400 dias de inverno. escrita por Júlia Dama


Capítulo 13
Capítulo 13 — Estava acontecendo.


Notas iniciais do capítulo

Ta pequeno :( prometo fazer o próximo maior!!



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A boca entre aberta em um sorriso e os olhos focados em um lugar distante, observando, eu poderia ficar vendo seu rosto por um bom tempo que não cansaria. Ele soltou um riso e virou pra mim.

— A terra do seu pai vai só até aqui? É lindo.

— Tem mais um pedaço, uns três minutos daqui.

— É muito grande, só até aqui acho que caminhamos uns 20 minutos.

— Pois é, mas tem mais uma ou duas moradias aqui perto que tem mais ou menos o mesmo tamanho que essa.

— Humn... Pode me dizer os motivos da briga com os dois meninos? Eu fiquei curioso.

— Então, deixando bem claro que eu era bem esquentadinha, eram valentões. Digo, achavam que eram, porque nem metade da escola dava bola pra eles. As provocações começaram quando eu “virei” melhor amiga do Sebastian. Ele era um fracasso, ele mesmo sabia, as notas ficavam em cima do muro, não tinha muitos amigos, mas era uma pessoa boa. Eu adorava aquele menino, era a única pessoa que era realmente meu amigo na época, tirando Rebecca, claro. Os meninos começavam a ofendê-lo, o humilhavam e até rasgaram alguns trabalhos de Sebastian. Eu ficava furiosa, xingava o tempo todo. Então eles me ameaçaram, me disseram que não tinham medo de bater em menina e coisas do tipo. No dia seguinte, na hora da educação física, eu rasguei suas roupas dentro do vestiário. E como troco, eles queimaram um dos meus livros na minha frente. Aí foi a gota d’agua. Brigamos no pátio da escola, eu e Scott. Marcus não estava junto naquele momento. Scott me machucou, me jogou no chão e eu fiquei cheia de machucados, mas ele só tinha força. Dei alguns socos no nariz, e um chute no amiguinho dele que ficava escondido dentro da cueca. E fim. Fui para a diretoria e depois expulsa porque não era a primeira vez que eu me metia em confusões. — respirei fundo, como se tivesse feito um discurso, e Anthony ria.

— Eu devo ficar com medo de você?

Ri. — Não, eu nunca bateria em você.

— Ufa!

— A menos que me dê motivos...

— E não vai ter motivos, por que eu te aborreceria? É tão bonita rindo. — ele disse, e eu sorri, mas não foi de propósito, foi inevitável.

Fazia um pouco mais de um mês que Anthony se mudou pra cá, o que foi ótimo. Toda vez que eu estava com ele me sentia livre dentro de mim mesma. Ninguém nunca teve tamanha facilidade em lidar comigo e me fazer sorrir. Falando em sorrir, o sorriso dele me faz crer que é a coisa mais pura e maravilhosa que já vi, capaz de calar uma criança impetuosa em um milésimo de segundo. Eu adorava isso nele, na verdade eu adorava tudo nele, o sorriso, a voz, o cabelo, o perfume e os olhos piscando sem parar quando fica nervoso. Eu tinha certeza que estava apaixonada. Nunca tinha acontecido. Estava acontecendo. Eu estava com medo de ficar como minhas amigas que choram e comem sorvete quando algo da errado ou que falam sobre coisas água com açúcar quando algo da certo. Eu tinha medo que Anthony estivesse mudando isso em mim. Tenho me perguntado ultimamente se eu sou um dos pensamentos dele... Nenhum menino cuidou de um machucado meu, ou disse que gostava de me ver braba porque é engraçado o jeito que levanto a sobrancelha, Anthony foi o primeiro.
E enquanto tudo isso boiava pela minha cabeça ele falava sobre os acontecimentos da manhã que eu perdi por causa da escola, eu não prestei atenção pelo simples motivo de estar muito a fundo das minhas observações.

— Me diz dois defeitos meus? — o interrompi.

— Por que quer saber?

— Vai, diz logo. — na verdade não tinha um porquê.

— Acho que você é um pouco irritada, sabe? Por exemplo, quando você jogou uma chave em mim porque te dei um susto...

— Eu já pedi desculpa...

— Meu momento de falar, segura essa boca fechada! Sua mira é boa, não se preocupe com isso. E o segundo... Eu acho que ainda não o descobri.

— Só pra deixar bem claro, aquele dia eu tomei um susto horrível, quase ganhei um enfarte.

Ele riu — Quem sabe não descemos e vamos para casa? Você deve ter coisas da escola pra fazer, e deve ter barras para serem colocadas no campo.

Eu não pensei que meu pai iria mudar de ideia realmente, mas mudou, e agora treinamos os cavalos e os alunos para equitação e hipismo.

— Eu não tenho nada para fazer... — mas ele já estava descendo as escadas e chegou ao chão antes que eu terminasse a frase — Espera eu descer!

— Claro que espero. Me da a sua mão. — ele tentou me ajudar, mas mesmo assim nós quase caímos.

Quando nos erguemos de pé, ficamos frente a frente. Tão próximos que pude ver os detalhes de seus olhos castanho claro. Qualquer menina em sã consciência o beijaria sem pensar duas vezes, mas o meu problema é que eu penso. Pensei, e o beijei. Seria burrice da minha parte se não fizesse isso, e por segundos pareceu que eu era a única menina no mundo a estar com tamanha sorte.


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