A Razão do Rei escrita por Andy


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! ^^
Finalmente saí de férias da faculdade, nem acredito! Haha! Agora estou voltando a escrever com tudo, espero conseguir encerrar a fanfic logo, logo. De novo, peço mil desculpas pela demora! Infelizmente, meus planos de postar sempre de 15 em 15 dias não deram certo... Mas vamos ver se eu consigo não enrolar tanto com os próximos, ne?
Mais uma vez, muito obrigada a todos que continuam aqui, firme e fortes acompanhando a fanfic desde o começo! O apoio de vocês significa muito para mim!
Agradecimentos especiais à Tulipa e à Miss Bloodthirsty, que escreveram recomendações super fofas para a fanfic! Obrigada, meninas! Não tenho nem palavras para expressar o quanto fiquei feliz quando vi as recomendações de vocês! Muito, muito, MUITO obrigada mesmo! ♥
Sem mais enrolações, ao capítulo! /o/



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– A noite em que chegamos a Greenwoods depois daquilo foi a pior da minha existência. – Syndel estremeceu com a lembrança. Thranduil apertou levemente a mão dela.

– Está ficando frio. Vamos para casa. – ele disse num tom calmo, porém autoritário. A esposa começou a se levantar, e ele a ajudou.

– Mas e a história? – Legolas se levantou também, obedecendo ao pai quase que inconscientemente.

– Nós podemos terminá-la no calor do palácio.

– É melhor mesmo. – Syndel concordou. – De gélidas, já bastam as minhas lembranças...

Os três caminharam em silêncio de volta ao palácio de Oropher. Chegando lá, se dirigiram a uma das muitas salas de estar que ali havia, onde o jantar foi servido ao lado de uma lareira. Enquanto comiam, Syndel assumiu a narrativa:

– As masmorras de Greenwood não são amigáveis hoje, mas eram muito piores naqueles dias. Seu pai, Legolas, convenceu Oropher a reformá-las depois de tê-las experimentado.

– O senhor já esteve nas masmorras? Preso? – Legolas olhou para o pai, espantado, tentando imaginar aquilo.

– Estive. E por opção própria.

– Como assim?

Thranduil apenas olhou para Syndel. Ela respirou fundo:

– Depois de nos capturarem, os guardas de Oropher me amarraram, mas deixaram Thranduil livre. Afinal, ele é o príncipe deles e não estava oferecendo resistência. Ao contrário, foi ele quem nos guiou de volta ao reino, pois os guardas estavam completamente perdidos sem sua trilha. No caminho, descobrimos que haviam acontecido algumas baixas em batalhas com os homens da floresta. Mais precisamente, três elfos haviam morrido. E dez homens, pelo que tinham contado.

“Meu pai e minha mãe estavam entre os guardas que me ladeavam. Eles nem olhavam para mim. Aquilo doía mais do que minhas costelas feridas. Thranduil tinha ordenado a uns elfos médicos que fizessem os primeiros socorros, mas mesmo assim cada vez que eu pisava com meu pé esquerdo sentia uma pontada de dor percorrer todo o meu corpo.

Como você deve ter deduzido, nós levamos ainda mais tempo para voltar ao reino do que levamos para fugir dele. Estávamos andando mais devagar, principalmente, eu sabia, por minha causa. Thranduil continuava cuidando de mim como podia. Ele tentara me carregar, mas os guardas o impediram. Então ele tentou ordenar que eles me carregassem, mas eles se recusaram. Ele se enfureceu, mas isso de nada adiantou. No final, tudo o que ele pôde fazer foi reduzir o passo, sob a desculpa de estar confuso sobre que caminho tomar ou estar cansado demais para andar rápido, ou estar tentando localizar água e comida. Eu sabia perfeitamente que nada daquilo era verdade, mas os guardas não tinham escolha senão acreditar nele.

Ao fim de doze dias, finalmente, avistamos os portões de Greenwoods. Era o fim da tarde de um dia cinzento e abafado. Eu sentia uma sensação horrível, uma angústia mortificante tomava conta de mim. Olhei para o seu pai. Ele parecia tão mal quanto eu. Tinha emagrecido muito nos últimos dias e olheiras fundas tinham aparecido sob seus olhos, por causa das noites que passara ao meu lado, vigilante, sem dormir direito.

