O céu do crepúsculo dava um tom vermelho ao local. Uma quadra de futebol com grades enferrujadas e os prédios em sua volta quase aos pedaços dava o cenário um clima de pavor de arrepiar os cabelos de todo o corpo. Era essa a sensação que todos os jogadores do colégio Raimon, e sem exceção, sentiram quando chegam ao local combinado.

– Estou com medo... – Admitiu Konoha se escondendo atrás de seus próprios braços.

– Não se preocupe Morimura. Eu vou te proteger. – Garantiu Kusaka ficando ao lado da pequena de cabelos verdes, enquanto Fey mirava o dois, com um semblante de análise.

– Apesar do Kusaka ter conseguido algum progresso, ele ainda não conseguiu usar sua incorporação. Vamos torce parar que não seja necessário usar. E também... – Fey agora passa a mirar Eryk, que nesse momento estava com Fran.

– Tem certeza que você pode jogar Eryk? – Perguntou a mesma preocupada.

– Sim! Estou cem por cento bem, graças a você Fran! – Agradecia Eryk alegre enquanto batia no seu próprio peito.

– Onde será que ele está? – Perguntou Endou procurando a pessoa de capuz vermelho pelos lados.

– Até agora não tem ninguém. – Afirmou Tenma fazendo o mesmo que o libero.

– Sejam Bem Vindos... Super Onze.

Uma pessoa aparece no meio do campo do local. Todos desviam seus olhares para a direção de onde a voz veio. E quando eles vêem quem é, se deparam com uma pessoa usando um uniforme negro colante, com um circulo vermelho em seu peito, ombros e nos joelhos, todos interligados com um único fio da mesma cor, com um outro circulo preto menor no centro do vermelho do peito e botas com as mesmas cores.

– O dia tão esperado chegou!

Os cabelos dessa pessoa tampavam sua visão. Enquanto a cada palavra que dizia, dois jogadores surgiram atrás de si.

– Hoje será o dia em que a escuridão irá consumir o mundo.

Mas dois jogadores aparecem, agora ao lado da pessoa.

– Se preparem para uma partida descomunal!

Agora são seis jogadores que aparecem ao lado daquela pessoa. Incluindo o goleiro.

– Conheçam o meu time... Os DESTRUIDORES!

Anunciou Asta, surpreendendo a Raimon, enquanto fazia questão de anunciar os Destruidores com os braços levemente levantados.

– Asta... – Reconheceu Tenma, paralisado de tão surpreendido que estava ao ponto de não fazer idéia do que estava acontecendo.

Na laje de um dos prédios abandonados, uma garota de cabelos rosados corre até a barra de ferro para assistir a chegada de todos, da Raimon e dos Destruidores.

– Eles chegaram... Goenji, você tem que... Goenji? – Quando a garota achou que o moreno estava atrás dela, se surpreendeu ao ver ninguém ali.

– Você!? – Gritou Endou, fuzilando Asta com o olhar.

– Você o conhece Endou? – Perguntou Tenma confuso.

– Sim... Foi ele que estourou minha bola no outro dia. E ainda falou coisas perversas sobre o futebol. – Lembrava Endou de quando tinha encontrado uma pessoa que avia estourado a bola de futebol apenas pisando nela e em seguida dizendo coisas ruins sobre o esporte.

– O quê que tá acontecendo aqui...? – Se perguntava Eryk, com um rosto horrorizado.

– O Asta é... – Fey sabia e muito bem que Asta era o irmão de Fran. E imediatamente seu olhar desconfiado foi para a garota.

– ASTA!

A voz brava de Fran tomou conta do local. A irmã de Asta andava com uma expressão séria em seu rosto para o irmão. E enquanto ela andava, todos os jogadores davam passagem para ela.

– Asta. O que significa isso? Quem lhe deu permissão para reativar os Destruidores?! – Fran começou falando com uma voz calma, mas a media que dizia, seu tom aumentava até formar um grito.

E como resposta, Asta sorri maligno antes de lhe responder.

