POV Vulto

Após aquela batalha contra o “acampamento” de Bruce, nenhum dos capachos de Quatro saiu ferido. Que raiva! Aquilo simplesmente tomou conta de mim. Como seria possível?! Eles estavam em maior número e ainda por cima contavam com uma das poucas fórmulas extraídas da Erudição piamente sem nem mesmo que Jeanine descobrisse o que fiz. Aquele líquido era somente um agente muito forte que atingia até mesmo os divergentes e Bruce, aquele idiota, não soube aproveitar a chance que tinha em mãos.

No mínimo, seu efeito foi comprovado, logo que pude ver de perto, e longe ao mesmo tempo, sua reação em Hiendi, Violet e a doida de cabelos azuis. Ainda mato ela! Que moleca insuportável! Todos são desprezíveis!

Apesar de ter sido um total fiasco minha tentativa de acabar com aqueles seres irritantes, pude lançar meu veneninho, mesmo que não sendo por completo. Incrível como hoje ninguém se lembra dela... Ah, Emily! Tão simpática e boazinha com todo mundo, retornou surpreendentemente do trauma de ter perdido a irmã cruelmente, pelo menos um bom trabalho vindo do acordo com Bruce, para ajudar a resgatar as amigas de fé ainda pouco conhecidas. Seria uma pena se num momento qualquer de distração ela fosse atingida por uma faca e morresse, não é?! Pior ainda se sofresse dolorosamente até partir para uma melhor... Pena que não consegui cumprir totalmente essa última parte.

Eu poderia ter avisado, porém muito pouco conversávamos e isso foi o ponto culminante de tudo. Desatenção sempre foi um erro gravíssimo na Audácia e sinceramente não sei como ela conseguiu fugir de Chicago sendo tão fraca assim.

Pois bem! Em questão de segundos pude ver o pavor em sua face. Ser rápida nas mais diversas corridas é uma honra alguns têm, contudo a minoria destes sabem usar de boa forma. Eu sei, mas não para o bem geral da nação de perdedores que se escondem e ficam fingindo ser felizes e estarem preocupados uns com os outros quando o que mais querem é fugir de tudo, e sim para o bem que eu vejo, num futuro próspero a mim. Quanto a eles?! Matariam o próprio “amor” para serem aceitos por Jeanine e voltarem a viver como gente em uma casa com os mais variados luxos que pudessem desfrutar.

Emily não foi somente um presságio àqueles que ousassem em se meter em meu caminho como também um bom exemplo de meter medo nestes. Ainda não entendo como ou por que ela tinha essa necessidade de querer retornar ao poço onde Cassie e Alice foram encontradas. Kylie sabia disso, porém de tão burrinha que é, nem mesmo se tocou que poderia haver algo oculto nas intenções da amiguinha.

De que se tratava? Creio que por uma fração de segundo tenha eu dado uma brecha ou subestimado demais a existência daquela mimadinha e tenha me seguido até tal. Apesar das mais diversas dúvidas, consegui silenciá-la sem nem mesmo deixar rastros. Se por ventura ela descobrisse a fenda e meus preciosos experimentos na Erudição, possivelmente todos os meus planos de testes com aqueles palhaços teriam ido por água abaixo.

– Quem é? – gritou com sua voz irritante aos quatro ventos, tirando até mesmo uma pistola da pochete achando que por ventura poderia me atingir.

Seu giro foi rápido, porém preciso para ver-me de relance e tempo suficiente entre me reconhecer e ceder a dor da lâmina que penetrara sua pele pelas costas. Mesmo assim, o pavor e assombro em seu rosto permaneciam em meio as caretas de dor e ódio. Revigorante!

Logo caiu de joelhos, enquanto eu assistia sua resistência vã para continuar viva. Não tinha nem sequer dó de si mesma. Pretendia acabar com aquilo de uma maneira um pouco mais divertida, poder ver, tocar, sentir e piorar sua ferida, contudo outra pessoa apareceu.

Assim que escutei seus passos se acelerando, logo que possivelmente a viu caindo, dei as costas ao recém cadáver e em passos ágeis deixei o local. Mas não por completo. O pouco que permaneci pude ver um o clichê bem a cara de Emily.

– Anjo! – murmurou antes do último suspiro. Descartei um e me apareceu outro. Por sorte já estava afastada o suficiente para Raven ou Dean notarem minha presença na cena de crime.

Aqui jaz! Que peninha! Mesmo após o despacho daquela anta, mantive meus planos. Isabela foi um alvo fácil. Sempre tentada a mais e mais, comprovando ainda mais minhas ideologias quanto ao que poderia fazer para se livrar da morte certa. Por ver das dúvidas, Lena acabou por matá-la e tirar um tanto de minha diversão, no entanto talvez tenha sido melhor assim.

Scott e Alice continuam ainda bem assustados após o sequestro da menininha e sua irmã pelo vulto da capa roxa escura. Talvez esse não seja um nome a altura ou digno de um vilão, entretanto ainda sim está bom o suficiente para fazer-me rir sempre que ela reconta os momentos de tristeza e as possíveis vezes de quase choro ao saber que a morte era certa para os três.

A missão não foi concluída com total êxito, mesmo assim serviu para alguma coisa. Preciso somente conseguir arrancar o restante dos planos de Scott. Não necessariamente o pen drive e dar a Jeanine para que erga seu império com isso, mas sim para estar a um passo a frente da mesma. Sei que mais dia ou menos dia eu teria um fim para ela. O que resta agora é esperar uma brecha do casalzinho para eu conseguir consultar o conteúdo “secreto”.