– Deixe-a comigo. – Thranduil afastou o guarda que segurava meu pulso e assumiu o lugar dele, passando o braço por minha cintura. Eu apoiei meu peso nele, com grande alívio. A dor nas costelas só tinha piorado nos dias de caminhada. – Você está pronta? – ele sussurrou para mim, e eu pude perceber que ele estava nervoso, mas tentava parecer calmo para mim.

– Estou. – menti.

– Mentirosa. – ele riu de leve, sem humor, e beijou o alto da minha cabeça. Eu vi quando alguns guardas se moveram inquietos diante disso, mas nenhum deles disse nada. – Certo. – Thranduil aumentou o tom de voz para falar com eles. – O que vocês estão esperando para entrar?

Quando eles obedeceram e os portões foram abertos, eu levei um susto que fez todo o meu ser gelar. Diante de nós, com os braços cruzados atrás das costas numa pose falsamente serena, estava ninguém mais ninguém menos que o general Guillion, ladeado por cinco guardas de cada lado.

– Finalmente, Alteza.

– Onde está o meu pai? – Thranduil estava trincando os dentes. Com raiva.

– O rei precisou deixar o reino. Ele partiu para Valfenda há alguns dias e regressa amanhã ao cair da noite. – o outro também estava visivelmente irritado, apesar da tranquilidade que afetava.

Ao meu lado, seu pai praguejou baixinho.

– Agora, se me permite, Alteza, precisamos levar a prisioneira para o lugar dela...

– O lugar dela é exatamente onde ela está. Ao meu lado. – ele se adiantou um pouco, colocando-se protetoramente à minha frente. A mão que não estava em minha cintura correu para o cabo da espada. Ele estava tenso, se preparando para a luta.

– Infelizmente, meu senhor, temos ordens diretas do rei para levá-la para as masmorras na ocasião de sua chegada.

– Ela não vai a lugar algum. – Thranduil repetiu, ameaçador.

– Alteza, seja razoável... – Guillion fez um sinal com a mão direita, e os guardas que o acompanharam levaram as mãos às espadas. – Não nos obrigue a isto.

Thranduil hesitou por um instante e correu os olhos pelos guardas que nos ameaçavam, perfeitamente ciente de que estávamos cercados e, agora, provavelmente presos dentro dos limites do palácio. Havia pouca chance de escaparmos, considerando nosso estado físico. Então, lentamente, ele tirou a mão da espada e me abraçou.

– Se é assim, tudo bem. Mas eu vou com ela.

Houve um breve murmúrio de surpresa e indignação.

– Perdão?

– Se Syndel vai para as masmorras, então também eu vou para lá. E maldito seja o reino que joga seu próprio príncipe ao calabouço! – ele olhou ao redor furiosamente, e eu posso jurar que a terra tremeu um pouco sob nossos pés.

– Você ousa amaldiçoar seu próprio reino...?! – o general finalmente perdeu a compostura.

– Agora mesmo, general, eu sinto nojo de Greenwoods. – Thranduil o encarou por um instante, e depois se virou para mim e me tomou nos braços, surpreendendo a todos, principalmente a mim mesma. – Vamos logo com isso. – ele começou a andar na direção das escadas que desciam para as masmorras.

– Thranduil...! – Guillion tentou pará-lo.

Ele parou apenas por um instante e se voltou brevemente:

– “Vossa Alteza”. Não se esqueça. – e não disse mais nada. O general não nos seguiu.

Eu nunca tinha estado lá pessoalmente, mas pude pressentir quando estávamos nos aproximando das masmorras. A luz quente e aconchegante que vinha não sei de onde e iluminava todo o palácio desapareceu. Em seu lugar, caíram sobre nós trevas espessas, iluminadas apenas ocasionalmente por velas que pareciam não ser capazes de lutar contra elas. A temperatura caiu drasticamente, e eu me aconcheguei a seu pai quase inconscientemente. Os guardas que nos seguiam pareciam quase relutantes em descer lá, mas Thranduil seguia impassivelmente.

A descida pareceu durar uma eternidade, até que Thraduil parou de repente. Eu mantinha os olhos bem abertos, mas não podia ver nada. Ficamos imóveis por muito tempo, sem ver luz alguma ou sinal nenhum de que havia alguém conosco. Se passou tanto tempo, que por fim a única coisa que me convencia de que seu pai ainda estava lá eram as batidas de seu coração, que eu sentia contra a mão que tinha colocado sobre seu peito.

