400 dias de inverno. escrita por Júlia Dama


Capítulo 3
Capítulo 3 - Cavalos de volta!




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O almoço servido na mesa tinha um cheiro convidativo, eu não tinha mínima ideia do nome da comida. Deveria ser alguma receita que mamãe pegara no programa pela manhã. Eu tinha fome então não demorei a sentar e começar a comer, o frio que estava ameno dentro de casa. Antes do almoço vi que papai estava lidando com alguns papéis, perguntando a minha mãe opiniões sobre mudanças no estábulo, perguntei o motivo.

— Sabe o lugar onde ocorria o campeonato de Equitação? Desde que fecharam eu, sua mãe, e alguns sócios compramos o lugar.

— E...?


— Conseguimos fazer de lá um Centro de Treinamento de Polo! — ele já cuidou de cavalos que participavam do campeonato de equitação, mas se tinha algo que ele adorava mais que somente cavalos, era polo.

— Sério mesmo!? Não acredito! Vamos cuidar dos cavalos de novo? — perguntei extasiada

— Sim, vamos. Vou treinar os cavalos e os alunos também. Eu e Jeremey! Posso até ensinar você melhor.

—Tudo bem que você sabia jogar tudo bem, mas treinar eles? — soltei um riso sem querer.

— Eu já te contei sobre isso várias vezes. Não vai ser o tempo que vai apagar minha experiência! Eu ficarei mais com a parte dos cavalos e Jeremy dos alunos, ele era professor em San Francisco.

— O homem que veio aqui essa manhã?

— Sim, ele é muito simpático. — meu pai falava e minha mãe observava com atenção, adorava ouvir sobre isso. Minha família sempre foi virada para esse assunto.

—Adorei. — falei, por fim.

Ao término da refeição, meu pai ajudou-nos a tirar as coisas da mesa e sentou-se no sofá, colocando a mão na barriga mostrando estar satisfeito. Minha mãe perguntou se a caminhada foi boa eu disse sim, não contei sobre ter ido à estação, era capaz de ela não me deixar sair de novo. Minha mãe foi tirar a sexta de depois do meio dia, e meu pai se juntou a ela. Avisei-os sobre a reunião que alguns amigos estavam para fazer na praça do centro nessa tarde, e fui respondida com permissão para ir. De onde eu morava, região rural, era poucos quilômetros do centro da cidade, dava para ir a pé sem problema algum, coisa que eu gostava de fazer. Tomei uma ducha rápida, coloquei um casaco e um cachecol, peguei um pouco de dinheiro e sai.
Quando eu fiz 16 anos meu pai me deu o seu antigo fusca preto que estava me esperando na garagem, eu adorava aquele carro. Peguei o e passei na casa de Rebecca para irmos juntas a praça. Ela ainda não tinha carteira.

— Que horas que o pessoal marcou? — perguntei.

— 16h15min, falta 20 minutos ainda.

— Beleza!

Chegamos no horário, faltavam umas duas ou três pessoas eu acho. Estavam ali nossos amigos da turma do ano passado, e alguns que eram só da escola, não precisamente da turma. Por fim, chegaram os que faltavam. Clare, Gregory e... Anthony?

—Quando tempo! Que saudade de vocês. — Clare chegou sorridente, ela havia se mudado para outra escola na metade do ano que passou.

Abraçamos-nos, todos se cumprimentaram, Anthony tentava passar despercebido, mas não conseguia, ele era bem...notável?!

—Oi. — falei —Mundinho pequeno.

—Oi, e sim, pequeno. — falou

—Já fez mais amigos?

–O Greg? Ele é meu primo! Ele insistiu que eu viesse, e sabe, vai ser bom conhecer mais uma pessoa ao menos. Parecem bem legais.

—Seu primo? To achando esse mundo minúsculo. Daqui a pouco você já vai estar amigo de todos, é impossível não falar com eles.

