Resilience escrita por lilithfx


Capítulo 7
Passado,Presente,Futuro!


Notas iniciais do capítulo

A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.
Albert Einstein



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Rachel

Finalmente Rachel podia dedicar-se totalmente a sua arte.

Tanta coisa tinha acontecido nesse último mês, parecia impossível ser verdade.

Seus amigos estavam morando em New York, era como ter a família por perto de novo.

Blaine e Kurt noivos, Sam namorando novamente Mercedes, Artie e Tina numa reaproximação e Santana com seu jeito meigo, infernizando e implicando com todos.

Ela estava bem com Santana, depois de tantas lutas, tinham chegado em um acordo de paz. Aquela latina era um pé no saco, mas era sua amiga, apesar de todas as brigas e implicância eterna.

Rachel achava surreal, pensar que dividia espaço com a mesma líder de torcida, que a menos de dois anos, fazia da sua vida um inferno no colégio.

Viver com Santana, era estar sempre segurando uma banana de dinamite. Qualquer descuido poderia explodir, mas também poderia ser usada para grandes projetos.

A latina tinha um gênio de cão, mas um coração de ouro, mesmo que tente escondê-lo de todos, com suas atitudes infantis e agressões sem cabimento.

Ela e San tinham várias semelhanças, em determinados aspectos, eram bem parecidas, por isso os vários conflitos enfrentados.

Atacavam sem piedade, ao sentirem-se ameaçadas e protegiam quem amavam, acima de qualquer coisa.

A admiração e o respeito que possuíam entre si, eram escondidos por apelidos nada lisonjeiros, mas ninguém podia negar, elas eram “quentes” e sexy juntas.

Os fregueses do Spotlight Diner babavam com as apresentações das duas, fazendo a cafeteria ficar cheia de frequentadores assíduos.

E foi lá, que a diva, ajudou San perder o medo, e conquistar Dani, sua atual namorada.

Foi épico e divertido, falar sobre as “unhas grandes”, surpreendendo à latina.

Como amiga, era necessário informar a importância de manter unhas bem aparadas, numa relação lésbica, sabia que tinha feito certo, ao dar uma “Googlada” no assunto, quando percebeu que teria San morando em NY com ela e Kurt. Afinal, como uma boa amiga, precisava estar preparada para esse dia.

Rachel, poderia dizer que estava quase feliz, tudo corria bem.

Só faltava Quinn, sua “blondie” favorita, e que finalmente podia chamar de amiga.

O fato dos seus amigos agora morarem em NY, só aumentava essa sensação.

E o diagnóstico era que sentia saudades de Quinn, se fosse sincera, saudade e algo mais.

Mas esse sentimento, ela guardava como um tesouro, não tinha coragem de comentar com ninguém. Estava trancado e enterrado e por lá ficaria.

Sempre pensava em usar os passes de trem dados por Quinn a ela, mas esbarrava na falta de tempo e no fato de não querer atrapalhar a loirinha. Cuja vida sentimental e social permanecia agitada, segundo San, que a mantinha informada das façanhas da loira.

Como toda diva, Rachel sabia que possuía seus momentos egoístas e em tudo que se relacionava a Quinn, isso era mais forte. Queria a atenção total da rainha do gelo e não parcial. Dividi-la com seus namorados, não estava nos planos.

E assim, Cassandra conquistava cada dia mais pontos com ela, já que dedicava boa parte do seu tempo, em cuidar das suas coisas.

Não era uma substituta para sua amizade com Quinn, mas ter Cass em sua vida dava tranquilidade necessária para estar e vencer na Broadway.

Nunca poderia chamar Cass de garota. Ela era uma mulher e isso assustava Rachel. Algo em Cassandra atraia sua atenção, só não sabia o que era e nem queria investigar. Não agora, que descobriu na professora, alguém para confiar.

Cass lembrava em muito Quinn, se fossem irmãs, não teriam uma personalidade tão próxima. Ambas eram marrentas, arrogantes, mandonas. Capazes de irrita-la num momento e em outro, deixa-la fragilizada, com a emoção a flor da pele.

Conseguiam extrair o melhor da diva e faze-la querer superar seus limites.

Podia dizer que tinha certo “tipo” para amizades femininas.

Cassandra é uma grande mentora, e orientadora. Estava sendo de enorme ajuda no espetáculo da Broadway, tornando tudo mais fácil.

Cuidava de todos os detalhes, dos seus ensaios, do diretor, entrevistas, nenhum detalhe ou aspecto escapava da sua retina. Era um verdadeiro cão de guarda, conseguido o respeito de quem trabalhava com elas no espetáculo e dos seus amigos do colegial.

Apesar das brigas com sua ex-professora terem diminuído, ainda possuíam egos enormes, nem sempre a relação era de paz, mas existia respeito mútuo e admiração, o que ajudava a contornar e tentar uma solução racional, para as brigas.

Era o que bastava, já que precisava concentrar-se no presente e na sua grande estreia.

Quem sabe não veria Quinn nesse dia. Ela tinha prometido estar lá e Quinn nunca quebrava suas promessas.

