Aiden

Carregar Della não era difícil, mais difícil era ter de a deixar ir.

Sentia-me um idiota pela maneira como a tratei. Ela não quis comer e eu obriguei-a o que provocou os vómitos.

Sou um merdas.

Deitei-a na minha cama querendo-a ao pé de mim quando ela acordasse. Tinha tantas desculpas para lhe dar.

Ver a forma como o idiota do Idfel lhe tocava tão livremente e a beijou no final fez-me pensar que não dá mais. Della tinha de ser minha. Ou eu ia esmurrar aquele filho da mãe até morrer.

Eu é que deveria estar lá fazendo-a rir, beijando cada parte do seu rosto, casa Centímetro da sua suave pele não ele.

Aquele puto tem tanta sorte e ele não sabe disso.

Eu nunca a iria deixar só mesmo que tivesse aula. Ela não sairia da minha vista um segundo que fosse.

Della devia ser minha não dele!

PORRA!

Della é minha não dele!

Ouvi-lo dizer que ela era a menina dele foi um murro em cheio no meu coração. Della é apenas de uma pessoa.

EU!

Maldito canalha.

Suspirei e tapei-a com o meu cobertor.

Provavelmente ia dormir até tarde.

Um telemóvel tocou e olhei para o bolso das calças dela.

Tirei-lho devagar tentando não tocar na pele dela. Se o fizesse era a minha ruina.

Vejam só.

Filho da mãe.

Qual preferes, linda? Rosas ou tulipas?

Ri olhando para ver se não a acordei.

Aquele idiota nem sabe o tipo de flores que ela gosta.

Ele não sabe nada dela.

Enviei rapidamente a resposta errada e deitei-me de costas sorrindo para o tecto.

O que é que ele sabe afinal?

Apenas eu a conheço por inteiro ninguém mais.

Ninguém.

Ok. Até amanhã, princesa. Amo-te.J

Amas o que é que tu amas.

Como podes amá-la se não a conheces?

Miúdos de um raio.

Apenas eu a amo.

Ninguém mais.

Opa!

Amo?

Eu amo-a?

FODA-SE, MERDA!

Claro que amo.

Amei-a por anos.

Ela é tudo para mim. Tudo.

A única miúda que amei e sempre amarei.

Deitei-me de lado e olhei para o seu rosto sereno.

Ela ai saber o quanto era amada. O quanto eu a amava.

Sorri e beijei-a de leve nos lábios.

Eu ia possuir cada parte do seu belo corpo.

horas mais tarde

–Aiden? Aiden? AIDEN!?

–Porra!

Olhei para Mylla e xinguei.

–Estás louca?

–Tu não me ouvias e estou farta de te chamar. Que fazes?

Ela empoleirou-se na minha cadeira tentando ver o que fazia no meu pc.

–Coisas.

–Deixas ver.

–Pára de ser coscuvilheira. Não tens mais nada para fazer?

–Tenho de encontrar uma prenda para Della. Alguma ideia?

Revirei os olhos.

–Tenho, mas eu vou ficar com ela. Encontrar algo. Tu és amiga dela.

–Sim, mas estou sem ideias.

Dei de ombros e empurrei-a para longe.

–Temos pena. Agora desanda.

–Que fazes?

–Nada que te interesse.

–Andas a tramar alguma.

–E se andar? Não tens nada com isso.

Ela olhou para mim analisando-me.

–É para Della.

Não era uma pergunta logo não respondi.

–Vaza!

Ela suspirou e saiu da sala.

–MÃE, AIDEN ESTÁ A TRAMAR ALGUMA!

Revirei os olhos e voltei-me para o computador.

Se tudo saísse como planeado, Della ficaria mais feliz que nunca.

Minhas prendas estavam feitas e prontas.

Desliguei-o e foi para a cozinha.

–Que andas a fazer Aiden?

–Nada mãe. Mylla exagera.

–Eu nunca exagero! Tu é que andas sempre de segredinhos.

Deitou-me a língua de fora e sorri.

–Vê se cresses.

–Mãe!

–Parai, Della está dormindo.

–Porque ela não está no meu quarto, mas está no teu quarto.

–Porque eu quero assim. Posso sempre dormir no sofá. Ela estará melhor na minha cama.

–Sei- Disse devagar.

Revirei os olhos e mandei-lhe com um pedaço de pão.

–Pára de pensar, não serves para isso.

