Eu já estava começando a pensar o que estava fazendo ali, sentada no mesmo banco que ele, sentindo a metade do corpo dele apoiada no meu, colados no banco enquanto conversávamos sobre um assunto frustrante pra mim, e alíviante para ele, provavelmente. E as flores coloridas ao nosso redor, e a fonte na nossa frente, tão linda e romântica, e o sol irradiando o lugar, o que tornava tudo tão mais romântico... Quanto mais eu conheço os homens, mais eu gosto de animais. Como ele pôde? Talvez não tenha sido a intenção dele provocar esse efeito em mim, mas ele conseguiu. Argh, eu vou apenas esquecer tudo o que aconteceu essa manhã, esquecer do Justin Bieber e começar uma nova vida. Como se eu já não tivesse feito isso há algumas horas atrás.         

            O mais irônico de tudo isso, é que eu parecia levar uma vida perfeita antes do acidente, algo que eu realmente gostaria de lembrar, e agora que eu esqueci tudo da perfeição da minha vida antes do acidente, as coisas mais terríveis acontecem comigo, e eu sei que não conseguirei esquecer de novo. Não sei se eu rio ou se choro por tudo isso.

            -Eu já vou. – eu disse, me levantando do banco, quando finalmente decidi o que fazer. Eu refleti bastante, e cheguei à conclusão de que implorar por uma chance ou o beijá-lo de novo seria muito humilhante. O orgulho estava falando mais alto, de novo, ou era apenas o senso.

            -Já? – ele perguntou parecendo triste. Sim, eu quis dar um soco naquele rosto lindo, angelical e perfeito dele. Eu não sei o que ele quer, às vezes parece que ele não se arrependeu de me beijar, e quer fazer isso novamente, e de repente ele age como se fosse o maior erro da vida dele.

            -É, eu tenho que falar com o David. – eu disse. Preciso melhorar minhas mentiras.

            -Ok, e mais uma vez... Me desculpe... – ele disse, parecendo arrependido.

            -Não, eu que devo me desculpar. – eu disse, e completei mentalmente ‘por ter me apaixonado profundamente por alguém com quem eu não tenho a menor chance.’ Agora é tarde demais, eu sei. Eu suspirei e caminhei até as portas de vidro novamente, eu podia vê-lo por lá. Ele não se mexeu, apenas virou a cabeça pro outro lado e pegou uma flor. Saí antes de poder saber o que ele faria com ela.

            Caminhei pelos corredores barulhentos do hotel, me sentindo solitária e totalmente envergonhada. Sabe, depois dessa vou pensar bastante sobre me tornar ou não assexuada. É definitivamente melhor do que virar freira... Ou talvez seja a mesma coisa?

            Peguei meu celular e coloquei no vibratório. Não que eu estivesse esperando alguma ligação, mas queria ter certeza de que se algum ser me ligasse pedindo desculpas, eu atenderia. Eu sou tão patética.

            Eu me sentei na frente do palco, onde um menino com rastafári estava se apresentando e comecei a refletir.

            -A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem a intenção de amá-la. – ele disse, falando uma frase de alguém chamado Bob Marley e continuou a citar mais frases. Eu comecei a refletir, seria isso coincidência?

            E depois eu percebi, e sorri automaticamente com meu pensamento. ‘Meninos são a melhor distração’, e ah sim, eu planejava me distrair bastante aquela tarde, e já sabia perfeitamente com quem.

            Me levantei subitamente e caminhei em direção às escadas, depois seguindo pelo longo corredor até finalmente achar o quarto desejado. Fiquei parada na frente da porta por um tempo, apenas pensando. Tudo bem, o que eu ia fazer agora não era certo e nem racional, mas eu tinha certeza de que Dave poderia me distrair, e depois quem sabe, Chris me fazer esquecer o Justin. Ok,  não são os meninos mais qualificados para isso, mas alguma coisa em mim me dizia que eles iam tomar conta do recado.

            Bati na porta e tive a impressão de que ouvi um ‘quem é’ de lá, mas não soube identificar o som com tanta precisão.

            -Entra! – David gritou e eu abri a porta lentamente, refletindo pela última vez se era isso mesmo o que eu queria.

            -Massie? O que está fazendo aqui? – ele perguntou, largando o celular da mão e se sentando na beira da cama e me olhando, malicioso. Pronto, agora é tarde demais pra voltar atrás, eu vou ter que fazer isso. Fechei a porta, a trancando, e hesitei brevemente, pensando pela última vez. Seus olhos azuis eram lindos e me olhavam de um jeito carinhoso, a única motivação que eu tive para avançar.

Eu me aproximei dele, respirando profundamente, tendo consciência da besteira que eu ia fazer, e me sentei em seu colo, começando a beijá-lo ferozmente, enquanto sentia seus lábios se curvarem pra cima, formando um sorriso.

Eu tinha que confessar que não era tão ruim, afinal, eu podia garantir que ele era um dos meninos mais bonitos dessa cidade, quem sabe dos estados unidos inteiro. Mas aquele instinto familiar avisava para parar, e dessa vez eu não dei ouvidos.        

-Eu sabia que você ia voltar. – ele disse entre os beijos, me deitando na cama.

-Era tão provável assim? – eu perguntei enquanto ele dava beijos pelo meu pescoço.

-Nem um pouco. – ele disse sorrindo, puxando meu vestido pra cima para tirá-lo. Esse é o pior problema de vestidos, eles saem tão rápido... E o maior erro da minha vida vai iniciar em 3, 2...