Regis um menino no espaço escrita por Celso Innocente


Capítulo 16
Um ídolo ou um bichinho de estimação?


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo está menor, para dar um descanso a você amigo leitor.
Que tal, aproveitar que será lido mais rápido e fazer um breve comentário sobre ele?
Deixe um escritor feliz.



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Aproveitando o sono acumulado, só acordei após seis horas susterianas, bem dormidas, sem pesadelos, sonhos ou preocupações.

Assim que me levantei e fui me vestir, percebi que, apesar de dormir bastante, ainda continuava com o corpo bem cansado, de certa forma, até dolorido.

— O senhor Frene, quer falar com você! — Alegou Luecy, que continuava no quarto.

— O que ele quer comigo? — Perguntei-lhe, enquanto me vestia.

— Não sou adivinhão!

— Luecy: Já que você é uma máquina e é muito inteligente, será que você sabe o caminho da Terra?

— Não há coisa existente no Universo, que eu não saiba!

— Verdade? — fiquei contente.

— Já me viste mentir?

— Você é meu amigo?

— Tens dúvidas?

— Amigo de verdade?

— O que você está tramando? — Desconfiou ele.

— Preciso voltar pra minha casa! Você aceitaria ir comigo?

— Jamais deixarei meu mundo!

— Por favor: Me ajude a voltar!

— Você nem acabou de fazer uma peraltice, já quer fazer outra?

— Não é peraltice! Quero voltar pra casa!

— Roubar nossa espaçonave e ainda me levar junto? Acha que sou traidor?

— Se é verdade que você é meu amigo, então por obrigação, você deve me ajudar!

— Acontece que sou susteriano também!

— Apenas uma máquina! Um robô!

— Não insista menino Regis! O senhor Frene está lhe esperando!

— Acha que ele vai me bater?

— Já lhe disse que não sou adivinhão!

— Está bem! Seu amigo da onça!

— Não sou amigo de nenhuma onça! Nem a conheço!

Calei-me e saí indo direto à minha punição. Entrei na sala de computação e encontrei o senhor Frene, assistindo uma gravação de minha vida na Terra. Assim que entrei, ele desligou a máquina e me disse sério:

— Sente-se! Preciso muito falar com você!

Obedeci em silêncio. Ele deu a volta e sentou-se em sua poltrona.

— Por que você resolveu fugir de novo? — Perguntou-me ele.

— Só queria voltar pra Terra! Lá está minha vida! Lá é o meu lugar!

— Regis me diz uma coisa: Se alguém te abandonasse em São Paulo, será que você conseguiria voltar pra sua casa?

— Não sei! Acho que não!

— Pois bem: de lá até sua casa, tem aproximadamente quinhentos quilômetros e você não sabe voltar. Imagine daqui até lá, que tem mais de Oitocentos trilhões. Como você poderia saber voltar?

— Me parecia ser tão fácil!

— Não é fácil! Pensei que você fosse muito inteligente! Mas já vi que não é... Quando a gente vai fazer uma viagem interplanetária, nossos engenheiros passam dias, planejando e traçando as rotas da viagem e assim mesmo, muitas vezes, acontecem alguns imprevistos.

— O senhor vai me bater novamente?

Ele se levantou, se aproximou e me abraçou por traz, dizendo:

— Não! Nunca mais! Já lhe disse isso! Espancar não educa! Alem do mais: O que lhe aconteceu, acho que já serviu de lição.

— Pelo menos é um alívio, saber que não vou sentir mais dores! Pelo menos, não em surras!

— Espero que jamais aconteça isto. Senti muito medo e acreditava tê-lo perdido pra sempre! Sabia que você estava perdido no espaço, longe de Suster e da Terra também!

— Senhor Frene: — Insinuei me levantando. — Por que o senhor não me deixa voltar pra minha casa?

— Ora Regis: — Riu ele. — Porque você pertence a nosso mundo! Nós te amamos! Você sabe disso!

— Eu não gosto de ser bandido, ladrão, mal Educado e nem sem vergonha!

— E quem disse que aqui você vai ser isso?

— O senhor mesmo disse que sou mal educado e sem vergonha!

