Segredos de um passado obscuro escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 10
Capturada


Notas iniciais do capítulo

Gente, ta aí mais um capítulo. Não quero dar spoilers do capítulo, então por favor leiam as notas finais!!!



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Eu me afasto bruscamente da porta ao ver quem é. Bucky, o Soldado Invernal. Da última vez que nos encontramos acabei com um rim retalhado. Steve se coloca na minha frente de modo protetor, e meu medo diminui e se torna uma mescla de confusão e raiva.
– Eu devia ter sentido? Aliás, como sabe meu nome?
Os olhos do soldado mostram que ele acaba de fazer uma descoberta.
– Então é verdade! Você é como eu.
Mesmo não entendendo o que ele quis dizer, e temendo a resposta, eu retruco:
– Não sou como você.
– O que você quer?! - Steve se intromete. - Eu deixei você em paz, agora você nos deixe. É o combinado. - Bucky ri.
– Não estou aqui atrás de você, Capitão Rogers. Estou aqui por causa dela. - ele aponta para mim. Tudo bem, isso já ficou tenso.
– Ela não tem nada a ver com isso.
– É aí que você se engana. Vamos lá, Tasha, tente se lembrar. - a maneira como ele pronuncia o apelido faz um calafrio percorrer minha espinha. É como se eu já tivesse ouvido isso antes, exatamente da mesma maneira, pela mesma pessoa... Mas por que Bucky iria me dar um apelido carinhoso?
Os dois homens me encaram enquanto eu tento desvendar o enigma que está dentro de mim. Há uma palavra na ponta da minha língua, mas eu não consigo pronunciá-la... Um nome... Me lembro de chamá-lo várias vezes antes... James. James Bucky. Nós já nos conhecemos... Não, não, não. Não pode ser o que estou pensando.
– Pela sua expressão, acho que já entendeu. - Bucky/James sorri.
– Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? E por que você feriu o Sam?
– Quem é Sam? - Bucky pergunta, com indiferença. - Aah, ele! Porque ele entrou no meu caminho.
– E você simpl...
– Quero que você vá embora. Agora! - eu interrompo Steve e grito com o intruso.
– Acho que não está entendo, Tasha. Eu estou aqui para levá-la. Pensei que seria por boa vontade, por tudo que tivemos, mas se não vai ser... Não é problema para mim.
Steve parece ligar os pontos. Sua expressão é de decepção, medo e... Raiva.
– Vocês são namorados?!
Eu abro a boca para responder, mas Bucky se adianta:
– Éramos quase noivos, na verdade. Vai me dizer que estou roubando sua garota? Ou melhor, que você roubou a minha?
– Não sou garota de ninguém! - eu me defendo. - E o que tivemos não foi real. Eu não era... Eu mesma.
– Sempre essa desculpa! E quando você é você mesma?! Aliás, quem é você?! - Steve explode. Eu não tenho resposta, e estou assustada e magoada. - Você nem é alguém de verdade, é tão... Falsa! Como uma boneca... Você não tem conteúdo.
É como se ele estivesse arrancando meu coração do peito e pisando em cima. Eu até entendo que seja difícil para ele, mas como ele pode achar que a culpa é minha?! Mesmo com vontade de chorar, eu recupero minha postura e finjo que o comentário não me atingiu.
– Sinto muito, Bucky, mas eu estou ocupada no momento.
Ele agarra meu braço e me arrasta para o corredor, tento puxá-lo de volta, mas a força dele é descomunal. Steve observa tudo da porta, e tenho vontade de gritar com ele para que faça algo. Giro a perna que não está machucada para acertá-lo, e estou certa que vou, mas ele consegue interceptar meu golpe, me deixando apoiada na perna ferida enquanto segura a outra. Quando minha perna não aguenta mais, eu desabo, mas ele não me larga. Fica me segurando e encarando de maneira estranha...
– Natasha, você quer ir com ele? - Steve pergunta, sério.
– N-não. - gaguejo, afastando meu rosto do de Bucky.
– Largue-a, Soldado.
É a primeira vez que ele o chama assim. Ele está claramente magoado, e o que mais quero é consolá-lo, mas depois do que ele me disse, eu apenas ignoro.
