Divergente's Refúgio - Interativa escrita por MaryDuda2000


Capítulo 26
Preocupação


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, até mesmo para os leitores fantasmas (pode aparecer se quiserem, ok?!)!



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P.O.V Scott

Era desolador sabe tanto de computador e quando tem algo importante para descobrir não ter um único por perto. Eu preciso definitivamente saber o que Jeanine queria que eu desbloqueasse para ajudá-la, saber o que realmente estão planejando.

A revolta de Isabela não foi a primeira e nem será a última, pelo menos é o que eu acho. Estamos todos juntos e nessas últimas horas nada de perigo eminente, mesmo assim, na hora H, não me surpreenderia se alguns preferissem salvar a própria pele. A situação é mesmo tensa.

Fui interrompido em meus pensamentos contraditórios quando Reyna se aproximou acompanhada de outro rapaz, alto com cabelos castanhos cobre, sorrindo tranquilamente.

– Scott? – ela chamou.

– Oi? – mal consegui assentir que a tinha escutado quando a própria me interrompeu e sentou ao meu lado com o garoto ajoelhado quase atrás de si.

– Esse É Dimitry – cumprimentei-o com um aceno de cabeça e ela retomou a palavra – Você ainda está com o pen drive ai?

– Reyna?! – confesso que fiquei meio indignado em saber que ela tinha contado a outra pessoa sobre o pen drive, mas acima de tudo... – Como você soube do pen drive?

– Não é muito difícil descobrir as coisas por aqui, sabia?!

– Tá, mas...

– Olha, Dimitry pode te ajudar. Achei que ia ficar feliz com isso. – ela deu de ombros.

– Como você pode... – virei a encará-lo quando o próprio me interrompeu. Incrível como as pessoas gostam de intervir quando vou fazer alguma pergunta, não é?!

– Bem, eu estava no acampamento do Robert e ele de alguma forma parece ter fornecedores de tecnologia. Lá tem uma espécie de trailer onde tem um computador. Sei que não é muita coisa, mas seria bom para descobrir o que tem de tão importante nessa coisa – Dimitry apontou para o pen drive ainda na minha mão.

– Então, você sabe como entrar nesse trailer e como chegar ao lugar onde estão. – conclui.

– Exatamente, gênio. – interveio Reyna.

– Pode ser perigoso – ele e Reyna sorriram animados ao pronunciar isso – Porém, pode ser bem divertido e você pode descobrir os planos Dela contra nós.

– Obrigado... Vou pensar, ok?! – disse achando meio estranho a iniciativa dos dois.

– Esperar para quê? – perguntou Reyna – Quanto mais rápido irmos, mais rápidos terminamos com isso.

– Ok, ok! Deixa só eu falar com Alice. – ambos reviraram os olhos, levantaram e saíram.

– Quando precisar é só avisar. – falou Dimitry ao olhar para trás, piscando o olho e saindo.

P.O.V Lucy

Incrível como é se sentir traída. Bem, se bem que nesse caso eu não fui “traída”, pois não tínhamos uma amizade, mas mesmo assim, ela tinha acabado de matar meu pai. Como não ter raiva de alguém assim?

– O que houve Lucy? O gato comeu sua língua? – disse novamente Katherine.

Me levantei com um pouco de dificuldade. Minhas pernas bambeavam, meus olhos ainda estavam lagrimejando e minhas mãos cerradas em punhos pedindo para eu pular em cima daquela... Awn, que ódio!

– Por que se humilhar a isso? – indagava Mia, quando tomei a frente.

– Sabia que você era fria, mas não tanto a ponto de mudar de lado de uma hora para outra e matar alguém inocente... - apertei tão forte minha mão que senti os dedos estalando, quase quebrando – Isso é uma baixaria, até mesmo para você, Alek.

– Lucy, para mim isso não é e nunca foi “baixaria”, só não vou ficar em um lugar onde ninguém me nota, repleto de idiotas que estão momentaneamente numa nuvem de amor e paixão, frágeis e patéticos. Sou mais forte que isso e prefiro ficar com pessoas como eu. – respondeu Alek.

– Isso não muda o fato de você ser desprezível e na realidade, gostei bastante de você não estar do nosso lado, assim posso te deixar cheia de hematomas. – piscou Mia estalando os dedos.

– Vai ter que entrar na fila. – riu Alek.

– Isso ta parecendo uma novelinha mexicana – bufou Katherine entediada.

– Não fique assim, não. Pode deixar que onde apanha uma, apanham duas. E para você será mais especial por ter se metido com meu carinha.

– Ciúme é um sentimento tão ridículo... – comentou Katherine.

Nesse momento, já não me segurava mais e corri para cima de Alek, a qual desviou e eu escorreguei, caindo sentada ao chão. Fiquei de pé mais do que rápido e ela tirava da cintura uma adaga totalmente prateada. Meu corpo podia estar ainda dolorido da última briga com Saulo e Beto, no entanto eu ainda estava com sede e fome de briga.

