Hermione fora convidada por seus alunos para comemorarem o resultado das provas finais, seria em um bar trouxa que for sugestão de uma garota mestiça. Estava em casa e se arrumava lentamente, o frio já não era tão intenso quanto no ápice do inverno, mas ainda era necessário um casaco mais pesado. Hermione desistiu de todos os vestidos que olhara, pois a calça jeans lhe era mais confortável. Olhou-se no espelho uma última vez. A calça era preta, o blusão cinza passava de sua cintura e o cachecol da Grifinória era indispensável. Apenas terminou de amarrar os cadarços da bota baixa e ajeitou a trança lateral.

—E você durma cedo! —Disse ao gato que se espreguiçava sobre sua cama. Pegou a bolsa e guardou a varinha, nunca saía sem ela, havia perigo em qualquer lugar e aprendeu aquilo da pior maneira. Apagou todas as luzes e quando abriu a porta da frente, pronta para sair, deu de cara com o namorado. —Ah, Draco!

—Aonde você vai? —Perguntou em tom sério.

—Bem, fui convidada para comemorar com meus alunos o resultado das provas finais! Eles são aurores, agora! —Disse animada, ajeitava a roupa com a mão. —E você, o que faz aqui? Não me avisou que viria!

—Resolvi ver minha namorada, mas parece que ela tem outros planos! —Disse insatisfeito. — Boa comemoração.

Deu as costas para Hermione e aparatou na frente da casa, sem sequer ligar se alguém estava vendo. Por um momento pensou em ir atrás de Draco e convidá-lo para ir junto ou desmarcar o encontro com os amigos, mas não o fez.

Encontrou todos no bar, esperavam-na com flores e presentes.

—Mérlin, obrigada! —Disse quando entrou e recebeu aplausos. —Sou eu quem deve parabenizá-los!

—Pare de ser modesta, você foi uma ótima professora! —Nott levantou-se a abraçou-a. Um clique seguido de um flash forte assustou Hermione.

Uma garota loira sorriu e abanou.

—Trouxe minha câmera! —Deu de ombros.

Hermione sentou-se com os amigos e logo, colegas de trabalho.

—Então, o que vocês pediram?

—Pizza! —Nick, um rapaz baixinho disse. —Era a única coisa que conhecíamos. E o garçom disse que não sabia o que era Cerveja Amanteigada, perguntou até de onde éramos!

Hermione riu e explicou sobre a bebida, que era exclusivamente bruxa e aproveitou para explicar sobre o dinheiro trouxa. O jantar correu com alegria entre risadas e histórias sobre a prova final.

“... No último momento eu pensei que ia ser reprovada, um feitiço passou ao lado do meu rosto, cortou um pedaço da minha trança...” —Dizia uma garota, enquanto mostrava o cabelo torto.

“Ah, eu achei que tivesse acertado aquela coisa, mas o Nick me empurrou bem a tempo, se não fosse ele, estaria em casa ouvindo minha mãe gritar comigo por ter sido desatento!” — O rapaz imitava a mãe fazendo caretas.

—Bem, — Disse Nott. — a comida estava ótima, mas o que acham de dançarmos? Preciso liberar a adrenalina!

Todos riram e ergueram os copos.

Havia uma boate, a duas quadras do bar, música alta e agitada. Não era nada parecido com as músicas bruxas, mas era divertido. Hermione apenas bebia, sentada enquanto olhava os jovens aurores, aproveitando os frutos do trabalho duro.

—Você não vai dançar?

—Não, não. Estou bem aqui, Nott. —Respondeu rapidamente.

Esticou uma mão para a garota, e não desistiu até que Hermione aceitasse. A música era agitada, e Hermione não sabia muito bem como dançá-la, inventava passos com Nott que se mexia da maneira mais desengonçada possível. Era uma brincadeira, Hermione girava e Nott a balançava de um lado para o outro. A festa só acabou, quando o primeiro garoto desamaiou.

—Acho que já comemoramos demais, não acham? —Hermione soltou-se da dança maluca de Nott. —Vou levá-lo para casa!

—Não, fique mais um pouco. —Um grupo de garotas pedia, estavam tão bêbadas quando o rapaz caído no meio da pista de dança.

—Gente, foi uma honra fazer parte disso, mas eu tenho trabalho amanhã e já devia estar em casa. Mandarei cartas em breve, informando quando vocês começam! —Abanou para todos.

—Vou com você! —Nott disse, já colocando o rapaz nos ombros. —Sei onde ele mora.

Hermione juntou suas coisas, as flores e os presentes e aparatou com Nott do lado de fora da boate. Percebeu então que o sono chegava. A mãe do jovem agradeceu aos dois por terem levado em segurança, e assegurou a Hermione que daria uma bela bronca no rapaz.

—Vou te levar em casa, senhorita! —Esticou o braço novamente, Hermione agarrou-o e aparataram. Na frente da casa de Hermione despediu-se, beijando-lhe a bochecha e agradecendo por tudo. —Essas são minhas!

Nott tirou de suas costas um buquê de lírios.

—Foi uma ótima professora! —Piscou e girou nos calcanhares, aparatando.

Hermione entrou, equilibrando as flores que recebera nas mãos enquanto girava a maçaneta, acendeu a luz e deixou tudo sobre a mesinha de canto, ao lado da janela. Virou-se ainda sorrindo, mas a pessoa em pé na sua frente lhe assustou, se Draco não fosse rápido o suficiente, não teria conseguido se defender do ataque de Hermione.

—Draco, não me assuste assim... —Hermione colocara a mão no peito, regulando a respiração. —O que faz aqui? Como entrou?

—Resolvi te esperar, estava morrendo de saudades. —Disse e olhou para o relógio que já marcava três horas da manhã. —Só não ache que fosse voltar tão tarde... Acompanhada!

Hermione olhou para a cortina aberta, dando a ótima visão da calçada de sua casa.

—Ele quis me acompanhar, para que eu não viesse sozinha! —Justificou-se.

—Não importa, realmente, não é do meu interesse! —Largou um livro com força no sofá e saiu, batendo a porta. Hermione correu para tentar chamá-lo, mas a aparatação fora mais rápida.

—Idiota! —Gritou batendo a porta.

Escorou-se na mesa e um dos buques caiu no chão, espalhando terra e as flores. Hermione esfregou as mãos no rosto e com um rápido floreio da varinha, a bagunça desapareceu, as flores e a terra voltaram para o vaso decorado. Apagou a luz e subiu as escadas, arrastando o corpo. Despiu-se, deixando a roupa no chão, entrou de baixo dos cobertores e dormiu. Conversaria com Draco no dia seguinte, com a cabeça fria e mais descansada, não estava em condições de discutir.