Francesca ***

Quatro meses depois daquela conversa cheia de altos e baixos com a Violetta, e eu continuo na mesma. Foram quatro meses dela e do León discutindo sobre a relação deles, e segundos depois fazendo as pazes, aqueles dois se amam demais.

Minha barriga está enorme, tenho a impressão de estar com dois bebês no ventre, e isso não é uma boa sensação se querem saber. Estou tendo tantos enjôos que não consigo sentir o cheiro de nada que já começo a passar mal, sem contar que ando sentindo muitas pontadas no pé da barriga. Acho que minha filha já quer vir ao mundo.

Nesse exato momento eu estou deitada, em cima de minha cama, coberta somente até as pernas, eu estava acariciando minha barrigada, sentindo o meu bebê de vez em quando se mexer, essa sim era uma boa sensação.

_Olha só... Você não pode sair daí de dentro agora tá bom? Ainda é muito cedo, a mamãe não quer que você nasça agora.

Eu pretendia me resolver nas questões com o Diego e com o Marco, eu ando evitando eles, e isso às vezes, me dói um pouco. Sinto a falta do Diego, porque ele é o pai mais babão que existe em todo o universo, e me faz sorrir a todo instante, e sinto falta do Marco, porque ele chegou de fininho, e conquistou meu coração sendo apenas o meu amigo.

Violetta entrou em meu quarto, toda produzida com um vestido branco, bem soltinho, na altura dos joelhos, cabelos soltos, um batom vermelho nos lábios, e para completar um saltinho preto básico.

_Fran aqui está o seu chá – ela disse colocando uma bandeja em cima a cama, com chá e alguns biscoitos. – Eu deixei o jantar pronto, para quando você sentir fome, só comer. – falou olhando no celular. – Seus comprimidos estão em cima da mesa da cozinha, não se esqueça de tomá-los e...

_Relaxa – falei rindo das recomendações dela. – Você não precisa virar minha mãe em um momento como esses Violetta.

_Só me preocupo com a senhorita, Dona Francesca – ela disse fazendo uma careta que eu tive que rir. – Volto mais tarde, eu e o León vamos jantar com Melanie, a irmã dele. – anunciou e eu assenti com um sorriso.

Ela saiu de meu quarto e eu suspirei. Ficaria sozinha hoje à noite. Senti um enjôo grande assim que senti o cheirinho do chá de erva doce, e esse era o meu chá predileto. Coloquei a bandeja de lado e comi apenas uns biscoitinhos.

Senti mais uma vez outra pontada no pé de minha barriga, ela não pode nascer, não agora, não aos oito meses, ela tinha que agüentar até mês que vem. Eu tinha que agüentar...

*** Violetta ***

_Oi cunhadinha linda. – Melanie disse me abraçando apertadamente. Eu ri.

_Mel – León disse em reprovação.

_Larga de ser chato León. – Ela disse me soltando e mostrando língua para o irmão. – Tá parecendo à mamãe.

_Não exagera. – León disse demonstrando seu desagrado àquela comparação.

Nós nos sentamos à mesa, e logo fizemos nosso pedido. Melanie demorou um pouco, já que estava indecisa entre dois pratos que ela gostava muito, então decidiu pedir os dois, e León ficou espantado enquanto eu gargalhava.

_Não sei como você não é obesa. – León a provocou.

_Algum problema “maninho”? – ela disse vendo o cardápio de bebidas.

_Sim, um deles é o quanto está me custando bancar essas suas “gordices”. – ele disse irônico e a irmã dele suspirou.

_Ai amor, não seja por isso, eu pago. – falei e Melanie riu da expressão que León fez.

_León, eu sinceramente amo sua noiva. – Ela disse sorrindo sarcástica e eu me senti um pouco incomodada com a tal palavra “noiva”.

Olhei para León que sorriu tranquilamente para mim, acho que ele foi o único que percebeu meu constrangimento. Nossos pedidos chegaram bem rápido se querem saber. Fiquei chocada com a rapidez daquele restaurante.

_Ai como eu amo batata frita. – Mel disse enquanto se deliciava com a pequena porção de batatas. – Se mamãe não fosse tão chata, comeria isto todo dia.

_Ela apenas está cuidando da sua saúde. – falei experimentando o maravilhoso macarrão italiano.

_Não Violetta – contrariou-me. – Me entupir de alface e tomate, não é estar cuidando, é pedir para eu morrer por falta de comida descente. Faz meses que eu não como porcarias. – disse e eu e León rimos.

_Se você quiser ser cheia de problemas de saúde, eu não estou vendo problema de você comer isso todo dia. – León a provocou novamente, e a mesma mostrou língua para ele.

_Ah León, preciso te contar uma coisa. – Melanie disse ignorando o assunto. – Na verdade preciso contar a vocês.

_O que? – perguntei preocupada vendo sua expressão um pouco séria demais.

_Minha mãe quer me mandar para o Canadá. – ela disse abaixando a cabeça. – Rafael contou para ela que eu estava faltando no cursinho de administração.

Olhei para León que tinha a expressão espantada, assim como eu. Melanie já havia dito várias vezes aos pais que não queria administrar as empresas da família, mas eles não deram ouvidos a ela.

_Eu vou falar com ela. – León disse dando firmeza em sua voz. – Minha mãe não tem o direito de fazer isso com você.

