Annabeth acorda, mas não abre os olhos.

Ela sabe que esta num hospital pelo cheiro de éter que invade suas narinas e pelo barulho das maquinas que estão ligadas a ela. Annabeth tenta encontrar sua voz, estando faca e dopada pelos remédios fortes que estão usando no seu tratamento.

Tudo parece bem calmo, até que a porta do quarto de Annabeth se abre, e ela entra em estado de alerta.

–-Annie...o que ele fez com você?—A voz de Percy se faz ouvir. O seu tom é dolorido, e Annabeth comove-se imediatamente com isso.—E-eu me sinto tão...impotente te vendo assim. Eu queria ter te protegido dele, mas eu cai na mesma armadilha.

Não, não na mesma Percy. A minha foi bem pior.

Ela sente o suave toque de Percy na sua mão, e em seguida o entrelaçar dos seus dedos com os dele.

–-Annie, Sabidinha, você esta me ouvindo?—Ele pergunta.

Annabeth faz força, muita força, pisca os olhos rapidamente. Voz ainda não é algo que ela posso utilizar.

–-Você esta acordando? Graças a Deus.—Percy suspira aliviado e beija a mão de Annabeth.—Eu estive tão preocupado durante esses dias...

Dias? Eu fiquei desacordada por dias?

De repente entra outra pessoa na sala.

–-Eu achava que você estaria com o delegado, a essas horas.—Percy acusa. O aperto da mão dela na de Annabeth aumenta.

–-Eu deixei os problemas para o advogado do meu pai. O Senhor Todo-Poderoso Zeus pode até ter nos largado por outra, mas ainda sabe ser um pai de vez em quando.—Thalia diz com voz baixa.—Como ela esta?

–-Na mesma.—Percy fala, ocultando o fato de que ela esta acordando para Thalia.—O que você veio fazer aqui?

–-Eu vim ver minha amiga.—Respondeu Thalia. Ela falava sempre mais baixo que Percy.

–-Sinceramente Thalia, é admirável a forma como foi salva-la, até por que eu mesmo não podia fazer isso, então agradeço. Mas amiga de Annabeth? Isso você mesma fez questão de deixar de ser a muito tempo.—Percy a repreendeu.

–-Percy, eu estou arrependida. Você não sabe o quanto me dói ver que eu contribui para Annabeth estar neste estado.—Thalia tentou defender-se.

–-O quanto lhe dói? Thalia, por favor! Você não sabe o quanto isso doeu para Annabeth, o quanto doeu para Fred, e o quanto esta doendo para mim!—Percy acusou Thalia. Ele estava elevando a voz, notavelmente aborrecido com Thalia.

–-Me desculpem.—Thalia limitou-se a dizer.

A porta foi aberta novamente.

–-Percy, por favor, contenha-se!—Falou a voz de Sally.—Thalia, todos nós estamos muito aborrecidos com você. Agradecemos por você ter avisado aos garotos e por ter salvado Annabeth a tempo, mas acho melhor você deixar os ânimos acalmarem.

–-Sim, Tia.—Thalia aceitou.

–-Vamos embora, querida.—Disse Sally, e aporta fechou-se, tirando as duas do quarto.

Annabeth abriu os olhos lentamente e viu Percy soltar sua mão e desabar sobre uma poltrona ao lado da sua cama. Ele apoiou os cotovelos nos joelhos e enfiou a cabeça entre as mãos, respirando fundo. Ele parecia bastante estressado e cansado.

–-Oi.—Annabeth testou sua voz. Ela saia arranhada e profunda.

Percy levantou-se num pulo e ficou em pé ao seu lado outra vez. Ele exibiu um sorriso de alivio que deixou Annabeth bem mais relaxada.

–-Oi.—Ele respondeu.

–-E-eu estou um caco.—Annabeth comentou, olhando para seus braços: arranhados, cortados, e com acessos para soro e remédios.

–-Nada que não possa ser consertado.—Percy passou a mão sobre seus cabelos. Na cabeça de Annabeth haviam alguns hematomas que a fizeram estremecer com o toque, mesmo que suave, de Percy. Ele retirou rapidamente sua mão.—Como se sente?

–-Dolorida.—Annabeth pensou em varias coisas, mas esta palavra resumia bem o seu emocional e físico ao mesmo tempo.

Percy suspirou.

–-Eu tive tanto medo...

–-Não tanto quanto eu.—Ela respondeu.

–-Me desculpe, Annabeth. Eles me enganaram também.—Percy baixou o olhar com vergonha.—Eu queria poder tê-la protegido daquele monstro.

–-Não se culpe.—Annabeth respondeu.—Vai ficar tudo bem.

ooo

–-Visita para você, Castellan.—O carcereiro falou.

Luke foi removido de sua cela e sevado a sala de visitas, onde sentou-se de um lado da parede de vidro e pegou o telefone para falar com a ruiva do outro lado.

–-Boa tarde, Rachel.

–-Olá Luke.—Rachel falou, um pouco constrangida.

–-Como Annabeth esta?—Luke perguntou. Queria saber o quanto de estrago tinha feito.

–-Ela esta se recuperando lentamente.—Rachel respondeu um pouco desapontada.—Três costelas quebradas, vários hematomas. Tinha chegado no hospital com um inicio de hemorragia interna, mas foi tudo contido. Ela passou uns três dias desacordada.

–-Ótimo.

–-Luke, não me odeie por isso, ok?—Rachel falou com cautela.—Eu falei com o seu pai, Hermes, e ele providenciou um excelente advogado para você. Ele esta tentando de todas as formas aliviar as coisas para você, mas tem sido muito difícil, então...—Rachel emudeceu-se ao ver a cara de ódio que Luke formava.

–-Você pediu ajuda ao meu pai?—Luke perguntou, tentando ao máximo conter sua raiva.—Por que teve que chamar ele? Por que não um dos advogados do seu pai? Ele é o maior CEO da cidade de Nova York!

–-Meu pai esta uma fera comigo, e se recusou a ajuda-lo! Eu não podia deixar você aqui enquanto a minha pena tinha sido reduzia a apenas serviços comunitários! Eu tinha que fazer alguma coisa, e só quem podia lhe ajudar era seu pai!—Rachel defendeu-se.—Luke, por favor, não crie problemas! Ele é seu pai, e quer ajuda-lo!

–-Aquele idiota rejeitou a mim e a minha mãe antes mesmo que eu completasse cinco meses, Rachel.—Luke rebateu.—Eu não quero nada que venha daquele desgraçado.

–-Você prefere ficar aqui?!—Rachel perguntou.—Luke, eu não posso deixar! Eu...eu te amo.

–-Foda-se.—Luke respondeu e colocou o telefone no gancho.—Carcereiro, pode me levar de volta.

E Luke foi-se.

Rachel respirou fundo, contendo as lagrimas.

–-Eu imaginava que essa seria a resposta.