Fomos todos então sentarmos na grama em um espaço na praça, éramos umas 10 pessoas somente. Rebecca sentou no meu lado e perguntou de onde eu conhecia Anthony, contei e acho que ela só prestou atenção até a parte que gritamos dentro da estação.

— Anna, toca ai! — Carter gritou.
— Tocar o que?
— O violão.
— Que? Não, faz tempo que eu não toco e eu não trouxe.
— Não tem desculpas, eu trouxe o meu. — infelizmente não iam me deixar em paz sem que eu tocasse. Toquei uma música conhecida entre nós, todos cantavam alto e as poucas pessoas que passavam pela rua olhavam e muitas sorriam, até Anthony cantou. Terminada a música, ouviram-se as palmas.

— Vamos para o campo de futebol? — Lilian, namorada de Carter sugeriu. — Tem dez pessoas, cinco em cada time.

A maioria concordou então fomos todos, um carro atrás do outro e logo estávamos todos no campo, dividido em dois times. Muitos tombos, gols, gritos, risadas e teve até três crianças na modesta arquibancada torcendo. Por fim, o time adversário ganhou e meu time teve que pagar o refrigerante e a batata frita. Depois da compra do lanche, todos estavam na praça de novo, conversando, colocando o papo em dia, a cada pouco alguém cantava. Anthony se juntou até mim:

— Jogou muito bem. — disse, zombando.

— Desde pequena sou um pé esquerdo no futebol, não é de hoje. Mas no basquete ninguém me ganha. — modéstia a parte, eu era ótima.

—Preciso ver isso. — disse ele, rindo.

—Você mora muito longe da minha casa? Seguiu muito caminhando depois que entrei?

— Não, não é longe. A propósito, você toca violão muito bem.

— Fazia tempo que eu não tocava, e obrigada. — e assunto cessou por ali.


Era 20h30, estava escuro e pouca gente circulando nas lojas. Todos, exceto Greg, Lilian e Carter, moravam na mesma região da cidade que eu, assim, ninguém iria sozinho para casa. O vento ficara mais forte e frio, era um vento de chuva, as roupas não eram suficientes. No meu celular uma mensagem, “Que horas vai chegar?”, perguntava mamãe preocupada. E logo respondido “Daqui a pouco”, fui me despedindo do pessoal. Anthony tentava falar com alguém no celular, ele não parava de caminhar em cima das folhas caídas no chão, procurando conseguir sinal no aparelho. “Alô? Pai? Consegue me ouvir? E agora? Paaaaai?”


— Algum problema? – perguntei

— Essa merda de operadora! Passa ônibus que horas? — dizia ele esfregando os braços tentando se esquentar.

— Que ônibus o que, eu te levo. Passa outro só daqui 40min, vai esfriar mais.

— Não te incomoda?

— Nem um pouco, vem.

Entramos no carro, eu, Becca e Anthony. No caminho ele contou sobre como era a escola em San Fransisco, as pessoas, sobre o encontro constrangedor meu e dele na estação.

—É na casa azul. — falou apontando para a direita, uma casa muito bonita, grande e com um pátio extenso onde árvores altíssimas ocupavam o gramado, era pertinho da casa da Rebecca. — Saiba que estou à espera de uma partida de basquete, quando puder é só chamar no portão.

— Pode deixar! — minha voz saiu mais alta do que o planejado.

—Tchau Rebecca. Tchau Annabelle. – foi uma troca de olhares desnecessária, não era para eu ter olhado tão nos olhos. Por fim, entrou em casa e eu segui com o carro.

— Anna, que encarada foi aquela? — falou Becca em tom rouco por causa do frio.

— Impressão sua.

—Impressão...

Andamos mais um pouco e Rebecca desceu do carro, logo depois cheguei logo em casa também, era 20h50 e mamãe estava me esperando na sala de casa acompanhada de Draco, chá e uns papéis.


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