_León... – Melanie suspirou. – Você sabe que ela tem sim. Eu sou menor de idade, mamãe pode fazer o que quiser comigo.

_Vou ter uma conversa séria com o Rafael. – León disse evidentemente irritado.

_Ele é um monstro – Melanie disse apoiando os cotovelos na mesa olhando seriamente para o irmão. – Quero que vocês tomem cuidado com ele, enquanto eu estiver fora.

Olhei assustadíssima para o León que não entendia e parecia confusa pela fala de sua irmã. Fiquei pensando o que aquele projeto de homem manipulado poderia fazer contra a gente.

_Ele com certeza ajudará a mamãe a se livrar da Violetta. – Melanie disse tomando um pouco do refrigerante.

_Eu não deixaria isso acontecer. – León se prontificou.

_Não é questão de você deixar ou não. – ela falou o olhando seriamente. – Papai está quase te deserdando por estar com a Violetta, à família inteira está contra vocês. León, se eles se revoltarem, o amor de vocês não terá alternativa.

_Eu não consigo acreditar. – deixei escapar horrorizada.

_Eu também não Violetta. – Melanie disse pegando minha mão. – Eu não gostaria que as coisas fossem assim. – ela murmurou. – Não quero que você acabe como a Stephie.

Senti tudo girando quando ela falou esse nome. León estava pálido e eu não estaria diferente. Eu não sabia o que tinha acontecido com a ex. do León, mas eu não queria que se passasse o mesmo comigo.

_Eu volto o mais rápido que eu consegui. – Melanie disse com um sorrisinho de lado. – Eu amo ver vocês dois juntos. Eu não quero a infelicidade do meu irmão e nem da mulher dele.

_Eu queria muito saber o que aconteceu com essa Stephie. – falei com um medo terrível em minha voz. – Se o destino dela foi trágico, tenho medo do que a mãe de vocês seja capaz de fazer comigo.

_Meu amor... – Melanie o interrompeu.

_Não tenha medo da minha mãe. – ela aconselhou. – Quanto mais você demonstrar, mas ela vai querer ser cruel, então não se sinta frágil na presença dela.

_Mas eu me sinto frágil, eu tenho medo. – falei um tanto de nada desesperada.

_Violetta, se tem uma coisa que eu aprendi, é não deixar que os nossos medos nos destrua. – ela disse olhando fundo em meus olhos. – Eu sei que só tenho dezesseis anos, e que não sei nada da vida, como muitos dizem, mas... Eu acompanho todos os dias minha família pisando e humilhando seres que são iguais à gente, que tem os mesmos direitos que nós.

_Tudo bem – falei com minhas mãos tremulas. – Não vou demonstrar fraqueza. – murmurei para mim mesma, mas acho que eles ouviram, pois ambos sorriram para mim.

_Vamos sair juntos dessa. – León disse passando o braço pelos meus ombros, beijando minha bochecha carinhosamente.

_Eu amo você – falei para ele que sorriu, acalmando meu interior.

_Eu também amo você. – respondeu. – Mel... Eu vou cuidar para que você não vá para o Canadá.

_Deixa León. – ela disse sorrindo. – Ela não pode me deixar lá para sempre. E além do mais, eu vou ficar na casa de uma amiga minha que foi pra lá ano passado, não vai ser tão ruim assim.

_Tudo bem – León disse suspirando pesadamente. – Vou sentir muito sua falta.

_Eu também vou sentir a falta de vocês. – ela disse, vindo até nós e nos abraçando apertadamente. – Vocês revolucionaram a minha vida.

Ela e o León eram um bom exemplo de irmãos unidos pela força de vencer a própria mãe e seus princípios. No momento, eles eram o meu porto-seguro.

_Bom, eu já vou indo – Melanie disse se afastando de nós. – O jantar estava ótimo, e eu não quero estragar a noite de vocês. – ela disse pegando o celular e a bolsa. – E aliás, tenho uma festa neste exato momento.

_O que? – León disse arqueando uma das sobrancelhas. – Não acha que é muito nova pra essas coisas?

_Maninho, eu vou com o Gabriel, ele sabe cuidar de mim. – disse piscando e dando um sorriso para o León e logo saiu apressada.

Olhei para León que estava vermelho. Acho que ele é ciumentinho em relação à irmãzinha mais nova que tinha. Eu apenas acariciei seu rosto e lhe dei um beijo na bochecha para tentar acalmá-lo.

_Quem é Gabriel? – perguntei.

_Um garoto que quer namorar minha irmã, e ela fica dando bola. – disse cruzando os braços e eu acariciei seus cabelos.

_Que tal se esquecer da sua irmã por um momento e curti esse tempinho que temos para ficar juntos? – perguntei com um sorriso de lado, tentando tirar aquela tensão que ficou com aquela conversa horripilante sobre a Sra. Vargas.

Ele sorriu mais descontraído e selou nossos lábios em um beijo doce e calmo. Depois de nosso jantar, León e eu demos um passei romântico pelas ruas de Buenos Aires, observando aquelas praças extraordinárias.

Depois de um tempinho resolvemos estender um pouco a noite, comemorando juntos, de um jeitinho bem quente se é que me entendem. Passamos a noite em lugar romântico, onde tivemos a chance de nos entregar um ao outro novamente, fazendo amor...

...