De repente, o barulho alto de uma tranca se abrindo me sobressaltou. Tinha vindo de trás de mim, de muito perto. Thranduil me colocou no chão com delicadeza e me abraçou forte. Minhas costelas doeram, mas eu não me importei. Ouvi outra tranca se soltando em algum lugar perto, à direita.

– Ouça, Syndel... – a voz de Thraduil me assustou. Ele parecia estar chorando, e havia tanta dor nela que eu me preocupei se ele não estava ferido. – As celas só têm espaço para um de nós. Eu não vou poder ficar com você... – eu não podia vê-lo, mas senti quando ele se abaixou e nossos narizes se tocaram. – Mas eu vou estar aqui ao lado, está bem? Eu não vou a lugar nenhum. E eles não vão te levar sem que eu saiba. – ele engoliu em seco, e eu senti uma lágrima tocando meu nariz. Não sei se era eu ou ele quem chorava. – Eu te prometo, meu amor. – ele riu de leve, nervoso. – Eu mando neste lugar... – ele sussurrou. – Como na floresta. Eu tenho exatamente o mesmo tipo de poder aqui. – eu entendi o que ele estava querendo dizer; de alguma forma, ele era capaz de burlar a segurança da masmorra também. Ele era um protegido ali. Ou era o que queria que eu pensasse. Eu nunca soube...

Syndel interrompeu a narrativa e ela e Legolas olharam para Thranduil. Ele simplesmente balançou a cabeça negativamente:

– Eu estava apavorado. Mas precisava que você acreditasse que havia esperança. Você precisava ser forte, se não... – Legolas viu a dor no fundo dos olhos do pai. As memórias lhe doíam, estava claro.

De súbito, Thranduil se levantou de onde estava e abraçou Syndel. Ela retribuiu o abraço, e ele a apertou contra o peito. O filho ficou apenas observando, enquanto a mãe acariciava os cabelos do pai, tentando acalmá-lo. Legolas sentiu medo só de imaginar o que aquele “se não” queria dizer.

Demorou algum tempo até que Thranduil soltasse Syndel, e quando o fez, puxou sua cadeira para mais perto da dela e ficou ali. A esposa deitou a cabeça em seu ombro, e ele passou um braço em volta dela, beijando o alto de sua cabeça. Legolas ficou olhando para sua comida, remexendo nela, sem fome. A mãe tomou um gole de vinho, e depois chamou a atenção de volta para si:

– Seu pai me prometeu que estaria tudo bem, e eu acreditei nele. Mesmo depois que ele me assustou com aquele pedido.

“– Eu prometo, vai ficar tudo bem. Ninguém vai fazer nada com você. Mas eu preciso que você me prometa uma coisa, Syndel... – ele se calou. Os minutos se passaram, e eu comecei a duvidar se ele ainda estava ali.

– Sim? – minha voz quase não saiu. Eu ouvi quando ele suspirou, um suspiro doído.

– Você precisa ser forte. – senti quando ele passou a mão no meu cabelo, depois a colocou no meu rosto, onde ele ficou fazendo carinho com o polegar. – Sabe aquela elfa teimosa que me odiava com todas as forças e que me fez perceber o quanto eu era idiota? – ele riu de leve, e eu sorri, mesmo que as lágrimas não parassem de escorrer. – Eu preciso que você seja aquela elfa enquanto estivesse nessa cela. Lute! Você é forte, Syndel, muito mais forte que eu. Me prometa que você não vai desistir... Prometa. – ele começou a mexer o rosto, roçando de leve o nariz no meu. – Por favor.

– Você está me assustando... – choraminguei. Os guardas estavam muito quietos, mas de repente eu podia sentir a presença deles com muita clareza. Estavam se aproximando para nos separar.

– Desculpe... Mas eu preciso ouvir de você agora... Por favor, Syndel. – ele fungou de leve, desistindo de se fazer de forte, e eu pude sentir as lágrimas dele contra o meu rosto. – Eu não... Eu não vou conseguir te ouvir, uma vez que estivermos presos. Por isso, por favor... Por favor, Syndel... – perceber que ele estava chorando me desesperou, e eu senti alguma coisa queimando dentro de mim. Raiva. Eu o abracei com força, ignorando completamente a dor que sentia.

