Insignificantemente, você escrita por Amanda


Capítulo 40
Capítulo trinta e nove




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/503506/chapter/40

Era manhã de domingo, a neve já enchera os campos da Toca e o sol era filtrado pelo que restada da folhagem. A Toca estava barulhenta no andar de baixo, todos tomavam café agitados depois do almoço e da tarde de jogos. Entretanto, alguns andares acima, Hermione continuava deitada na cama de solteiro do antigo quarto de Rony. Por pedido da senhora Weasley, dormiu ali naquela noite, enquanto Rony migrou para o quarto de George. Molly adorava gente na casa, e em função de ter todos os filhos adultos, perdeu a gritaria e a bagunça da casa. Hermione não levantou-se, continuou fitando o teto cheio de pôsteres do Chudley Cannons enquanto reprimia gemidos. Não tardou para que alguém batesse na porta, preocupado com sua demora. Para alívio, era Harry.

—Por que não desceu ainda? —Aproximou-se da cama, olhando curioso para a amiga.

—Minha perna está meio dolorida. —Reclamou. —O curandeiro falou que isso poderia acontecer. Mas confesso que não achei que seria tão rápido.

Contorceu-se levemente.

—Quer ir para o St. Mungus? Podemos te levar... —Hermione movimentos a mão negando.

—Vai passar! —Assentiu.

Harry pensou em ignorá-la, mas sabia que ele era quem acabaria indo St. Mungus se insistisse.

—Vou trazer seu café da manhã. —Estava quase saindo quando Hermione chamou-o.

—Diga apenas que estou indisposta. Não quero assustar ninguém.

Harry assentiu e saiu do quarto, fechando a por atrás de si.

Hermione permaneceu ali, torcendo para que Rony tivesse algum livro realmente bom na prateleira de madeira. Apontou a varinha e com um feitiço convocatório, capturou um livro sobre História da magia. O livro tão surrado que suas páginas já começavam a descolar da capa. Encolheu-se com a dor que lhe alcançou e procurou pela melhor posição, abriu o livro e concentrou toda a sua força nas letras. Durante uma boa parte da manhã ouvia passos pelo corredor estreito, e todos eles acabavam cessando ao voltar pela escada. Essa volta, era causada pelos gritos histéricos de Molly que, tratava a todos como suas eternas crianças. Quando o sol já desaparecera com a sombra, Hermione ouviu novamente a Sra. Weasley gritando, mas dessa vez foi para chamá-los para almoçar.

Estava na metade do livro quando Molly abriu a porta carregando uma bandeja, exageradamente, cheia de comida.

—Como se sente querida? —Esperou que Hermione sentasse para que deixasse a comida aos seus pés.

—Estou bem! —Molly expressou descrença. —Estou dolorida, mas logo passa. Assim que me sentir melhor prometo descer.

—Ora, não queremos que force sua perna. Harry contou-nos como estava. Pode ficar o tempo que precisar, os rapazes buscam suas roupas ou você pode usar as de Gina. Tem algumas no quarto dela!

Hermione assentiu, apanhando o copo com suco.

—Vou deixá-la descansar. —Caminhou até aporta. —Coma!

Hermione saboreou o purê de batatas com molho lentamente, alternando o alimento com a bebida refrescante. Por fim bebeu o chocolate quente ainda fumegante.

Fora Molly quem voltara para recolher os pratos.

—Por que não dorme um pouquinho? — apenas assentiu e murmurou um feitiço que fizesse as cortinas se fecharem. Ouviu quando a porta se fechou.

No andar de baixo todos ainda almoçavam e conversavam, Rony tentava falar com a boca cheia enquanto enchia o prato um pouco mais. Todos riam com Arthur que contava algum dos casos do Ministério da Magia em que um assento sanitário criara dentes, George controlava-se para não cuspir a bebida em Gina ao seu lado.

A porta da frente irrompeu de tal maneira que por pouco Harry não azarou o intruso. Draco parecia apressado, os cabelos se igualavam a um ninho de pássaros e a roupa parecia ter sido escolhida às pressas, pois nem de longe eram quentes. O silêncio se instalou, os garfos pararam de tintilar.

—Olá! —Gina sorriu, acenando. —Hermione está no quarto do Rony, segundo andar, terceira porta.

