Somos um só escrita por Sadie
Notas iniciais do capítulo
Sei que demorei mais do que o normal, mas essa semana foi muito corrida!
Norte sentia todo ano. Todo mês, toda semana e todo dia. O dia todo. Era uma tristeza que o incomodava, uma saudade aguda. Ele havia aprendido a controlá-la depois de muitos anos de tristeza. Ele achava que era uma tarefa impossível – como ele poderia esquecê-la, diminuir a dor, o luto por ela? Ele se sentia desprezível por pensar dessa forma.
Foi a Fada que o ajudou a superar. “Você não a estará desrespeitando, se você não esquecê-la. Ela sabia que você a amava, Norte. É hora de deixá-la ir.”
Ele sabia que ela estava certa, afinal, ela já havia passado por isso. Norte ainda se lembrava de ver a Fada observando o vendedor de doces. Ele sabia que lamentar sua morte não iria trazê-la de volta – já havia se passado dez anos, afinal.
Ele não queria isso para Jack. Não queria que ele visse sua humana morrer e, por isso, tinha tentado várias vezes fazê-lo com que desistisse dela.
O dia em que ele viu Jack sob ataque, viu uma chance de separá-los definitivamente; ele se agarrou nela. E, ao saber que ela corria riscos ao vê-lo, para Norte era a oportunidade perfeita.
Um ano após a separação, ele viu o quão mal aquilo fazia para Jack. Ao invés de espalhar o inverno e levar as cores para as folhas no outono com entusiasmo, ele os fazia com tristeza. Norte sabia que era tudo culpa dele, mas não cedera.
– Você sabe que isso tem de acabar, certo? – Fada havia chegado por trás e sentado ao lado do bom velhinho, que observava Jack no pátio da fábrica de brinquedos. Ela nunca havia apoiado a separação dos dois.
– Eu sei, mas o que ele vai sofrer depois...
– Norte, o deixe viver. – Ela tocou seu ombro, como consolo. – Você foi feliz com a sua, por que ele não pode ser com a dele?
– Porque ele vai se lembrar pela eternidade, Fada. Eu sofri no começo e ainda sofro. Não quero que ele sofra assim também. – O instinto paternal de Norte falava tão alto que era algo novo para ele.
– Ele já está sofrendo.
Reuniu então os três guardiões – Coelhão custou a comparecer – e expôs a sua ideia: rodar o mundo à procura de Breu. Eles sabiam que não era somente Elsa que corria perigo, mas sim todas as outras crianças do mundo – afinal, se realmente era Breu, ele iria muito além de uma princesa com poderes.
– Isso não é da minha conta. Não é minha culpa se Jack está apaixonado – o coelho havia dito.
– Você nunca amou? – Fada perguntou triste.
– Já, mas isso faz tanto tempo que eu nem me lembro da sensação. – Ele rebateu, mas hesitou logo após.
– Não importa – Norte interveio. – Pense nas crianças que correm perigo. É de Breu que falamos.
A discussão se iniciara e, após muito debate, o coelho finalmente havia aceitado. O plano todo já estava na cabeça do bom velhinho – iria começar a pedir tarefas diárias para Jack em outros países, permitindo que ele saísse da Europa, o que o manteria ocupado e, quando pudesse, ele iria ensiná-lo combate corpo a corpo para se defender em casos de emergência.
Durante muitos anos, eles rodaram o mundo sem Jack saber e visitaram as crianças, guiados pela sensação do medo delas – eles sentiam, viam e percebiam seus medos.
A falta de informação os preocupava. Nenhum guardião tinha visto-o diretamente; Em todas as aparições, eles o viam como uma sombra, um vulto, ou até mesmo uma fumaça. Ele era quase como um mito para os guardiões, mas eles sabiam que não era apenas um mito – ele era o medo, a perda das esperanças, o ódio, a escuridão. Eles acreditavam que Breu estava presente em cada ser humano ruim ou com tendências e por isso foram criados. Se nesse estado ele já era ruim o suficiente, eles não queriam saber como ele seria em forma humana.
Durante todo esse tempo, Jack já havia voltado a ver Elsa – sem consentimento de norte.
Apesar de vigiarem todas as crianças que estavam quase tendo um ataque, eles não acharam nada – nenhum objeto, nenhum resquício de que Breu passara por ali.