– Eu prometo. – fiquei surpresa com a firmeza de minha própria voz. – Eu prometo, Thranduil. Por Eru*. Eu prometo, eu serei forte! – comecei a acariciar o cabelo dele, tentando acalmá-lo como eu podia.

– Eu te amo tanto! – o corpo dele se sacudiu com outro soluço. – Obrigado!

Nessa hora, eu senti quando um guarda pôs as mãos em minha cintura e começou a me puxar, tentando me afastar de Thranduil. Eu me agarrei a ele, que também me segurou com mais força. Então ele me beijou apaixonadamente e eu retribuí. Nossas lágrimas se misturavam, e outro guarda se juntou ao que estava me puxando. Eu não conseguiria resistir por muito mais tempo. Nossos lábios se separaram, e o abraço de Thranduil começou a se afrouxar.

– Thranduil...

– Eu te amo, Syndel! Mais do que a minha vida! Por favor, lembre-se disso. – ele soava desesperado. Senti quando ele segurou minha mão e entrelaçou os dedos aos meus com força. Eu queria tanto poder vê-lo...

– Thranduil, não...!

– Seja forte, por favor. Por favor, por favor...

– Thranduil...! – meus dedos começaram a escorregar. Os guardas não falavam nada, mas estavam me puxando com cada vez mais força. – Não! – gritei.

– Por favor, meu amor. Isto tudo acabará amanhã, tudo bem? Assim que Oropher chegar, ele vai nos tirar daqui. E eu vou resolver tudo com ele. Vai ficar tudo bem... – nossos dedos estavam quase se soltando. Ele tentou segurar com mais força. – Eu te amo!

E então ele desapareceu.

– THRANDUIL!!!!!

Senti um baque forte quando minhas costas bateram contra a parede da cela em que os guardas me jogaram e soltei um grito de dor. Acho que ouvi um deles dizendo “Perdoe-nos”, mas não tenho certeza. Não ouvi quando fecharam a porta. Meu choro só se intensificava. Um tempo depois, não faço ideia de quanto, percebi que estava gritando. Não sei por quanto tempo gritei. E nem por que gritava. E nem o que gritava. Eu era puro desespero.

E então começou. Foi como se cada ferida que eu tinha começasse a queimar. A dor em minhas costelas voltou com toda a força e começou a se intensificar cada vez mais. Até que todo o meu corpo ardia. Eu não conseguia pensar, nem sentir meu corpo. Tudo o que eu sentia era dor. Eu era a dor.

Não sei por quanto tempo fiquei me contorcendo ali, sozinha naquele espaço apertado e escuro, sem conseguir nem gritar mais.

Syndel estremeceu e arfou, parando de falar. Thranduil a abraçou com mais força.

– Você nunca tinha falado disso para mim antes... – a voz dele denunciava o quanto aquilo o torturava.

– Eu nunca quis... Eu não queria te machucar assim.

– Me perdoe, meu amor... – ele sussurrou, parecendo prestes a chorar.

– Não há o que perdoar. Não foi sua culpa. – ela beijou o peito dele. – Eles torturaram você também. – ela ergueu os olhos para o rosto do marido.

– Eu podia ouvir seus gritos.

– O quê?

– Essa foi a minha tortura... – ele a apertou contra o peito. – Você gritou a noite inteira, ou as masmorras assim fizeram parecer. Eu senti tanto medo...

Legolas apenas observava incapaz de falar. Ele estava se arrependendo de ter pedido para os pais contarem aquela história, vendo o quanto aquilo lhes fazia mal. Ele podia sentir a dor deles. Em seu peito, começava a queimar uma raiva enorme contra o avô. Como Oropher pôde fazer aquilo?

– Só existem duas coisas que podem matar um elfo, Legolas. – Syndel não saiu dos braços do marido, apenas voltou a cabeça para o filho. Lágrimas brilhavam em seus olhos e a luz as fazia parecerem prateadas. Legolas teve vontade de ir lá e abraçá-la também, mas não conseguia se mover, como se algo o impedisse. Não sabia o quê. – O assassinato... Ou a dor profunda.

– Mamãe...

– O que as masmorras de Oropher faziam era imperdoável. – Legolas pôde ouvir o rancor na voz do pai. – Elas eram repletas de magia que torturava os aprisionados. Não entendo o que Oropher estava pensando ao criá-las. Mas o pior não era a fase da dor. Era o que vinha a seguir. – Thranduil lançou um olhar cheio de ódio na direção da sala do trono. Era evidente que ele nunca havia perdoado o pai.