Steve me puxa dos braços dele e eu tropeço até me apoiar na parede. Ele dá uma série de socos no rosto do soldado, e quando ele revida, é pra valer. O soco no estômago arremessa Steve para dentro do quarto, e ele fecha a porta e se vira para mim em segundos.
Bucky me pega nos braços e corre. Ele corre muito rápido, uma velocidade anormal, que faz meu estômago embrulhar. Ouço Steve atrás de nós. Agora é tarde. Quando chegamos a sacada do hotel, ele pula. Meu grito é cortado pelo vento, e depois por uma mordaça. Eu sou colocada dentro do porta malas de um carro, e todas as minhas tentativas normalmente infalíveis de fuga, falham. Eu sou capturada.
Pov Steve
É um choque quando eu chego ao passeio e Natasha não está mais lá. Eu não consigo acreditar. Fui tão estúpido ao deixá-la ir, ao deixar Bucky levá-la, ao dizer aquelas coisas horríveis... Não que fossem mentira, eu estava realmente triste com ela, mas... Não posso deixar que nada aconteça a ela.
– Natasha! Natasha! Natasha! - começo a gritar desesperadamente na calçada. Devo gritar por minutos, até sentir a garganta seca e dolorida, e desabar de joelhos no chão, segurando o choro. - Natasha...
– Que diabos você está fazendo, picolé?
Não preciso nem me virar para saber que é Tony Stark, afinal, o apelido criativo e original é dele. Não tenho paciência para responder. Só consigo pensar no que farão com Natasha... Se fizerem mais uma lavagem cerebral nela, ela pode realmente desaparecer... E eu nunca vou ter a chance de dizê-la que... Talvez eu possa amá-la.
– Picolé? Cadê a ruivinha?
– Você tem que me ajudar a encontrá-la, Tony... Precisamos ir agora, eu...
– Ei, fica frio! - ele ri da própria ironia. - O que houve com ela? Te deu um pé na bunda?
– Ela não... Nós nem somos namorados.
– Não mais, então quer dizer que estou certo?
– Não! Ela foi capturada.
Agora sim ele parece ficar um pouco mais sério.
– Quem a levou?
– Buc- O soldado Invernal. - eu sei que ele não saberá quem é Bucky, então me corrijo.
– Está brincando! Deixou que ela fosse levada debaixo do seu nariz?! Ela pode estar esquartejada agora, ou... Ou pode ser um monte de cinzas!
– Tony! Ele não quer matá-la! Ele quer...
– Ele quer o que?
Eu ainda não tinha falado em voz alta, mas tinha uma teoria.
– Eles querem reativar o lado Viúva Negra dela. Vão mantê-la em cativeiro com torturas, mas acho que... Vão fazê-la se lembrar também.
– Tudo bem, eu não entendi uma palavra do que você disse. Mas temos que achá-la. Agora!
Tony dirige seu carro enquanto eu observava o paradeiro de Natasha aparecer e sumir na tela de um GPS, como aquele que usamos para achar Bucky. Sam estava dormindo no banco de trás.
– Ela está indo em direção a Nova York.
– Eu acho que sei exatamente onde ela está. - Tony retruca.
Pov Natasha
Parece que se passaram dias quando me tiram do porta malas. Eu não posso ver nada, por causa da venda, ou me mover sozinha, porque estou bem amarrada. Depois do que parece uma longa caminhada, sou despejada em algo um pouco macio, talvez uma maca.
Mãos pesadas tocam meu rosto para tirar a venda. É Bucky. Ele retira a mordaça e começa a desamarrar meus pés e mãos. Eu olho ao redor. Estou em uma beliche, em um pequeno quarto com luzes dardejantes que fazem meus olhos arderem. Talvez por causa do tempo na escuridão.
– Onde estamos? - tento soar forte e nada amedrontada.
– Estamos em uma base. Um parente de Lyudmila Kudrin controla esse lugar.
– Lyudmila Kudrin?! - eu saberia esse nome até o final da minha vida. O cientista soviético manipulador do programa Viúva Negra. - Não, Bucky, por favor! Não faça isso. Podemos sair daqui, nós dois e...
– Sinto muito, Natasha, mas seus truques de sedução não funcionam mais comigo.
Ele bate a porta ao passar. Eu olho em volta em busca de qualquer saída, mas não há sequer uma janela no cômodo. A porta se abre novamente, e desta vez são vários homens, vestidos com trajes de luta e escudos, que se aproximam um pouco temerosos. Guardas covardes.
– Natasha Romanoff, sua presença foi requisitada na ala de experimentos.
