Mateus retorna ao quarto de Vick, e a encontra pensativa, olhando para as paredes.

Mateus: – Vick, trouxe sua água, desculpe a demora é que no caminho esbarrei sem querer em um enfermeiro, derramando um pouco de água em seu peito másculo, e peludo... (virando os olhos). Não, quero dizer, que tive que ajudar o rapaz a secar-se, coitadinho, vai que ele se resfria, esse ar-condicionado está muito forte, não queria que ele pegasse Zika... (risadinha safada de Mateus)

Vicki: – Ôh inteligente, a Zika é transmitida pela picada do mosquito.

Mateus: – Eu sei safadinha, mas a larva do mosquito se cria na água parada, e o umbigo do enfermeiro estava tão molhadinho que com certeza ia virar um foco do picador maldito.

Vicki: – Está bem Matt, para de viadagem, e me dá logo esse copo de água, estou com a garganta muito seca.

Mateus entrega o copo de água a Vick, que bebe tudo em um único gole.

Mateus: – Baralho! Você estava com sede mesmo, achei que você só bebia cachaça desse jeito... (outra risadinha)

Vicki: – Cala boca! Ainda estou com a garganta seca, e com muita sede... (Vick se sente estranha, a água parece ressacar ainda mais a garganta).

Mateus: ­– Espera aí que vou buscar mais, vou encher essa garrafa vazia de Dolly (dois litros e meio). (Mateus sai da sala).

Vick levanta da cama, ela está meio tonta, vai em direção à janela do quarto, abre aos poucos a cortina, e um suave raio de sol atinge seus braços que instantaneamente ficam vermelhos e ardem. (Vick fecha as cortinas assustada).

Vicki: – Carai, o sol tá queimando igual no Rio de Janeiro, vou ter que usar filtro solar fator Bangu (bairro carioca quente pra caralh@).

A noite chega, e o Bar do Êta-nois já se encontra lotado, em uma mesa estão Helena, Bruna e Carolina, elas conversam sobre o ataque a Vick.

Bruna: – Meninas, que animal será esse que atacou a Vick?

Helena: – Vocês ainda têm dúvidas? Só pode ter sido o chupa-cabras... (fala com voz trêmula)

Carolina: – Será que realmente foi um animal? Estou achando tudo isso muito estranho...

Jeremias se aproxima do grupo, ele carrega um pequeno mostruário com algumas peças de artesanato.

Jeremias: – Boa noite meninas, antes de mais nada, queria dizer que eu podia estar matando, eu podia estar roubando, mas como eu não tenho uma arma para isso... Brincadeira pessoal. Quero mostrar meu trabalho para vocês, tudo feito manualmente.

Helena: – O quê Cê tá fazendo Jeremi?

Jeremias: – Uai, sabia não maninha? Tô vendendo minha arte, agora sou um empreendedor.

Bruna: – O que Cê tem ai, Jeremi?

Jeremias: – Tenho colares de miçanga, brincos de pena, filtro dos sonhos, tudo feito com o melhor que a natureza dá pra gente...

Helena: – Só uma pergunta, onde você aprendeu a fazer essas coisas?

Jeremias: – Uai, fiz um curso intensivo com aquele índio que fica deitado na praça 51. (fala sem jeito e coça a cabeça)

Helena: – Aquele sujeito não é índio, ele é um desses alunos de filosofia da UFMG que fica abraçando árvores e batendo palmas para o pôr do sol.

Jeremias: – Ah, isso não importa, e ai? Alguma de vocês vai querer comprar uma dessas belezas? Comprando dois colares, você ganha de brinde um CD da MC Melody.

Bruna: – Cruzes! Tem um brinde melhor não?

Jeremias: – Tem o livro da Quéfera e essa camisa do bolsomito.

Helena: – Jeremi!!! Cê achou esses brindes onde? No lixão, por acaso?

Jeremias: – Na real, o Tadeu me deu essas coisas em troca do seu DVD do Safadão... (Pausa Dramática de Helena)

Helena: –QuÊEEEE!!! Ah mizeravi! Eu vou arrancar teu saco e jogar pros porcos!

(Jeremias sai correndo derrubando sementes de girassol pelo caminho)

Carolina: – Helena, controle-se, o Stefan está vindo.

(Continua...)