A Filha da Magia escrita por Felipe Stark
Notas iniciais do capítulo
Uma garota se envolve numa briga, o que a faz entrar num mundo desconhecido por ela, o mundo ao qual ela pertence.
A garota caminhava lentamente pela rua de tijolos de cimento tortuosos. Um cimento mal encaixado a fez cair e machucar-se. As outras garotas da escola riram dela aos montes enquanto se afastavam dela. Julia se aproximou dela:
– Precisa de ajuda Ca? – a única amiga que a garota tinha naquela escola. Julia sempre estava por perto quando Carol precisava.
– Por favor, acho que machuquei o joelho. – disse ao levantar. Chutou um dos tijolos da rua. - Odeio esse tipo de rua. Sempre me machuco nelas.
Julia riu e disse: - Você é um desastre amiga. Vamos, vou com você até sua casa.
As duas caminharam lentamente até a casa de Carol, a quatro quadras da escola. Quatro, quatro quadras, quatro escolas, quatro anos. Em quatro anos Carol frequentou quatro escolas. Sempre arranjava alguma confusão e era expulsa. E também nunca fora boa nas matérias escolares. Agora se encontrava no Colégio Saint Mariet.
O pai era sempre muito presente, isso não se podia negar. Mas a madrasta a odiava do fundo da alma. Sempre fazia de tudo para magoar Carol e deixa-la para baixo.
Abriram a porta da casa verde e entraram.
– Bruna! – a empregada veio correndo ao encontro de Carol. Bruna era uma moça jovem e sempre protegia Carol. – Faça um lanche para nós. – a empregada se retirou com um aceno de cabeça.
As duas foram para o quarto de Carol e começaram a conversar. O ano letivo chegava ao fim e conversavam sobre o que fariam nas férias. Julia iria para o grande campo de sua família como todos os anos. Carol admitiu não saber o que faria, seu pai faria uma viagem de trabalho e não voltaria tão cedo.
– Por que você não vem comigo? Seria muito bom ter você lá este ano.
– Não sei. Vou falar com meu pai. Seria ótimo ir com você. Muito melhor do que ficar aqui com a Vanessa.
As duas riram. Bruna trouxe-lhes dois sanduíches logo depois, um de frango para Carol e um com manteiga para Julia.
– Ainda não entendo porque você não come nada Julia. Nem mesmo plantas. Não posso te chamar nem de “vegetariana”.
– Eu tenho dó de toda criatura viva Ca. Não vou matar nenhuma delas.
As duas comeram e continuaram conversando por mais algumas horas.
O pai de Carol chegou em casa ao cair da noite e Carol já começou a implorar para o pai a respeito da ida para a fazenda de Julia.
– Pai, por favor! Deixe-me ir! São só alguns meses na fazenda da Julia. Não vai ser nada de mais. Por favor!
– Tudo bem! Se isso é tão importante pra você, pode ir. – disse Lucio.
– OBRIGADA! OBRIGADA! – a garota pulou em cima do pai e deu-lhe um beijo no rosto. – TE AMO!
O pai riu devido à reação da filha e lhe deu um forte abraço.
● ● ●
Os dias no Colégio Saint Mariet continuavam iguais. Carol se sentava ao lado de Julia durante as aulas e durante as refeições. As outras garotas implicavam com ambas sempre que tinham a oportunidade.
Um dia, uma semana antes das férias, uma das garotas, Vitória, começou a irritar Julia, que nunca se defendia. Carol detestava ver a amiga sofrer, mas sabia que não podia fazer nada, então deixou acontecer. Até que Vitória empurrou Julia contra uma parede e a fez bater a cabeça.
Carol avançou contra Vitória rapidamente, agarrando-a pela cintura e prendendo-a contra a parede. Socou-a várias vezes até que ficasse sem forças. E foi então que o professor Carlos apareceu.
– O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – ele exigiu saber.
– Ela... Ela... – Vitória tentou dizer, mas não tinha ar.
– Vitória estava me irritando. E me empurrou contra a parede, o que me fez bater a cabeça. Foi por isso que a Carol entrou no meio professor. Pra me proteger. – disse Julia, se recompondo.
– Isto é verdade Vitória? – exigiu saber o professor.
Ninguém falou por um longo momento. Os olhos do professor iam de uma para a outra.
– As duas. Venham comigo! – Carol e Vitória o seguiram pelos corredores da escola até a sala da diretora. – Senhor, peguei essas duas brigando no refeitório.
A diretora levantou os olhos e viu Carol. Então disse: - Mande-as entrar.
O professor abriu a porta para que as duas passassem e fechou a porta atrás delas e foi embora.
– Alguma das duas vai se prontificar a me contar o que aconteceu? – a diretora perguntou por educação, mas todas já sabiam que tudo o que ele queria era ouvir a versão de Vitória para culpar Carol por tudo. A diretora sempre odiara Carol e fazia de tudo para prejudica-la.
– Eu estava conversando com a Julia quando ela escorregou, e então, a Carol avançou contra mim e começou a me bater. Depois disso ela disse para o professor que eu havia empurrado a Julia.
– Vejo que você aprontou outra vez Carol. Mas esta foi a última vez. Você está expulsa do Colégio Saint Mariet.
– Mas... Diretora, ELA EMPURROU A JULIA! Pode perguntar para a Julia. Ela vai confirmar o que estou dizendo.
– Não me importa o que ela tem a dizer. Quem brigou foi você. E já ouvi o suficiente. O máximo que posso fazer por você é permitir que fique até o fim do ano letivo. Nada mais.
– Isso é injusto! – gritou Carol.
A diretora dispensou Julia e se dirigiu para Carol com uma voz diferente da sua:
– Você não pode viver filha da magia. Você deve perecer.
A diretora se transformou em um monstro de rosto retorcido e com uma enorme cauda de serpente da cintura para baixo.
– O que... O que você É?
– Sou a Lâmia, filha da magia. Há séculos mato crianças, principalmente as que são como você. Você tem de morrer meio-sangue.
– Eu... Eu não entendo o que você quer dizer.
– Você não precisa entender, só precisa morrer.
A Lâmia avançou sobre Carol, que recuou. A porta se abriu e Julia irrompeu na sala, lançando para Carol um grande facão que a garota agarrou no ar e pôs a sua frente. A lâmina perfurou o tórax da Lâmia, que se fez em poeira.
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