Mia e Katherine pararam a discussão e pareceram simplesmente ter sumido do local. Agora o centro era somente eu e Alek. Um dia eu achei esse nome lindo, pois foi o nome escolhido por Alexander, meu irmão, ao entrar para a Audácia: Alec. Dessa vez, tudo parecia um borrão em minha mente.

Corri até Alek, porém dessa vez ela se manteve no mesmo lugar. Tentou desviar dando um soco em meu ombro, entretanto, minha mão esquerda, suja do sangue de meu pai, marcou sua face com vermelhidão humana, algo que de fato ela não deveria ser, ou eu a faria deixar de ser quando a luta acabasse.

Devo confessar que Alek é rápida ou talvez eu estivesse lenta por causa do impulso de vingança, contudo os golpes dela pareciam ser como tapinha de criança: indolor. A adaga caiu de sua mão, então a chutei no joelho, mas nós duas acabamos nos desequilibrando.

Minhas unhas cravaram seu pescoço, quebrando algumas ao rasgar a pele da região. Ela por sua vez me chutou na região frontal do osso da bacia, dando uma leve fisgada, mas minhas mãos se continuavam a tentar estrangulá-la. Com golpe sujo, Alek juntou pouco de areia em sua mão direita e lançou contra meus olhos. Imediatamente a soltei e ela se levantou para pegar a adaga que estava atirada no chão, afastada de nós, ignorando por completo os demais utensílios presos a sua cintura, quando um barulho ecoou.

Minha visão estava embaçada e um tanto escura. Só escutei o barulho da adaga caindo ao meu lado e os passos rápidos de Alek se distanciando de mim.

Narrador

Mia olhou para a direção onde emanava o barulho e imediatamente pensou: Tiro! Quando retornou para frente, Katherine já não mais estava diante dela nem Alek lutando com Lucy. Foi possível ver o leve vulto das duas correndo. Covardes!, pensou e voltou o olhar rapidamente para Lucy.

– Quer ajuda? – estendeu a mão e Lucy afagou o ar até encontrá-la e conseguir ficar de pé – Ela te machucou?

– Não. O que foi aquele barulho alto? Pareceu mais um...

– Tiro! Exatamente! Agora acho melhor nós irmos.

– Espera! Mia, pode pegar uma bolsinha no bolso esquerdo do meu pai? Ele sempre está com ela.

– Aqui! – entregou Mia um bolinho de panos enrolados a Lucy quem guardou no bolso.

– Obrigada! Será que alguém foi atingido? – dizia Lucy – Pelo tiro, que estou falando.

Mia congelou. Um arrepio gélido e doloroso escorreu pelas suas costas. Ela virou-se e correu na direção oposta, direção pela qual ele tinha seguido. Seus passos eram largos e emitiam um barulho descontente e desesperador. Assim que deu por si estava já a uma boa distância e ao rodopiar a cabeça rapidamente, quase não notou, até enfim focar numa imagem curvada como uma concha. Um pouco de dourado era visível da distância e que estava, destacando-se do restante cúmulo preto que o envolvia: Luke! Sussurrou para si mesma e correu até tal.

– Luke?! – aproximou-se pouco mais lenta, tocando-lhe a cabeça e acariciando os cabelos – Tudo bem?

– Só com um pouco de dor. – respondeu ele com as mãos contra a barriga.

Com a mão no ombro do rapaz, olhou a volta e percebeu a presença de um revólver, antigo e com ponta enferrujada.

– Quem foi o desgraçado quem atirou em você? Cadê ele? Está sangrando muito? Fala alguma coisa. – aumentou o tom de voz e o abraçou quando se esticava, derrubando-o no chão. – Calma, você vai ficar bem. Pode deixar! Eu mato esse cara!

– Calma, Mia! Uma pergunta de cada vez, ok?! Primeiro, não preciso de mais cuidados, porque já estou bem melhor.

Mia o soltou ao notar um leve sorriso, provocante sem ser malicioso, formando-se aos lábios de Luke. Olhou para seu tórax e não viu indício nenhum de sangue.

– O tiro não me acertou. Esse tal de Robert tem uma pontaria horrível, mas mesmo assim conseguiu fazer um estrago enorme na minha jaqueta favorita. – Luke então olhou para sua face que era uma miscigenação de alívio, graça e irritação. – Mas até que foi bem divertido! – ele ficou de pé ágil e tranquilamente, estendendo a mão para ajudá-la, sendo recusada – Você ficou preocupada comigo, então, ganhei meu dia. – ele sorri.

– Tá se achando demais novato! – afirmou Mia desviando o olhar de Luke, levantando-se e pegando o revólver.

– Sério?! E parte do “Eu mato esse cara”?!

– Tenho minhas contas a acertar com Robert. – tentou disfarçar, quando Luke agarrou-a pelo bíceps e ficaram cara a cara.

– Será mesmo?!

Dessa vez, para surpresa, Luke quem se afastou dando uma leve risada e olhou para a direção para qual, supostamente, Robert teria fugido.

– O desgraçado levou minhas armas. Isso eu não admito! – renegou Luke.