– Minha Irmã... Minha cara, doce e amável irmã... Você não sabe a alegria que eu estou agora ao saber que eu terei a oportunidade de te enfrentar de igual para igual. – Dizia Asta com um tom de deboche.

– Eles são irmãos? – Perguntou Endou surpreso.

– Sim... – Respondeu Eryk, não entendendo a atitude de Asta. Quando o conheceu, ele parecia uma pessoa justa. Mas agora, vendo a atitude de Fran, parece que seu irmão seguiu por um outro caminho.

– Cadê a San? O que fez você ficar assim? – Perguntou Fran autoritária. Ignorando o jeito debochado que Asta dizia.

– Não se preocupe com a San. E quanto a mim? Vamos dizer que eu... Finalmente abrir meus olhos.

– Como assim? – Fran perguntou agora arqueando suas sobrancelhas.

– Eu estou aqui... Pelo “Rei”. Ele me mostrou que o mundo merece o que eles querem. “A Escuridão Total”. – Falou Asta, com um tom de convicção em sua voz.

– O Rei? MAS QUE REI?!

– Calma, Fran. – Agora Eryk interveio, sem desgrudar os olhos em Asta enquanto tentava controlar a fúria de Fran – Asta. Venha para meu escritório. Mas que papagaiada é essa de escuridão? Pra que isso?

– Pra que? Para que o mundo sinta na pele o que as plantas, os animas, as árvores, o clima, tudo o que for um ser vivo, sem ser os humanos, a dor e a sujeira que TODOS ELES PASSAM!

– Mas o que o futebol tem haver com isso? – Perguntou Endou, querendo saber o motivo de tudo isso, tentando proteger seu amado esporte.

– O que tem haver? Acontece que o Futebol contribuiu e muito para a escuridão se espalhar cada vez mais pela história! Renji Kageyama. O Meteorito Alien. Bayhan Garshield. O Quinto Setor. As Crianças do Segundo Estágio. E as Guerras Intergalácticas. O Futebol foi o principal foco de tudo isso! Você... Algum de vocês tem idéia de quantas pessoas sofreram com tudo isso? Tudo por causa DESSE ESPORTE?!

– A Natureza do futebol não é fazer as pessoas sofrerem! – Respondeu Tenma imediatamente.

– O Futebol foi criado para trazer alegria para as pessoas! – Continuou Endou.

– Se o Futebol está sendo usado para o mal, foi por culpa dessas pessoas! E não por causa desse esporte! – Finalizou Eryk.

– EXATAMENTE! Qualquer meio que as pessoas encontram para trazer o mal, eles se aproveitam desse meio para espalhar a escuridão! E o meio que eles escolheram... FOI O FUTEBOL!

– JÁ CHEGA! – Fran interrompe seu irmão, com um olhar cheio de ira. – Muito bem, Asta. Se faz tanta questão de dizer tudo isso, então demonstre isso em campo. – Desafiou, séria.

– Heh. Com muito prazer, “irmã”. Assim que nós os destruirmos, o mundo cairá na escuridão mais profunda. – Ameaçou Asta, com confiança no seu olhar.

Todos foram para o banco se aquecerem. E enquanto os Super Onze se preparavam, o time de Asta, os Destruidores, apenas brincavam com a bola, fingindo estarem treinando.

– Olha como eles dominam a bola... – Falou Kanon para Fey e Minaho, enquanto viam os passes do time rival sendo feitos como se fosse a coisa mais natural do mundo.

– É... – Admitiu Fey, antes de passar a mirar Fran, se recordando de uma conversa que teve com ela uma vez.

Após ouvirem a mensagem de vídeo deixada pelo treinador Endou, Fey esperou Fran ficar sozinha para lhe perguntar algo.

– O que foi? – Perguntou a azulada, confusa enquanto estranhava a expressão séria e desconfiada que o rosto de Fey fazia.

– Fran, como você ficou sabendo sobre a escuridão? – Perguntou, curto e groso.

– Pra quê isso agora? – Fran retrucou, não entendendo o motivo daquela pergunta.