–Idiota! Acabei de lavar o cabelo.

Dei de ombros e escondi-me atrás de minha mãe.

–Quem te manda lavar o cabelo três vezes por dia.

–Que exagero! Apenas lavo 2.

Ri com minha mãe e ela revirou os olhos.

– O quê? Meu cabelo é difícil.

–Assim como a dona.

Minha mãe olhou para mim repreendendo-me mas sorrindo.

–Idiota- Resmungou Mylla- Mãe, eu e Della temos tudo planeado para amanhã. Comeremos no shopping e vimos por volta das 15.

–Tudo bem. Mas tenham cuidado.

–Claro.

–Porque vindes tão tarde?- Perguntei trincando uma maça.

–Temos de encontrar o vestido ideal para a Della, fazer cabelo, manicura, pédicure e outras coisas que tu não irias perceber.

–Onde ides?

–O baile. Ele é amanhã.

–À.

Tinha de falar com Della antes do baile. O pior era encontra-la sozinha.

–Olá.- Disse meu pai entrando.

–Hey.- Disse Mylla.

Acenei com a cabeça trincando de novo a maça.

–Olá amor.- Disse minha mãe recebendo um beijo.

–Della também não veio hoje?

–Está a dormir no quarto de Aiden. Sentiu-se mal na escola- Informou minha mãe.

–O que aconteceu?- Perguntou assustado.

–Algo lhe fez mal ao estomago.- Disse aliviada.

Aliviada?

Sim, era isso.

Meu pai assentiu e sorriu.

–Ainda bem que era apenas isso.

–O que devia ter sido?- Perguntei.

Meu pai olhou para minha mãe e depois para mim.

–Nada de mais. Nunca se sabe as doenças que andam por ai.

–Hmm.

Algo estava mal.

Eles não contavam tudo mas eu ia descobrir.

Della

Se eu não parasse agora ia matar Mylla.

Não aguentava os meus pés.

–Mylla- Gemi sentando-me numa poltrona de uma loja.

–Olha, Della! Aquele é perfeito.

–Mylla eu ficava com o primeiro que vimos.

Ela olhou para mim chocada.

–Aquele? Era horrível. Tu mereces algo deslumbrante. Vou buscar aquele.

Ela desapareceu por entre as fileiras de vestidos e eu suspirei.

–Precisa de ajuda?

Olhei para uma mulher idosa e fechei a boca.

–Hmm, não eu… não. Obrigado.

Ela sorriu docemente e olhou em volta.

–Precisando de um vestido?

Suspirei e olhei para o cabelo negro de Mylla esvoaçando por todo o lado.

–Sim. Vou ter um baile hoje e minha amiga quer que seja mágico.

Ela sentou-se na poltrona ao meu lado e pegou-me nas mãos.

–Não é o que toda a menina quer?

–Sim. Tem razão. Mas Mylla é mais doida por roupa do que eu.

–Ainda não encontrastes o vestido certo?

–Ela já eu é que não.

Ela sorriu e levantou um dedo.

–Tenho algo que poderá servir. Venho já.

Ela saiu para uma porta e fiquei a olhar ela se afastar.

–Della! Que tal este?

Ela mostrou-me um vestido preto com flores brancas. Era bonito mas não o meu tipo.

–Não.

Ela olhou para o vestido e frangiu a testa.

–Tens razão. Vou ver outro.

Saiu de volta e ri um pouco.

Mylla, Mylla.

–Hora aqui está.

A mulher voltou e pôs uma caixa prateada nas minhas mãos.

Olhei para ela que sorriu docemente.

–Espero que gostes.

E saiu.

Sem mais nem menos.

Tirei a tampa da caixa e olhei de boca aberta para o vestido.

Era feito num tecido suave amarelo. As alças eram delicadas com franjas cinzentas.

Tirei o vestido da caixa e levantei-me.

Na cintura havia uma pequena linha cinzenta da mesma cor das franjas e o vestido caia livremente para baixo.

Era perfeito.

–Della, eu acho que este…

Mylla calou-se e olhei para ela.

Olhava para o vestido de boca aberta.

–É lindo. Onde o encontras-te?

–Foi uma mulher que me o trouxe.

Ela deitou o vestido roxo para o lado e tocou de leve no tecido do vestido.

–É perfeito.

E eu não podia concordar mais.

Horas mais tarde

–Meninas, precisais de ajuda?