São necessários todos eles para me arrastarem até o elevador, e depois para uma sala misteriosa, onde há uma cadeira estranha, com lugares para encaixar os pulsos e os tornozelos, e alguns fios na parte da cabeça. Eles me empurram até lá e me prendem na cadeira. Eu repito para mim mesma que ficará tudo bem, mas só consigo pensar nas várias torturas que sofri, e que agora sofreria outra vez.
– Está pronta, Natasha? - o homem é jovem, não mais que 30 anos, mas os olhos são iguais aos de Lyudmila. Em resposta, eu cuspo em seu rosto.
Ele não gosta muito do ato, e me dá um tapa no rosto com bastante força.
– Vamos começar.
Ele conecta os fios a minha cabeça e grita um comando para os homens da cabine. De repente, eu sinto como se tivesse levado um choque, e minha cabeça começa a doer. Uma dor lancinante. Não consigo conter os gritos. Não consigo pensar em nada além da dor. É como se ela se tornasse parte de mim. Algumas imagens aparecem na minha cabeça. Um homem morrendo, e eu estava lá segurando sua mão e implorando para que ele ficasse. Depois, Bucky. Ele oferecia salvar a vida daquele homem, e depois eu vejo a mim mesma beijando-o, abraçando-o...
– Parem! - eu ouço o cientista gritar.
A dor excruciante cessa, e percebo que estou molhada de suor, e minha respiração está arfante.
– Você se recusa a mudar. Sabemos todos os seus medos, Natasha, e vamos usá-los contra você se precisarmos.
Com essa frase, os capangas me carregam para outra sala, esta bem menor e menos espaçosa. Há um recipiente de vidro bem grande no centro, e eu sou colocada dentro dele. A porta é trancada e os homens vão embora.
– É isso? Isolamento? - eu pergunto para o nada.
E ironicamente, a resposta vem do chão. Água. Estão enchendo o tanque. Afogamento. Meu maior pânico.
– Não, não... Me tirem daqui! Socorro! Alguém!
A água já está nos meus tornozelos, e eu sinto tanto medo... O medo parece fechar minhas vias respiratórias, como acontecerá quando a água chegar ao topo. Me lembro do pânico terrível que invadiu minha mente quando eu quase me afoguei uma vez.
Começo a bater no vidro, chutá-lo, qualquer coisa que faça-o quebrar. Mas nada. A única coisa que eu não queria fazer, que era chorar, eu já estou fazendo. A água já está no meu pescoço, e todas as minhas respirações parecem pesadas. O único som além desse é o da água, que vai espalhando-se pelos meus ouvidos. Subitamente, não há mais espaço, eu estou totalmente submersa.
Sempre ouvi falar que ficar inquieta só pioraria tudo, mas não me controlo. Me contorço e luto por pelo menos mais uma lufada de ar, batendo tão forte no vidro que meus punhos doem. E então, eu ouço o som de água sendo puxada. Acabou.
Subo o máximo que posso e quando consigo emergir, puxo o ar com tanta força que dói a garganta. Minha respiração fica mais ofegante que nunca, e eu vejo pontinhos pretos dançando na minha visão.
– Você está bem? - eu ouço alguém perguntar enquanto me carrega pelos corredores de volta ao "quarto".
Não consigo enxergar quem é, mas as torturas já fazem efeito. Eu reconheço o tom de voz e o jeito de andar. Não sinto mais repulsa por James Bucky. Na verdade, não me lembro mais porque não gostava dele.
Ele me coloca de volta na cama sem muito cuidado, e ouço seus passos e a porta se fechando. Pisco várias vezes para me localizar, mas minha visão só vai ficando mais turva, e de repente, eu não estou mais lá. Estou com uma sede de sangue incontrolável. Quero sair daqui, quero matar alguém. E esse alguém tem um "nome".
Capitão América.


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Notas finais do capítulo

Heey de novo! Aposto que vocês querem me matar depois desse capítulo... Agora que a Natasha tá revoltada o Steve vai ter mais dificuldades em ter a garota que ele quer né. E vocês gostaram da aparição do Tony? Sei que foi curtinha, mas capítulo que vem tem mais. Só mais uma coisa: O tal do Lyudmila Kudrin, pelo que eu li, foi mesmo o cara que fez o programa Viúva Negra, mas desculpem se eu estiver errada. Como eu disse, a história não é totalmente fiel. Obrigada por lerem!