– Depois vamos atrás dele. – alertou Mia arrumando a blusa – Temos algo mais importante antes.

– Ok! – Luke a seguiu, notando pela primeira vez a rosa que estava estampada na pele de Mia, mais especificamente no braço. Voltou o olhar para sua nuca, entretanto a outra ainda estava encoberta pela cabeleira azul desarrumada.

P.O.V Lena

Miguel tinha simplesmente desaparecido, assim como Tyler. Andei pouco mais até avistá-lo no mesmo lugar onde tínhamos nos encontrado.

– Oi! – disse em tom mais baixo enquanto me aproximava.

– Oi. – ele retribuiu mais rígido.

– O que aconteceu? Você ta estranho! – afirmei debruçando minha cabeça em seu ombro, entretanto ele recuou.

– Não sei. Na última noite eu tive um sonho ruim, perturbador...

– Um pesadelo?

– Sim... – interrompi sem querer.

– Como foi?

– Esse é o caso. Eu não me lembro. Mas tinha algo a ver com você.

– Comigo? – um silêncio se fez. Mesmo o sonho sendo bom ou ruim, eu detestava estar na imaginação de outras pessoas. Isso era como uma invasão e lá eu não podia me cuidar. Era todos por conta de quem sonha e isso para mim nunca foi algo muito bom.

Narrador

Scott se levantou e após passar por Violet e Sarah que conversavam com Cassie empolgadas, caminhou por menos de cinco minutos para pensar na proposta totalmente estranha e curiosa vindo de Reyna, nem tão estranha assim, e Dimitry, um rapaz que nunca tinha visto na vida e que se demonstrava legal, até demais, para ajudá-lo.

Um turbilhão de pensamentos o atingiu, revisando todos os acontecimentos consigo nas últimas quarenta e oito horas: vendo o trailer, Isabela e sua traição, Alice apavorada e Sarah sendo salva. Novamente foi interrompido por uma figura não identificada no momento, a qual se agarrou nele pelo pescoço numa espécie de abraço, forte e apertado, sendo ao mesmo tempo cuidadoso e desesperado. Somente após analisar os cabelos castanhos cacheados e o leve aroma do perfume francês que se esvaecia do tecido da roupa, pode constatar quem era.

– Clary? O que aconteceu? Onde você estava? – questionou Scott.

– Eu não sei. – retrucou com voz fragilizada – Alguém me acertou na nuca. Acordei depois com uma dor de cabeça horrível e muito forte. Uma voz estranha soava pedindo em minha mente, um vulto passava de um lado para o outro fazendo várias perguntas que eu não sabia como responder sobre Jeanine e...

Ela desabou nos braços de Scott, por pouco não caindo no chão.

– Calma! Eu vou te ajudar! Você precisa de descanso e cuidados agora.

– Obrigada! – a voz falhou quando desmaiou por completo.

P.O.V Raven

Estava arrumando Alyssa após um banho para refrescá-la quando notei Dean correndo até outro lado do espaço. Alguns olhares espantados eram percebidos como de Cassie, Sarah e Violet. Nem tanto da parte de Emma que desviou o olhar novamente para sua tática de automutilação quase olvidada. Talvez fosse precipitado, no entanto, juro que reparei um leve sorriso em seus lábios quando traçava mais um risco com a lâmina em sua pele pálida.

Kylie e James juntaram-se a mim, quando Scott e Dean colocavam o corpo amolecido e aparentemente sem vida de uma menina ao meu lado. Só então pude notar que era Clarissa. Sua pele estava, mas corada que o normal com marcas vermelhas nos braços e arranhões leves, os cabelos um tanto repicados nas pontas e desarrumados. As unhas antes grandes e jeitosas não passavam de retalhos e machucados como se as tivesse pressionando constantemente contra algo duro e desgastando. Simplesmente não parecia a Clary risonha e cheia de vida, que conheci quando tentava ajudar Alek com o ferimento na cabeça, nem Emily com o trauma da irmã, nem ninguém.

Deixando minha Alyssa deitada à relva, abri a mochila e tirei algumas ataduras, tudo que peguei antes de fugir da enfermaria da facção, algumas gases e as molhei com um tanto de água que Kylie me apresentava a fim de limpar os mais sujos dos ferimentos, no cotovelo esquerdo e outro, quase despercebido, na nuca, como se tivesse levado uma paulada no local.

Quatro juntamente a Cassie retiraram Sarah e Violet do lugar para evitar que elas vissem algo muito forte. Mesmo que sejam corajosas e ousadas, ainda são crianças. Não pude dizer nada, estava ocupada demais tratando dos ferimentos de Clary, entretanto, por fração de segundo notei ao meu rápido cruzar de olhares com o de Dean, uma pitada de preocupação e insegurança, após ele direcionar o olhar a Alyssa que se mantinha quieta, como se soubesse que não era o momento oportuno para chorar ou gritar.


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Notas finais do capítulo

Creio que o próximo não irá demorar muito para sair. Até!