Ele acordou sentindo- se completamente revigorado após um sono tranquilo. Não havia qualquer indício da enxaqueca que o assolara no dia anterior. Sentiu um calor invadir seu tórax e de súbito deu-se conta de que se tratava de Sara. Tinha a vaga lembrança de que ela cuidara dele em sua crise de enxaqueca, no entanto julgara que era apenas sonho, pois eles estavam brigados. Sentiu ainda mais intenso por sua esposa por ela ter cuidado dele, mesmo estando magoada com ele. Ela era altruísta.

Ela despertou logo em seguida, sentindo-se um pouco dolorida pela posição desconfortável em que dormira. Observou o dono daqueles lindos e profundos olhos azuis e percebeu aliviada que ele estava melhor. Ainda assim arriscou perguntar:

— Como você se sente?

— Novo em folha – ele respondeu animado.

Levantou-se da cama decidindo como abordaria aquele tema delicado. Não podiam mais adiar. Tinha de ser agora.

— Sara – ele chamou sua atenção.

— Sim – ela respondeu um pouco constrangida por ter passado a noite com ele na mesma cama.

— Meu amor – ele a chamou assim com um pouco de receio. Tomou coragem e expôs sua defesa em relação ao fatídico dia do beijo – Preciso que você acredite em mim quando digo que não tenho culpa naquele maldito caso do beijo. Foi aquela Bia quem me beijou e tudo sob orientação de minha mãe. Ela queria ver-nos separados – ele falou tudo de uma vez.

— Eu acredito – ela disse sinceramente. Desde aquele maldito dia ela vinha pensando sobre o assunto. E por fim chegou à conclusão de que aquela vaca ruiva era a culpada, que fora ela quem dera em cima de seu marido. Entretanto, estava tão magoada que não se permitia ver a realidade.

— Acredita? – ele perguntou ainda sem acreditar na resposta dela.

— Acredito – ela concordou – Acho que o que me fez ficar com mais raiva foi que senti ciúmes e não queria aceitar isso.

— Ciúmes? De mim? – ele perguntou mais uma vez incrédulo com um lindo sorriso nos lábios.

— Sim. Senti ciúmes de você. Não foi nada fácil ver aquela mulher sentada no seu colo e beijando-lhe a boca. Fiquei morrendo de raiva. Raiva de mim, de você e dela. Com raiva de tudo e de todos.

— Minha querida, não precisa ter ciúmes de mim – ele comentou.

— Não? Por que? – ela indagou com sincera curiosidade.

— Porque só tenho olhos para você.

Ela derreteu-se com a declaração.

— Por que não fazemos assim? Que tal a gente começar do zero?

— Combinado.

— Começando agora.

Ele cobriu a curta distância que os separava com poucos passos. Não resistiu a tentação de beijá-la. A reconciliação convidava a um brinde. E que brinde melhor que um beijo? Tomou os lábios dela sob os seus, provando novamente a doçura daqueles lábios. O beijo começou lento e suave e depois foi ganhando intensidade. Separaram os lábios, no entanto seus corações estavam completamente unidos. Culpa da paixão.

— Vou preparar o café da manhã para nós dois – ele disse levantando-se.

— Também vou – ela ofereceu-se. Porém quando se levantou, sentiu o quarto girar e se não fosse por Grissom ampará-la, ela teria caído.

— Você está bem querida? – ele perguntou preocupado, fazendo-a sentar-se na cama.

— Estou – tentou levantar-se novamente, contudo outra onda de vertigem a assaltou.

— Bem se vê! – ele comentou divertido e preocupado ao mesmo tempo fazendo-a deitar-se na cama – Descanse querida. Você com certeza se sentirá melhor depois de um repouso. Vou trazer o café para você aqui.

— Não precisa se preocupar Gil. Deve ser apenas cansaço – ela tentou argumentar.

— Não insista querida. Não quero que minha esposa fique doente, ou se não serei acusado de ser um marido relapso.

Desceu para a cozinha e preparou um delicioso café para os dois. Subiu com uma bandeja em suas mãos, na qual havia comida suficiente para umas dez pessoas. Havia café, suco, uma variedade de frutas, torradas, geleia, leite, pão integral e queijo branco, além de um pequeno vaso com uma rosa vermelha. Ela comeu um pouquinho para não decepcionar o marido. A verdade é que não tinha fome e estava um pouco enjoada.