[Reita POV]

Peguei tudo que me pertencia e joguei tudo dentro de uma sacola, arrumei a cama, com certa pressa, saí do quarto. Me deparando com o doutor, que estava indo até o quarto, provavelmente para me avisar que hoje seria o dia que receberia alta.

- B-Bom dia, Suzuki-san! – Diz pegando alguns papéis que havia caído, por causa do “trombo”. – Vejo que está com pressa em sair do hospital... – Sorrindo como sempre. Era incrível como aquele cara conseguia se expressar com um único sorriso estampado na cara.

- Hai... Quero poder sair daqui o mais rápido possível! – Ele deu uma leve risada com meu comentário. – Calma... Parece até que esteve num hospício... – Eu diria que era mais ou menos isso, mais talvez um pouco exagerado.

Ergueu um papel na minha direção. – Aqui está! Agora... Já pode ir... – Peguei o papel e agradeci formalmente. Apesar de não gostar de estar em um hospital, ele havia sido muito gentil tendo que cuidar de mim. Me despedi rapidamente, me pedindo para que fosse o visitar de vez em quando, acenei positivo com a cabeça, e apenas me retribuiu com outro sorriso.

Finalmente iria sair daquele lugar, depois de estar “preso” por uma semana inteira. Irei ter que ficar ouvindo do Kai e o empresário. Por essa semana, tiveram que cancelar os ensaios.

Chegando ao meu apartamento, abri a porta e me deparei com uma certa bagunça... Eu não era a pessoa mais organizada, comparando com os outros, mais também não era tão desorganizado assim. Mas esqueci também que fiquei uma semana sem arrumar aquele lugar. É incrível como apenas em alguns dias, pudesse acumular tanto pó e sujeira.

Como estivera a semana inteira fora, não tive como colocar a limpeza em dia. Precisava urgentemente contratar uma empregada para limpar toda aquela bagunça. Mas como não estava com o mínimo de paciência o bastante para isso, decidi então, limpa-lo por conta própria.

Levei algumas horas até conseguir limpar, pelo menos, metade do apartamento. Enquanto eu passava o aspirador na sala, ouvi a campainha tocar. Larguei o aspirador, e fui abrir a porta.

- Ruki, o que...? – Fui bruscamente interrompido por Ruki, que havia puxado meu braço, o colocando pra fora do apartamento.

- Venha! Kai está nos esperando... – Totalmente confuso, apenas obedeci, sem perguntar nada.

Estando em frente ao seu carro, me pediu para que eu entrasse... Parecia estar com pressa. Fiquei imaginando o que seria... Durante a viagem, não resisti e perguntei o que estava acontecendo. Ele riu, vendo o quanto estava curioso. Então me explicou que, havia recebido um telefonema de Kai. Dizendo para irmos ao encontro dele.

Pouco instantes depois, estávamos em frente ao prédio da empresa. Local onde ensaiamos... Ao entrarmos no estúdio, todos os outros estavam lá, provavelmente nos esperando para conversar alguma coisa importante.

- Bem... Me desculpe por interromper o que estavam fazendo para virem até aqui!

- Sem problemas... Aconteceu alguma coisa? – Pergunta Ruki.

- Etto... Tenho uma novidade para vocês! – Diz Kai, sorrindo.

- Uma novidade? – Aoi e Uruha em uníssono.

- Hai! Como não teremos nenhum show, até mês que vem... Falei com nosso empresário e ele nos autorizou tirar umas “férias” por alguns dias...

- E pra onde vamos?

- Foi um dos motivos por ter chamado vocês... Precisamos escolher um lugar pra passar nossas “férias”...

- Hum... Alguém tem alguma idéia? – Ficamos nos entreolhando, esperando alguma manifestação.

- Ahh... E se formos para Kyoto? Dizem que lá tem vários onsens... – Diz Uruha animado.

- Mas... É em outra cidade... Não tem problema? – Pergunta Reita, olhando para Kai.

- Ele havia me dito que não... Desde que, não chamemos muita atenção! – Responde contente. Todos pareciam estar muito animados, mas não poderia falar o mesmo de mim. E por fim, decidimos então, ir para a cidade de Kyoto.