–Não.- Disse Mylla rodopiando com o vestido.

–Sim- Disse olhando aflita para Ana.

Ela riu e ajudou-me a calçar os sapatos cinza de salto alto.

–Prontinho.

Deu-me as mãos e ajudou-me a levantar.

O vestido caiu livremente.

Ana sorriu e acariciou-me a cara.

–Estás linda, Della. Vês?

Virou-me para o espelho de Mylla e segurou-me nos ombros.

Mylla tinha prendido o meu cabelo deixando cair fios encaracolados á volta do meu rosto. Uma leve sombra dourada preenchia os meus olhos com o contorno de lápis preto e um leve tom de branco nos meus lábios.

Ela tinha feito um bom trabalho.

–Estais lindas.- Disse puxando Mylla para o meu lado.

Sorri para Mylla através do espelho e ela retribuiu.

Ela tinha razão. Ia ser uma noite mágica.

Mylla tinha deixado cair o cabelo liso e prendeu uma flor branca do lado esquerdo. O vestido azul ficava-lhe muito bem reflectindo o brilhante dos seus olhos azuis.

–VAMOS!- Chamou Gabe lá de baixo.

O meu telemóvel tocou.

Sorri mas deixei de o fazer quando li a mensagem.

Desculpa, princesa. Vou-me atrasar. Meus pais ainda não chegaram e fiquei com meu primo. Vou ter de esperar que eles cheguem. Consegues bolei-a para o baile?

–Dell, o que se passa?

Mylla olhou para o telemóvel.

–Podes vir comigo e com Alex. Ainda não sei como ele me vem buscar mas podes vir connosco.

Dei um pequeno sorriso.

–Obrigado, My.

–Ela vai aparecer, Dell. Se não viesse ele é que perderia. Olha só para ti.

Ri e abracei-a.

–Obrigado, My.

–Vamos, meninas. Tendes uma noite inesquecível por vir.

Cada uma de nós entrelaçou o braço com o de Ana e descemos.

–Vejam só. Estais lindas.- Disse Gabe sorrindo.

–Obrigado, pai.

Beijei-o na cara e sorri.

–Obrigado, Gabe.

–Sempre, garota. Teu pai ia amar-te ver assim.

–Eu tal fotografias? Juntinhas. Juntinhas.- Disse Ana animada.

Eu e Mylla rimos e abraçamo-nos.

O flache aconteceu e separámo-nos.

–Minha vez.- Sussurrou uma voz na minha orelha.

Arrepiei-me e meu coração saltou.

–Ok. Aiden, no meio delas.- Comandou Ana.

Ele rodeou minha cintura com um braço e fez o mesmo a Mylla. Não queria, mas olhei para ele.

E meu sangue ferveu quando vi que ele me olhava. A intensidade nos olhos dele fez a sala toda desaparecer e apenas nós dois ficar.

Os olhos negros dele olhavam-me tão brilhantes que me fez lembrar do quanto os amava.

Quem quero eu enganar?

O flache acordou e olhei para o chão.

Meu rosto estava tão quente.

–Muito bem. Ficou linda.

–Está na hora do baile!-Disse Mylla animada e eu afastei-me do braço quente de Aiden.

–A que horas, Alex disse que te vinha buscar?- Perguntou meu pai.

–Ele não disse.

–Eu fiquei de vos levar- Informou Aiden.

–O quê?! Alex disse que ia preparar algo especial- Disse Mylla amuada.

–Ainda não viste onde vos vou levar- Aiden sorriu misteriosamente e saiu para o lado de fora.

Olhei para Mylla com a testa frangida e seguimos Aiden.

–Uau!- Dissemos juntas.

Uma enorme limusina branca estava estacionada á nossa frente.

–Como não a vimos?- Perguntei a Mylla.

–Sei ser discreto e vocês fazeis imenso barulho com o secador- Disse Aiden olhando para mim.

Desviei o olhar de novo e ia a abrir a porta.

A mão de Aiden tocou no meu pulso e congelei.

–Esse é o meu trabalho- Disse rouco.

Engoli dolorosamente e afastei-me para que ele abrisse a porta.

Olhei para ele antes de entrar e sentei-me dando espaço para Mylla.

–Adoro isto. Alex teve uma excelente ideia.- Disse Mylla sorrindo como uma boba.

Vi Aiden revirar os olhos pelo retrovisor e dei um pequeno sorriso.