— Que isso garotão! Eu só estava nervoso!

— Eu não sou sem vergonha! Nem gosto que me vejam pelado e nem falo besteiras! O senhor já me viu falando bobagens?

— Não! — Riu ele. — Mas se falar alguma, não tem problema! Todo menino fala bobagens às vezes.

—Não gosto! Minha mãe é muito brava neste sentido!

— Sei disso! Conheço a varinha verde e a cinta de couro de sua mãe!

— Mas sei que estou sendo mal criado e ladrão.

— Eu te proíbo de falar assim!

— Mas é verdade! Muitas vezes, eu respondo mal aos mais velhos e o que é pior: já roubei dois discos-voadores de vocês!

— Nossos discos estão conosco! Você não roubou nada!

— Destruí um deles! O outro, só devolvi, porque não consegui achar o caminho de casa!

— Não quero que você fale mais nisso!

— Por favor, eu... Tenho muita saudade de casa!

— Prometo lhe compensar! Vamos ao parque todos os dias! Vamos conhecer Merlin, onde foi fabricado o Mark Três, a espaçonave que te trouxe... Nossos satélites, este computador... Aqui existe uma bela piscina! Você nunca a usou! Ela é pra você! Vamos conhecer Orington e tantas outras coisas.

— Acho que o senhor é igual os governantes da Terra!

— Como assim? — Riu ele.

— Pediu apoio da população, pra me buscar na Terra, todos concordaram, ou talvez nem tanto! Mas de algum jeito, ajudaram nas enormes despesas que isto proporcionou ao planeta inteiro. Divulga na tevê que sou um filho pra todos, porem, poucos me verão e menos ainda, falarão comigo. A grande maioria, só me conhecerão mesmo pela tevê.

— O que você quer insinuar? — Falou ele duvidoso.

— Que sou, ou fui um gasto desnecessário, senhor Frene! Pertenço a esta casa! Convivo apenas com o senhor e a Leandra! Um pouco com Tony e Rud e mais ninguém!

— É que a gente não teve chance ainda de planejar nada! Mas começaremos a levá-lo pra conhecer toda a população! E garanto que eles lhe darão muito amparo e carinho!

— E o que vou fazer pra ser este ídolo que Deus não tolera? Não sei fazer nada de especial!

— Você não precisa fazer nada!

— Serei como um bichinho em um zoológico? Pagarão ingresso pra me ver?

— Você às vezes realmente é bem malcriado! — Criticou-me ele.

— Sei que sou! Mas apesar de pequeno, creio que só estou falando a verdade!

— Nada do que você falou até agora procede! — Negou ele sério. — Ninguém fará de você um ídolo! Muito menos um animalzinho em zoológico!

— Sei que o senhor me acha um filho! Mas não posso retribuir! Não consigo!

— Sei que você Regis, não é meu filho! Eu te amo como tal mas sei que jamais poderei ter um.

— Sinto muito! — Insinuei realmente comovido.

— Lembre-se, aqui todos te amam e desejam passar algum tempo com você!

— Isso é praticamente impossível!

— Nada é impossível pra mim!

— Se eu passar apenas um segundo, com cada habitante de seu planeta, precisarei de mais de três bilhões de segundos de tempo!

— E daí? Você tem esse tempo!

— Tenho só nove anos de idade, senhor Frene! Acho que já fiz dez! Perdi a conta! O senhor tem cinco mil! Não abuse de minha pouca inteligência!

— Aonde você quer chegar? — Insistiu ele.

— Me leve de volta pra casa! Devolva minha felicidade!

— Já lhe disse que farei de tudo pra que você seja feliz, aqui conosco.

— Meu coração dói muito! Ele bate doído! Uma dor muito estranha, que eu não sei explicar!

— Quer que eu lhe conte mais, sobre sua vida na Terra?

— Faça de conta que o senhor é eu! Só por um pouquinho!

— Vamos falar sobre você na Terra!

Sentei-me indignado e insinuei:

— Que remédio! Já que não posso voltar, então pode até me confortar, rever o que já passou.


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Notas finais do capítulo

A foto acima é do livro que narra o outro lado desta aventura/drama que estamos acompanhando.
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