, derrubando grãos e outros alimentos colhidos.

Assim que passou pela porta da cozinha, o rapaz foi surpresado por Lucy, que o atingiu na altura do peitoral, acertando até mesmo o queixo, com uma pá de plantação, fazendo-o cair sentado. Bryan tocou a boca sangrando, mas ainda sim arriscou levantar-se tonto e derrubou alguns fracos numa prateleira na qual se apoiou.

Lucy aproveitou para atingi-lo novamente, dessa vez na cabeça a fim de desmaiá-lo, contudo com um desequilíbrio, com os cheiros fortes do que parecia ser adubo ou quaisquer outras invenções da Erudição para ajudar a Amizade nas plantações, com cheiros fortes que turvaram a mente da jovem, acertou-lhe nas costelas, o que deu espaço para que o inimigo se precavesse e arrancasse a pá de suas mãos.

Num devaneio, Lucy foi atingida com um forte soco no abdome, que a fez tossir em busca de ar, seguida por uma rasteira. Sentiu novamente o corpo do homem pesar sobre o seu, prendendo seus pulsos. Mesmo magro, Bryan tinha peso superior ao da moça e sabia como se aproveitar disso.

Ela sentiu suas mãos quase perderem a funcionalidade quando o adversário deslizava a própria por seu corpo e sentia ela espécies de mordidas. Olhou para o lado, onde conseguia ver ao longe algum caminhão chegando de Chicago. Tinha que escapar dali!

Lucy debateu-se ainda mais, jogando-se de lado a outro e com dificuldade, cumprindo com parte do objetivo. A garota conseguiu rolar para tentar escapar, entretanto não conseguia libertar os braços das mãos que a aprisionavam, quando de repente, ele parou de apertar.

Ao mesmo instante, a morena levantou-se ainda cambaleando e se afastando um pouco, procurando a pá para defender-se já que não sentia mais nenhuma faca ou pistola na cintura. Porém nada ocorreu. Bryan só se mantinha quieto, deitado com os olhos abertos e barriga para cima, morto por dentro e agora por fora... Uma poça de sangue começava a se forma embaixo de si quando Lucy notou que ele estava sobre um rastelo que deveria ter caído ali em meio a briga.

Engoliu a seco, olhou em volta e notou que o caminhão parecia simplesmente ter sumido. Não o via nem mesmo escutava um único barulho a não ser da própria respiração exasperada e acelerada. Olhou novamente em volta, sem mais nada nem ninguém, entrou novamente na casa, passou rapidamente pela sala pegando somente a pistola que Bryan usada e sua faca caída, e saiu.

– Desculpe, Lucy! – apareceu ele, que estava próximo a porta, tentou tocar os cabelos dela, arrumando, porém a jovem enfurecida continuou a andar, saindo do casebre. Caleb a seguiu.

– Pelo quê? – ironizou Lucy.

– Por não ter feito nada. É que eu achava que só ia atrapalhar. – ela não parou nem um segundo para olhá-lo – Eu não sou divergente, muito menos apto para a Audácia.

– Caleb! – finalmente parou e o encarou nos olhos, tão repentinamente que ele se assustou e quase bateram de frente – Isso não era ser Audácia, só instinto de sobrevivência. – deu as costas e seguiu andando.

POV Luke

Até agora nada aconteceu. Eu, Mia, Tanner, Rose e Tyler estávamos digamos que “de guarda” para que nada mais acontece, se bem que nem se tinha muito do que defender. Tudo bem que tem o pessoal de Katherine e essa tal vulto misterioso que já matou Josh e Helena, e quase matou Clarissa, que escapou por pouco, mas fora isso, não temos nada o que fazer.

Sendo assim, Mia e eu aproveitamos para colocar nossos lábios numa conversa direta constante e muitíssima interessante por alguns minutos, até ela se afasta um pouco e levanta num só impulso, estendendo a mão para mim.

– Aonde a gente vai? – pergunto.

– Tá muito chato aqui! – ela dá de ombros com um sorriso – Você pode decidir: ou a gente vai até a cambada de Katherine – fala o nome com uma careta de nojo que me faz rir dos momentos de ciúmes dela há uns dias – ou podemos ver o que Quatro tagarela em segredo com Peter e Marcus, ou... – deu de ombros – Alguma outra ideia?!

– Acho a primeira opção mais divertida!

– Que bom que pensa assim! – Mia sorriu, pegou em minha mão e puxou para uma direção qualquer. Incrível?! Como posso descrevê-la?!

Andamos um pouco, bem tranquilamente até, tomando cuidado com qualquer coisa, mas de fato, estávamos tranquilos. Pelo menos eu acho...

– Olha! – Mia quebra o silêncio que eu nem mesmo tinha notado se estabelecer.

– O que foi? – digo quase num sussurro e ela aponta para não muito distante.

Estavam Tris e Scott, afastados de todos. Falavam de alguma coisa e ele parecia preocupado, tanto que olhava de um lado a outro a cada minuto, como em alerta, sem perder o foco da conversa com Tris. Infelizmente não dava escutar exatamente o que diziam. Não passava nenhum motivo pela minha mente do que eles poderiam estar conversando de tão importante ou sei lá o que para ser “confidencial” e precisarem se ver assim.

De repente sou puxado por Mia para trás de uma árvore com tronco largo o suficiente para nos esconder.

– Desculpa! – arquejo com um sorrisinho desconcertado antes mesmo que ela pudesse me dar uma bronca, mas Mia só revira os olhos e volta a encarar aquela cena. Ela estava tão curiosa quanto eu.

Narrador

– Conseguiu? – Tris sussurra, olhando para os lados para ter certeza que ninguém estava ali.

– Bem, mais ou menos. – responde Scott.

– Como assim?

– Olha, é que você simplesmente arrancou o disco rígido do computador – ajeitou o óculos que escorregava na face suada. Ele estava ligeiramente mais pálido que o normal – Pode ter danificado algumas informações. Eu tentei, mas não tenho o equipamento certo para conseguir acessá-lo.

– Mas... – Tris fecha a mãos em punhos, com o disco rígido que Scott acabara de lhe devolver – Aqui dentro pode ter as últimas informações sobre meus pais – murmura, em tom suficiente para que Scott escutasse, enquanto sentia os olhos arderem e a culpa se remexer pela morte dos pais.

– Eu sinto muito – olha novamente em volta.

– Tudo bem! – coloca o disco rígido no bolso – Obrigada!

– Posso te fazer uma pergunta? – ela assentiu – Como você conseguiu esse disco rígido? Ele estava em algum lugar da Audácia e mesmo que eu nunca tenha entrado na base da sua facção, sei pelo menos que é quase um labirinto lá dentro.

– Pois é! Mais era a minha facção e eu sabia onde estava, ou pelo menos senti – Tris encarou o chão – Agora eu quem vou perguntar: o que tem nesse tal pen drive e como você sabia que o disco estava na Audácia?

– Eu era da Erudição esqueceu?!

– Ok?! – retrucou Tris, um tanto desconfiada – Mas e o pen drive?

– Essa é a minha resposta para as duas perguntas por enquanto. – ele olhou em volta pela terceira vez e a encarou – Sinto muito e boa sorte!


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Bem, vamos lá! Prevejo alguém meio irritado com Caleb e abismado com o papo entre Tris e Scott.
O que será?! Bem, espero não ter decepcionado. Até o próximo! ;)