– “A escuridão não é amiga, mais também não é inimiga. Ela pode tanto esconder quanto proteger.” Isso me soa familiar, como quando você tentou acabar com o futebol naquela vez. – Fey repetiu as palavras que o treinador da Raimon deixou para eles terem em mente o tempo todo. Se recordando de quando Fran tinha fingindo ser uma boa pessoa para eliminar com seus amigos e o futebol.

E assim que ele disse isso, o olhar de Fran mudou para um olhar frio.

– O que está insinuando? Que eu voltei com o mesmo propósito que antes? Eu já disse que me arrependi. E se alguém fizer o mesmo que eu fiz naquele dia, terá que se ver comigo! Ou melhor, com a gente. Não é mesmo? – Fran respondeu ofendida, enquanto se referia ao time. Achava que já tinha mostrado que estaria no lado deles sempre agora.

Fey pareceu culpado por ter desconfiado dela, sem ao menos ter provas. Quando ele viu o olhar determinado suplicar nos olhos de Fran, ele entendeu.

– Sinto muito. Mas devido às circunstâncias...

– Eu entendo, Rune. – Fran interrompeu, suspirando. – Acho que sou uma espécie de ima para a escuridão, não é? Eu não o culpo. Bem, vamos? Temos que manter a forma, não é? – Dizia Fran agora com um sorriso enquanto corria para o campo treinar.

– Espera! – Fey a chamou, fazendo-a parar de correr para ouvir o que ele tinha a dizer – Me chame de Fey, está bem? – Falou o garoto, piscando um olho companheiro para ela.

– Sim... Fey. – Fran pronunciou sorrindo sincera. Fey fez o mesmo. Até Fran virar o rosto após ter escutado algo.

– ...nossa... O que você tem de lindinha você tem de poderosa! Manda outra! – Fran escutou Eryk elogiar Kinako ao longe, enquanto eles prosseguiam com seu treinamento.

– Argh! Oras, seu... – Fran enciumada desaparece e reaparece no momento em que Eryk devolve a bola para Kinako, cortando o passe a devolvendo para o goleiro uma bolada na cara.

Fey assistiu deixando escapar uma gargalhada. Mas depois ele volta a olhar Fran, preocupado com a garota.

– Vamos torcer para que tudo fique bem. – Murmurou Fey para ele mesmo.

– Espero que você não tenha nada haver com isso mesmo, Fran. – Dizia Fey mentalmente enquanto mirava em Fran.

– Fran, você está bem? – Perguntou Eryk assim que viu que Fran não parava de observar seu irmão no outro lado.

– Não, eu estou bem. – Falou a garota, voltando de seus devaneios.

– Nós vamos enfrentar o seu irmão, Fran. Não me surpreenderia se você estivesse mexida com a situação. – Dizia Eryk.

– Não se preocupe. Qualquer coisa, “vocês estão aqui”, não é? – Dizia Fran, enquanto se lembrava das palavras que Eryk pronunciava na partida contra o Instituto Imperial, após ela ter se descontrolado ao invocar sua incorporação.

– É! Isso mesmo! – Respondeu Eryk com um largo sorriso.

– Vamos acabar com eles! – Falou Kusaka, socando sua palma da mão esquerda, determinado a vencê-los.

– É... – Falou Tenma, sem muito animo para o jogo. Não depois do que acabava de ouvir de Asta.

Quando Eryk e Fran perceberam o clima do resto do time, eles reparam o peso que a partida estava deixando para eles.

Quando o casal repara em Tenma e Endou, Tenma parecia pensativo, enquanto Endou parecia irritado com Asta.

– Tenma. Vai ficar tudo bem, não é?

Chamou Eryk, com um olhar sério, fazendo Tenma perceber a situação e assentir.

– Endou. Vamos jogar com a alegria de sempre! Não é?

– Eryk... – Endou ficou impressionado com o entusiasmo do goleiro.

