400 dias de inverno. escrita por Júlia Dama


Capítulo 11
Capítulo 11 - Bem- vinda, Annabelle.




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*Um mês depois*

Amanhã começam minhas aulas. Porque na verdade eu não estava de férias, pois não estamos na época das férias, eu fui expulsa da escola no ano passado. Motivo? Brigas, muitas brigas, com varias pessoas e esse tempo sem estudar não deixou de serem férias pra mim. Eu não estou animada para voltar a estudar, queria ter professor particular como Rebecca, ele vai até a casa dela a qualquer hora do dia, ou como Anthony que parou de estudar para ajudar os pais e ninguém reclamou, mas fazer o que, tentei convencê-lo de ir comigo, mas ele não quis. O relógio marcava meio noite e resolvi deitar, eu estava dolorida de dar banho em alguns cavalos, eles são muito altos. Adormeci.
— Anna? Ta na hora. — falou minha mãe do outro lado da porta sem abri-la.
Levantei disposta por causa da noite bem dormida, se não fosse pelo aquecedor do quarto ligado eu não teria conseguido tirar as cobertas de cima de mim. E como eu já imaginava, meu cabelo estava totalmente revoltado, não tinha santo que fazia ele se ajeitar decentemente. Solução? Amarrei em um rabo de cavalo, mesmo não gostando muito era a única forma de não chegar lá parecendo um leão que recém fugiu do zoológico.
E na cozinha o café estava posto a mesa, minha mãe ainda com roupa de dormir me avisando que vai levantar pra me acordar só na primeira semana e blábláblá. Abocanhei os pedaços da torrada com fome, e em seguida tomei o café que minha mãe tinha mania de esquentar demais, e como sempre, queimou minha língua.
A mochila fechada em cima do sofá me esperava para enfrentar os alunos arrogantes que andam se batendo pelos corredores. Ok. Não vou generalizar, acho existem pessoas legais lá, mas analisando as escolas que frequentei a maioria não foram simpáticos, por isso briguei tanto.
Aos berros da minha mãe, peguei meu carro e fui em direção do colégio. Cantei as músicas que eu escutava quando estava bem até chegar lá. Não me arrependi ainda de ter vindo hoje, só me arrependi de não ter arrumado melhor meu cabelo, estava cheio de meninos espalhados por lá. Meninos bonitos por todos os cantos, se Rebecca estivesse aqui já estaríamos conversando com algum deles, mas estou sozinha e preciso parecer direita. Era tudo muito grande por lá, inclusive o pátio que me fazia parecer uma formiga.
— Uniforme é obrigatório. — ouvi uma voz doce e calma falar do meu lado — Ah, você é a aluna nova? Sou a diretora Georgie Wastmacott, bem vinda. No mural da escola estão as turmas, as salas e o local onde você encontra o uniforme para comprar. Vemos-nos por ai. — agradeci e ela se afastou com um sorriso no rosto.
Entrei na escola à procura do bendito mural que ficava nos primeiros corredores. Achei. Minha primeira aula é a de matemática, seja o que deus quiser. A sala era no final do corredor e eu ainda estava procurando o meu armário que parecia ter se escondido de mim. E então, depois de muito andar achei ele, guardei minhas coisas e segui para a sala de aula, no meio de tanta gente era quase possível se chapar de tanto perfume masculino, não que fosse ruim, mas exageradamente chega a ser perturbante.
Entrei na sala, sentei no meio, do lado da janela que dava vista aos fundos da escola. O professor que entrou na sala era alto, gordo, quase careca, e estava cheio de cadernos embaixo do braço, deu bom dia e sentou, fez a chamada e me encarou.
— Aluna nova? — concordei com a cabeça — Eu não sei ler mentes, se apresente.
— Sou Annabelle Russel.
— Algum motivo para ter trocado de escola? — perguntou mostrando-se totalmente desinteressado.
— Expulsão — sorri e pude ouvir outros risos atrás de mim.
O professor não era querido ou gentil, era seco nas respostas e se via pouco sorriso no rosto dele, diziam que era estupidez e pura brabeza, mas eu penso que não é só isso, deve ter algum motivo para ser tão fechado assim.
As primeiras aulas passaram rápidas e na hora do almoço me senti meio deslocada, mas peguei o lanche, pedi licença e me sentei em uma mesa com mais duas pessoas. Eu não sou antissocial para sentar em uma mesa sozinha, isolada. Tudo bem que os outros dois estavam na ponta da mesa e eu na outra, mas eu não queria atrapalhar a conversa deles. E um fato importante para ser ressaltado, é que a comida estava maravilhosa. Era macarrão com algum tipo de molho dos deuses.
— Comendo pelas bochechas também, que fome hein, Russel. — zombou Daniel, meu colega de classe que usava uniforme do time de basquete e estava rodeado de amigos. Mas realmente minhas bochechas estavam comendo mais que minha boca, tinha mais molho nelas do que na massa. Limpei com a mão, que ficou num estado trágico. Eu tinha mais 20min de intervalo até da próxima aula, e antes que eu me levantasse para ir pra fora, uma garota ruiva sentou na minha frente.
— Tem um pouquinho de molho na sua bochecha ainda. — e riu — Não vim gozar com você, é só para evitar que os outros façam isso. — ela me alcançou um lencinho e sorriu.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer! Meu nome é Alison.
— O meu é...
— Eu já sei, Anna. — falou — Estudamos na mesma turma.
— Desculpe, eu não lembrei, na verdade eu nem vi você lá. Não reparei em todos. — ela balançou a cabeça, mostrando ter entendido.
— E eu sou TJ, madame. — um menino de pele morena se apresentou, sentou do meu lado e piscou.
— Prazer, Anna.
— Também estudo na mesma turma que você. E por que você foi expulsa? — ele sim parecia bem interessado.
— Briguei muitas vezes. A diretora da última escola que frequentei chegou a dizer que vou virar uma criminosa, entre outros exageros.
— Primeiro crime cometido, Russel. A senhorita acabou de roubar meu doce coração. — ri e olhei para Alison, que revirou os olhos e soltou um riso.
— TJ,vai com calma. Ela acabou de conhecer você — depois do conselho, a ruiva suspirou.
— A culpa é da Anna, olha, isso é uma obra maravilhosa de Deus.
— TJ, estou agradecida, muito sutil da sua parte, mas agora poderia continuar sendo gentil e me mostrar qual a sala da próxima aula. — levantei, os convidando para me acompanharem, e foi o que fizeram, na verdade, eu os segui até a sala.
No meio do caminho encontro quem? As únicas duas pessoas que eu sempre rezo para não encontrar em lugar nenhum.


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