– O qu...? – Legolas começou a fazer a pergunta, mas não teve coragem de conclui-la. Tinha a sensação de que não queria saber.

– Depois daquilo... – Syndel suspirou, deixando escapar um soluço. Estava chorando. – Depois daquilo a dor cessou. E veio em seu lugar algo muito pior... A dor física pode ser suportada. Depois de um tempo, você se acostuma a ela, ela deixa de ter significado. Mas depois disso, veio a tortura mental. Eu não sei explicar, não sei como eles faziam aquilo... Mas de repente, eu me senti como se... Como se nada de bom existisse no mundo. Como se eu nunca houvesse sido feliz, como se a felicidade não existisse. Como se... Como se... – ela enterrou o rosto no peito do marido, soluçando forte.

– Como se não valesse a pena viver. – Thranduil concluiu, acariciando os cabelos da esposa. – É isso o que as masmorras de Greenwood objetivavam. Fazer com que o ser ali aprisionado tivesse vontade de desistir de sua vida. Fazer com que ele desejasse a morte. – ele olhou para o filho. – Muitos foram os que, saindo de lá, imploraram pela morte. Anões... Homens... – ele fez uma pausa, respirando fundo. – Mas para elfos, é diferente. Você sabe, Legolas. Quando um elfo perde a vontade de viver...

– Ele morre. – a voz de Legolas mal saiu, tamanho era o horror daquilo que estava descobrindo.

– Sim. Muitos foram os elfos que, entrando lá, foram direto para os salões de Mandos**.

– Mas... Isso é...! – Legolas tinha dificuldades em encontrar as palavras. Um ódio enorme começava a arder dentro dele. – Isso faz com que Oropher não seja nem um pouco melhor que Fëanor***! Isso não é nem um pouco diferente do Fratricídio de Alqualondë***!

– Não fale dessas coisas. – Thranduil olhou para Legolas e o filho pôde ler no rosto dele o mesmo ódio que ele próprio sentia por Oropher naquele momento. – Eu tive tanto medo de perder Syndel naquela noite... Eu nunca senti tanto medo em minha vida. – ele continuava acariciando os cabelos da esposa.

– Pensar em você foi o que me manteve viva. – ela falou baixinho, e sua voz soava alquebrada por causa do choro. – Nos momentos de maior desespero, quando eu estava prestes a desistir... Eu me lembrava de você dizendo “eu te amo”. Foi o que me fez continuar querendo viver. – ela passou os braços em volta do pescoço dele e o abraçou com força. Ele retribuiu.

– Eu te amo tanto...

Legolas voltou a cabeça para o lado e sorriu na direção da sala do trono. Um sorriso de desafio, como se dissesse para o avô “Está vendo? Você não conseguiu destruir isto!”.

– Eu não me lembro de como saí daquela cela. – Syndel prosseguiu, depois de algum tempo. – Em meio à tortura, tudo o que me lembro era de pensar em Thranduil, em seu rosto, em suas palavras... E depois do que pareceu uma eternidade, senti o calor do sol tocando o meu rosto e ouvi uma voz diferente me chamando ao longe... Era Alassëa, a guarda.


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Notas finais do capítulo

* Para quem não sabe, “Eru” é “Ilúvatar”, o “pai de todos”. É o ser a partir de cujo pensamento o universo foi criado. As lendas dos elfos que falam sobre ele são narradas em “O Silmarillion”, que eu estou lendo agora.

** Preparem-se para muitas referências a’“O Silmarillion”, agora que eu estou lendo! Hahaha! Bom, explicando... Elfos são criaturas imortais, mas podem sofrer mortes aparentes quando são assassinados ou passam por uma dor/tristeza muito profunda. Quando isso ocorre, suas almas vão para os salões de Mandos, o juiz dos valar, de onde eles podem depois retornar. É a isso que Thranduil se refere.

** O Fratricídio de Alqualondë é narrado em “O Silmarillion”. Foi um evento que aconteceu durante a primeira era do mundo, quando os elfos noldor liderados por Fëanor assassinaram vários elfos teleri para roubar as embarcações deles a fim de chegar à Terra-Média, saindo de Aman.