Todos já haviam se retirado, deixando eu e Ruki sozinhos no estúdio. Meu coração inconscientemente havia ficado mais acelerado, só de perceber que estávamos ali, sozinhos...

- Reita... Posso te pedir uma coisa? – O vi fixar seus olhos aos meus, parecia estar com uma expressão extremamente séria e ao mesmo tempo melancólica. Nunca o havia visto assim... Isso com certeza havia me deixado preocupado.

- Claro... – Respondi, e ele abaixou a cabeça, escondendo sua face.

- Promete... Que vai sempre ficar ao meu lado? – Foi quando como se uma faca furasse meu peito. Senti uma profunda dor, ao ouvir a pergunta que Ruki havia feito. E só agora... Consegui percebe o que eu realmente sentia, só agora havia ficado claro. Eu o amava. Suas palavras, por um instante, me fizeram sentir medo de perdê-lo, como se ele fosse a coisa mais preciosa que eu tinha. E de fato, era. Naquele momento, tive medo de perdê-lo e nunca mais poder tê-lo de volta.

- Ruki... – Segurei-o pelo braço, sem muita força, e o puxei até mim. – Prometo... Que sempre estarei aqui com você.

Ficamos algum tempo assim, naquele abraço aconchegante, desejando que aquele momento nunca acabasse. Mas quando me dei conta, já havia o soltado e eu fitava seu olhar que agora tinha uma expressão vazia e ao mesmo tempo esperançosa.

- Rei-chan... – Congelei ao ouvir o apelido carinhoso que não ouvia por anos, senti vários calafrios, e continuei permanecido ali, imóvel. – ...Tá tudo bem? – Ouvi sua doce voz, porém num tom de preocupação, me fazendo sair do transe.

- H-Hai... – Ele me olhou com um olhar triste, o que me fez ficar descontente. Mas logo sorriu, com seu sorriso costumeiro. Amava quando sorria assim pra mim... Só pra mim. Talvez seja um dos motivos de eu o amar tanto. Aquele seu jeito meigo e alegre de ser, que o dava um ar de inocência, o que simplesmente me encantava.

Logo fomos embora, como não estava com meu carro, ele me ofereceu carona, o que não precisei pensar duas vezes, antes de aceitar. Durante o caminho, conversamos animados. Tudo ocorreu normal, como de costume.

Chegando em frente ao prédio, desci do carro, me despedindo de Ruki. O convidei para entrar, mas este recusou dizendo que já estava tarde e que era melhor voltar para casa. Apenas concordei, não queria dar mais trabalho. Acenei discretamente, vendo-o se distanciando aos poucos. Dando um longo suspiro de cansaço, voltei ao meu apartamento.

Abri a porta, e a fechei com certa força... Encostei minhas costas na face da porta, caindo aos poucos, até me encontrar sentado sobre o chão... Senti uma pontada no coração, me fazendo gemer levemente por causa da dor...

Dor..
Saudade...
Solidão...

Porque sofro tanto por ele? Meu coração dói só de não tê-lo aqui comigo. Sinto-me sozinho... Só por não ter a presença daquele pequeno ser, que me tanto é querido. Sinto carência de seus toques, a falta de sentir seu cheiro, de ouvir sua voz doce e calma... Tudo nele me fazia falta.

Me levantei, com certa dificuldade. Apoiei vagarosamente no sofá, deitando aos poucos, e permanecendo com a mão pressionada sobre peito. Não imaginava que apenas sentindo saudades dele, fosse sofrer tanto. Mas agora, isso já não me é mais importante. Pois eu havia decidido, que guardaria o sentimento que sinto por ele, dentro de mim. Mesmo que eu tenha que sofrer com as conseqüências dessa minha decisão.

Terei pelo menos, sua mais sincera amizade, a mesma que construímos durante anos e que ainda prevalece. Quero apenas sua felicidade, e acredito que eu não seja uma pessoa capaz de dar isso. Pois ele merece muito mais, do que posso oferecer. Farei tudo que estiver ao meu alcance, tudo para poder vê-lo sempre sorrindo... Mesmo que esse sorriso não seja para mim. E só sofro tanto... Porque eu o amo mais que tudo.

...Continua.!~