“Harry, adorei receber sua carta, esqueci de comentar isso na anterior. No meio do ano eu tive um sonho terrível. Voldemort havia voltado e você estava preso pelos braços, algo te segurava e depois você foi ferido. Também vi uma taça brilhante e feixos de luz, um clarão. Quando acordei meus braços estavam fracos, parecia que eu tinha segurado algo com força.

Depois desse dia, eu só via em meus sonhos um garoto com vestes amarelas caído no chão. Os jornais ainda não dizem nada, então imagino que esses sonhos mostrarão o final do Torneio Tribruxo. Sinto muito dizer, Harry, mas espero que você perca a competição e não se aproxime dessa taça. É perigoso. Sinto uma sensação ruim quando penso que você-sabe-quem está envolvido.

Hoje tive minha segunda visão do passado. Vi nossos pais, em uma praça, andando de mãos dadas e rindo muito. Acho que seu pai gosta de proteger minha mãe. Ela é pequenininha como eu, mas sua personalidade é bem diferente. Ela briga muito com Thiago quando ele a pirraça.

Também vi no sonho um garoto mais velho, observando de longe nossos pais. Ele é alto e forte, com cabelos loiros como os meus. Fiquei imaginando se ele não é meu pai. Infelizmente não sei se tem como descobrir isso.

Dumbledore veio me ver novamente e me disse das coisas que estão acontecendo com você, e também me trouxe um Vira-Tempo. Ele quer que eu viagem no tempo para aprender mais sobre meus poderes e talvez o Vira-Tempo me ajude a desenvolver os poderes para ter contato com o passado e o futuro das pessoas acordada. Eu vivo dando sustos em meus vizinhos, na senhora Longbotton, e minha avó, que brigam comigo sempre.

Como percebeu no endereço que te mandei, moro em um vilarejo pequeno, perto de umas colinas. As vezes fujo da minha avó com a ajuda do Vira-Tempo e passeio pelo bosque. Eu já tive sonhos enquanto estive fora de casa, e tenho sensações que nunca tive, como medo e euforia ao mesmo tempo, frio na barriga e o coração acelerado. Esses sonhos são sempre com você Harry.

Sonho que estamos nos conhecendo, em Hogwarts. Mas não sei se esses sonhos são previsões do futuro. Sobre o que aconteceu a seu amigo, sinto muito. E sinto muito por você-sabe-quem ter voltado. Eu desejei muito que ele estivesse morto para sempre. Agora preciso, mais do que nunca fortalecer meu poder para te avisar dos planos dele.

Luisa Henrickh

– Caraca. - Foi Rony que quebrou o silencio.

– Ela sabia de tudo. Dumbledore não, não poderia ser ele a interceptar essas cartas. Deve ter sido alguém mais. – Hermione disse.

– A sua tia, Harry, nunca teve nada de magia? Nem um fiozinho? – Rony perguntou.

– Não. Ela era totalmente trouxa.

–Está ficando tarde e precisamos ir, Harry. Mas faremos o seguinte. Você e Gina vão pesquisar sobre a Luisa, onde morava e tal, e Rony e eu pesquisaremos mais sobre Tempore Magicis. Poderemos nos encontrar amanha ás 7 aqui?

– Claro. Qualquer coisa avise pelo celular.

O casal aparatou, deixando Harry e Gina pensativos na sala de estar. A ruiva guardou as cartas que ainda não foram lidas, e as que já tinham sido abertas, foram guardadas em outra caixa, que havia no escritório.

– Precisamos dormir, querido. Amanha será um dia cheio no trabalho.

– Tem razão. Vamos dormir. – Mas Harry não dormiu. Ele ficou acordado a noite inteira relendo as cartas de Luisa. Imaginando como seria a vida dela, acordando cedo para meditar perto de colinas, estudando os livros que ele mesmo estudou em Hogwarts e sozinha, sem amigos por perto para ajuda-la e só podendo contar com algumas cartas para um garoto que só conheceu uma vez brevemente.

– Harry acorda. – o moreno sentiu o cheiro de café e abriu os olhos. Ele estava na poltrona do escritório, com as cartas de Luisa na mesa. – Eu sabia que você viria pra cá, mas não pensei que esqueceria de se cobrir. Estava frio ontem à noite.

– Ah Gina, eu não consigo tirar essas cartas da minha cabeça.

– E nem a Luisa né? Faz o seguinte, use sua penseira, depois quando voltarmos do trabalho, você continua pensando nisso.

– Acho melhor não. Vou me arrumar. Provavelmente terei muito trabalho pra pensar sobre ela.

Harry estava enganado. Não havia muito para ele fazer além de treinar os novos aurores e durante todo o dia ele imaginava como seria Luisa. O moreno aproveitou que não tinha muito o que fazer e foi pesquisar sobre a linhagem familiar da garota. Ele foi na sessão de registros de novos bruxos e encontrou um livro, com a linhagem da família Henrickh. Ele encontrou poucos dados, somente os nomes de Luisa, Ane Katherine sua mãe, Gwen e Arthur seus avós e Michelle e Jammie seus bisavós maternos.

Harry chegou em casa ansioso para continuar a ler as cartas, intrigado com a arvore genealógica incompleta e curioso para saber das cartas sem identificação. Assim que Rony e Hermione chegaram, eles se reuniram ao redor da mesinha de centro na sala de estar, onde a caixa de madeira estava aberta com as cartas que não foram lidas dentro.

– Hermione, você descobriu algo?- Gina perguntou.

– Não, só aquilo que tinha nos livros mesmo. E vocês?

– A Gina não teve tempo mas eu consegui pesquisar um pouco sobre a família dela, e só constam os nomes de sua mãe, seus avós e bisavós paternos.

– Normalmente a mulher que entra pra família adquire o sobrenome do marido e é “desvinculada”da sua família anterior. Um tanto machista eu diria. – Hermione disse.

– Entao como vamos saber mais sobre ela?

– Vai ser difícil, mas nos cartórios tem os registros dos nomes anteriores das pessoas. Podemos pesquisar sobre o sobrenome da família a partir do nome Henrickh. – Rony disse, se lembrando de quando se casou com Hermione e a garota não queria deixar de ter o sobrenome Granger.

– Isso. Mas agora vamos á próxima carta. Essa provavelmente deve ser do quinto ano em Hogwarts.- Harry acrescentou, abrindo o envelope.