Capítulo 11 – Vida Humana

Liliana acordou e foi para a piscina, como era habitual. Já não tentavam esconder o que estavam a fazer a Klaus, mas Liliana adorava passar os dias na cadeira, a ler os livros de Teresa. Sim, a nova Sophie Mikaelson não teria nenhum daqueles livros. Em casa, descobriu que havia um escritório com alguns livros bastante interessantes, mas a maior parte deles eram livros de História, Sociologia, Psicologia, Matemática, Física, Química e Arte. Para ler num dia de sol, eles não eram adequados.

Por isso, no dia seguinte, decidiu ir ao shopping. Rebekah foi consigo com a desculpa de querer um momento só de raparigas, mas Liliana sabia que ela não aguentava os gritos de agonia do seu irmão, Klaus.

Liliana sentiu que estava nos velhos tempos: lembrou-se que Teresa e as suas amigas adoravam passar horas no shopping ou a conhecer novos lugares, com gargalhadas e confissões pelo meio. Lembrou-se que adorava comer um donut todas as sextas, como recompensa por não ter quebrado a sua dieta durante toda a semana. Agora que era vampira, não tinha essas preocupações; ela e Rebekah comeram cinco donuts cada uma, com recheio e coberturas diferentes.

Viram um filme no cinema. Fizeram algumas compras para o frigorífico e para a despensa. Foram a uma livraria onde Liliana comprou imensos livros. Rebekah quis um computador novo e foram comprar um. Não havia limites para as duas. Acabaram com um lanche no Starbucks.

Quando regressaram a casa, Liliana foi tomar um duche. A água quente escorria pelo seu corpo enquanto pensava nos últimos dias. De um momento para o outro, teve a sua melhor amiga de volta e arrancada dos seus braços. A transformação em vampira… Liliana não sabia se achava isso algo bom ou mau. Por um lado, era imortal e nada a magoava, por outro, o desejo de sangue às vezes era quase impossível de aguentar e as suas emoções estavam imensamente magnificadas.

Liliana saiu do duche e vestiu um leve vestido azul claro com alguns bordados claros. Não queria algo demasiado sofisticado, mas queria algo que valesse a pena olhar e admirar. Bateu á porta de Kol e ouviu-o dizer:

–Podes entrar.

Abriu a porta e viu que Kol estava sentado no sofá, a olhar para o crepúsculo.

–Queria fazer-te um convite – disse ela, aproximando-se calmamente dele. – Queria que fôssemos jantar.

–Queres que eu faça o jantar? – Kol olhou para ela, sentindo-se ultrajado. Para ele, era como se ela se tivesse esquecido que hoje tinha sido o dia de ele torturar Niklaus.

–Não. Quero ir jantar fora. Contigo.

–Oh - o Original ponderou durante alguns segundos. – Estou cansado, Liliana. Acho que hoje não tenho paciência para fingir-me humano.

–Está bem – Liliana baixou a cabeça, sentindo-se estúpida. É claro que ele não iria querer jantar com ela, afinal, ela era uma vampira jovem e queria divertir-se, enquanto que ele tinha o quê? Mil anos? Estava exausto, o dia tinha sido doloroso e era óbvio que estava cansado. – Desculpa ter-te incomodado.

Por algum motivo, aquilo parecia uma traição para ela. Eles tinham criado algo tão bonito e agora ele estava de mau humor e não queria aturá-la. Era como se ela só servisse para lhe fazer companhia; nos outros momentos, ele não queria saber dela.

–Liliana – chamou ele e finalmente olhou para ela. – Estás muito bonita, adorei o vestido.

Ela tentou forçar um sorriso, mas não conseguiu. Virou-lhe as costas e saiu do quarto, em direção á piscina. Descalçou as suas sandálias brancas e sentou-se á beira da piscina, colocando as pernas para dentro da água. Ficou a balançar as pernas e a água movia-se, provocando um som harmonioso. Olhou para o céu em crepúsculo. Queria poder sair dali durante a noite, mas sabia que era muito perigoso. “A noite é escura e cheia de horrores”, dizia Game of Thrones.

E não estava errada.

Ela era um desses horrores.

©AnaTheresaC