Cassandra

Felicidade seria uma palavra forte para Cassandra July, mas ela poderia dizer que depois de muitos anos, estava fazendo algo de útil em sua vida.

Trabalhar com Rachel e prepara-la para seu show de estreia na Broadway dava um prazer, comparado ao ato de ser a estrela de um grande musical.

Descobriu o quanto podia ser boa em proteger alguém e gostou. Se antes, alimentava-se da humilhação imposta aos seus alunos, agora, tudo que queria, era conseguir a admiração e respeito dos produtores do espetáculo.

Não, que ela estivesse menos amarga, eram anos cultivando a amargura, para abrir mão de uma hora para outra, desse traço do seu caráter.

Mas Cassie percebeu que podia ser doce e até um pouco suave, com sua protegida, enquanto bancava a cadela má, na defesa dos interesses da baixinha.

A relação progredia e cada dia ela admirava mais a determinação e garra da pequena morena, além do seu coração de ouro, que não só perdoou, mas acolheu com amizade, as pessoas que zombaram dela, no ensino médio e até Cassandra, que fez da sua vida em NYADA, um inferno.

Depois que conheceu a história de bullying sofrida pela baixinha no ensino médio, sentiu vergonha, por ter usado o mesmo método em suas aulas e repetir o tratamento inadequado, mesmo sabendo que era necessário para testar e fortalecer o espírito da diva, frente às durezas da Broadway.

Foi nesse momento que Cassandra tomou consciência de quanto tinha sido idiota e tinha culpa por ter fracassado nos palcos da Broadway.

Seu ego sempre falou mais alto. Na primeira dificuldade e desilusão, ela caiu, acostumada a ter tudo o que queria sempre e todas as vontades atendidas, por pais ansiosos e protetores, surtou, sem saber como lidar com as críticas e problemas encontrados.

Lembraria daquele dia, sem precisar recorrer aos milhares de vídeos compartilhados em redes sociais ou no youtube.

Sua vida, na época, era a melhor possível, sentia que era capaz de dominar o mundo.

Era jovem, protagonista de um musical premiado, recebia boas críticas e principalmente, vivia sua primeira história de amor.

Poucos sabiam, mas ela estava no amor, com uma das professoras de NYADA.

Foi uma paixão fulminante, correspondida na mesma intensidade. Repleta de tórridos beijos e amassos, em qualquer sala vazia de NYADA e promessas de felicidade eterna.

Por essa paixão, foi capaz de ir contra sua família, nada satisfeita, ao perceber que Cassie, com 22 anos, namorava uma mulher, e que a mesma, tinha 32 anos, e para piorar, era sua professora.

Depois de muitas brigas, agressões e ameaças, ela tinha conseguido certo respeito da família, com o seu relacionamento e vivia um momento tranquilo.

Foi quando tudo desandou, transformando-a, numa pessoa amarga e invejosa.

Eram 19 horas, ela estava aquecendo o corpo, para mais uma apresentação, seria um dia importante, na plateia do teatro, alguns dos principais diretores de cinema e Broadway, veriam seu show, uma oportunidade de ouro, para alguém tão jovem e ambicioso, como ela.

Estava uma pilha de nervos, mal conseguia falar, cantar e dançar então, só por um milagre.

Precisava da sua namorada, de sua calma, só ela, seria capaz de deixa-la confortável e segura.

Cassie sabia que sua namorada sempre conseguia essa proeza, bastava prender o olhar, naqueles olhos avelãs e o mundo deixava de existir.

Mas, sua namorada não aparecia e a cada minuto, Cassandra ia ficando mais tensa.

Faltando 15 minutos para começar o espetáculo, eis que surge a bela morena.

No momento que a viu, seu coração parou. Sua namorada estava linda, apesar da aura de tristeza que emanava. Cassie soube que algo estava errado. A morena tentou disfarçar, mas apesar de ser uma ótima atriz, não enganou a jovem namorada. Trocaram um beijo intenso, repleto de significados que Cassandra não percebeu,desejou sorte e disse que a amava muito.

E essa foi à última vez, que falou com a namorada.

Durante a apresentação viu a morena conversando com sua família e notou que algo ia mal. Iria esperar o intervalo da peça, para saber o que estava acontecendo, mas seu coração adivinhava que algo estava errado.

No intervalo, em seu camarim, sua mãe estava a sua espera, algo estranho para Cassie, já que, vivia uma trégua frágil com a família e mal trocavam palavras.

Nem bem se aproxima e sua mãe já cospe palavras aleatórias, dizendo que Cassie era uma idiota, por confiar numa mulher mais velha, que só queria sugar a juventude e talento, para benefício próprio.

Cassie não entendeu metade daquilo que a mãe gritava, mas ao ver as fotos na mão de sua mãe, seu mundo desabou.

Puxou as fotos da mãe e foi analisa-las.

Sua namorada segurava um lindo bebê, e ao seu lado, estava um homem, com olhar de adoração, para aquele pequeno pacote.

Uma típica família americana feliz.

