Leo descobriu já dentro da limusine que a ideia maluca de levar Reyna tinha sido apenas do Nico. Sabe o que isso significa? Nada? Antes fosse! Isso significa que Piper, Jason, Reyna e Leo estavam completamente desconfortáveis, e o Nico sorria maleficamente para os dois enquanto sussurrava algo no ouvido de Judy. E ai ela começou a sorrir também.

Percy Jackson, mais conhecido com salvador da pátria, quem quebrou o gelo por Leo:

–-Piper, o que você tem planejado para a gente lá na festa?

Piper iluminou-se no mesmo momento:

–-Eu pedi para minha mãe preparar tudo, já que eu estive muuuuito ocupada com aquela patricinha da Molly querendo me levar a medalha...

–-Como se você não fosse patricinha.—Zombou Nico, interrompendo Piper. Ela o fuzilou com o olhar e continuou.

–-...e ela não quis me dizer nem uma palavra sobre a festa. Estou completamente no escuro, mas pelo padrão de festa que minha mãe faz para os clientes atualmente, eu só acho que...

E a voz de Piper preencheu o vazio do carro. Annabeth tinha a cabeça encostada no ombro de Percy, que vez por outra beijava o cabelo da garota que sorria com o gesto. Leo quase fazia “ownt” toda vez que os via juntos, por que um casal dos livros: um amo que vive mesmo com a distancia, que se reencontra e que flui como se já lhes fosse natural, como se tivessem nascido para isso.

A única coisa que lhes faltava era uma tragédia, mas isso não deveria acontecer. Eles não eram um casal de livro de verdade.

Ou eram?

–-Droga.—Leo resmungou.

–-O que?—Reyna lhe sussurrou. Pela cara dela ele podia ver que qualquer coisa era melhor do que ouvir a Piper falando.

–-Nada, me perdi em meus pensamentos idiotas.—Leo resmungou de novo.

A sombra de um sorriso passou pelos lábios de Reyna e isso quase fez o coração de Leo pular.

–-Seus pensamentos idiotas me interessam mais que a Piper. Qualquer coisa, alias.

–-Percy e Annabeth. Eles são...—Leo franziu o cenho ao utilizar a palavra.—fofos juntos.

Reyna deu uma olhada rápida neles: Annabeth estava enrolando no dedo o cordão dourado que estava pendurado no pescoço de Percy. A aliança corria de um lado para o outro do cordão, deslizando...

–-Ela é a garota por quem ele era apaixonado não é?

–-Sim. Tia Sally e o pai dela montaram um plano para junta-los e envolveram a gente nisso. Agora eles não desgrudam mais.—Esclareceu Leo.

–-Ah, sim.

Pouco depois disso a limusine parou em frente a casa de praia da Piper. Reyna ficou meio tensa, lhe era terreno desconhecido. Leo lhe deu um sorriso confiante e segurou na sua mão. Reyna olhou para as suas mãos juntas e depois para Leo novamente com um pouco de dor, que fez ele libera-la.

Todos desceram do carro e entraram na casa. Piper deu gritinhos de excitação quando abriu a porta e viu a casa de praia, que normalmente tinha uma aparência discreta e aconchegante, transformada numa verdadeira boate.

A mesa de jantar estava coberta com um tecido sedoso vermelho e repleta de todo tipo de salgados e doces, incluindo uma fonte de chocolate. O sofá aconchegante e macio que ficava na sala foi trocado por muitos pufs coloridos espalhados pela sala, deixando o centro vazio para quem quisesse dançar. Haviam luzes que piscavam e ondulavam de cores diferentes rodando por toda a sala, colorindo ainda mais algumas das malhas esticadas no salão. Uma música eletrônica tocava num tom baixo em caixas de som dispostas dos dois lados de uma mesa de DJ.

Piper se jogou para trás, fingindo que desmaiava, e Jason a pegou no mesmo instante.

–-Isso esta perfeito! É a nossa cara!—Disse Piper, correndo para a mesa do DJ. Jason a seguiu, e os dois aumentaram o som de Vocaloid.

–-Judy! Purple butterfly on your rigth shoulder*!—Piper gritou para Judy, que começou a saltitar cantando a música.

Annabeth ria da animação de Judy, enquanto ela e Piper se juntavam no salão para dançarem juntas.

–-Ah não! Nico, pra ficar legal vc tem que estar no meu lugar!—Choramingou Piper, puxando Nico para o centro.—Vamos, você sabe a coreografia!

–-Vamos, espalhe minha vergonha por toda a historia da humanidade, Piper.—Disse Nico, juntando-se Judy no centro da sala e entrando na coreografia.

–-Wow, eu não achava que ele dançava.—Reyna exclamou com surpresa.

–-Eu fiquei sabendo porque uma vez Judy contou, mas eu achava que ela estava só querendo debochar da cara dele.—Disse Leo.

Alguém apagou as luzes da casa (provavelmente a Piper) e Leo viu Percy puxar Annabeth para a pista, assim como Jason que tirou Piper da mesa do DJ e a levou para dançar. Grover foi para mesa de lanches e Frank e Hazel sentaram-se em dois pufs próximos e tentaram conversar mesmo com o som alto.

Leo e Reyna continuaram parados em seus lugares sem saber o que fazer. Leo observou Nico e Judy falando com Piper, depois Judy foi na direção de Reyna.

–-Reyna, bom, é estranho ter você aqui, mas sem ressentimentos.—Disse Judy da forma mais suave que se pode fazer com um som de estourar os tímpanos vindo de caixas de som.—Piper me pediu para pegar algumas coisinhas para a festa que estão no seu quarto, pode me ajudar?