–Vamos a isto- Murmurou arrancando com o carro.

Pelos vidros escuros da limusina pode ver o ginásio e as luzes do lado de dentro.

–Mylla.

Ela olhou comigo e sorriu.

–Uau. Fizeram um óptimo trabalho.

Aiden parou o carro e abriu a porta.

–Obrigado, Aiden. Estás a tornar-te muito útil.- Disse Mylla quando ele a ajudou a sair.

–Desanda.

Mylla saiu e ele estendeu-me a mão.

Olhei para a mão dele e depois para ele.

–Não vou morder, Della.- Disse sorrindo.

Mordi o lábio e aceitei a mão dele.

Vi Mylla correr para Alex que vestia um terno preto.

Mylla ia ter a noite mágica dela.

Aiden beijou-me a mão assustando-me.

–Tinha de o fazer- Disse sorrindo.

Inspirei duramente e tirei minha mão da dele.

–Hmm, eu…

Dei meia volta e sai para o ginásio.

–Della.

Porque ele não me podia deixar em paz?

–Della, por favor.

Pegou-me no braço e virou-me para ele.

–Aiden.- Gemi afastando-me.

–Espera. Por favor. Delly…

Olhei para os olhos dele com receio.

–Deixa-me apenas ir, Aiden.

–Não. Não posso. Tenho de acabar o que comecei.

Frangi a testa confusa.

–O que começas-te?

Ele sorriu um pouco e chegou-se mais perto de mim.

–Esta noite. Preciso de dizer o que tenho esta noite.

–Porque não esperas até amanhã?

–Não dá. Não posso- Disse abanando a cabeça fortemente.

–Aiden…

–Della. Deixa-me falar.

Fechei a boca com medo do que estava para vir.

Medo?

Medo ou esperança?

Pensa pela cabeça, Della.

Pela cabeça.

–Eu fui um idiota contigo á 4 anos porque estava com ciúmes.- Suspirou.

–Ciúmes do quê?

–No aniversário de Mylla, eu vi-te com um garoto.

Frangi a testa.

Garoto?

Que garoto?

–Que garoto? Não tive com nenhum.

–Sim, tiveste. Um de cabelos ruivos.- Resmungou.

–Adam?

–É.- Bufou- Dever ter sido. Mas deixa-me acabar. Tu és importante demais para mim Della e não vou deixar algum idiota ficar com o que é meu. Nunca- Rosnou.

Antes que pudesse continuar os lábios dele estavam nos meus e meu coração explodiu, literalmente.

Depois de anos a imaginar como seria beijá-lo aconteceu e foi muito mais do que eu esperava.

Passou de tímido para desesperado muito rapidamente.

Quanto mais nos beijávamos mais sentia que era ali que pertencíamos. Mas nisto estava errado. Tão errado mas tão malditamente bom.

–Aiden…- Sussurrei por fim.

–Della.

Gemi e afastei-me virando-me de costas para ele.

–Errado. Isto é errado. Tão malditamente errado.

Tapei a cara com as mãos e xinguei-me.

–Della, não foi erro nenhum. Foi incrível.- Disse acariciando-me os braços.

Apenas o calor do corpo dele nas minhas costas fez-me ferver.

–É um erro. É um erro. Estou com o Spencer.

Ele rosnou e virou para ele com força.

–Tu não gostas dele, Della! Tu gostas de mim!

–Não, não, não gosto.

Nem a mim me convenci.

–Vamos lá, Delly. Não te mintas a ti mesma.

Segurou meu rosto entre as mãos e olhou-me directo nos olhos.

–Tu amas-me… tanto quanto te amo.

Tentei dizer qualquer coisa, qualquer coisa, mas nada me ocorreu. Estava congelada demais.

Eu estava com o Spencer.

Ele era o meu namorado.

–Della.

Fechei os olhos e afastei-me de Aiden.

–Della?

Olhei de Aiden para Spencer.

–Desculpa, Aiden.- Sussurrei e andei até Spencer.

Ficar com Aiden implicaria que me magoasse e eu não queria sofrer. Queria ter uma relação segura e saber que ele nunca me deixaria.

–Estás linda- Disse Spencer sorrindo.

Dei um pequeno sorriso e peguei na mão dele.

Spencer era uma alternativa segura.

Sabia que ele não me deixaria ao contrário de minha mãe e Aiden.

Eu escolhia Spencer.

Ao contrário de meu coração.