Em outra foto, se via uma menininha, com uns cinco anos, dançando em torno de seu pai, o nariz era inconfundível, mas se existia alguma duvida para Cassandra, aquelas feições, eram muito semelhantes à sua namorada, não tinha como negar.

Cassie entrou em estado de choque, não acreditando que foi enganada tão facilmente, coisa que sua mãe repetia para qualquer um ouvir.

O sinal do fim do intervalo tocou, ela precisava continuar a peça. Estava numa espécie de realidade alternativa.

Começou o monólogo e estava bem, nada a faria fracassar.

De longe, ouviu o som inconfundível de um telefone tocando.

Quem teria audácia de permanecer com o aparelho ligado, num lugar onde era seu momento de brilhar.

O maldito aparelho tocou algumas vezes e num desses toques, ela surtou.

Era como se tivesse finalmente percebido e compreendido a traição da namorada.

Canalizou toda sua raiva, no dono do telefone, desceu do palco, com sua bengala de cena e sucessivamente acertava o proprietário do telefone.

Não foi algo bonito de ser visto. O surto da grande promessa da Broadway. Que precisou sair do teatro em uma camisa de força.

O pobre infeliz canalizador da ira de Cassie era um grande produtor de espetáculos, fechando definitivamente, qualquer oportunidade de emprego futuro e tornando a jovem promessa, pessoa a ser evitada no mundo dos musicais.

Por quase um ano, Cassandra permaneceu em casa. Sendo cuidada por sua mãe e seu pai. Era um zumbi, não tinha emoções, sua vida era esperar a morte chegar.

Sua mãe vivia acusando a ex-namorada de Cassie e falando o quanto ela arruinou a vida de sua filha. Cassie ouvia tudo, mas não demonstrava qualquer tipo de emoção.

Sua alma e seu coração estavam quebrados, não tinha força para nada.

Foi quando recebeu a visita de Carmem, sua ex- professora, amiga e confidente, uma das poucas, a saber, do seu romance e apoiar.

E de alguma forma, ela conseguiu trazer Cassie para o mundo novamente.

Teve uma conversa franca e longa. Carmem tinha em mãos uma carta e fez a entrega.

Cada linha lida por Cassie alimentava uma raiva e um ódio possíveis de ver, em seus olhos.

Ela voltava à vida, motivada pela raiva e vontade de mostrar que todos estavam errados ao seu respeito, principalmente sua ex-namorada.

A carta a chamava de filhinha da mamãe, fútil, sem fibra e incapaz de realizar algo de bom da vida, mexendo profundamente com seus brios.

Provaria que ela estava errada, aceitaria a oportunidade que Carmem oferecia.

Cassie sabia que era boa e se não pudesse mais atuar na Broadway, ia ao menos encarregar-se de formar alunos que não quebrariam no primeiro sinal de desastre.

Trocou seus remédios por álcool, sua apatia por raiva e enterrou toda doçura, num comportamento de cinismo e amargura.

Não teria mais relacionamentos, só “fodas” ocasionais, seu coração estava fechado. Não daria chance de ser machucada novamente.

E por dez longos anos, ela conseguiu, foi odiada e admirada por seus alunos.

Conseguiu respeito dos colegas de NYADA e dos produtores e diretores da Broadway.

Se não era a melhor pessoa do mundo, também não era a pior.

Até que seu mundinho “perfeito” foi sacudido pelo aparecimento daquela baixinha irritante e confiante, que lembrava em muitos momentos, a Cassie da juventude.

Rachel lembrava também certa pessoa, e por mais que tentasse esquecer, não conseguia. Esse foi um dos motivos de trata-la mal no início.

Quase impossível Rachel ser parente da sua ex-namorada. Ela tinha dois pais gays e tinha orgulho deles, sempre vivia falando sobre o quanto foi amada.

Cassie sabia também que a diva vinha de uma cidade pequena em Ohio. A ex- e sua família eram de NY.

Algumas vezes, se imaginava no lugar da pequena diva. Saindo de uma cidade pequena e obscura, onde sistematicamente seria desacreditada e humilhada. Por conta de ter pais gays e ter sonhos grandiosos.

E mesmo assim, não desistir, lutar para realiza-los. Cassie sabe que não seria capaz de fazer o mesmo.

Só alguém muito especial teria essa força de espírito. Essa ideia, só fez Cassandra perceber o quanto foi tola e mimada, ao jogar sua chance fora.

Mas agora, não deixaria a pequena judia na mão, faria de tudo para a estrela brilhar e conquistar todos os seus sonhos.

Rachel merece o sucesso e ser feliz, porque não, tentar ajudar?

A vida realmente é irônica. Uma morena tornou Cassie amarga, cínica. A outra devolveu sua fé nas pessoas.


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Notas finais do capítulo

Capítulo um pouco mais longo, só necessário para o desenvolvimento da história.
Quem será a ex-namorada de Cassandra, alguém sabe?
Comentar me faz feliz :-)
Boa leitura e diversão,qualquer dúvida, é só perguntar.