Mirror escrita por little wolf boy


Capítulo 1
That we're making two reflections into one


Notas iniciais do capítulo

Bem, feliz aniversário, Giu oo/

Fic prometida, fic feita. Mesmo que isso me custou ficar até duas da manhã e perder toda a explicação de matemática nas aulas de manhã. Valeu a pena, haha.

Escolhi as nossas duas gêmeas lindas para seu presente. Inicialmente, teria como tema um casal, com a qual estava tendo um bloqueio (Em cima do tempo e bem desesperada por isso). Então a ideia só fluiu, e antes que eu percebesse tinha toda uma situação montada na minha cabeça, e alguns parágrafos já escritos.

Espero que eu não tenha feito uma Ruby muito OOC. Tentei ser coerente com o que sabia dela, mas não sei se funcionou muito bem. However, espero que isso não atrapalhe na sua leitura, e coloca na conta da liberdade que meu, se estiver muito diferente do que você imagina para ela.

Espero que a história tenha ficado legal, e que você goste. Eu dei o meu melhor :3

Sem mais delongas, o seu presente:



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Há um par de gêmeas em Hogwarts, das quais você certamente já ouviu falar.

Ou talvez não. Provavelmente não. Elas não compartilham o mesmo sobrenome, e nem a mesma casa. Se você olhar para suas personalidades, não conseguirá encontrar duas garotas mais diferentes. Suas classes sociais são de dois extremos opostos. A primeira, chamada Ruby Selwyn, é uma sangue puro de família tradicional, embora um grande segredo permeasse o fato. Emmerald Pond, por outro lado, é nascida trouxa, ou assim pensava, de uma família que era comum para todos que não olhassem perto o bastante.

Não as veria juntas, isso era certo. Ruby não poderia ser vista em companhia de uma deplorável lufana, nascida trouxa ainda por cima. Arruinaria todas as frágeis máscaras que colocava diante de uma verdade bem escondida. Verdade essa? Bem, não é um tanto óbvio? Ruby Selwyn, de uma orgulhosa e antiga família tradicional, era uma mestiça.

Fruto do tempo em que seu pai, Arthuro, se desviou dos preceitos sangue puros e teve um breve romance com uma trouxa, Helen Pond. Admitiu ter matando-a para conseguir sair da deserção da família, mas não fora capaz de assassinar a mulher que amava. Ao invés disso, partiu com uma promessa de nunca mais voltar e uma de suas gêmeas à tiracolo. Talvez fosse esse o motivo dos avós da menina a odiarem tão fervorosamente: Uma prova viva e constante de um tempo que preferiam esquecer, sendo esfregada na sua cara. Tal prova merecia nada menos que o pior, é claro. Provavelmente veio daí o ódio e pouca opinião de si mesma que a garota mantinha, a vontade de ser o que os avós queriam.

Isso era uma coisa difícil, porque incluía não ser ela mesma. Ruby cresceu tentando agradar. Agradar o pai distante e que lhe dava pouco amor, os avós reprovadores de línguas mordazes, os primos mimados, e quem quer com quem estivesse. Foi ensinada que, por não ser completamente bruxa, naturalmente era inferior em poder e até um tanto estúpida, embora ambas as afirmativas estarem longes de corretas. Não teve alguém com quem confiar ou recorrer, e se conformou em não ter. As barreiras de proteção em torno de seu coração eram fortes e seguras, porque ela sabia que seria a única que se dignaria a guardá-lo.

Não vá embora ainda. Prometo que conseguirá ver as duas juntas. É só seguir essa garota de cabelos cor de chocolate que sai sutilmente do caminho para a aula de Herbologia, ou aquela dali que se encaminha quase timidamente para fora de uma sala de História da Magia. Acompanhe-as enquanto elas cruzam os jardins e vão para de trás de uma árvore de tronco particularmente grosso perto do lago, cercado por arbustos revoltos. Veja-as agacharem-se, meio escondidas. Mery pareceria um cervo assustado como sempre, mas estaria relaxada por estar perto da irmã. Ruby lançaria olhares furtivos por cima do ombro a cada poucos minutos, mas um sorriso secreto espreitaria em seus lábios.

Você só poderia ouvir a voz dela, embora em murmúrios.

Por que isso? Ora, porque Mery não falava. Nem uma única palavra. Não era um problema médico: A lufana era dona de cordas vocais completamente normais. Fisicamente, estava bem. Psicologicamente… Bem, esse era outro assunto. Uma palavra não saia dos lábios rosados desde um dia muito específico. Não que fosse muito falante antes disso, mas o silêncio agora era total e inquebrável. Meio que por vontade, meio que por medo irracional, meio que inconscientemente.

Por quê? Entender o que a levou a isso demora um pouco. Volta para a época em que Helen Pond criava um pequena menina saltitante sozinha, que tinha como maior desejo da vida ter um pai. Pois bem, ela ganhou o dito pai, Johan Morgan, homem com quem Helen se apaixonou não verdadeiramente e decidiu se casar. O homem musculoso cheio de sorrisos que não pareciam de verdade em tudo fora a esperança de uma figura paterna, enfim. Esperança essa que Johan logo tratou de destroçar como se fossem coisas frágeis e insignificantes feitas para ele dilacerar com brutalidade.

