Os Últimos Passos de Um Homem escrita por Bruno Silfer
O relógio registrava oito e meia da manhã. Ino seguia para a casa da melhor amiga do Gaara e não escondia a ansiedade de conhecer os pais daquela que foi o centro de toda a história. Como dissera Temari, o lugar era bem distante do centro da cidade. Era uma casa grande e com aparência de organizada. Sem tempo a perder, desceu do carro e tocou a campainha; quem atendeu foi um homem um pouco mais alto do que ela e com aparência de que tinha pelo menos cinqüenta anos.
– Bom dia. – disse Ino.
– Bom dia. – respondeu o homem – Quem é você?
– Sou Ino Yamanaka, psicóloga. – ela imaginou que não passaria muito crédito caso se apresentasse como estudante, por isso resolveu apresentar-se como psicóloga, mesmo ainda sem ser formada.
– Ah sim, pode entrar.
Ela entrou e foi conduzida até a sala. A mãe da Bárbara foi chamada e todos sentaram. O homem se adiantou e quis saber o motivo da inesperada visita.
– Eu vim aqui por causa da morte da filha de vocês.
– Entendo.
– Saber como vocês enxergam essa situação, como encaram a vida sem ela, sobre o desfecho do caso, coisas desse tipo.
– Tudo bem. Pode perguntar o que quiser.
Ino gostou de ver que eles iriam colaborar. Além disso, aquela conversa também serviria para ser comparada com a versão que o Gaara apresentou dos fatos, e se algumas informações realmente batiam. Sem perder tempo, Ino começou:
– Como era a vida dela na visão de vocês?
– Ela era feliz. Poucas vezes vi ela triste.
– Vocês se davam bem?
– Muito. – respondeu a mãe – Além de filha ela era a minha melhor amiga.
Aquelas informações eram novas para Ino. Gaara não falou nada sobre isso, talvez porque mesmo que fosse amigo da Bárbara, não era íntimo da família dela.
– A morte dela afetou muito a vida de vocês né?
Ino notou que eles se seguraram para não chorar. Aquela reação era justificável, principalmente por se tratar de perder uma filha única.
– Ela faz muita falta. – disse a mãe. – A vida perdeu as cores sem ela aqui.
– O nosso consolo. – completou o pai – É que a justiça vai ser feita.
A assunto principal da visita veio à tona bem antes do que o imaginado. Mas, aproveitando a oportunidade, Ino perguntou:
– Vocês acharam a sentença justa?
– Justíssima. – responderam ambos.
– Mas pena de morte não é pesado demais?
– A dor que estamos sentindo não é menor que essa pena.
– Eu sou contra a pena de morte. Prisão perpétua talvez, mas a morte...
– Nós também éramos contra, mas passamos a pensar diferente depois do que aconteceu.
– É diferente ver e sentir...
Ino abaixou a cabeça e suspirou. Vendo essa cena os pais dela trataram de também fazer perguntas.
– Mas por que veio nos visitar? O governo te mandou?
– Não. É que eu sou a conselheira espiritual do Gaara.
– Como teve coragem de vir aqui se está do lado dele? – falou o pai elevando a voz.
– Não estou do lado de ninguém. – respondeu Ino – Mas senti que era minha obrigação ouvir os dois lados.
– Peço que saia da minha casa. E quando for ao presídio diga para ele ( desde o acontecido eles não chamam mais o Gaara pelo nome, preferem dizer “ele” ) que vou assistir ele morrer. Se pudesse, eu mesmo injetaria o coquetel.
– É uma pena que pense assim. Ele me disse que era inocente.
– Claro que disse. Todos dizem a mesma coisa.
– Tem certeza que estão tomando a decisão certa?
– Nós só queremos justiça.
– Tudo bem. – respira fundo. – Espero que não se arrependam do que estão fazendo.
Dizendo isso Ino saiu e estava frustrada. Com a reação que eles tiveram nem deu tempo de dizer os motivos que faziam o Gaara ser inocente. No fundo não adiantou muito visitá-los tal como o ruivo previra. A propósito, ao tomar o caminho de casa, resolveu desviam o rumo e ir ao presídio. Ela chegou, entrou e foi direto para a cela. Pouco antes de chegar o policial Naruto a parou:
– Ino, espera um pouco.
– O que foi?
– É que parece que o Gaara recebeu uma notícia importante, daí...
– Tudo bem. – interrompeu a garota – Eu sei lidar com ele.
Agradeceu o aviso e seguiu seu caminho. Ao chegar à cela encontrou o amado sentado na cama com um papel entre as mãos.
– Oi Gaara.
Ao ver a amada Gaara nem respondeu: somente a abraçou forte e a beijou muito, talvez para tentar compensar os dez dias que ela esteve fora.
– Não agüentava mais. – disse Gaara.
– Nem eu.
Se soltaram e, movida pela curiosidade, ela perguntou o que era aquele papel.
– Isso aqui? – mostrando – É uma resposta.
– Resposta?
– A resposta do meu pedido de clemência.
O coração da Ino bateu mais forte. Perguntou:
– E então?
– É Ino... foi negado...
Aquela resposta quase parou o coração da Ino. Então era isso? Tudo acabaria assim? Um amor sem passeios, sem visita na casa do outro, sem um pedido de namoro oficial, sem presentes e sem mesmo brigas. Gaara a abraçou e procurou acalmá-la, mas ela percebeu que os braços dele estavam tremendo. Ele também estava mal e não era para menos. O que fazer nesses quinze dias restantes? Os planos que tinham foram destruídos. Que atitude tomar? O que poderiam dizer? Nessa hora ninguém poderia saber.
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