Reyna olhou para Leo rapidamente, e depois assentiu.

–-Claro, vamos.

Judy e Reyna subiram para o andar do quartos deixando Leo sozinho. Ele continuou a olhar a pista até que Nico veio em sua direção.

–-Cara...eu não acho que Judy vai deixar barato ter perdido para a Reyna nas competições.—Nico gritou acima da música para Leo.

–-Mas Judy não é de brigar.—Leo rebateu.

–-Você já viu que tem bebidas aqui? Judy pode não estar em seu juízo perfeito.

Leo acho que Nico estava estranhamente preocupado. Judy não parecia estar fora de si, nem que tinha bebido qualquer coisa, mas Nico ainda assim dizia que algo poderia sair do controle. Isso fedia a armadilha, mas Leo acho que se era isso, adiar não iria resolver nada.

–-Você quer ir lá encima?

–-Você vai me arrastar para lá de qualquer forma, vamos.

Leo e Nico subiram as escadas rapidamente, ansiosos para descobrir o que estava acontecendo. Chegando ao quarto da Piper, assim que se abriu a porta Leo entrou, e Judy passou correndo como uma bala por ele. Antes que o garoto pudesse entender o que acontecia, Reyna e Leo estavam trancados.

–-O que?!—Leo bateu na porta e ouviu gargalhadas do outro lado

–-Protocolo Percabeth!—Judy gritou do outro lado da porta.

–-Vocês estão usando o “Protocolo Percabeth” em mim?—Leo gritou e as risadas aumentaram.—Eu vou matar vocês!

–-O que é “Protocolo Percabeth”?—Reyna perguntou, mas Leo estava desesperado demais para responder.

–-Sim! Nós estamos usando! Boa festa, Leo!—Nico disse, e os passos deles se afastaram da porta.

–-Droga.—Leo bateu mais uma vez na porta, depois se virou e se encostou nela. Ele estava completamente perdido.

–-Vai me responder?—Reyna perguntou. Ela estava sentada na ponta da cama da Piper. Sua coluna ereta, suas pernas cruzadas com elegância e sua postura indiferente faziam-na parecer uma rainha.

–-“Protocolo Percabeth”?—Leo perguntou.

–-Sim.

–-“Protocolo Percabeth” foi o nome que demos para o plano de juntar Percy e Annabeth.—Disse Leo, com um pouco de vergonha. Ele não imaginava que seria essa a armação.—Nós deixamos eles sozinhos numa casa de praia...e o resto você já sabe.

Reyna suspirou e fechou os olhos, como se tentasse digerir essa ideia.

–-Amigos são terríveis as vezes. Tão constrangedores...—Ela comentou, ainda de olhos fechados.—Quando podemos sair daqui?

Leo corou.

–-Quando ficarmos juntos.

–-Juntos?—Reyna abriu os olhos e o olhou em tom de pergunta.

–-No mínimo um beijo.

Reyna suspirou novamente e deitou na cama, retirando um travesseiro do lugar e colocando sobre a cabeça. Leo se aproximou devagar até sentar na ponta da cama mais distante dela.

–-Me desculpe.

–-Isso só pode ser um pesadelo.—Ela falou abafada pelo travesseiro.

Leo riu com desgosto.

–-Hey, eu não sou tão ruim assim.

Reyna se sentou no centro da cama, colocando a almofada no colo, e olhando Leo com um olhar de pena.

–-Não é isso que eu quis dizer, me desculpe. Eu só...—Reyna engasgou e mudou sua fala.—Não é comum para mim falar sobre essas coisas...

–-Sobre o que?—Leo perguntou com interesse. Pela primeira vez Leo viu Reyna completamente desarmada, frágil. Sua vontade era de abraça-la, mas sabia que deveria se conter.—Confie em mim Reyna, pode me contar.—E deu um sorriso terno.—Não temos nada melhor para fazer mesmo.

Ela balançou a cabeça, fechando os olhos, relutante. Seu orgulho parecia querer ser maior que a sua vontade de desabafar, até o momento em que ela voltou a abrir o seus olhos, que agora estavam cheios de agua.

–-Só estou ferida, Leo. Apenas isso.

–-Como você foi ferida, Rey?—Leo perguntou num tom suave, sem querer pressionar muito.

–-Eu acho que fui ferida por mim mesma, eu que quis ficar magoada.—Disse Reyna, mas para ela do que para Leo.—Eu não quis deixar ele ir totalmente. Não quis viver de novo.

Ah, claro. Por que mais ela estaria ferida? Por uma espada de madeira? O que você esperava ouvir, cabeçudo?, o consciente de Leo resmungou em sua mente. E Leo teve que dar o braço a torcer e concordar, o que ele esperava ouvir? Só podia ser sobre o relacionamento de Jason e Reyna.

–-Ah, sim. Sei.—Leo falou sem jeito e desanimado. Reyna o analisou.

–-Você não quer saber sobre Jason. Eu já entendi, Leo.

Um pânico subiu Leo.

–-Entendeu o que?

–-O convite, o plano, sua preocupação...—Reyna foi enumerando lentamente, observando a reação de Leo.—Você esta...apaixonado?

Leo engoli em seco. Estava tão na cara assim? Como ela tinha percebido? Não adiantava mais mentir se ela já sabia a verdade.

–-Sim, Reyna. Você acertou com sempre, eu estou apaixonado por você.