Os mais belos pesadelos numa noite qualquer. A cada dia que passa tenho mais orgulho de mim, sabia?! Foi simplesmente incrível como consegui formular aquelas poucas doses de elixir e adicionar ao cantil de poucos e ver de camarote seus resultados. Talvez se eu aumentasse a dose de alguns materiais, principalmente da erva do poço, eu conseguiria torná-los quase sonâmbulos e assim fariam o que eu quisesse. Mesmo sendo perigoso, é algo a valer.

Mia, Dean e Violet foram os resultados mais estimados. Pelo menos serviram o babão, a neném chorona e a chata azulada. Se por acaso eu soubesse que a menininha faria aniversário no dia seguinte nem mesmo teria permitido que acordasse na manhã seguinte. Por ventura ainda teve chance de ganhar um bolinho de Lucy. Ela, por outro lado, deixou a desejar. Mesmo não sendo divergente como Dean, não apresentou sinais nenhum quanto ao elixir. Espera! Será que ela tomou mesmo?! Preciso consultar isso... Mais tarde.

Cassie foi um causo que realmente estava fora de cogitação. Curiosa demais, fofoqueira demais, audaz demais. Sorte dela ainda estar viva. Mesmo tendo sido resgatada por Tyler e ter trago consigo os choros lamentáveis e completamente irritantes de Lucian juntamente a expectativa de que um dia ele e Alyssa cresçam e sejam felizes me causa náuseas só de escutar. Um imediato resultado após eu conseguir nocauteá-la foi o desaparecimento parcial da voz. Quem me dera ser total, assim não teria que escutar os leves e intolerantes gemidos enquanto tentar proferir um único “oi” a qualquer um que passa. Entretanto, creio eu que ela não será um problema já que em meio aos meus experimentos ela estava desacordada e se por ventura lembrar de minha voz... Bem, isso não irá acontecer. Estava completamente dopada!

Emma e Josh! Digamos que foi um tanto complexo lidar com esses dois. Primeiramente a mocinha que apesar de ser uma boa pessoa não aparentava muito. Seus desejos eram bem proveitosos e quem sabe poderiam ser usados ao meu favor. Talvez ainda possam, porém prefiro não precisar. Ela tinha o jeito um tanto calado e ao mesmo tempo investigativo. Não se socializava muito com os outros, a não ser com Helena com quem de vez enquanto mantinha algumas poucas conversações e seu priminho, Josh. Nunca acreditei que a cor do cabelo realmente influenciasse no QI e nesse caso houve o que eu poderia caracterizar como um esperto bobalhão. Não passava disso!

Ela tinha bastante inimigos, principalmente um gênio forte para arrumar confusão, por isso não foi difícil atraí-la para o encontro de Kisha e lhes causar pequena discórdia na “amizade” de infância entre ambas. O ressurgimento de Robert me pareceu ser logo perigoso, pois bem ou mal ele tinha ligação com Bruce e caso me visse pessoalmente ou sequer escutasse minha voz poderia lembrar-se da pessoa que forneceu o elixir para sua anterior derrota.

Por sorte, quem muito provoca sempre tem inimigos. Isso não é ruim. A gente se sente tão amado. É uma ótima forma de conseguir chamar a atenção. Contudo, nem todos sabem agir discretamente. A passagem de Alek e seu assassinato ao pai de Lucy com certeza a torna uma suspeita e isso deixa tudo ainda mais proveitoso. Mesmo assim ainda a mato, sem dó nem piedade, como a própria prega. Katherine é somente uma cadelinha. A qualquer momento posso mandá-la deitar e rolar sem nem mesmo que ela perceba que estará sendo feita de fantoche por mim.

Há males que vêm para o bem. Luke realmente me deixou um tanto perplexa quanto ao seu destino logo depois eu matar Emily, mas até que a ira do loirinho serviu bem para meu anonimato contínuo. Quem sabe eu tenha um futuro não tão cruel para este rapaz?! Se é um bonequinho de Mia, pode ser meu também.

Quiçá a única decepção que tenha eu tido em relação a todos tenha sido em relação à Hiendi. Andava juntinha demais a Caleb e, bem, não creio muito nessa história dela ter dado a própria vida para salvar Sarah, Alice e matar de vez Bruce. Não mesmo! Para mim ela não deixa de ser uma peça que ainda pode ser movida. Seus mistérios, como pude arrancar do pobre Josh certa vez, rondavam seu passado curioso de casos e acasos com Bruce e não duvidaria muito se ela qualquer hora se revelasse ao restante. Quem sabe uma aliada por hora?!

Ele, Josh, pude aproveitar bastante da ingenuidade de quem para mim sempre foi carta fora do baralho. Sua faca é um bom prêmio, cá entre nós. O cabo é de outro puro com duas pedras de rubi nos olhos de uma cobra. Interessante como as famílias antigamente davam tanta atenção a adornos desse tipo. Infelizmente a minha não. Mas agora tenho esta como lembrança dos seus engasgos doces e força inestimável enquanto tentava atingi-lo.

Apesar de ter platéia, não custou nada para descobrir sua fraqueza. Um golpe de sorte e mais um distraído cai ao chão. Falando nisso, Luke tem que tomar cuidado. Sempre é ele o primeiro a chegar quando alguém morre, mesmo sendo eu ou não, mas isso veremos mais para frente. O fato é que ainda não terminou.