– Fran, qual é a noção de força dos Destruidores, mais ou menos? – Perguntou Minaho, um pouco hesitante antes de perguntar.

– A força deles se compara com a minha... Multiplicada por onze. – Informou, fazendo todos ficarem mais pra baixo ainda.

– Ah qual é, gente! Não vamos jogar assim! Vamos jogar com a alegria de sempre! E mostrar para eles como se joga futebol de verdade, sem se importar com quem vai ganhar, não é? – Dizia Eryk, tentando levantar o astral do time.

– Mas Eryk, se nós perdermos, o mundo vai cair na escuridão. – Lembrou Minaho.

– Mas se jogarmos com alegria, podemos mostrar para eles a maravilha que o futebol é. E aí eles podem mudar de idéia. – Dizia Eryk esperançoso.

– Eryk... – Tenma falou, emocionado.

– Eu sugiro aumentar o ataque por cinco. – Propôs Fran.

– É uma formação arriscada. Qualquer outra área do campo ficará vulnerável. Um alvo fácil para eles. – Alertou Minaho.

– Eu confio no meu time. – Falou Fran com convicção, fazendo todos reconhecerem a determinação da garota.

– Eu decidirei isso. – Cortou Wandaba, sério. – A formação será de 3, 4, 1 e 2, com Fran no ataque com Tsurugi. Entendido?

– Sim! – O time inteiro assentiu.

– Muito bem, o que estamos esperando? – Dizia Tsurugi se levantando do chão e indo para o campo – Vamos Jogar Futebol. – Finalizou o azulado parando na frente do campo, pronto para ir.

– Vamo lá... – Falou Kusaka se levantando do chão também para ir para o campo, determinado, assim com os outros, que faziam o mesmo o seguindo.

– Minaho, espere. – Chamou Wandaba, fazendo Minaho parar de andar até o campo.

– O que foi? – Perguntou o rapaz.

– Você vai ficar no banco. Quero que você análise a partida até um certo tempo, está bem? – Pediu o urso.

– Para assistir a partida em um ângulo bom, criar uma estratégia de contra-ataque e ter um jogador em perfeitas condições físicas. Tudo bem, eu o farei. – Aceitou Minaho segurando o queixo ao fazer sua análise.

Com Eryk no gol, a defesa foi composta por Kinako, Konoha e Shinsuke e mais a frente por Tenma e Kusaka, com Fey e Endou nas laterais. No meio-campo ficou somente Kanon e Tsurugi e Fran cobriam o ataque.

– Vamos botar pra quebrar! – Falou Eryk socando sua palma da mão esquerda.

– Sim. Tudo pelo Rei. Farei a sua vontade. – Dizia Asta para ele mesmo já no ataque de seu time ao lado de mais um jogador, enquanto a defesa era composta por cinco jogadores, e o meio-campo por três, e o goleiro já no gol.

Haruna foi escolhida para ser a juíza do jogo. E assim que apitou, começando a partida com a bola na posse do camisa onze dos Destruidores enquanto Asta se preparava para pegar impulso para correr, assim que ele passou a esfera para Asta, o mesmo somente chutou a bola com um perfeito e poderoso giro vertical em um tiro, fazendo a bola passar por cada um dos jogadores da Raimon, mudando sua trajetória por jogador, até chegar no goleiro.

Eryk imediatamente tentou parar a bola com as mãos. Mas devido a surpresa, ele ergueu os braços para frente de mal jeito, sem falar na força desumana que a bola tinha, estava sendo difícil para ele segurar, até a bola entrar no gol, levando Eryk junto.

– Eryk! – Gritou Fran preocupada enquanto Haruna apitava o primeiro gol da partida em menos de um minuto.

Os Destruidores já sorriam vitoriosos, enquanto miravam os Super Onze começando a perder as esperanças, como demonstravam em seus olhares.

– Vão se preparando. Isso é só o começo. – Asta fez questão de dizer, fazendo Fey, Kanon, Tenma, Endou, Fran e Eryk, serrarem seus dentes, preocupados com o desenrolar da partida.

Continua...