Estavam perdendo as esperanças e, por isso, Norte e Fada decidiram que seria a ultima vez em que tentariam falar com Jack. Se ele negasse – o que era óbvio – eles não sabiam o que iriam fazer.
E foi o que ele fez.
Semanas após terem tentado em vão alertar Jack, eles estavam visitando a ultima cidade. As esperanças estavam quase extintas – os únicos que visitaram a última cidade foram norte e Sandy.
Eles estavam observando uma criança que estava com comportamentos estranhos, como o medo excessivo e raiva aleatória. Eles achavam que, se fosse para ser a criança que iria mostrar algo do bicho papão para eles, seria essa.
E assim foi – Sandy havia posto a criança para dormir e, horas depois, uma fumaça preta – sem cheiro – deixou o seu corpo. A visão para eles era algo bizarro – o que Breu pretendia?
A fumaça havia deixado o quarto pela janela e, quando estavam prontos para segui-la, norte havia apoiado as mãos no peitoral da janela e vi que algo havia sujado sua mão.
– Enxofre! – Ele exclamou baixinho. Vários símbolos começaram a flutuar e a mudar rapidamente sobre a cabeça de Sandy, e os dois voaram rapidamente no trenó do bom velhinho para a fábrica de brinquedos.
Eles então seguiram para a parte seguinte do plano: com algo de Breu, ele usaria a representação da Terra que mostrava pontos brilhantes representando as crianças que acreditavam nos guardiões como meio de achar a sua localização.
Ele programaria o globo para mostrar pontos iluminados e pontos pretos – que representariam as crianças com medo. Seria fácil depois de programar: o lugar que tivesse mais pontos pretos aglomerados e com maior tempo de duração, seria onde Breu estaria.
Norte, que havia recolhido o pó e colocado em um saquinho vermelho com todo o cuidado, colocou o enxofre em suas mãos, sussurrou algumas palavras e jogou no globo. Instantaneamente os pontos apareceram, e toda a culpa e temor dele se esvaiu. Ele suspirou.
Quando contou a noticia para fada, sua empolgação era mais do que visível.
– Ah, Norte! Isso é tão bom! – Ela começou a voar em volta dele. – O que vamos fazer agora?
– Bem, nós vamos esperar alguns dias até o globo se configurar totalmente, e observaremos os pontos.
– Enquanto isso, nós vamos contar para Jack, certo? – Ela disse, sorrindo.
– Sim, claro. – Respondeu, sem muita convicção. – Isso pode ser perigoso, Fada.
Ela bufou.
– Não tem importância. Vamos contar para ele. Agora! – Ela puxou um globo de portal do casaco dele tão rapidamente que ele não teve tempo para reagir. Jogou o globo no chão, e instantaneamente um portal se abriu, com a vista para o castelo de Arendelle. Puxou-o pela mão e, em segundos, estavam em um quarto. Numa cama perfeitamente arrumada, a humana de Jack estava sentada, olhando para o chão.
Com um baque surdo, eles colocaram os pés no chão amadeirado, o que chamou a atenção de Elsa. Ela olhou para eles com uma expressão de surpresa e espanto – Jack descrevera Norte e Fada do Dente como um velho barrigudo e um beija-flor humano, respectivamente, e falara tanto deles que Elsa passara a acreditar neles.
– Quem são vocês? – ela já sabia a resposta.
– Papai Noel. – Ele disse, ajeitando suas roupas.
– E Fada do Dente! – ela voou até a rainha e, voando em volta dela, a observou.
– Onde está Jack? – Norte perguntou, sorrindo para Elsa.
– Ele... Ele disse que tinha que levar o inverno para alguns lugares. – Eela hesitou, e levantou da cama. – O que estão fazendo aqui?
– Nós viemos falar com ele – Fada respondeu. – Levar o inverno?
Os guardiões se entreolharam. Não era a época de Jack.
– Não deveria? – Elsa perguntou com uma pontada de preocupação na voz.
– Bem, não é a época de Jack, mas... – Fada trocou olhares com o velho, e chegaram a uma decisão silenciosa. – Obrigada pelo seu tempo!
– Espere! O que está... – Elsa havia tentado interver, mas os guardiões já haviam fugido por outro portal.
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