Draco assentiu e subiu de dois em dois degraus. Contou as portas pelo corredor e por muito pouco não esbarrou na senhora Weasley que saía do quarto.

—Ah, como vai querido? —Perguntou alegre.

—Muito bem. Recebi uma carta... Hã... Hermione! —Tentava encontrar palavras.

—Ah! —A expressão de Molly transformou-se em piedade. —Ela acabou de dormir, querido. Se quiser esperar... Preparei um bolo, está lá em baixo!

—Se não se importar, vou esperá-la acordar. Prometo não fazer nenhum barulho que posso interromper o sono de Hermione!

Molly assentiu sorridente e se retirou.

Draco entrou no quarto observando a garota adormecida, sentou-se na beirada da cama e observou-a. Cada detalhe do rosto delicado. Acariciou os cabelos ondulados e sedosos, temeu que se descontrolasse e beijasse-a ali mesmo, sem consentimento algum. Levantou-se bruscamente e apoiou-se na janela, observando os campos brancos da Toca. Afinal, a casa dos Weasley não era tão ruim quanto seu pai lhe contava. Depois de alguns, incontáveis, minutos o livro que estava nos pés da cama caiu, fazendo com que Hermione acordasse — lentamente.

—Draco? —Hermione com os olhos semicerrados tentava enxergar o loiro, ao menos até que sua visão voltasse ao normal. —O que faz aqui?

O rapaz aproximou-se vagarosamente e limpou a expressão cansada do rosto.

—Recebi uma carta, você está com dor e não vi motivos para esperar. —Concluiu.

Hermione tentou sentar-se para mostrar que estava ótima, mas a dor aguda lhe atingiu tão rapidamente quanto desapareceu.

—Não tente discutir comigo, deixe-me ver sua perna!

Hermione não se mexeu, o orgulho falara mais alto.

—Tudo bem! —Draco bateu o punho fechado na mão aberta e saiu do quarto.

Hermione suspirou em alivio, mas não demorou a ver Draco entrando e batendo a porta com força. Carregava duas grossas toalhas e um prato com água quente que ainda soltava uma leve fumaça.

—Ache que tivesse desistido! —Arqueou a sobrancelha, curiosa.

—Jamais desisto.

Destapou Hermione com certa agressividade, jogando o cobertor pesado para o chão. A garota reclamou com um grito zangado. Draco ignorou-a e aproximou-se segurando no cós da calça da garota. Hermione segurou a mão de Draco, como um alerta.

—Hermione, eu sou um curandeiro, sou profissional! —Começou a puxar a calça larga para baixo. —E não tem nada que eu já não tenha visto...

Hermione corou violentamente, virou o rosto para o lado, esperando que Draco não visse seu rosto.

—Isso está bem feio. —Disse para si mesmo, observando o corte fundo. —Por que não contou nada?

—Não queria estragar o restante do plano, estávamos bem atrás dos comensais, qualquer segundo nos atrasaria! —Respondeu.

Draco parou incrédulo a olhá-la.

—Você é maluca! —Foi tudo o que disse.

Já estava terminando a limpeza quando questionou-a:

—Por que não usou algum feitiço?

Hermione mordeu o lábio, e Draco diminuiu a pressão que fizera no ferimento.

—Doía... —Draco expressou confusão. —Quando eu produzia qualquer feitiço, meu peito doía.

—Devia ter me contado. —Ralhou, mas baixou a guarda e suspirou. —Olha, eu não trataria você como inválida nem nada assim.

Acariciou o rosto da garota bem na hora que Rony irrompeu pela porta, aturdido.

—Gina vai ter o bebê, estamos indo para o St. Mungus! —Gritou sem motivo algum e saiu.

—Vá falar com alguém que esteja calmo! —Pediu Hermione à Draco que assentiu e saiu atrás do ruivo.

A lareira da Toca tinha fila. Gina e Molly já haviam saído, Harry fora o terceiro e Arthur mandava George se apressar com a bolsa de Gina. Rony atravessava a sala com outra mala na mão.

—Vamos, vamos! —Gritou para os filhos. —Draco, pode ficar com Hermione. Mandaremos uma carta assim que soubermos mais alguma coisa.

E o silêncio se instalou pela casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem!!