Ele mudou. Os sorrisos falsos se tornaram sádicos. As mãos musculosas foram usadas para bater e tatear, apertar e forçar e, acima de tudo, destroçar completamente toda a inocência de uma garotinha. Uma casa de móveis surrados aconchegantes e jardins com cerca branca convidativas eram subitamente o inferno, um lugar que significava sofrimento e dor. Johan lhe arrancara com garras brutas como as de um animal selvagem o alento do toque humano, e com suas brincadeiras, a sensação de que um dia poderia estar segura, mesmo ali, tantas milhas distantes que ela mal podia contar.

Johan lhe tirara o conforto de ser abraçada ou mesmo tocada por sua mãe.

Não fora isso que lhe tirara a voz, apesar de tudo. Seu choramingar e suplicias sempre irritaram o homem. Era frequente que ele a xingasse dos mais criativos e sexuais nomes quando falava que ela não devia fazer isso, fazendo coisas que ela não gostava muito de lembrar. Quando Helen e Mery tentaram fugir, e foram pegas, a garota tivera a pior noite de sua vida. Lembrar a fazia estremecer e ter os primeiros sintomas de um ataque de pânico. Nem uma palavra saíra de seus lábios desde aquele dia.

Apesar disso, se você já não estiver desinteressado nas duas garotas, e tomar mais alguns minutos para observá-las, vai notar que não há dificuldade em sua comunicação.Emmerald faria gestos vagos, ou sua expressão mudaria minimamente, e Ruby replicaria como se ela tivesse falado em alto e bom som, respondendo perguntas que nunca foram ditas e justificando ou brincando com determinada expressão, como se fossem comentários audíveis.

— O que? Herbologia é mesmo muito chato. — Respondeu Ruby com naturalidade à uma expressão reprovadora de Mery, deitando-se na grama ao seu lado. Depois de um segundo, Emmerald seguiu o exemplo, alguns centímetros cuidadosamente medidos entre as duas. Ruby não comentou nada. Aquela parte do lago era pouco frequentada, e a quantidade de arbustos protegia de olhares curiosos. — Você mesma já matou aulas disso para podermos nos encontrar. — Declarou, presunçosa.

— Olha, prometo que vou tentar não fazer isso muito, tudo bem? — Finalmente disse ela, com um suspiro, quando a expressão reprovadora não deixou o rosto de Mery. — Parece até uma corvinal. — Reclamou, divertida, fazendo um beicinho. — Sim, tudo bem. Você poderia ser inteligente o bastante para ser uma. Daquelas chatas e que só pensam em estudar. — Provocou, ao ver a expressão convencida de Mery.

As duas garotas ficaram em silêncio por um momento, observando o céu lentamente se colorindo de vermelho. Finalmente Ruby falou, as palavras levadas pelo vento.

— Como é que isso aconteceu, Mery? Como nós ficamos amigas? — Sussurou, embora soubesse com certeza de que a lufana havia conseguido ouvir, virando-se e se apoiando nos cotovelos. Emmerald deu de ombros, sorrindo levemente. Ruby suspirou. — É, eu também não sei.

Nenhuma das duas sabia como aquilo começara ao certo. Um dia Ruby viera lhe procurar ao ouvir boatos de que havia uma garota igual a ela na escola, e logo elas se viam a cada minuto que podiam estar sozinhas e fora de vista. As conversas silenciosas pareceram estar sempre presentes. Talvez fosse por serem irmãs, terem dividido um útero, mas Ruby era instintiva em compreendê-la, em muito mais do que apenas a linguagem. Não perguntava ou pressionava quando Mery fugia de seu toque como um gato assustado, e a decisão de contar a ela, com pergaminho e pena, o motivo de sua mudez fora um ato raro de confiança.

A Ruby, a compreensão não esperada também vinha. A lufana não questionava ou reclamava sobre a irregularidade e circunstâncias incomuns de seus encontros, ou ficava magoada quando Ruby fingia não conhecê-la ao passar por ela nos corredores ou no salão principal. Conseguia ser ela mesmo perto da irmã, fato que surpreendia a ela mais que a ninguém. Com Mery, a incomum garota que lhe era igual em muitos aspectos e bruscamente diferente em outros, podia permitir as proteções em seu coração amolecerem, a barreira virando do aço inexorável para um barro maleável.

Talvez fosse pelo fato de ambas estarem quebradas por dentro. Podiam ter histórias, características e personalidades diferentes, sim, mas por dentro eram tão iguais quanto as delicadas aparências delicadas ditavam, você, observador atento, com certeza pode afirmar.


— Promete que isso nunca vai mudar? — Ela falou, o tom ansioso e sério. Mery assentiu solenemente, estendendo o dedo mindinho numa oferta. Ruby, apesar da tensão, sorriu. — O que? Isso não é um pouco infantil? — Zombou, mas aceitou, entrelaçando seus dedos mínimos. O sorriso tímido de Emmerald se refletiu no rosto de Ruby como um espelho.


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